E Se Não Tivéssemos Ido Para Os Jogos? escrita por Bia Vieira


Capítulo 11
Dores.


Notas iniciais do capítulo

MIL DESCULPAS PELA DEMORA! Tá aí gente, é um capítulo bem dolorido... para o Cato e a Clove, é claro.



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Droga! Eu não sabia que uma briga de casal daria em um resultado tão horrível como esse... não tinha parado direito pra pensar bem, mas, isso é estranho, minha mãe matou meu pai em auto defesa mas não deve ter sido tão difícil ele brigando com ela, afinal, ele é quem devia explicações. Só me vem duas coisas na cabeça como opção. Primeira, ela está de TPM... uma das brabas e se descontrolou. Segunda, ela está escondendo algo... acho que é um pouco das duas, só me resta descobrir.

Tento ficar em silêncio pra não ser vista, este beco escuro ajuda a nos escondermos e já que estamos com roupas escuras... não há problema. O poste mais próximo deve estar há uns 10 quilômetros de nós e ele tem pouca luz. Agora pra brincar de esconde-esconde direito, só prendendo a respiração.

- Posso jurar que vi duas pessoas correndo... - disse um homem parecendo tentar convencer alguém.

- Eles correram pra cá? - disse uma voz próxima, masculina também.

- Foi o que eu vi. Não sei se foi bem aqui.

Os passos começam a se aproximar cada vez mais... isso faz meu coração acelerar, já passou da hora de estarmos em casa assistindo aos Jogos mas esse não é o problema, o maior problema será eles perguntando o que estávamos fazendo depois da cerca e com certeza eles investigariam.

As botas fazem um "poc, poc"  leve mas eu posso sentir o som se aproximando, até o Cato está nervoso. Olho pra direita e vejo um edifício com umas escadas - provavelmente de emergência - próximo a lojinha em que estamos escondidos.

- Venha. - sussurro no ouvido de Cato e o puxo, tentamos correr o mais silencioso possível e subimos as escadas. Quase chegando eu volto a sentir uma dor forte no pé em que machuquei, tropeço e quase caio, se não estivesse  segurando com força a escada provavelmente cairia.

- O que foi isso, Clove?! - sussurra Cato.

- Nada...

Os passos estão mais próximos, subo correndo tentando esquecer a dor. É uma varanda grande que cerca o edifício inteiro, então, dá pra se esconder. Eu e Cato corremos para um lado que seria a parte de trás do edifício, não ouvimos mas os passos, porém, continuamos escondidos. Espremidos contra a parede e torcendo pra não sermos vistos. Meu pé dói mais ainda, mas, a minha preocupação está ligada a probabilidade de eu virar uma Avox por cruzar uma simples cerca... elétrica.

      O meu coração está acelerado devido a correria, o de Cato também está e a nossa respiração está realmente pesada. Paramos um pouco e respiramos tentando nos acalmar um pouco. Sinto os dedos dele no meu pescoço pressionando um pouco, olho pra ele duvidosa.

- Tirando pulsação. – ele explica sem mesmo me olhar. – Você está acelerada.

- Não diga.

Ele ri e finalmente me olha como se isso tudo foi só uma brincadeira.

- Você... você é absolutamente – respiro – idiota.

- Ah por favor, ria um pouco disso! É bom rir das desgraças, assim elas ficam mais fáceis de aturar.

- Você é doente.

- É... não. E agora,  oque vamos fazer de vingança?

- Não sei... eu não queria estar vivendo isso é difícil conviver com esse peso nas costas.

- Clove. – ele me interrompe. – Não é fácil pra mim também, mas, eu vou estar dividindo esse peso com você.

Olho pra ele e sorrio, ninguém nunca tinha me falado algo tão bonito antes e olha que eu não esperava isso do Cato, que é um garoto absolutamente durão e esnobe. No meio daquela respiração toda Cato solta um riso baixinho.

- O que foi? – pergunto rindo também, sem saber.

- Isso tudo é coisa de louco.

- É, eu percebi.

- Mas sabe de uma coisa?

- O que?

- É legal passar um tempo sozinho com você. É a única que sabe como eu vejo o mundo.

- Na verdade, eu não sei.

- Sabe sim. Você acha que eu sou aquele garoto safado mas eu não sou assim... ultimamente não tenho sido. Sei lá, desde que eu comecei a andar com você as coisas mudaram.

Ele não ria e eu pude ver em seus olhos que aquilo era realmente sério. Não me contive, o puxei pela nuca e o beijei, pouco ligando para os Pacificadores, meu pé torcido e a nossa falta de ar. Era tão bom estar assim com ele que eu não resisti, infelizmente. Cato correspondia com uma vontade tão forte que eu tive que me afastar, eles estava quase me esmagando com aqueles braços enormes.

- Não aguenta, Baixinha? – ele pergunta rindo.

- Meu pé ainda dói...

- Não tava com a boca no teu pé!

- Mas sei lá... aqui é perigoso.

- Vamos pra minha casa.

- Não! Sua mãe tá lá! Quer mesmo que eu dê de cara com ela?

- É não seria agradável... melhor irmos pra casa.

- E como saímos daqui?

- Pulando. – olho pra ele com raiva.

- Não!

- Eu te carrego.

- Tá maluco, você vai me fazer cair!

- Confia em mim?

Essa palavra me arrepiou... eu não sei a resposta. Realmente não sei. Cato pode estar me beijando, mas pode me dar uma facada nas costas por ser um maluco que fique com raiva do meu pai... pode até não ser isso, mas ele é a única pessoa que eu amo e que odeio ao mesmo tempo.

- Vamos logo.

Eu subo nas costas dele e ele pula. Não era tão alto, mas provavelmente ele se machucou um pouco, o lado positivo foi que caímos em um montinho de folhas. Mas não foi o suficiente. Saio de pressa das costas dele e vejo se ele está bem. Completamente jogado no chão. Não, ele não está bem.

- Cato... você tá bem? – pergunto sabendo a resposta.

- Tô. – ele diz rápido. Mentindo, é claro.

- Não minta pra mim.

- Só uma dorzinha nas costelas... nada demais. – ele se levanta e consigo ver um pouco que suas feições indicam dor.

- Você não parece estar bem... sério, você deve ter se machucado feio!

- Não, Clove. Tá tudo bem. Vá pra casa.

- E você?

- Eu vou pra minha, ué.

- Não. Sua mãe vai perguntar o que aconteceu e você vai dizer o que?

- Invento uma desculpa.

- Você vem comigo.

- Não precisa, sério, vou me tratar. Prometo. – ele fica sério e então eu assinto e vou pra casa.

Ele com certeza está pior do que eu.


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Notas finais do capítulo

Ficou fraquinho, mas não quero sair explodindo ainda... no próximo eu espero.