E Se Não Tivéssemos Ido Para Os Jogos? escrita por Bia Vieira


Capítulo 16
A fuga




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Abro os olhos e vejo tudo totalmente turvo... estou no porão da minha casa, reconheço pelos móveis de mogno marrom claro e escuros. Mas tudo em mim dói e eu estou com fome... muita fome, acho que estou chegando ao nível de fome de uma pessoa do 8,9 ou sei lá. Meu corpo dói e quando eu o sinto novamente eu percebo que estou com os pulsos amarrados para trás em uma cadeira, meus pés também estão amarrados e minha boca está com um pano, mas consigo engolir minha saliva mas só penso em uma coisa: comida. O que aconteceu comigo?

Quando consigo ver as coisas, percebo que minha mãe está vendo os Jogos. Parece que Bianca está brigando com uma garota... nossa quanto tempo se passou? Estranho... mas agora estou focada na minha irmã. Consigo ver minha irmã com algo apontado no pescoço de uma garota ocm a testa sangrando. Minha visão começa a melhorar. Só ouço gemidos, grunhidos e gritos vindo delas, triplo "t".

- Cadê o Conquistador? - ela pergunta de deboche.

Vejo melhor o que se passa. A garota é a Katniss do distrito 12! Que orgulho!

- Ah você vai ajudá-lo! - ela ironiza. 

Bianca faz diversas ameaças, acho que ela poderia fazer isso com a faca já afundando no pescoço da Garota em Chamas, seria melhor.

- E a sua amiguinha? Como ela se chamava? Rue?

Perda de tempo...

- Pois é, nós matamos ela. E agora vamos matar você. - ela tenta matar a Katniss mas...NÃO!

Um garoto forte e alto chega por trás e a puxa, ele bate ela contra a Cornucópia e pergunta:

- Você a matou? - percebo que o garoto está bastante irritado.

Não é justo! Sei que os Jogos não são justos mas tinha que ser combate corpo a corpo, Bianca é pequena demais pra matá-lo assim com ele a prendendo! Babaca!

- Jack! JACK! - ela berra.

O garoto pega uma pedra e bate com força contra a têmpora dela, não ouço um canhão. Ele a joga no chão como se fosse uma sacola de lixo e vai para a garota do distrito 12.

- Bianca! - ouço a voz de Jack, o pessoal da Capital põe uma imagem dele correndo desesperado por Bianca, nuncao vi assim, Jack parecia demonstrar algo por ela...

Depois de um tempo perdemos a imagem de Bianca, minha mãe estava na minha frente com os cotovelos nos joelhos e com a cabeça nas mãos. Ela começou a chorar muito agora e eu não resisti, mesmo com tudo aquilo, eu chorei. Sei que minha irmã irá morrer. Agora sei porque os outros distritos sofrem tanto quando tem a colheita.

Jack tenta chegar pra ver a Bianca. Ele pega a mão dela e ela diz:

- Vença... por mim.

- Farei isso, me desculpe, eu não consegui.

Vi Jack pegar o rosto dela, ele chorava. Quando ele se aproximou da boca dela a câmera se concentrou apenas nos amantes desafortunados do distrito 12. Jack gostava da minha irmã, porque ele nunca me disse isso?

Minha mãe começa a chorar e a soluçar, eu começo a chorar e grito, mesmo que minha voz saia estranha:

- BIANCA! - berro. Minha mãe se vira pra mim e me abraça, me debato.

- Filha, me perdoa... me perdoa mesmo. - ela chora mais ainda.

- Me tira daqui! - digo mas minha voz está estranha e estou ficando agoniada de ficar presa.

- Não posso, filha, se eu te soltar você vai me entregar. Mas se você permanecer presa, nós duas ficamos salvas! - a perna dela tremia e seu olho esquerdo piscava freneticamente. Ela está louca. Ela tirou o pano de minha boca e eu pude respirar melhor, já que meu nariz não aguenta sozinho.

- Bianca... ela... ela... - digo entre soluços.

- Nós temos uma a outra. - ela sorri mas sua boca treme.

- Mãe, a Bianca morreu! E AGORA?! - berro.

- A... - ela engole o choro. - sorte não esteve ao favor dela, ela agora vai para o céu.

Choro desesperadamente. Eu não pude protegê-la, se eu ao menos tivesse feito o que Katniss fez. Me voluntariado. Aquilo foi injustiça! Eu quero minha irmã de volta e por mais estranho que pareça quero meu pai de volta também. Quero minha família de volta! Quero minha VIDA de volta. Perdi meu pai, minha irmã, minha mãe está ficando louca e prestes a me matar e pra finalizar... perdi o Cato.

Eu não sei como não estou resistindo, eu sempre fui forte mas ultimamente tudo tem sido tão difícil, a vida, tudo! Eu sinto tanta falta dos tempos antigos. Eu sinto falta do meu pai rindo feliz e amando minha mãe verdadeiramente, sinto falta do sorriso e do olhar fulminante de Bianca - como o meu -, sinto falta da idiotice, brutalidade e dos beijos de Cato. Eu só... sinto falta.

A campainha toca, minha mãe põe o pano em minha boca e diz:

- Eu vou atender, fique quietinha.

Ela sobe as escadas e eu permaneço calada. Ao ouvir o barulho da porta se abrindo, ouço uma voz familiar.

- Oi, senhorita Fuhrman, a Clove está?

LEANCE! Sim, sim é ele! Ah que bom, é ele! Ele precisa me ajudar! Eu não tenho outra escolha, minha mãe pode me matar.

- LEANCE! SOCORRO! AQUI NO PORÃO. - berro e repito.

- O que foi isso? - ouço a voz dele.

- O que? - minha mãe pergunta.

 - Ouvi alguém gritando...

- Ah não deve ser nada, você deve estar ouvindo coisas!

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! - berro.

- Tem alguém gritando! - ele diz.

- Não tem!

Ouço passos na direção do porão.

- Garoto, saia daqui ou eu te denuncio por invasão de privacidade!

- A Clove está aqui, não é?

- Não, ela saiu!

- LEEEEEEEEEEEEANCE! - berro mais ainda, estou ficando mais fraca.

- Ela tá aqui sim! O que fez com ela?

Depois isso ouço barulhos estranhos como se ele tivesse caído. Leance abre a porta da frente e desesperadamente entra no porão. Ele está com o braço vermelho.

- SUA LOUCA! - ele diz pra minha mãe, ela pega a faca numa mesinha e aponta pra ele, ele rapidamente fica parado. - Abaixe isso, sra. Fuhrman...

- Não, agora que você viu o que está acontecendo, não posso deixar isso passar! 

Leance tenta acamá-la mas como sempre, parte pra agressividade. Ele dá um tapa em seu braço e cai em cima dele, arranca a faca da mão dela e com a faca ele corta a corda dos meus pés.

- Vai... chuta ela se ela vier! - ele diz ofegante.

Logo que ele está indo cortar a corda dos meus pulsos, minha mãe corre para batê-lo.

- Afasta! - digo depressa. 

Me levanto um pouco e bato com minha cabeça na têmpora dela. Ela cambaleia e põe a mão na cabeça. Está tonta provavelmente. Leance corta rapidamente o último fio da corda e eu me solto. Corremos pra fora de casa e entramos na dele. Ele tranca as portas e janelas enquanto me jogo no chão, fraca e faminta.

- Fica calma, o que você precisa? - ele segura meu rosto nas enormes mãos dele.

- Água... comida.

- Tá, tá bom. - ele depressa pega água e comida pra mim. Traz um copo cheio de água e uns biscoitos com sal. Logo vou reabastecendo as energias.

Leance me põe no sofá deixa perto de mim, uma garrafa d'água e uns salgadinhos que eu amo. Ele se abaixa pert ode mim e segura uma faca com firmeza.

- Me diz, o que aconteceu?

Respiro fundo e tento me lembrar... "o que aconteceu?" eu não sei! Foi tudo tão rápido.

- Meus pais brigaram... - respirei fundo e engoli o choro, não posso chorar. - Minha mãe disse que ela tentou se defender contra meu pai e acabou o matando, ela me convenceu de que ele era o culpado mas eu não sei a verdade. - bebo um gole de água - Quer odescobrir tudo.

- Tá mas e você, porque estava lá presa?

- Minha mãe ficou triste e abalada, eu queria ajudá-la mas acabei me dando mal. Enterrei o corpo do meu pai fora do distrito e quando começou os boatos.. bem ou eu ou ela que iria ficar a salva.

Leance prestava atenção em mim com desespero. Ele estava realmente nervoso.

- Clove, toma um banho e depois dorme um pouco, eu fico aqui vigiando.

- Mas e se ela aparecer?

- Vou ficar de olho, prometo. Vai dormir, você estava quanto tempo apagada?

- Não sei... quanto tempo eu fiquei fora?

- Quase uma semana. - meus olhos slataram.

- O que?! Nossa! Eu... eu preciso comer. Preciso, e tomar um banho. 

 É, você precisa. Dá pra sentir o cheiro daqui. - eu rio e ele também.

- Muito obrigada por me ajudar, Leance. Muito obrigada mesmo. - dou um abraço nele, é o mínimo que posso fazer pra agradecer.

Vou tomar meu banho e depois me empanturrar de comida. Leance foi o que eu precisava e é o que eu preciso. 


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Notas finais do capítulo

Galera que bom que estão gostando e eu tô pensando em criar uma continuação pra essa fanfic... não sei bem se vai ter mas se tiver vai ser curtinha. O que acham e o que acharam desse capítulo? Deixem reviews honestos e muito obrigada por lerem, tá? Vocês são uns lindjos e que Deus derrame muito chocolate na sua vida... exceto se você tiver muito açúcar no sangue.