CAPÍTULO TRÊS

POV LAYLA

Os dias seguintes à descoberta de que os gatos da One Direction eram nossos vizinhos não tiveram glamour nem luxo. Passamos três dias pegando no batente, limpando, varrendo, passando pano e muitas outras coisas para colocar nossa nova casa em ordem.

As primeiras horas foram infernais, já que eu e Helena não sabíamos fazer nada. Acabamos nos rendendo ao Youtube e achamos por lá umas dicas.

No final do terceiro dia de escravidão, eu estava acabada. As unhas de Helena - entupidas de esmalte - estavam descascadas e quebradas. Aterrorizantes! Meu cabelo estava sem vida e com pontas duplas.

Na verdade, isso não tem muito a ver, mas é um esforço pra não criticar só a anta.

O quarto dia – ontem – foi a salvação do nosso glamour. Fomos ao salão e Helena chorou ao ver suas unhas maltratadas. Chorei junto, entretanto, como não conseguia entender o motivo, inventei um.

Odeio ficar por fora do assunto.

A primeira coisa que me veio à mente foi o cachorro do dono do salão. O animal lambia insanamente o chão do local, fazendo-me notar sua língua azul. Derramei lágrimas, pensando que aquilo era um sinal: o cachorro estava doente e logo morreria.

– Oh não, ameba, isso não é um cachorro... É um alienígena!– Helena explicou com descaso enquanto fitava suas próprias unhas recém-pintadas.

Arfei, pega de surpresa pela invasão alienígena. Eles tinham que se transformar logo nessas coisas fofas chamadas cachorros?!

– SOCORRO! VAMOS SER ABDUZIDAAAAAS! – Gritei agarrando-a e fazendo-a borrar a unha do pé.

Ela me fuzilou com o olhar.

– AAAAAAAAAAH, SUA AMEBA PINK! – Berrou, empurrando-me. – Você borrou minha unha! Isso é um Chow Chow, imbecil! Uma raça de cachorro que tem a língua azul. – Ela esclareceu, revirando os olhos. - Jumenta de loja de departamento – concluiu.

Argh, aquela anta de mercado só sabe me insultar!

E dar conselhos. É. Alguma força sobrenatural fez Helena tagarelar o segundo dia de faxina inteiro sobre como eu deveria me portar diante dos garotos da One Direction se eu quisesse mesmo ter um caso com eles.

Talvez eu quisesse mais que um caso.

E talvez a força sobrenatural que a fez me dar conselhos fora o jeito como eu paquerava descaradamente os garotos.

De qualquer forma, minha prima anta não cogitaria isso, já que ela era contra esse negócio de se apaixonar. Há não ser que fosse pelo seu próprio cartão de crédito, o Jimmy. Helena era louca por ele!

Enfim, para completar minha vida triste e nada cor de rosa, nossos vizinhos lindos haviam viajado para fazer shows, segundo sites de fofoca.

Hoje era o quinto dia desde a última vez que havíamos os visto.

Por sorte, ao acordar cedo – droga, eu estou pegando costume de suburbana! - essa manhã, me surpreendi com a cena na casa ao lado. Os cinco garotos desciam de uma van preta com malas enormes.

Eles voltaram!

Com um súbito bom humor me contagiando, resolvi fazer um café da manhã extraordinário.

Fui até a cozinha, pesquisei receitas através da internet 3G conectada à Lola – meu Iphone inseparável - e peguei os ingredientes que Helena e eu havíamos comprado durante uma tarde no supermercado.

No começo estava tudo indo bem, mas logo depois as coisas começaram a fugir do meu controle.

Sério, a cozinha tem preconceito comigo.

Mal havia colocado fermento, a massa do bolo estourou na minha cara!

Só porque coloquei um pouquinho de fermento!

Tudo bem, eu acabei com o pote! Mas a culpa é do forno que ficou abafando o coitado do bolo. Por sua vez, o biscoito acabou queimando, fazendo-me aprender a primeira coisa sobre morar sozinha e ser responsável:

Não desperdice comida, existem pessoas com fome lá fora.

Mentira! Aprendi que glacê é vida! Glacê e compras! Glacê e festas! Glacê deixaria o biscoito delicioso!

O liquidificador também ficou possuído e derramou o suco todinho em mim. Tentei mudar a estratégia, mas as panquecas – que pareciam fáceis de cozinhar na TV - grudaram no teto. Nada dava certo, então achei melhor parar de pesquisar receitas na internet e fazer a minha própria.

Bem, como ficou? Digamos que bem colorido e com uma consistência diferente. Os detalhes sobre o sabor ficariam para meus futuros maridos decidirem. Ah, a anta também.

Eu não capricharia tanto em um café da manhã só pra Helena, né? É lógico que eu convidaria os vizinhos!

Como além de prendada eu deveria me mostrar linda e estilosa – como sempre! - subi as escadas e caminhei até o meu quarto para me arrumar. A cozinha estava uma zona, mas não ia fazer diferença, pois ninguém precisava entrar lá.

Coloquei minha melhor roupa após um banho e liguei para nossos vizinhos gatos. Cinco minutos depois eles já estavam lá, batendo na porta.

Lembrei-me do que Helena dissera sobre ser uma garota difícil e demorei a abri-la. Cinco segundos. Qual é, eu não agüentaria mais do que isso! Essa beleza deles é viciante.

– Vaaaas happening? – Zayn me cumprimentou assim que abri a porta e dei espaço para que entrassem.

– OOOOOOOOI! – Comecei a falar com empolgação, mas logo lembrei o conselho de Helena. – Quero dizer, oi – disse com um tom de voz sério. – A que devo a honra dessa ilustre visita? – Havia lido essa frase no meu livro preferido.

Sempre quis dizer isso! Mesmo não sabendo o que significava.

– Ahn... Você convidou a gente pra tomar o café da manhã aqui. – Liam (Castanho na cabeça acéfala – o que é isso mesmo?! – de Helena) respondeu, olhando-me confuso.

Os outros quatro garotos fizeram o mesmo.

– Eu sei, bobinho. Espero que não seja algum problema de memória. – Falei com preocupação, puxando Liam para entrar.

Ele é meio burrinho, né? Chega falando coisas nada a ver... Ainda bem que é bonito.

– Então meninos, vocês podem sentar enquanto eu pego a comida. – Disse com cordialidade.

Assisti a todos escolherem lugares em nossa espaçosa sala de estar.

Harry, Louis e Niall optaram pelo sofá maior, que era branco e se encontrava no meio da sala, enquanto Zayn e Liam escolheram poltronas.

– Aquela tirana da sua prima não está por aqui, está? – Harry perguntou, interrompendo minha saída e olhando para os lados nervosamente.

Ops...

Eu havia esquecido de acordar Helena!

– É... Cadê a Helena de Tróia? – Louis indagou, fitando-me com entusiasmo.

Ele parecia ter gostado mesmo da anta.

– Pois é, tive um probleminha técnico, mas já vou resolver. – Disse, dando um sorriso amarelo e acenando para eles.

Logo me dirigi à cozinha, imaginando um jeito de acordar Helena sem que ela fizesse um escândalo.

Em quatro viagens levei todo o café da manhã, pratos e copos para os garotos. Harry – de um jeito muito estranho – murmurou algo sobre uma armação contra ele e se dirigiu a cozinha.

Dando de ombros e sem deixar que falassem mais coisas para complicar minha vida, dei as costas e me dirigi às escadas, começando a subi-las lentamente.

Tomei um susto ao dar de cara com Helena descendo-as. Pasmem: ela estava de pijama, pepinos, máscara de abacate e touca no cabelo. Um sono de beleza perfeito, porém, algo constrangedor para um café com os garotos da One Direction.

– Ameba?! Que barulho é esse aí embai... – Ela ia terminar a frase, mas ao ver quatro garotos parados e boquiabertos na nossa sala, congelou.

Harry voltou inesperadamente da cozinha nesse exato momento.

– Acho que não tem perigo, pessoal, então vou ficar por aqui mesm... – Ia dizendo até notar Helena e seu traje restaurador de beleza. –AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH! – Gritou desesperado, pulando no colo de Louis, que o segurou com habilidade.

Observei Liam, Niall e Zayn prenderem o riso e fiz o mesmo.

– Meu deus! O que é isso? – Ele disse sem fôlego, descendo do colo de Louis com o mesmo olhar assustado.

– Calma gatinho, eu te salvo. – Louis piscou para Harry.

Helena me fitou furiosa, fazendo com que as gargalhadas entaladas em minha garganta sumissem misteriosamente.

– Layla, sua ameba pink, hospedeira de liquidações baratas, compradora oficial de loja de departamento e membro da feira do rato! O que eles estão fazendo aqui? – Berrou com nervosismo, começando a andar de um lado para o outro.

– Eu os convidei para tomar café da manhã com a gente – Respondi com sinceridade, engolindo à seco e fazendo todos os garotos - menos Harry - sorrirem. – Esqueci de te avisar. Desculpa. – Falei arrependida, entregando um pano da cozinha para ela limpar o rosto.

– Sua jumeeeeenta! – Berrou furiosa, levando a mão à cabeça.

– Bate no meu Audi R8 e ainda quer me matar de ataque de coração. – Harry se intrometeu, parecendo indignado. – Viu? Eu não deveria ter vindo. – Murmurou com raiva apontando para os garotos.

– Cala a boca, inútil! É meu ritual de beleza, não insinue que é feio. – Helena ameaçou Harry. – A única coisa feia presente nessa sala é você. Eu sou linda de todos os jeitos! – Afirmou, fazendo todos prenderem o riso novamente.

Mordendo o lábio, fiquei em dúvida entre me divertir ou ajudar a anta. Optei pela segunda opção.

Eu vou pra o céu!

Puxei Helena sem me importar com a carranca que se formou em seu rosto e a guiei até o espelho que tínhamos em uma parte da sala próxima às escadas.

Fazendo uma careta ao se ver, a anta voltou para o centro da sala e disfarçou.

– Como eu ia dizendo, sou linda de todo jeito. – Repetiu para todos ouvirem e logo deu as costas, seguindo em direção as escadas.

Estranhei quando a vi parar subitamente, parecendo sentir o odor de alguma coisa. Helena girou a cabeça levemente e encarou os garotos:

– Ah, e se eu fosse vocês, não comeria isso. – Apontou para a refeição na mesa. – Apesar de que o Cabelo de Ninho vai gostar, afinal, urubu come carniça. – Finalizou, subindo as escadas e deixando todos os presentes na sala em silêncio.

Ela era tão má comigo e com Harry! Mas eu já estava acostumada, logo Cabelo de Ninho ficaria também.

Os meninos cutucaram a comida com os talheres.

– Bem, não pode estar tão ruim assim. – Liam murmurou, pegando o garfo e provando primeiro.

Os outros o acompanharam.

– Aaaaargh! – Liam cuspiu, parecendo enojado.

– Eca! Parece pé! – Zayn completou, fazendo o mesmo que o amigo e logo sendo seguido pelos outros.

Dei um sorriso amarelo ao ver que todos me encaravam horrorizados.

– Desculpe, foi uma coisinha que eu inventei. – Tentei explicar, com medo de ser morta. – Então, peguem os biscoitos, juro que olhei a receita deles. – Disse, apontando para a bandeja.

Eles hesitaram um pouco, mas Liam – suspirando – pegou um. Niall revirou os olhos e, pegando três biscoitos, os enfiou na boca de uma vez só.

– Está com uma cara ótima. – Liam elogiou, reparando no enfeite que fiz com o glacê.

Como eu disse mesmo? Glacê é vida!

– CARA, ISSO AQUI É PEDRA?! – Niall berrou, cuspindo baba e meus biscoitos quase intactos.

Ok passou um pouco do ponto, mas o loiro aí tá exagerando!

Frescos!

– Acabei de tirar o aparelho e você já quer quebrar meu dente?! – Niall continuou fazendo drama.

Respirei fundo.

– Não, claro que não. Quer saber, tomem um pouco do suco! Pelo menos isso. – Tentei os convencer, já cansada de vê-los rejeitar minha comida.

E preparei com tanto carinho...

– PARADOS! NÃO TOQUEM NESSA GOROROBA! – Escutei um grito feminino vindo da escada e me deparei com uma Helena totalmente recomposta nos olhando com indignação.

Minha prima agora tinha os cabelos loiros penteados e soltos, face limpa e trajava um vestido rosa que possuía um leve decote e batia em seus joelhos. Fazia-a parecer uma garotinha e ao mesmo tempo a deixava bonita.

Isso daí é da Channel, tenho certeza!

– Gente, to me sentindo em um daqueles filmes sobre a Grécia! Helena de Tróia está bem aqui, causando a discórdia e polemizando! You go, girl! – Louis berrou com emoção, fazendo minha prima anta fitá-lo um pouco assustada.

Droga. Os cinco eram lindos, mas com Louis já eram dois sem cérebro. Por que não entrava na cabeça dele que era Helena Knight?

– Ahn... Continuando – ela se recompôs. – Garotos, joguem essas comidas e esse suco fora, não sou tão má à ponto de querer que vão parar no hospital. Além disso, devo um favor ao Zayn – explicou, balançando o braço com sua pulseira de diamantes inseparável.

Todos murmuraram um “obrigado” alto, levantando-se e levando toda a refeição consigo para a cozinha.

Fitei-os incrédula. Eu havia feito tudo com tanto carinho para eles simplesmente jogarem no lixo?

E precisa ser no da cozinha?

Oh, não... Eles tão indo pra cozinha!

Corri para tentar os parar antes de atingirem seu objetivo, mas cheguei tarde demais.

– LAYLA! – Helena gritou, fitando-me furiosamente após encarar estática nossa cozinha. – EU VOU TE MATAR!

Engoli à seco e olhei para os lados, esperando um milagre.

– Não me mata, er, eu... Eu te dou a nova coleção da Prada inteirinha! – Prometi, dando passos para trás enquanto ela tentava se aproximar de mim.

– Interessante... Ela tá agindo igual a mim cinco dias atrás – Harry murmurou, fazendo pouco caso de que EU IA MORRER!

– VAI HELENA, ENTERRA ELA NO SOLO SAGRADO DE ATENAS! – Louis berrou.

Tremi de medo ao sentir a parede fazendo-me ficar sem saída.

– Espera, Helena – Liam inesperadamente surgiu, puxando o braço da minha prima. – Está tudo sujo, mas-

– Sujo? – Helena soltou seu braço com força. – Isso aqui tá parecendo um chiqueiro! E olha que a gente passou dias limpando! – Bufou.

Liam deu um sorriso sem graça.

– Então é só limpar... Acho que a Layla pode fazer isso, não é? – Perguntou, fitando-me com esperança.

– Não! – Berrei exasperada. Eu não ia estragar minhas mãos de novo!

– GUERRA, GUERRA, GUERRA! – Louis gritou animado, logo sendo estabilizado por um beliscão de Harry.

– Ouch – gemeu de dor.

Bem feito!

Parei de assistir a cena para voltar a encarar Liam, que ainda me fitava com esperança.

– Eu posso te ajudar, se quiser. Não vai ser a primeira vez que limpo uma cozinha – se ofereceu.

Helena cruzou os braços e me fitou impaciente.

– Tudo bem, tudo bem, eu aceito! – Disse, rendendo-me e saindo em busca de uma vassoura.

Liam me acompanhou enquanto os outros garotos seguiam Helena de volta para a sala de estar.

(...)

Bufei ao ter que esfregar o pano pela quinta vez numa mancha em um dos armários da despensa. O glacê tinha feito um estrago ali!

Odeio glacê.

– Quer que eu tente? – Liam perguntou, aproximando-se de mim.

Dei um sorriso triste.

– Não, tudo bem, já estou abusando de você. Sou meio lerda e você meio burro, mas não posso me aproveitar disso – disse com sinceridade.

Liam arqueou a sobrancelha e notei que havia falado merda.

– Er... Tudo bem, limpa aí – dei o pano para ele com um sorriso amarelo no rosto.

Castanho – apelido da anta – pegou um produto de limpeza e o passou de forma suave no armário, em seguida cobrindo a mancha com o pano e esfregando um pouco.

Quando terminou, a mancha tinha sumido misteriosamente.

– Caraca, você é bom nisso! – Disse surpresa, fazendo-o sorrir.

– Era só ter passado o produto antes, Layla – comentou.

Sorri, entendendo como se fazia.

– Obrigada – agradeci, preparando-me para enfrentar outra mancha. Liam começou a varrer o chão da dispensa.

Ele era tão prestativo!

– Sabe, não sei como você pode estar me ajudando. Porque a culpa foi basicamente minha – murmurei.

– Você teve uma boa intenção. Não tem motivo para se desculpar – disse, fazendo-me fitá-lo.

Com Helena, a culpa sempre era minha.

– Antes de vocês um casal de velhos morava aqui. Eles eram terríveis – contou, dando uma risada ao recordar.

Caminhei até ele a fim de perguntar mais sobre como era o condomínio Blue Paradise antes da nossa chegada, mas acabei tropeçando no cabo de vassoura. Iria levar um belo tombo, mas Liam segurou-me firmemente.

E foi como uma daquelas cenas de filmes românticos dos quais eu havia jurado me livrar desde a traição do meu ex.

Mas com Liam ali, encarando-me com seus olhos castanhos, eu soube que era um sinal do céu.

Só podia ser! Afinal, não é todo dia que uma cena de filme romântico acontece com você, né?

– Tudo bem, Layla? Você ia cair – ele murmurou, soltando-me ao me ajudar a ficar estabilizada.

Suspirei.

– Tudo sim... – Disse, imaginando como seria meu vestido de casamento e nossos filhos.

(...)

POV HELENA

Topete me falava animadamente sobre os shoppings de Londres, Risada de Hiena reclamava desesperado da fome que sentia, Louis tentava chamar minha atenção com suas histórias sobre a Grécia, perguntando-me às vezes se eu não conseguia mesmo lembrar minha vida anterior – bizarro, eu sei – e Cabelo de Ninho fingia prestar atenção na televisão.

– Helena, você tá me ouvindo? Quer dizer, eu sei, essa promoção do London Mall foi super estranha, mas você precisava ver as coisas que estavam vendendo! – Topete disse com um brilho no olhar.

Cara, eu estava começando a adorá-lo!

– Sério? – Perguntei, instantaneamente voltando a prestar atenção nele. – Topete, você precisa me levar em todos esses shoppings! – Pedi com entusiasmo.

Ele franziu o cenho.

– É Zayn. E tem certeza? Seríamos perseguidos... – Suspirou. – Vida de artista é difícil! – Fez drama, jogando a cabeça pro lado.

Sorri sem me importar com o nome que ele havia falado.

– Posso arranjar um disfarce pra você – sugeri, tendo uma careta como resposta. – Da Calvin Klein – sussurrei em seguida.

Seus olhos castanhos escuros voltaram a brilhar subitamente.

– Fechado! – Concordou. – Garota, você é das minhas!

Dei um sorriso convencido e assenti animadamente.

Uma opinião masculina durante as compras, que demais! Layla – depois que limpasse a cozinha – iria adorar também!

– Cuidado, Zayn, vai que essa louca resolve te seqüestrar? Eu não pago fiança pra hospício! – Cabelo de Ninho resmungou.

Eu sabia que esse imbecil estava prestando atenção.

– Seria incrível! Exatamente como aquela vez que a Helena de Tróia-

– Cala a boca, Louis! To tentando salvar a vida do Zayn – Cabelo de Ninho o interrompeu bastante irritado.

Bufei.

– Por que você não consegue passar cinco minutos sem ser um atraso na minha vida, hein? – Resmunguei chateada.

Cabelo de Ninho me fitou, zangado.

– Porque você é a garota mais estranha e irritante de todo o mundo! – Respondeu com fúria.

Levantei do sofá onde estava sentada ao lado de Zayn em um impulso só, marchando na direção de Cabelo de Ninho. Quando me aproximei o suficiente para estapeá-lo, ouvi um berro:

– FIQUEM QUIETOS VOCÊS TODOS, PORRA! EU TO COM FOME!

Todos nós encaramos Risada de Hiena, chocados. Eu o achava uma pessoa tão de bem com a vida! Achava.

– AGORA, EU VOU ATÉ AQUELA COZINHA CHAMAR O LIAM E A LAYLA E VOCÊS VÃO FICAR AQUI QUIETINHOS, ESTÃO ME OUVINDO?! QUIETINHOS – Repetiu sinistramente. – QUANDO EU VOLTAR, NÓS VAMOS TOMAR A DROGA DO CAFÉ DA MANHÃ NA STARBUCKS, PORQUE EU TO COM FOME! – Berrou por fim, dando as costas e nos deixando atônitos na sala de estar.

Respirei fundo, encarando o local por onde Risada de Hiena tinha acabado de passar.

– Já tinha esquecido que ele vira um monstro quando não se alimenta... – Ouvi Louis murmurar baixo.

– Vocês que o conhecem – encarei os garotos. Sim, isso inclui o Cabelo de Ninho. A situação era desesperadora! – O melhor a se fazer é obedecê-lo? – Perguntei com apreensão.

Vi Cabelo de Ninho se levantar, ficando ao meu lado.

– Com certeza. Se o Niall nesse estado mandasse eu te abraçar, teria que fazer isso. Tá entendendo o quanto é grave?! – Disse com um pouco de desespero.

Arregalei os olhos.

– Oh meu Deus! O que estamos fazendo ainda aqui? Vou pegar as chaves da BMW e... Cabelo de Ninho, o Risada de Hiena vai no seu carro! – Completei.