E Se Não Tivéssemos Ido Para Os Jogos? escrita por Bia Vieira


Capítulo 2
Colheita


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, eu ia postar ontem mas tive q sair e perdi a fanfic então refiz. Divulguem a fanfic ;)



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Entro sorrateiramente pela janela do meu quarto e, mesmo no escuro, ponho meu pijama e rapidamente entro debaixo das cobertas.

Tenho um sonho esquisito... eu estou na arena duelando com as espadas junto a Cato, ele se faz de fraco e eu - é muito difícil eu fazer isso - me rendo a ele como se aquilo já tivesse acabado, mas ele me desarma e quase me joga do penhasco, apenas me segura com um só braço passando pelas minhas costas e uma espada em meu pescoço.

-É agora, dê olá para o novo vencedor dos Jogos Vorazes! - ele diz empolgado e eu me forço pra respirar e continuar olhando pra ele. Vejo um brilho em seus olhos e agora ele se aproxima de mim, eu tento gritar mas não consigo e antes mesmo de achar que ele me jogaria do penhasco, ele me beija.

E eu acordo.

Percebo que tô agarrada com meu Coisa marrom. Estou totalmente descoberta e minha irmã está me olhando com medo.

-Que horas são? - digo assustada colocando meu Coisa debaixo do travesseiro.

-Ainda tá de madrugada, Clove, você teve um pesadelo. Eu ouvi você gritar...

Meus gritos. É eles saíram. No mundo real.

-E também começou a gemer.

Fico um pouco vermelha imaginando o motivo dos gemidos... será que é por causa do sonho, quer dizer, pesadelo que eu tive com Cato?

-Foi um pesadelo.

-Me conta. - ela se sentou na minha cama.

-Bom... eu tava na arena e... e me jogaram de um penhasco e eu fiquei sentindo muita dor. - distorci a verdade.

-Ah Clove, não fica nervosa, se você for escolhida vai ficar tudo certo, fica calma. - ela me abraça e eu me afasto rapidamente pois sinto que estou suada.

-Eu tô um nojo, melhor eu tomar banho.

-É, melhor mesmo. - ela diz enquanto sai do quarto.

Ponho minha cabeça entre as mãos e ao fechar os olhos eu revejo a cena da boca do Cato se aproximando da minha.

Um pesadelo, não um sonho... é. Um... pesadelo.

Pego o Coisa e o abro pra escrever qualquer coisa.

Eu tenho ódio dos meus sonhos! Esse foi o pior, Cato estava nele e... ele quase me matou, minha vida dependia do braço dele, se ele me soltava ou não do penhasco... mas ele me beijou. Que absurdo é esse? Eu não quero ter sonhos idiotas como esses... definitivamente, foi um pesadelo e eu não quero voltar a tê-lo. Nunca mais.”

Tomo meu banho e ainda lembrando da cena de minha quase morte. Perco o sono e então fico vendo Caesar falar na televisão sobre os Jogos. Analiso cada cena.

De repente eu me imagino lá e o tributo, que sou eu, corre atrás do fugitivo, o Cato.

Desligo a televisão imediatamente.

-O que foi? - meu pai aparece na sala.

-Eu só... eu fiquei um pouco assustada.

-Com os Jogos? - ele bufou. - Você venceria isso muito fácil.

-Valeu, pai. - digo séria.

Na hora de me arrumar, eu tenho que suportar minha mãe falar que eu tenho que pôr o vestido que ela me mandou, eu recuso e ela começa a me provocar e manda eu pôr. Pra não ir de vestido, eu taco "sem querer" ketchup no vestido e digo que foi um acidente. O ruim é que ela arranjou outro vestido, um branco com listras vermelhas.

-Vai ficar perfeito em você. - ela me diz com um sorriso. - Use os saltos que eu deixei no seu quarto.

-Ah não, eu vou de tênis e pronto!

-Mas não vai combinar!

-Mãe eu não quero, já tô usando esse vestido!

-Tá, usa, mas se falarem que ficou feio eu te avisei! - ela saiu do quarto batendo a porta.

Puft! Como se eu ligasse para o que os outros pensam.

Ponho meu tênis e consigo sair de casa sem que ela me veja e me convença a deixá-la fazer um coque em mim. Apenas prendo meu cabelo e pego umas roupas e caminho até o centro de treinamento.

Lá tem um banheiro e é onde eu vou me trocar.

Entro lá e não há ninguém, corro para o banheiro e ponho uma calça jeans e uma blusa com mangas, pelo menos, usei uma branca com listras vermelhas.

Saio de lá na ponta dos pés esperando não ser vista.

-Eaí Baixinha! - alguém atrás de mim me assusta e me faz cair no chão e susto.

-Ai, Cato, seu idiota! - ele ri e se agacha perto de mim, noto que estou com o joelho ardendo então estendo a calça pra vê-lo, está um pouco vermelho.- Qual é o seu problema?

-Sei lá, eu tenho prazer de irritar os outros.

-Por isso você não tem amigos!

-Claro que tenho, sou o mais popular do distrito 2. Agora venha, deixa eu te ajudar a levantar. - ele se levanta e estende a mão.

-Não preciso da sua ajuda. - me levantou sozinha.

-Tá, bom, estava tentando ser gentil mas não adianta, uma metida a durona como você é blindada contra gentileza.

-Eu sou durona, não sou metida.

-Eu ganhei de você ontem.

-Não, não ganhou!

-Você tá ficando vermelha. - ele ri.

-Sai daqui idiota, eu não quero papo com você. - o empurrei e continuei andando na direção de onde seriam escolhidos os futuros tributos.

Fiz todo aquele procedimento chato e repetitivo, o faço desde os doze anos, como qualquer um, e depois fui pra fila das garotas de quinze anos.

Um pouco depois, vejo minha irmã sorrindo e acenando pra mim empolgada, aceno de volta com um pequeno sorriso. Ela logo guarda a empolgação ao ver uma mulher com um cabelo laranja, até a cintura e super escovado, cheia de brilhos, com um vestido tubo longo amarelo com alguns enfeites em alto relevo azuis e laranja, suas unhas tinham, no mínino, quinze centímetros e seus cílios postiços eram tão enormes quanto as unhas, mas um pouco menores. Como todos da Capital, ela tinha tatuagens laranjas nos braços.

-Bem vindos queridos habitantes do distrito 2!

Me segurei de não subir no palco e mandar ela parar com esse sotaque ridículo e falar como gente.

-Então, sejam muito bem vindos a Septuagésima Quarta Edição dos Jogos Vorazes! - ela aplaudiu e todos também, inclusive eu. - Escolheremos um garoto e uma garota para honrar o distrito 2 nos Jogos. Como sempre vamos ser educados, as damas vem primeiro!

Ela caminhou até uma bola de vidro transparente e sacou um papel pequeno, caminhou até o microfone e abriu o papel, seus cílios postiços estavam caindo um pouco e enquanto ela levantava a cabeça pra pronunciar o nome da tributo, ela o ajeitou.

-Bianca Fuhrman.

Uma pontada. Não sei se fico feliz ou triste, eu tenho que ficar feliz, ela sempre quis isso, ela está boquiaberta e com as sobrancelhas erguidas, rapidamente ela me olha e dá um sorriso de orelha a orelha. Eu retribuo o sorriso sem saber das minhas emoções.

Bianca caminha até o palco. Radiante. A mulher "postiça" a põe em seu lado direito e logo fala ao microfone.

-Que menina mais linda! Vamos ver quem será seu acompanhante! - ela anda até a bola com o nome dos garotos e retira um papelzinho, ao abrir ela lê.

-Jack John!

Jack?! Ah não agora eu fico irritada, ele é meu amigo e é muito forte, pode matar minha irmã... um deles vai morrer. Essa palavra me faz ficar arrepiada. Arregaço mais ainda as mangas da minha camisa e ao olhar pra direita - com a cabeça baixa. - vejo Cato me olhando com raiva.

O que ele quer?!

Mudo o foco dos meus olhos pra Jack que sobe ao palco, ele parece feliz, aperta a mão da minha irmã e os dois ficam de frente para o público.

-Bom, esses são nossos tributos, feliz Jogos Vorazes e que a sorte esteja sempre ao seu favor! - ela sorri e logo leva os dois para dentro do Edifício de Justiça.

Corro para o final de toda aquela multidão e encontro meu pai e minha mãe sorrindo.

-Estamos tão felizes pela Bianca! - diz minha mãe.

-Mãe, o Jack foi junto!

-E?

-Ele vai morrer!

-Ah querida, é muito triste mas, veja pelo lado positivo! Sua irmã vencendo os Jogos, isso será tão lindo! - ela dá um sorriso, eu esforço um. Jack é meu amigo, ele sempre me ajudou... não quero que ele morra. Eu ás vezes peço isso, ou o mando pro inferno mas é a primeira vez que não o quero morto.

Eu e minha família somos levados ao Edifício de Justiça e encontramos Bianca, sentada em uma sala com algumas estantes e as cortinas abertas deixando penetrar a luz radiante do sol.

Eu a abro com força e digo em seu ouvido:

-Você vai fazer um ótimo show.

-Eu vou mesmo.

-Isso não vale, me prometa. - ela suspira.

-Eu prometo. Eu irei voltar pra casa com o título de vencedora.

Me afasto dela e dou um sorriso, choro. Mas choro de alegria.

-Eu tenho orgulho de você! 

-Vá falar com o Jack, ele vai precisar. - assinto e saio da sala deixando ela falar com meus pais. Peço aos Pacificadores que me deixem ir falar com Jack mas eles dizem não.

-Eu sou irmã dele também! - eles me levam para uma sala em que vejo ele e sua família reunida. Os Pacificadores idiotas me deixam entrar.

Lá está, Jack, o garoto moreno com cabelos castanhos e olhos da mesma cor. Seus pais e seu irmãozinho bebê estão alí o parabenizando. Eu corro e dou um abraço nele.

-Boa sorte com a minha irmã.

-Ela será minha aliada, eu prometo. - me afasto dele e saio da sala.

Saio sozinha do Edifício e vou pra casa. Pego o Coisa e fico um pouco perto da Noz. Me escondo em uma árvore e começo a escrever.

"Oi.

Primeiramente, eu não sei se choro ou se fico feliz. Minha irmã nos jogos é algo ótimo! Mas o Jack é meu amigo... acho que eu terei que esquecer ele um pouco e aceitar a morte dele na arena, primeiro a família       "

Sou interrompida com um barulho estranho, logo vejo que um galho caiu. E uma pessoa também. Um garoto está no chão em cima do galho e com a perna sangrando.

-Ai caramba! - eu largo o Coisa e vejo quem está alí.

-Sai daqui! - uma voz arrogante com uma pitada de ignorância. Cato.

-O que você tava fazendo aqui? - pergunto irritada.

-Subindo em árvores... muito comum.

-Você tava me espionando! - dou um chute nele e ele solta um gemido.

-Tá, eu tava. Ai!

-Eu devia deixar você aí, apodrecendo e morrendo de dor.

-Faça isso.

-Mas eu vou te ajudar, só por quê você não quer! - ele me olha irritado.

-Tá, me ajuda então.

Levo Cato pra minha casa e percebo que meus pais ainda não voltaram. O ajudo a se sentar no sofá e pego um kit de primeiros-socorros.

-Sua casa é bem maneira.

-Não fique reparando ela.

-Quer que eu faça o que, Baixinha?

-Fique de olhos fechados.

-Ha-ha, nem pensar, pra você me matar sem eu te ver?

-Não tinha pensado nisso, valeu, vai ser um bom jeito de te matar.

Chego na sala e o entrego o kit, ele limpa o sangue da perna, do braço e um pouco da testa, mas ele não serve pra nada nem mesmo secar sangue.

-Dá isso aqui. - arranco da mão dele com violência e começo a secar o seu sangue. 

-Não sou de agradecer... mas valeu por me ajudar.

-Eu nem sei por que eu tô fazendo isso.

-Você gosta de mim.

-Não eu não gosto.

-Gosta sim!

-Não gosto e pronto. - digo furiosa. - Deixa eu terminar essa porcaria e depois você pode ir enfiar a língua na boca das vagabundas.

Ele me olha duvidoso.

-Como?

-Nada Cato, fica quieto!

-Você tem ciúme de mim! Sabia, você gosta de mim. - ele ri.

-Não gosto. - eu coloco o kit na mão dele e o empurro pra fora da minha casa. - Termine essa droga sozinho e me devolva amanhã na Noz!


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Notas finais do capítulo

Deixem reviiiiiiiiiiiiiieeeeeeeeeeeeeeeeewwwws!