09 de Julho de 2012

POV Kyosuke Tsurugi

(Mon Ange - Jena Lee)

Em passos apressados me aproximo do local que tanto ansiava chegar. Olho o enferrujado e desgastado armazém abandonado. Quanto mais perto eu chego, mais meu coração parece querer saltar pela a boca. Será que ele está bem? O medo começa a dominar meu corpo.

Tento me concentrar no que estou prestes a fazer. Eu não posso ficar mais nem um minuto longe dele. Abro a porta com brutalidade e ao olhar o espaçoso armazém, acho quem eu tanto procurava, mas para minha surpresa, foi da pior maneira possível. Corro ao seu encontro e parece que meu mundo vai cair.

Tenma estava todo machucado e respirava com dificuldade. Um grande nó se faz presente em minha garganta. As lagrimas que há tanto tempo eu venho prendendo, já rolam soltas pelo o meu rosto.

– Tem... Tenma. – tento falar, mas o desespero parece não permitir.

Ele parecia inconsciente. Estava muito machucado e pálido. Seu corpo, mesmo que tivesse se passado apenas um dia, aparentava estar mais magro que da ultima vez que o vi.

Pego em seu rosto e o levanto. Mesmo da maneira que se encontrava, ele ainda parecia um belo anjo. Tento soltá-lo das correntes que o prendiam, mas, por mais que eu fizesse força, eu não conseguia soltá-lo.

– Ora, ora, o que temos aqui? – ouço uma voz atrás de mim, que é bem conhecida por sinal.

– O que faz aqui, Akane? – pergunto com raiva.

– Oh, que bonitinho. Você está preocupado com o namoradinho é? Vejo até que está chorando por ele. Sinto muito, mas ele não vai durar muito tempo. – fala sorrindo diabolicamente.

– O que quer dizer com isso? – questiono receando sua resposta.

– Eu espalhei inúmeras bombas por esse armazém e, digamos que em breve o Tenma virará apenas pó. – responde sorrindo.

– Você é louca! – exclamo assustado.

Mais uma vez tento desprender aquelas correntes que seguravam o Tenma. Infelizmente, como da ultima vez, eu não obtive sucesso. O desespero se tornava cada vez maior. O medo que tinha de perdê-lo estava cada vez mais evidente. Meu corpo estava tremendo e minha mente estava em branco.

“O que eu faço?” “Eu tenho que tirar Tenma daqui!” – penso, mas nada me fazia conseguir tirá-lo de lá.

– Tic tac, tic tac, tic tac... O tempo está passando Tsurugi. O que você vai fazer sem seu precioso Tenma? – dizia Akane me desesperando mais ainda.

– Cale-se! – grito com raiva.

– Tsc, que coisa feia Tsurugi. Não deveria tratar uma dama dessa maneira. – fala balançando a cabeça negativamente. Ela se vira pra os capangas que estavam ao seu lado, que eu não havia notado a presença até o presente momento, e ordena: - Peguem-no! Quero que ele veja a morte de seu amado.

Sinto segurarem meus braços com força. Começo a me debater com toda a minha energia. As lagrimas, que já desciam pelo o meu rosto, agora veem com mais força.

– Soltem-me! Akane sua vadia. Solte Tenma! Deixe-me salvá-lo. Eu não posso perdê-lo! – grito desesperado. E falo mais baixo: - Eu não posso perdê-lo. Por favor. Não o deixe morrer. Eu faço qualquer coisa, mas não o deixe morrer.

– Qualquer coisa? – pergunta Akane com um sorriso perverso no rosto.

– Sim. Qualquer coisa. – respondo chorando mais intensamente.

– Até mesmo, trocar de lugar com ele? – pergunta presunçosamente.

– Sim. Eu trocaria de lugar com ele. Só não o deixe morrer. – falo sem receio.

– Bem... Interessante. Muito interessante. – diz pensativa.

– Solte-o logo! – falo desesperado. O tempo estava passando e nós nos encontrávamos fora do armazém. Eu não sabia o que iria acontecer, mas eu tinha que salvá-lo de alguma maneira.

– Em quanto tempo a bomba explodir? - pergunta para um dos seus capangas.

– 10 minutos, senhorita Akane. – responde.

– 10 minutos? Nossa, falta pouco tempo, não é, Tsurugi? – fala com aquele sorriso assustador.

– Akane, por favor. Tire o Tenma de lá de dentro. Por favor! – imploro, mesmo que isso acabe com a minha dignidade.

– Ah, que gracinha. Implorando para salvar seu amado. – fala fingindo encantamento. – É uma pena que um de vocês dois tenham que morrer.

– Akane, por favor. – peço com angustia em meu coração.

– Tudo bem, eu... – Akane é interrompida pelo o barulho da explosão do armazém. – Ops, explodiu. – diz com um sorriso maligno no rosto.

– NÃOOOO! – grito desesperado. – TENMA, NÃO. NÃO, POR FAVOR. NÃOOO!

– Não fique assim, Tsurugi.

– A CULPA É SUA AKANE! EU VOU TE MATAR, SUA PROSTITUTA. EU TE MATO AKANE. Eu te mato. – falo diminuindo o tom da minha voz. O que seria de mim agora sem o Tenma?

– Bem, ele mo... – interrompo Akane, segurando seu pescoço.

– Eu irei te matar. – falo tomado pelo o ódio.

– Fa... Façam... Al... Alguma... Co... Coisa. – tenta falar para seus capangas, enquanto eu aperto mais ainda seu pescoço.

Eles tentam me afastar da garota, no entanto, eles não obtêm sucesso. Parecia que o ódio que eu sentia me fazia liberar uma força sobrenatural. A única coisa que vinha em minha mente era me vingar de Akane.

Olho para o armazém por um tempo e vejo o fogo se propagando mais ainda. A dor em meu coração era inexplicável. Eu podia aceitar. Com isso aperto o pescoço de Akane com mais força ainda. Choro alto e tremendo. Eu já não estava mais no controle do meu corpo.

Tenma havia morrido.

**

– NÃOOOOO.

– Tsurugi? – ouço uma voz me chamando. – O que houve?

– Shindou? – pergunto ainda atordoado. Então tudo havia sido um sonho? Não, aquilo não era um sonho, aquilo foi um pesadelo.

– O que aconteceu? Por que você gritou? E... Você está chorando? – pergunta preocupado e mais surpreso ainda quando ele percebe que estou chorando. Toco em meu rosto e vejo que o mesmo está molhado.

– Eu... Eu tive um... Pesadelo. – falo com dificuldade. Aquele pesadelo me assustou e muito.

– Pesadelo? O que aconteceu em seu sonho? – pergunta preocupado.

– O Tenma... A Akane estava lá e... – não consigo completar nenhuma frase com coerência. Suspiro e fecho os olhos. O medo me assusta. E se aquilo acontecer mesmo? O que eu farei?

– Calma. Explica-me com calma o que te fez ficar dessa maneira. – fala confuso.

– No meu pesadelo, a Akane mata o Tenma. – falo resumidamente.

– A Akane? – pergunta seriamente.

– Sim.

– Vejo que não sou só eu que estou com o pressentimento de que Akane está envolvida no desaparecimento de Tenma. – fala Shindou se sentando ao meu lado.

– Por que acha que ela estar envolvida no desaparecimento de Tenma? – pergunto.

– Eu não sei. Eu apenas sinto isso. – responde com sinceridade.

– De qualquer maneira, se aquela vadia fizer algo a Tenma, eu a mato com as minhas próprias mãos. Pode ter certeza disso. – falo olhando para minhas mãos e as aperto com força.

– Acredite, eu tenho o mesmo pensamento. Mas, agora se levante e vamos tomar café da manhã. Temos que voltar com nossas buscas. – fala Shindou se levantando. Assinto e o vejo sair.

Levanto e arrumo a cama em que eu estava. Eu havia dormindo na casa de Shindou por insistência do mesmo. Suspiro novamente. Eu estou ficando louco com tudo o que está acontecendo.

– Será que serei capaz de protegê-lo? Bem, não importa o que aconteça, eu irei fazer de tudo para encontrá-lo. – falo a mim mesmo.

✻

POV Takuto Shindou

Suspiro pela milésima vez. Minha mente e meu coração estão divididos. Ao mesmo tempo em que eu não consigo me acalmar com esse suposto desaparecimento de Tenma, eu também não consigo parar de pensar que amanhã Kirino irá para longe de mim para sempre.

Olho para a janela de minha sala com um olhar melancólico. A neve ainda é presente na paisagem. Fecho meus olhos na intenção de obter alguma misera ideia para melhor essa situação.

Estou enfrentando tantos problemas que estou prestes a enlouquecer. Tenma desaparecido, Tsurugi parece estar cada vez mais atordoado, não consegui me resolver com Kirino, sua viagem será amanhã e ainda existe o fato de que eu não posso fazer nada de útil, o que piora consideravelmente as coisas.

Parece que estou dentro daqueles contos de fada. Será que sou aquele mocinho que passa por aquele terrível momento deprimente? Não, isso não é um conto de fada, isso é a vida real, onde tudo pode dá errado e não há nenhuma certeza de que teremos um final feliz.

Ouço passos vindos da escada e me viro. Encontro Tsurugi as descendo depressivamente. Posso ver em seus olhos o mesmo desespero que eu sinto ao imaginar que posso perder Kirino a qualquer momento. Claro que nossas situações são bem diferentes. No meu caso, Kirino não estar correndo um real perigo, mas mesmo assim, posso garantir que a dor pode ser comparada.

– Tome seu café. Nós sairemos logo em seguida. – aviso Tsurugi que apenas assente.

Enquanto o outro toma seu café da manhã, resolvo pegar meu celular e ligar para a única pessoa que pode me acalmar. Disco o numero já conhecido por mim com agilidade e após alguns toques, a pessoa finalmente atende.

– Alô.

– Kirino.

– O que você quer Shindou?

– Quero apenas ouvir sua voz.

Ficamos em silencio por um tempo, até escutar um suspiro por parte de Kirino. Ele parecia tão aflito quanto eu.

– Alguma noticia?

– Nenhuma. Mas não iremos desistir tão fácil assim.

– Eu sei. Hãn, Shindou, por acaso já pensaram que a Akane pode estar por trás disso?

– Sim. Não só acho que Akane estar por trás disso, como aposto que ela é a verdadeira culpada.

– O que pretende fazer?

– Eu não sei ainda. Querendo ou não, ela tem uma carta em suas mãos. Dependendo do nosso movimento, a Akane pode machucar Tenma.

– Ai Deus, eu me sinto pisando em ovos. O pior é que quanto mais eu penso, menos tenho noção do que fazer.

– Eu também.

Ficamos mais alguns segundos silencio. Temos tanto a dizer e ao mesmo tempo nada.

– Sinto sua falta.

– Não deveria dizer isso. Encontramos-nos ontem à noite.

– Eu sei. Eu apenas não sei mais o que fazer.

– Eu tenho que desligar. Apenas... Apenas continue a procurar pelo o Tenma. Eu também vou dá o meu jeito de ajudar por aqui. Qualquer coisa você me avisa e vice versa.

– Você sabe que eu não estou falando apenas do desaparecimento de Tenma.

Kirino suspira pesadamente.

– Eu tenho que ir.

Após isso, a ligação é encerrada. Olho mais uma vez para a paisagem lá fora. Tudo está tão complicado e escuro. Será que eu serei capaz de encontrar uma saída para tudo isso?

– Ele parece não querer ceder. O que vai fazer? – ouço Tsurugi falar atrás de mim.

– Eu não sei, mas não vou deixar que as coisas acabarem assim. – digo confiante.

– Tudo bem. Mas agora vamos. – fala Tsurugi colocando o casaco de frio e as botas.

Faço o mesmo que ele e saímos à procura. Passamos primeiro na casa de Tenma, para saber se Aki recebeu alguma noticia de Tenma. Infelizmente ninguém entrou em contato. A polícia começou as buscas algumas horas depois.

– Vamos à casa de Akane. – diz Tsurugi seriamente.

– Concordo. – digo.

Ao chegarmos ao nosso destino, bato na porta da bela casa em que a família de Akane vivia.

– Pois não? – responde uma mulher muito parecida com Akane. Provavelmente sua mãe.

– Oi. A senhora poderia nos dizer se a Akane está? – pergunto educadamente.

– Claro. Entrem crianças. Eu irei chamá-la. – diz a mulher dando espaço para que eu e Tsurugi entrássemos.

– Você acha que a mãe da Akane sabe a filha que tem? – sussurro para Tsurugi.

– Provavelmente não. – responde de volta.

– Ah, olha só se não são Shindou e Tsurugi. O que fazem aqui? – pergunta a garota cinicamente.

– Você sabe muito bem o que viemos fazer aqui. – diz Tsurugi tentando se controlar. Tenho certeza que a vontade dele é de avançar na garota e quebrar seu pescoço.

– Ok. Vamos para meu quarto. – responde Akane começando a subir as escadas de sua casa.

Acompanhamos a vadia até o seu quarto. Quando entramos, ela fecha a porta e anda até a sua cama. Senta e começa a mexer em seu celular.

– E então. Ao que devo a honra da visita de belos cavalheiros. – fala com um sorriso irritante no rosto.

– Onde está Tenma? – pergunto sem paciência.

– Eu não sei Shin, como eu poderia saber? – responde com um falso sorriso. Ok, que Deus me de paciência, porque falta muito pouco para eu matar essa psicopata.

– Ora sua vadia dos infernos eu vou acabar com a sua vida se você não me disser onde o Tenma está. – fala Tsurugi totalmente irritando, e começa a avança na garota. Resolvo impedi-lo de fazer alguma besteira. – Me solta Shindou.

– Vai com calma Tsurugi. – respondo seriamente.

– Ui, ele ficou irritadinho. AH, por favor, Tsurugi, ver se eu to lá na esquina. Mesmo que eu estivesse com o Tenma, acha mesmo que eu iria te revelar? Deveria usar mais a cabeça. – diz Akane de maneira descarada.

– Então você realmente sequestrou o Tenma, não é mesmo? – falo com raiva.

– Oh, Shin, como você é esperto. Sim, eu estou com o Tenma e não irei dizer nada a vocês. – responde naturalmente. Como se estivesse falando sobre o frio que estava fazendo.

– Ah, você vai falar sim onde o Tenma estar, ou eu... – Tsurugi é interrompido por Akane.

– Ou o que? Você vai me bater? Poupe-me dessa ceninha, sim? Eu estou com Tenma em minhas mãos, não se esqueça disso. Tente fazer algo comigo e você pode dá adeus ao seu namoradinho.

– Vamos embora Tsurugi. – falo o arrastando para fora do quarto de Akane.

Enquanto caminhamos, o silêncio domina o ambiente. Akane confessou que estar com Tenma, mas como iremos resgatá-lo? Não podemos nos arriscar, pois como a mesma já havia dito, ela tem Tenma em suas mãos e qualquer passo em falso que dermos poderá colocar Tenma em perigo maior.

Ouço meu celular anunciando uma nova mensagem. O pego e começo a ler em voz alta, ao perceber que a mensagem é de Kirino:

– Kariya descobriu onde o Tenma está. Venham para a minha casa imediatamente e não contem a ninguém sobre isso. Kirino.

– O que estamos esperando, vamos para a casa de Kirino. – fala Tsurugi que começa a andar na direção contrária a que estávamos indo.

– Tudo bem, só me espere, por favor. – falo correndo tentando acompanhar o azulado.

Corremos para a casa de Kirino e em menos de 10 minutos já estávamos na frente da mesma. Tocamos a campainha, sendo atendidos rapidamente. Entramos na casa e encontramos Kirino e Kariya sentados. Ao nos verem ambos levantam.

– E então? – fala Tsurugi quase não se contendo de ansiedade e curiosidade.

– Hoje de manhã quando eu estava indo para a casa de Akane para tentar descobrir o paradeiro de Tenma, eu a vi saindo de casa com pressa e acompanhada de dois homens enormes. Resolvi segui-la para descobrir o que ela estava aprontando. Depois de algum tempo, chegamos a um armazém velho, quase no termino da cidade. Quando cheguei mais perto para ver o que aquela louca estava fazendo lá, vi o Tenma preso em umas correntes de ferro. Pensei em ligar para alguém, mas meu celular acabou a bateria. Eu estava sozinho e apenas de bicicleta. Algum tempo depois, vi Akane conversando com o Tenma e percebi que o mesmo não respondia nada, então, a psicopata começou a bater nele com um pedaço de madeira. Desesperado, eu peguei uma pedra e taquei pela a janela, a fim de acerta a Akane, mas a minha força não foi suficiente para conseguir alcançá-la. O máximo que eu fiz foi um enorme barulho. Vendo que se eu continuasse lá, eu acabaria na mesma situação ou pior, tive que fugi. Corri como um louco e consegui chegar aqui. Isso foi tudo o que eu vi. – relata Kariya aparentemente muito assustado.

Ao ouvi o que Kariya tinha dito, vejo Tsurugi ficar pálido e cair sentando no sofá.

– Tsurugi? – pergunto preocupado.

– É o mesmo. – diz atordoado.

– É o mesmo o que, Tsurugi. – pergunta Kirino.

– É a mesma coisa que eu vi no meu sonho. – fala cada vez mais pálido e desesperado.

– Como? – pergunta Kariya confuso.

– Temos que nos apressar. Tenma não tem muito tempo de vida. – respondo a todos que apenas concordam assustado.

É claro que eu não sabia do pesadelo de Tsurugi, mas tenho certeza que ele tinha sonhado com a atual situação de Tenma. Se o sonho dele estiver correto... Não, eu nem quero pensar sobre isso. O melhor a se fazer neste momento é ter fé e correr contra o tempo. E se algo acontecer ao Tenma... Eu acho melhor a Akane se preparar, pois a vida dela estará por um fio.

✻

"Para você ficar

Baixei

Meus valores mais queridos

Para você

Ninguém sabe ou entende por que

Meu coração tem uma razão, mas você não entende

O dia em que eu deixaria

(Assim que você ficar ....)"

Trecho da Música(Traduzida): Pour Que Tu Restes - Vitaa