POV HELENA

Surpreendi-me ao ver que havia socado Cabelo de Ninho sem querer. Não posso dizer que me arrependo!

Então, quatro figuras surgiram do nada para acudir o bocó. Um até o abanava!

Palhaçada!

- Ai meu Deus, garota, se quiser um autógrafo é só pedir! Sem violência, por favor! – Um garoto moreno com um topete gigante na cabeça berrou para mim.

Revirei os olhos e estava fazendo pouco caso até que Layla se pronunciou:

- ZAYN MALIK! TO MORRENDO! – Gritou, abanando-se.

Bufei e desferi um tapa na cabeça dela.

- Não é hora pra ataque de pelanca, ameba! – Ralhei.

Foi a vez de Layla bufar.

- Garota da BMW? – Uma voz conhecida soou. – Desculpe por isso, estávamos assustados, pois achávamos que era alguma fã descontrolada. Até evitamos atender a campainha logo.

Girei meus calcanhares de encontro ao dono da voz e me deparei com Castanho me fitando assustado e parecendo achar graça.

- Castanho, você parece ser um cara sensato – iniciei, ignorando as caretas surpresas de Layla e dos garotos. – Então, por favor, imobiliza o Cabelo de Ninho para que eu recupere minha pulseira.

O silêncio reinou por um instante, mas logo foi interrompido pelo garoto que abanava o Cabelo de Ninho. Ele gargalhava histericamente.

- Cabelo... De... Ninho! – Levou a mão à face, como se não acreditasse no que havia escutado. – E Castanho! – Riu mais ainda, levantando-se em seguida com a mão estendida para mim. – Sou Louis, seu mais novo fã!

Encarei sua mão por um segundo considerando se devia mesmo apertá-la. Ah, qual é, o tal Louis havia até abanado o Cabelo de Ninho! O que eu poderia esperar de uma pessoa tão bizarra?

- Er... Helena – o cumprimentei rapidamente. Percebi que ele se segurou para não rir novamente.

Não foi de grande ajuda, já que o único loiro dos cinco palhaços começou a gargalhar como uma hiena, fazendo-me ficar furiosa.

- Que merda! Topete, Castanho, Louis e Risada de Hiena, será que algum de vocês poderia, por gentileza, me ajudar a tirar minha pulseira do cabelo daquele ali? – Pedi impaciente apontando para Cabelo de Ninho, que se levantava com dificuldade.

Bom saber que meu soco doeu. Rá!

Ouvi uma explosão de gargalhadas e bufei com raiva. Até Layla estava rindo!

- Não? Obrigada, faço sozinha! – Exclamei irritada.

Marchei para perto de Cabelo de Ninho que se afastava de mim nervosamente. Revirando os olhos, corri um pouco e o alcancei, metendo a mão em seu cabelo instantaneamente para não perder minha única chance.

Deus me ajude!

- Oh meu Deus, minha prima está tocando no cabelo de Harry Styles! Quando eu contar pra minhas amigas... – A ameba Pink berrava histericamente.

Controlei minha vontade de usar força bruta para calá-la. Eu tinha uma coisa mais importante para fazer agora: recuperar o objeto mais valioso que possuía.

Estranhamente, os cachos do Cabelo de Ninho eram sedosos e macios. Desembaracei-os com meus dedos à procura de minha pulseira de diamantes – ignorando seus protestos -, no entanto, nada encontrei. Oh, merda!

Ponderei por um instante, ainda mexendo em seus cachos sedosos – aquele negócio era viciante! – e suspirei ao constatar que definitivamente não acharia nada ali.

- Tira essa sua mão entupida de esmalte do meu cabelo, garota! – Ouvi Cabelo de Ninho berrar.

Fazendo minha melhor cara de nojo, desembaracei mais alguns fios para libertar minha mão e o encarei com raiva.

- Ótimo, só me diz onde escondeu minha pulseira – disse, cruzando os braços e fazendo cara de má.

O imbecil se fez de desentendido.

- Eu não peguei a droga da sua pulseira! Por que não vende sua BMW e compra outra? Faria um bem enorme ao trânsito de Londres! – Retrucou mal-humorado.

Observei Louis sussurrar para Castanho algo como “me conta depois essa história, parece ter sido engraçada!” e os outros dois patetas pedirem para serem inclusos na explicação.

Fula da vida como estava, não me segurei e resolvi contar a eles o que acontecera antes que ouvissem uma versão deturpada.

- Eu mesma explico! – Exclamei, fazendo todos olharem para mim assustados. – O Cabelo de Ninho é o pior motorista do mundo e bateu aquele Audi horrível na minha BMW maravilhosa! Fim! – Terminei com uma falsa animação.

O destruidor de BMW ia retrucar, mas Castanho o impediu.

- Calma, Harry. A garota está com raiva porque a pulseira sumiu, não é uma boa hora para arranjar briga. – Disse para o amigo e em seguida olhou-me. – Qual foi o último lugar que você lembra-se de ter visto sua pulseira?

Pensei por um instante. Layla foi mais rápida que eu:

- Quando ela tava brigando com o Cabe... – Ela parou imediatamente ao ver Cabelo de Ninho fuzilá-la. – Harry!

Topete, Louis e Risada de Hiena seguraram-se para não rir.

- Certo – Castanho assentiu. – Harry, você pegou a pulseira dela? – Questionou, apontando para mim.

- Claro que não! – Cabelo de Ninho berrou, fulo da vida. – Eu não pegaria nada dessa garota!

Abri a boca e a fechei em seguida. Respirei fundo para não considerar seriamente a possibilidade de socá-lo de novo.

Castanho caminhou até se posicionar à minha frente.

- Hum... Helena? – Balancei a cabeça para que ele continuasse. – Não fazemos idéia de onde sua pulseira está, mas podemos ajudar a procurá-la como forma de pedir desculpas pelo seu carro.

Considerei aquilo. Castanho era um cara sensato, ao contrário de Cabelo de Ninho que berrava furiosamente algo como “ela que bateu no meu carro! Não vou procurar essa pulseira idiota!”.

- Eu aceito – disse com um sorriso.

Certo, admito, em parte eu estava pulando de alegria por irritar ainda mais o destruidor de BMW. Por outro lado, seria ótimo recuperar minha pulseira.

- Assim tão fácil? – Louis murmurou em um tom decepcionado. – As Helenas são mulheres que provocam discórdia e guerra, desde a Grécia antiga! Oh, Helena de Tróia! – Suspirou. – Você tá mais pra Helena falsificada – completou.

Ia retrucar algo bem ofensivo quando Castanho agarrou meu braço e foi me puxando para fora da casa, sendo seguido por todos.

- Só ignora. Louis é... Bem, é o Louis.

Assenti. Ele era o cara sensato, afinal!

(...)

- Achei! – Ouvi Topete gritar, chacoalhando no ar minha pulseira de diamantes.

Estávamos vasculhando minha BMW – eu vigiava Cabelo de Ninho para ele não atentar contra a pobrezinha – há vários minutos.

Feliz da vida, corri até ele e o abracei com força.

- Meu herói! – Exclamei.

Topete sorriu. Depositei um beijo em sua bochecha e logo em seguida peguei minha pulseira, colocando-a com cuidado de volta em meu braço.

- Ei, também quero minha recompensa! Eu poderia estar comendo cookies em vez de procurar sua pulseira! – Risada de Hiena brincou, cruzando os braços.

Um minuto depois Layla se jogava em seus braços, enchendo-o de beijos.

- Meu herói! – Repetiu minha frase.

Encarávamos a cena tão chocados quanto o próprio Risada de Hiena.

- Ameba... É... Ele tava brincando – esclareci, tirando-a de perto do garoto.

Layla corou violentamente e postou-se ao meu lado, amuada. Louis gargalhou no mesmo instante, dizendo:

- Meu Deus! Onde vocês estiveram esse tempo todo?! – Perguntou retoricamente.

Respondi mesmo assim:

- EUA, Los Angeles, de onde nunca teríamos saído se não fosse a crueldade de nossos pais e a maldade da Layla. Eu cansei de avisar que botar fogo nas roupas da Sharon não seria boa coisa! – Bufei com a lembrança.

Ao contrário dos outros quatro garotos – que ficaram assustados -, Louis pareceu animado.

- Oh, aí está a Helena de Tróia! – Exclamou.

Layla franziu o cenho.

- Helena de quê?! Não é assim não, bocó, é Helena Knight! – Corrigiu erroneamente.

A ameba passava as aulas de história pintando as unhas.

Todos os presentes riram de Layla, que nos fitava sem entender o que foi tão engraçado.

- Bom, acho melhor voltarmos pra casa, ameba. Temos muita coisa pra arrumar ainda – falei, tentando encerrar por ali a sessão “micos”.

Louis exasperou-se.

- Espera, espera! Me dêem o celular de vocês, caso eu entre em depressão, sabe como é... – Fez graça.

Bufei e decidi ignorar. Como Castanho havia dito mesmo? “Louis é Louis”, é, isso!

- Aqui! – Layla berrou, entregando para ele seu celular.

Respirei fundo três vezes. Não vou surtar, não vou surtar...

Vou surtar!

– Não precisa! Sabe como é... – Repeti a frase dele em um tom enjoado, tirando o celular de Layla de suas mãos. – Se for pra acontecer, acontece! Acredito muito no destino, esse negócio de celular tá fora de moda!

Merda, que desculpa horrível!

Observei os garotos se segurando para não rirem e puxei Layla, a fim de sair dali o quanto antes.

- Então... Tchau! – Falei rapidamente, desesperada para dar o fora antes que eles não agüentassem mais a vontade de rir.

Caminhei apressadamente de volta para casa, respirando aliviada ao pisar na grama de nosso jardim. Não olhei para trás, mas podia sentir cinco olhares me seguindo.

Layla tagarelava sobre como ficou envergonhada depois de ter abraçado e beijado Niall loucamente e... Eu ignorava. É. Sou uma péssima prima!

- Ei, Helena! – Escutei Louis gritar e congelei no mesmo instante.

Deus, seja sincero comigo, estou pagando pelos meus pecados?

Girei meus calcanhares no mesmo instante que Layla e pude ver os cinco garotos nos fitarem confusos.

- O que estão fazendo aí, indo pra essa casa? – Indagou.

Arqueei a sobrancelha. Era óbvio!

- É a nossa casa, oras – respondi.

Cada um dos garotos teve uma reação diferente.

Cabelo de Ninho parecia querer morrer, Castanho sorriu timidamente, Topete levantou o polegar num gesto positivo e Risada de Hiena limitou-se a rir (novidade!). Louis, por sua vez, sorriu abertamente e gritou:

- Cara, você é um gênio! Esse negócio de destino realmente funciona. Porque, bem, somos VIZINHOS!

E aí meu mundo acabou.