E Se Não Tivéssemos Ido Para Os Jogos? escrita por Bia Vieira


Capítulo 10
Descobertas.




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- Já descobri o que você fez... só não acredito que não me contou. - o garoto vem um pouco pra frente para que eu possa vê-lo melhor.

- Eu não fiz isso. - digo firme.

- Então quem foi?

- Não te interessa! Saia daqui, você pode ser pego.

Ele deu um riso irônico.

- Eu? Pego? Faça-me rir, Clove. Você pode ser pega facilmente, já eu... não.

- Cala a boca e sai daqui!

- Eu só queria saber do que você tava fazendo! Como não pode me contar, eu só quero sua confiança!

- Ah, por favor, Cato! Pra quantas garotas você disse isso?

Estávamos quase berrando, mas tínhamos consciência de que virar Pacificador ou Avox não é algo que colocaríamos na nossa lista de a fazeres.

- Até agora, só pra uma revoltadinha, que é você.

- Ah tá bom. 

- É sério, eu poderia te ajudar no que você tá fazendo, eu posso te entender. - ele largou o saco e pôs as mãos nos meus ombros como se tivesse tentando me convencer, que era o que ele estava fazendo.

- Você não tem noção de como isso vai ser difícil pra você...

- Então me conte pra eu ter uma noção disso! Vamos, Clove, por favor...

Olhei no fundo dos olhos dele, não era o Cato irritante, arrogante, metido que adorava humilhar os outros e ser superior. Era o Cato que procurava algo... mas esse lado dele eu nunca tinha visto antes.

- Não é estranho as saídas que sua mãe tem tido recentemente?

- Trabalho, ué.

- Você é tão insano... abra a sacola preta e veja quem é.

Ele não hesitou, abriu a sacola como se dentro dela não tivesse um cadáver, e sim um boneco. Ao abrir, ele viu a cara do meu pai fria... aquilo doía em mim, mas eu não podia demonstrar.

- Ele é...

- Meu pai.

Cato vem até mim e me olha com curiosidade.

- Por que fez isso com ele?

- Não fui eu, tá bom?

- Quem foi?

- Me jure que não irá contar a ninguém!

- Claro que não vou contar, se eu contar, pode usar seu estojo de facas em mim.

Realmente, eu nunca havia o visto assim. Respirei fundo e fechei os olhos, não queria ver a cara dele no momento em que soubesse.

- Sua mãe tinha.... tinha uma caso com o m-meu pai. 

Abri um olho pra ver a cara dele e... bem se não fosse tão trágico eu riria. Abri  os dois olhos e vi a cara do Cato numa espécie de "HÃ?!" e "Ai meu Deus!" era uma mistura absurdamente tosca, porém engraçada. Não Clove, se você rir ele vai achar que é mentira.

- Você tá de brincadeira comigo né?

- É isso mesmo, Cato - fui sarcástica. - eu tô escondendo o corpo do meu pai que tá morto e fiz isso tudo de brincadeira.

- Quem matou ele então?

"Prometa que guardará segredo?" a voz da minha mãe ecoa na minha cabeça.

- Eu não posso contar, você já sabe demais.

- Achei que confiasse em mim.

- Confio. Confio mesmo! Só que isso eu não posso, eu... eu prometi que não contaria.

Ele me olha sério e olha pra sacola.

- Tá bom. Quer uma ajudinha pra enterrar?

- Se não for pedir muito...

Deixei ele cavar mais fundo, só que ele cavou muito fundo, já via um pouco de água saindo da terra, Cato estava muito sujo de terra, mais do que eu. Joguei o corpo no buraco como se fosse lixo, ajudei Cato a colocar a terra de volta.

Não era tão ruim quanto antes, eu estava com Cato e ele estava passando pelo mesmo que eu passei. Só não gostava muito quando ele dizia "Eu poderia ter torturado ele" ou "Se você me contasse, eu iria venerar a pessoa que fez isso", bem eu não sabia qual era a pior mas ele torturando meu pai não era algo tão agradável assim, bem ele é meu pai, né? Família é família só que aturar o que ele fez e fingir que nada aconteceu... arg! Tenho nojo dele.

Depois de repôr toda a terra, Cato se senta encostado em uma árvore meio discreta, me sento lado dele depois de cobrir a terra e deixá-la como se nunca tivesse sido cavada, foi meio difícil.

- Me desculpe. - digo.

- Pelo quê? Devo te agradecer. Sem você eu não saberia disso tudo.

- Eu não queria saber disso, nem queria ter feito isso... imagina quando a Bianca voltar e descobrir tudo...

- Quem é Bianca?

- Minha irmã, que foi para os Jogos.

- Ah então ela é sua irmã... ah ela vai ter que encarar, você com certeza passou por isso pior do que ela.

- E você também. Me diz... o que vai fazer agora?

Ele dá um suspiro forte e olha pra mim.

- Quero fazer com que ela pague o preço também, mas não morrendo, seria fácil demais, quero que ela seja torturada. Bem eu já tô saindo de casa mesmo, seria uma ótima desculpa.

- Como pretende torturá-la?

- Do pior jeito possível...

Ficamos um pouco quietos pensando nas formas de tortura, até eu quebrar o silêncio.

- Não acha que estamos indo longe demais?

- Eles não deviam ter feito isso com a gente, com a família.

- Tá mas... sei lá sua mãe não deveria ser como meu pai.

- Ela é pior.

- Você não conheceu meu pai, não sabe disso.

- Clove, eu vivo com ela, sei como ela é. Ela tem feito muitas coisas ruins ultimamente, não é porque ela é mulher que ela é fraca...

- Tá chamando as mulheres de fracas?

- Não, só que ela parece ser... se bem que eu sou mais forte que você e você é mulher.

- HÁ! Claro que não, e nossa que observação interessante! Como chegou a essa conclusão?

- É que eu tenho atração por mulheres... e as baixinhas...

Não tô vermelha. Não eu não tô.

- Tá, já chega, melhor voltarmos antes que nos flagrem aqui.

Me levanto e ele também, quando começo a andar eu tropeço em uma planta, quase caio, mas Cato me segura.

- Droga... - reclamo.

- Que foi?

- Meu pé agora tá doendo, a deixa vamos logo.

Tento caminhar no mesmo passo que ele mas meu pé dói muito, não foi um "quase" tombo qualquer. Me sento no chão e engulo a dor, não é muita, mas é desagradável.

- Aconteceu alguma coisa com seu pé, não foi?

- Não deve ter sido nada... - digo.

Cato se agacha ao lado do meu pé e o gira, quase grito, mas acho que pelas minhas feições, ele viu que doeu.

- Você torceu.

- É, a dor denunciou isso.

- Venha. - ele me pegou em seus braços e eu tentei bater nele, tentei impedí-lo.

- Não! Eu consigo.

- Fica quieta, eu tô fazendo um favor pra você. Já basta o que passou hoje, deve estar exausta.

- Não foi nada isso de hoje.

- Seu pai morreu, Clove, isso não foi nada demais?

Não respondo, aquilo era sim algo demais, e acho que dessa vez não ocnsegui esconder.

Cato não reclama enquanto andávamos, ele até fingia que ia me soltar mas não me deixava cair, eu não me sentia segura e nem confortável daquele jeito.

Ele parou há alguns metros da cerca e olhou com espanto pra lá, viro a cabeça e tento ver o que aconteceu, mas está escuro.

- O que foi?

- Shiu! - ele susssurra.

Ele tenta caminhar devagar.

- Acho que vi duas pessoas alí. - não foi ele que disse isso, nem eu. 

Cato olha assustado de novo, mas ele me assustou mais ainda, por quê ele soltou os braços e eu caí de verdade, tentei não fazer barulho mas o som do meu corpo caindo no chão fez um barulho.

- Caramba... - murmuro.

-Vamos, precisamos sair daqui imediatamente.

Tento correr evitando a dor do pé torcido, Cato correr mais rápido, mas ele me puxa e eu acabo tropeçando. Quando consigo correr, mancando, junto a ele, passamos pela cerca e ele leva um pequeno choque no braço, mas não emite dor.

Nós escondemos atrás de uma lojinha próxima a cerca e esperamos que ninguém nos veja.

- Quem estava lá? - sussurro.

- Pacificadores, e acho que nos viram.


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Notas finais do capítulo

Como sempre, deixem reviews :3
Leiam também O Ponto De Vista Do Marvel :333