Pode ser raro eu ter uma aventura. Mas nada igual a voar em um pégaso. Parece estranho. Todos me veriam voando. Mas, talvez, não me vissem. Todos pareciam normal a partir do momento que eu decolei. Quando cheguei em casa, também ninguém notou.

“Deixa de ser boba, jovem” falou o pégaso, parecendo ler meus pensamentos “eles não me percebem porque não são tão inocentes e puros que nem você.”

- Claro... Eu sou tão inocente. – eu disse irônica.

Acho que esse comentário meu pai e meu irmão mais velho ouviram, pois depois que eu falei, eles começaram a rir.

- Você inocente? – disse meu irmão – Ah meu deus Gisele. Você poderia falar mais verdades...

- Cala boca! Argh. – falei.

Eu geralmente (sempre) odiei minha família. Não me sentia bem perto daquelas pessoas nojentas sem nenhum pingo de educação. Mas tenho que dar graças a deus, que pelo menos eu tenho uma família... Minha mãe me abandonou, e meu pai não é muito agradecido por eu ter ficado com ele. Até hoje não sei nada sobre minha mãe. Meu irmão, que era mais velho, ainda não tem história confirmada dele. Mas acho que ele nasceu de outra mulher...

- Pode ficar ai... – falei – ér, você tem nome, bicho?

“Não tenho nome especifico” falou

- Mas, eu preciso te chamar de alguma coisa. Não vou ficar chamando você ou seja lá o que for, de bicho.

“Ok, garota.” Disse “na verdade, nunca deram um nome para mim”.

Achei-me super honrada de dar um nome para o pégaso... Mas senti como se ele fosse o cachorrinho que sempre eu quis ter – isso parece estranho, mas é verdade. O melhor é que ele não defecava – parecia ao menos não fazer isso. Ou seja, sem trabalho de limpar fezes de bicho. Um ponto para mim!

- Então, acho que vou te chamar de Thi, o que acha? – falei.

“Na verdade não sei garota” disse “Acho que prefiro Charlie.”

- Lindo seu nome, ér... Charlie! – tentei abraçar ele, o que não deu muito certo. Ele era um pouco grande. Quase do meu tamanho, bom, e maior um pouco do que cavalo. – Acho que vamos ser grandes amigos... Tipo, você poderia voar comigo, me levar em festas, na escola também!

“Pretendo não fazer isso, o céu está muito perigoso para mim.”

- Argh! Tudo gora é perigoso para você, Charlie?

“Claro... Acho que temos que conversar... Odeio contar minha história mas...”

- Então Charlie, estamos empatados! Odeio contar minha história também. – falei.

“Posso falar, senhorita?” fiquei parada olhando para ele, e fiz um sinal com a cabeça dizendo para continuar. “Na verdade, eu desobedeci às ordens. Bom, toda vez que eu tento voar, algum raio ou qualquer coisa me castiga. Não sei como não quebrei uma asa com a queda que tive hoje... Mas minhas patas estão um pouco machucadas”

- Posso cuidar de você? – falei.

No momento em que falei, Julie saiu do banho.

- Vou assistir TV com seu pai e seu irmão. Ok? – disse.

- Ok Ju! – olhei para Charlie quando Julie tinha saído do quarto – Continue, por favor.

“Você não tem itens necessários para fazer meu curativo...” disse.

- Tenho... Se eu não tiver, bom, eu compro ou se for caro... – eu pensei em roubar. – Eu vou cuidar de você mesmo assim. – prometi.

Ele pareceu sorrir. Disse-me uma breve lista de coisas que eu deveria comprar. Por um instante pensei que não poderia. Mas, ele me disse também como achar.

“Acho que está na hora da senhorita dormir.” Falou “Eu só vou descansar. Não vou conseguir dormir. E, você tem que dormir bem, pois amanhã comprará meus curativos... Já que quer cuidar de um pégaso, vamos lá!”

Por um momento eu achei ele um pouco mais jovem, ou sei lá. Porque quando eu o conheci, ele parecia ser mais velho. Descobri naquela noite, o quanto pégasos podem ser legais.

Ele não fez nenhum barulho enquanto eu tentava dormir. Alguns minutos depois, Julie chegou em meu quarto, e dormiu também. Finalmente consegui dormir. Charlie estava a meu lado, parecia estar me olhando. Ou algo do tipo. Corei. Dormi, olhando para sua pelagem branca e para o brilho de Charlie, que estava um pouco mais forte por causa da noite.