Dark Cloud escrita por Mamoru


Capítulo 12
Capitulo XII


Notas iniciais do capítulo

Hm... Gente... Bom, vamos lá, leiam.



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- Então, como estou? Lindo não é? – Tetsuya perguntou a sua mãe.

- Você está sempre lindo, querido – ela disse sorrindo.

Ele estava vestindo a roupa de Romeo para sua mãe ver, a apresentação era no dia seguinte.

- Oh, minha Julieta – encenou com dramatização exagerada e saiu rodando até esbarrar em mim.

- Ok, ok meu Romeo, agora tira essas roupas, e vão dormir – mandou a mãe de Tetsuya.

- Hoje eu vou para casa – disse sem jeito.

- Não vai nada, venha – disse Tetsuya me puxando.

Suspirei. Agora nem ir para casa eu podia.

Levou-me até seu quarto, trancou a porta e deitou na cama, me puxando para seus braços.

Eu gostava quando ele fazia isso, não era nada malicioso e ainda era gostoso. Brincou por um tempo com meu cabelo em silencio, depois suspirou.

- Eu acho que... Finalmente estou preparado – disse.

- Também, se não estivesse... Ensaiando como estava – disse rindo.

- Não era disso que eu estava falando e eu não estava ensaiando tão intensamente assim – retrucou.

- E o que era então? – perguntei um pouco sonolento.

Quando ele mexia no meu cabelo parecia estar me dando um sonífero.

- Que eu estou pronto para partir agora – explicou calmamente.

- Você já disse isso antes, que estava conformado, mas mesmo assim... – comecei a dizer, mas a frase ficou no ar quando me lembrei do dia em que fomos ao parque.

- Dessa vez é diferente, eu tive um sonho naquele dia. Algo ou alguém me disse para não ter medo, que o grande dia estava chegando. Ele me disse que o grande dia não marca o fim e sim o começo – disse-me. Ele estava tão calmo que eu não conseguia pensar que estava brincando. Estava falando sério, estava realmente conformado.

- E você não acha que esse grande dia é...

- Amanhã – terminou minha frase. – Tenho quase certeza.

- Não é amanhã Tetsuya, deve ser só coincidência – disse, mais para mim do que para ele e acrescentei indignado –, porque nossas conversas sempre acabam nesse assunto?

- Porque é inevitável, é nossa realidade – disse afagando minha cabeça carinhosamente.

- Você não pode me deixar, eu não posso mais viver sem você – murmurei.

- É claro que pode! – disse um pouco irritado. – Se não puder, tudo o que eu tentei fazer por você terá sido em vão.

- Mas me diga, como eu vou viver sem você? – perguntei desesperado, virando o rosto para encara-lo.

- Eu não sei – sua voz falhou um pouco e uma lagrima brotou em seu olho, pronta para cair. – Mas você precisa. Faça novos amigos, se apaixone por alguém sem doença. Só... Seja feliz. Se você for feliz, onde quer que eu esteja também vou ser.

- Eu não vou me apaixonar de novo e você sabe disso – disse mordendo meu lábio para não deixar uma lágrima cair.

- Então siga sua carreira de fotógrafo. Invente um sonho para correr atrás, qualquer coisa serve – disse rindo tristemente.

- Vou tentar – murmurei.

- Estou mandando, e como sempre, você irá obedecer – disse e eu fiquei sem resposta.

Um silêncio caiu e eu pude ver que estava começando a ficar tarde. Pensar que aquela talvez fosse minha ultima noite com Tetsuya me deixava arrepiado.

E com medo, muito medo.

- Me beije uma ultima vez, Mana – pediu.

Levantei-me um pouco e o beijei.

- Essa não será a ultima vez – neguei.

- Será sim.

E finalmente, o grande dia chegou.

Tetsuya não havia deixado transparecer, mas estava realmente mal naquela manhã.

A peça foi incrível, todos estavam empenhados e eu consegui a foto perfeita para a capa do álbum.

Mas algo estranho aconteceu.

A cena em que o Romeo morria, foi tão boa que parecia real. Real demais para meu gosto.

Quando as cortinas se fecharam, passou-se alguns segundos e de repente ouviu-se um grito de uma garota.

Como eu estava na primeira fila, ouvi outra voz que dizia:

- Ei, Tetsuya, levanta cara! Sério!

Não pensei duas vezes, joguei a câmera no assento e subi no palco correndo e passei pela cortina, e encarei Tetsuya no chão, da mesma forma que na hora da cena.

Corri até ele desesperado, não me importando com os protestos sobre minha presença ali.

- Tetsuya... Ei, Tetsuya! Kurokumo, responda! – gritei.

- Não me... Chame assim – disse fracamente.

- Tetsu... Se não estava se sentindo bem hoje, podia dizer. Com certeza poderiam adiar a apresentação. O festival dura uma semana – disse limpando as lágrimas que ameaçavam a descer pelo meu rosto.

- Mas aí eu não apresentaria nada. Olha eu aqui, morrendo em um palco... Uma morte um pouco dramática, não acha? – disse e tossiu um pouco. – Lembra-se do que eu disse ontem? – assenti, sem conseguir emitir uma palavra. – Então... Eu sinto, chegou minha hora... Realmente, queria ficar um pouco mais com você, mas eu sempre vou querer ficar um pouco mais, até mesmo se tiver cem anos... Nunca eu vou querer te deixar. E eu nunca vou. Adeus, Mana...

- Não, não, não, não! – cada vez minha voz ficava mais urgente. – Por favor, não Tetsuya!

As pessoas a nossa volta olhavam horrorizadas a cena, ninguém sabia da doença de Tetsuya, então estavam todos pasmos, sem saber o que fazer.

- Chamem uma ambulância! – mandei desesperado e uma pessoa pegou o celular para ligar. – E chamem a mãe dele! – outra pessoa saiu da sala em busca dela. – Tetsuya, eu não vou deixar você ir – segurei sua mão.

- Você não manda em mim, Mana – disse fracamente. – E eu preciso partir.

- Eu te amo tanto Tetsuya, por favor, não vá! – gritei com a cabeça em sua barriga, abafando a voz em sua camisa. – Eu preciso de você!

- Eu tenho que ir Mana. Foi muito bom ficar com você e fico muito grato de você ficar comigo até o final, mesmo sabendo que eu poderia morrer a qualquer momento – tossiu mais um pouco. Embaixo de mim vi seu coração falhar. – Eu também te amo Mana. Muito mesmo. Conhecer você foi a melhor coisa que eu fiz durante a minha vida inteira...

Sua voz ficou no ar e um silêncio mortal pairou no ar.

Sem palavras, sem respiração, sem coração batendo.

Um grito agoniado saiu de meu peito e logo vi que a mãe de Tetsuya havia chegado e estava chorando ao meu lado, também debruçada sobre ele.

Tetsuya havia partido.


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Notas finais do capítulo

... [LUTO]