- Jennifer Mars, você pode se atrasar para quase qualquer coisa que realmente importa para mim, mas você não vai dormir até tarde quando estamos em uma praia ensolarada. Ou você acorda agora ou eu pegarei um balde d’água e jogarei em você! - Madeline já vestia um biquíni e uma saia, disse. Jennifer se revirou na cama e Mad riu. A ruiva foi até o banheiro, pegou um balde que havia ali, colocou água gelada e jogou na amiga.

- MADELINE! VOCÊ FICOU LOUCA?! - Jennifer se levantou, meio rindo, meio brava e foi até o banheiro tomar um banho. Colocou um biquíni vermelho e um short preto, um chinelo branco, prendeu o cabelo loiro e um pouco molhado e saiu para acompanhar a amiga ao café. As duas estavam se chingando a caminho do elevador quando Raphael chegou sozinho.

- Oi. - As duas falaram e logo se calaram. Ambas estavam “bravas” uma com a outra. Raphael cumprimentou as amigas e todos os três entraram no elevador.

- Hãn... Jennifer? - O garoto disse.

- Sim? - Ela pediu, olhando-o.

- Luke passou a noite contigo ontem? - Jennifer ficou surpresa.

- Não. - Ela respondeu surpresa. - Aconteceu alguma coisa? - Ela pediu e o elevador abriu mostrando que Luke Berrigan estava, na verdade, sentando na mesa junto de Trina. Raphael engoliu o seco e percebeu que ele deveria ter ficado calado.

Ele se dirigiu para o amigo e as duas foram para uma mesa mais afastada.

- Mas tenho uma dica sobre Luke Berrigan... Fuja. Talvez seja melhor assim...

As duas se serviram. Bem, na realidade, Madeline serviu um prato com alguns bolos e uma salada de fruta e Jennifer pegou apenas uma xícara de café preto. Desde que Sherlock havia morrido ela absolveu um pouco da cultura do mesmo, desistindo de comer como antes.

- Eu não consigo acreditar que ele está com aquela vadia. - Mad disse.

- Eu não me importo. - mentira - eu nunca tive nada de mais com ele mesmo.

- Jennifer... - a amiga a olhou, incrédula.

- Será que não posso esconder as coisas de você? - Jen disse, rindo.

- Sabe uma coisa que eu gosto? Nossas brigas que não duram mais de vinte minutos. - Mad respondeu. Jennifer riu.

O tempo passou e todos já estavam na praia. Madeline estava tendo aprender a surfar com um morador local e Jennifer estava deitada no sol lendo um livro. Um livro específico: As crônicas de Nárnia.

- Ler em uma praia? Isso não combina com féria, Mrs. Mars.

- Eu nunca disse que eu combinava com praia. - Ela respondeu meio grossa. E ele percebeu.

- Eu fiz alguma coisa?- Jennifer surpreendeu-se. - Para você ter ficado meio assim?

- Não, nada não.  - Ela respondeu e voltou a ler o livro. Luke compreendeu que isso era um “cai fora” e então saiu.

- Mas tenho uma dica sobre Luke Berrigan... Fuja. A frase de Irene não lhe saia da cabeça

Quem é o garoto? Pensou Sherlock, olhando-os de longe. Sorriu ao ver que Jennifer continuava a mesma, seja lá o que ele tenha feito, ela nunca iria falar. Esse jeitinho que ela tinha e era preciso uma grande seção de filmes, música no violino ou então algo mais íntimo para que ela se abrisse sobre o assunto. Ela estava maravilhosa deita na cadeira e a vontade de se aproximar subiu. Onde estava Irene? Ele não sabia responder. Quando chegou ao quarto que ela estava nada encontrou. Haviam limpado tudo. Porém alguma coisa lhe dizia que ela estava com problemas. Ele pegou o telefone e digitou o número de Mycroft.

- Preciso de uma ajuda. - Disse o Holmes mais novo.

- O que exatamente?

- Só procure sobre Luke Berrigan para mim.

- O novo pretendente de Jennifer, presumo eu. 

- Exato. Só quero saber se ela está a salvo... Houve alguns boatos... Bem, não vem ao caso.

- Mandar-lhe-ei os resultados da pesquisa quando terminar.

- Obrigada Mycroft. - Sherlock disse, desligando.  

- Jennifer Mars se você pensa que vou lhe deixar ficar o dia todo lendo nessa cadeira, você está muito enganada! - Jennifer ergueu o olhar do livro, encarando o homem a sua frente. Ele tirou o livro das mãos da garota colocando-o sobre a areia ao lado, pegou ela no colo e começou a correr para água.

- Você não vai fazer isso, não mesmo! - Ela disse brava.

- Então veja. - E então ele a jogou no mar.

- Eu vou, certamente e dolorosamente, te matar Luke! - Ele riu, puxando-a pela cintura. O abdômen nu do garoto se encontrou com o dela, os rostos quase colados, a respiração ofegante. Jennifer conhecia esses sintomas e não gostava nem um pouco. O amor podia machucar. O amor sempre machucava e ela não conseguia mais senti-lo em sua forma plena, não depois de Sherlock Holmes.

Mas o que sentia por Luke chegava perto.

- Eu duvido... Você está mais para quem quer me beijar. - Ele disse, rindo e roçando os lábios dele nos dela.

- Não deveria fazer tais brincadeiras, Mr. Berrigan, eu posso ser muito má quando eu quero.

- Não seja má comigo, Mrs. Mars. - Ela riu, jogando o cabelo para trás.

- Só se você merecer. - Ele riu. Uma onda os derrubou e, quando ambos voltaram à superfície, ele puxou-a para um beijo. Ela não recuou. Apenas se deixou levar pelo calor do momento se lembrando do que sua mãe costumava dizer: Se for para ser, será! 

Ao longe Sherlock se segurava para não cometer um homicídio. Infelizmente a culpa era dele. Foi ele que “morreu” e deixou-a sozinha.  Foi ele que descumpriu a promessa de nunca machucá-la, de nunca abandoná-la. Agora ela tinha o direito, não, o dever de ser feliz. Se isso fosse longe de Sherlock, mesmo quando ele voltasse, ele teria que aceitar. A culpa era dele, apenas dele e, claro, de Moriarty. O homem que, mesmo do túmulo, consegue estragar a vida do Holmes mais novo e de Jennifer Mars.