Haruna olhava pela janela e batia freneticamente o lápis na mesa. Ela havia pensado melhor no que fizera alguns dias atrás, e realmente não queria que aquele beijo se espalhasse para toda a escola. Ela havia faltado por dois dias e amanhã seria o ultimo dia de aula antes das férias. Tinha que falar com Shou, e rápido.

O sinal para o intervalo bateu e Haruna sai apressada para subir as escadas. Chegando no piso de cima, foi direto para a sala de Shou, mas não o encontrou. Decidiu subir para o telhado para ver se ele estava lá.

No meio do caminho ela estava passando em frente uma sala vazia, quando de repente foi puxada para dentro e encostada na parede. A porta se fechou deixando a sala escura, mas sua visão logo foi se acostumando ao ambiente e ela pode ver Shou cercando-a, com o rosto a centímetros do seu. Ela arregala os olhos e engole em seco.

-       Haru-chan, estava com saudades. Que tal você me dar outro beijo como aquele? – Ele dizia com um sorriso malicioso e a voz rouca.

-       S...Shou-kun, v...você não c...contou para ninguém s...sobre aquilo né?! – Ela gaguejava ignorando a pergunta do loiro.

-       Eu não, mas eu duvido que aquela garota tenha ficado de boca fechada. – Ele acariciava seu rosto.

-       E...então diga para ela não contar a ninguém!

-       Ué, onde está aquela garota decidida e cheia de atitude que me beijou naquele dia?

-       Eu acho que ela ficou em casa... – Ela sorri sem jeito desviando o olhar.

-       Engraçadinha. Vem cá, não seja timida!

Ele se aproximava cada vez mais e Haruna não sabia o que fazer. Rapidamente ela pisa no pé do loiro e sai correndo da sala.

-       Baaka! – Ela diz ao sair.

-       Itai! – Ele passava a mão no pé. – Eu ainda te pego pequena. – Ele sorri malicioso.

A morena subiu as escadas correndo e quando chegou no telhado estava respirando ofegante. Os olhares de todos que estavam ali se voltaram para ela. Com a cabeça baixa ela se dirigiu até Miya e Koichi que estavam sentados perto do parapeito.

-       O que aconteceu Haru-chan? – Koichi pergunta.

-       Nada não. – Ela se senta junto com eles.

-       Sei... – Miya a olha desconfiada. – Desde ontem você está meio misteriosa.

-       Estou falando sério, não é nada. Vamos mudar de assunto. – Ela olha ao redor. – Onde a Rin-chan e o Satsuki-senpai estão?

-       Eu não sei. Eles não subiram hoje. – Miya dá de ombros mordendo um pedaço de seu onigiri.

-       Estranho... – Koichi diz.

-       Nossa, isso aqui está muito bom! – Ela exclama com os olhos brilhando e apontando para seu onigiri.

Haruna e Koichi reviram os olhos.

-       Miya-senpai, como você consegue ser tão desligada?

-       Como assim? – Ela pergunta com a bochecha cheia.

Nesse momento o sinal toca e os três descem para suas salas.

-       Mi-chan, eu esqueci meu caderno da próxima aula, posso sentar com você? – Koichi pergunta.

-       Ah, claro! – Ela sorri.

Ele coloca sua mesa ou lado da de Miya. Nisso, Ringo entra na sala um pouco descabelada e se senta em sua mesa que ficava na frente da de Miya.

-       Rin-chan, o que aconteceu com você? – Miya pergunta assustada.

-       Como assim Miya-chan? – Ela pergunta sem jeito tentando se arrumar. – Não aconteceu nada. – Ela se vira para frente ignorando os dois.

Os dois trocam olhares maliciosos e prendem o riso. Logo o professor chega na sala e começa a dar aula.

Passou um tempo e Miya e Koichi agora faziam os exercícios que o professor havia pedido.

-       Kou-kun, será que a Rin-chan está saindo escondido com alguém? – Ela susurra.

-       Não faço a mínima idéia Mi-chan.

-       Poderia até mesmo ser com o Satsuki! – Ela diz deixando Koichi surpreso.

-       O ni-chan? – Ele levanta uma sobrancelha. – Eu não acho que eles esconderiam isso de nós.

-       Verdade... – Ela concorda. – Mas eles dariam um ótimo casal! Se fosse eu, acho que não conseguiria esconder que estou saindo com alguém, eu iria querer contar para todo mundo! – Ela diz sonhadora com um brilho nos olhos.

-       Pois é, se fosse eu saindo com você eu também gostaria de contar para todo mundo. – Ele diz sem pensar ficando paralisado logo em seguida.

-       Que isso Kou-kun, assim você me deixa sem jeito. – Ela cora. – Mas você é um cara legal. Qualquer garota gostaria de sair com você!

Ele a olha confuso e pega em sua mão que estava sobre a mesa.

-       Mi-chan, acho que você ainda não entendeu o quanto é especial para mim.

-       Eu entendo sim, você também é muito especial para mim. – Ela tinha um sorriso inocente nos lábios.

-       Não Mi-chan, eu quero dizer que eu...

-       Vocês dois ai no fundo, parem de namorar e vão fazer os exercícios! – O professor diz com um tom sacana.

Todos riem e Koichi cora violentamente.

-       Que isso, nós somos só amigos! – Miya diz sem jeito.

-       Sei...

-       Sensei! – Ela o repreende.

-       Gomen, gomen. Agora todos voltem a fazer seus exercícios.

Koichi ficou cabisbaixo. Ele sabia que Miya era lerda para essas coisas e ainda não havia percebido que ele gostava dela, mas mesmo assim doía ouvi-la dizer isso com tanta sinceridade.

O sinal indicando o fim da aula bateu e Koichi se levantou já se dirigindo para o corredor, não estava afim de assistir as ultimas aulas.

-       Kou-kun, aonde você vai? – Miya pergunta preocupada.

-       Não se preocupe Mi-chan, eu já volto. – Ele força um sorriso e sai da sala.

Ele descia as escadas devagar pensativo. Por que Miya não percebia logo os seus sentimentos? Tudo seria mais fácil.

Ele balança a cabeça tentando esvaziar sua mente. Amanhã haveria uma prova e não podia ficar pensando nessas coisas agora. Então resolveu ir treinar um pouco para se distrair.

Ele vai até o vestiário do tatame e pega uma bermuda em seu armário. Tira a camisa, troca a bermuda e enrrola uma faixa em suas mãos. Ele vai até o tatame, no canto em que ficavam os sacos de pancada e começa a treinar seus socos e chutes.

Koichi ficou ali treinando até que as aulas do dia haviam acabado, mas estava tão concentrado que nem percebeu. Só foi notar que as aulas haviam terminado quando viu algumas garotas o olhando da entrada do tatame dando gritinhos e suspirando. Afinal, ele estava só de bermuda, todo suado e com o cabelo sedutoramente bagunçado. Kami! Que visão era aquela?

Ele acena com um sorriso para as garotas que começam a dar gritos histéricos. Nesse momento Ringo chega tentando passar pela multidão de garotas.

-       O que está acontecendo? – Ela finalmente vê que era tudo por causa do moreno. – Ah, é só o Koichi. – Ela dá de ombros.

-       Só o Koichi? – Uma menina diz irônica. – Por acaso você não está enchergando direito? Olha para aquele corpo malhado, suado, delicioso... – A menina suspira.

Ringo revira os olhos. “Essas meninas são todas umas desocupadas.” Pensa.  Ela vai andando até Koichi que havia voltado ao treinamento.

-       Koichi, posso saber por que você matou aula hoje? – Ela coloca a mão na cintura.

-       Não estava com cabeça para prestar atenção na aula.

O moreno para, pega uma garrafinha de água que estava no chão e bebe. Algumas gotas de água escorrem de sua boca arrancando mais gritinhos histéricos das garotas.

-       Koichi, eu acho que você devia ser menos sexy, senão vai acabar fazendo essas meninas terem um ataque cardíaco. – Ela ri.

-       Não é para tanto Rin-chan. – Ele coça a nuca envergonhado. – A única menina que eu gostaria de ver assim por mim não está aqui. – Ele diz manhoso se sentando no tatame.

Ringo o olha e se senta ao seu lado.

-       Você devia dizer para ela o que sente.

-       Ela vai me rejeitar. – Ele se deita com os braços abertos, olhando para o teto.

-       Você nunca tentou para saber se ela vai ou não.

-       Eu sei que vai! “Nós somos só amigos!” Foi o que ela disse hoje lá na sala e você sabe disso.

-       Talvez ela esteja só escondendo a verdade pois está com vergonha.

-       Eu não acho que seja isso... – Ele suspira.

-       Deixa de ser frouxo! Você é um homem ou um rato?

-       A culpa não é minha, eu simplesmente não tenho coragem para me declarar!

-       Porque você é um frouxo! Desse jeito o ex dela vai acabar ficando com ela de novo.

-       Rin-chan! – Ele se apóia em seus cotovelos.

-       Gomen, gomen. Mas eu estou falando sério, você tem que fazer alguma coisa! Ele vai vir visitá-la esse final de semana não é?

-       Acho que sim. – Ele faz um biquinho.

-       Então faça alguma coisa antes que ele a pegue de volta.

Koichi suspira e se deita novamente. Ele olha ao seu redor e pode ver as garotas que agora estavam todas com olhares confusos o fitando.

-       Rin-chan, é tão difícil ficar perto dela sem poder beijá-la, abraça-la, dizer que eu a amo... – Ele dizia sem pensar fazendo Ringo arregalar os olhos.

-       Nani? Dizer que a ama?

Koichi volta a realidade e fica surpreso com o que havia falado e também com os olhares de garotas o fulminando.

-       Isso mesmo! – Ele se levanta empolgado. – Eu vou dizer a ela que eu a amo! – Ele já ia saindo do tatame quando Ringo o interrompe.

-       Koichi, a Miya-chan foi dormir na casa da Haru-chan hoje e nós também precisamos ir trabalhar.

Ele a olha com uma carinha de bebe chorão.

-       Rin-chan, você é má! – Ele fala manhoso.

-       Como se eu tivesse culpa de alguma coisa! – Ela bate em sua cabeça.

-       Itai! – Ele passava a mão na cabeça.

-       Agora vai se arrumar, nós precisamos ir! – Ela diz autoritária.

-       Hai! – Ele diz fazendo reverencia.

Ele entra no vestiário para se arrumar, deixando Ringo para trás com um monte de garotas curiosas correndo em sua direção para começarem com a enchorrada de perguntas.   

                                                     ...

Enquanto isso, as meninas chegavam a casa de Haruna.

Passaram pelo pequeno portão e após passar pelo jardim adentraram o casarão. O lugar era bonito, tinha uma atmosfera aconchegante e chique. Na sala havia um grande sofá marrom, um tapete com franjas branco e uma TV na parede.

-       Tadaima! – A morena diz.

-       A sua casa é linda! – Miya diz com os olhos brilhando.

-       Arigato! – Haruna sorri. – Vamos deixar as bolsa lá no meu quarto, depois a gente desce.

Elas já iam subindo as escadas quando alguém chama Haruna.

-       Haru-chan, já chegou?

Uma mulher estava parada no que deveria se a porta que dava na cozinha. Ela tinha os cabelos escuros e longos como os de Haruna, era alta e muito bonita.

-       Hai okaa-san! Ah, essa aqui é a Miya-senpai. – Ela aponta para Miya. – Ela vai dormir aqui em casa hoje está bem?

-       É um prazer conhece-la! – Miya sorri e se curva.

-       O prazer é todo meu. – A mais velha retribui o comprimento. – Está bem, espero que se sinta a vontade Miya-chan. Qualquer coisa que você precisar pode me avisar, ok? – Ela sorri.

-       Hai. Arigato! – Miya retribui o sorriso. 

Elas foram até o quarto de Haruna, que por sinal era bem bagunçado. As paredes eram lilás e havia um grande guarda-roupa branco em frente a cama, e ao lado um criado mudo e um abajur igualmente brancos.

Haruna joga a bolsa no chão e se joga na cama. Miya sorri e também coloca a bolsa no chão se sentando ao lado da mais nova.

-       Nee-chan, quem é essa moça bonita?

Um menino que deveria ter uns cinco anos estava parado na porta do quarto fitando Miya. Ele tinha os cabelos como os de Haruna, mas possuía olhos azuis escuros.

-       Não te interessa pirralho.

-       Haru-chan! – Miya a repreende. – Como você pode falar assim com uma coisinha tão kawaii? – Ela vai com os olhos brilhando até o menino. – Eu sou a Miya, e você?

-       Eu sou Eichi. – Ele dá um largo sorriso. - Não liga pra minha Nee-chan, ela é sempre malvada comigo. – Ele faz biquinho.

-       Awwn, vem cá Eichi-kun. – Miya o abraça.

Eichi faz língua para a irmã por cima do ombro de Miya. A morena revira os olhos e retribui o gesto.

-       Miya-senpai, não deixe esses olhinhos azuis de enganarem! Quando você menos esperar ele vai te atacar.

-       Você é malvada! – Eichi diz com carinha de choro.

-       Haru-chan, não fale assim dele! Ele parece ser um ótimo garoto, não é mesmo Eichi-kun? – Ela o pega no colo e beija sua bochecha.

-       Mi-cchin, me proteje dessa malvada. – Ele a agarra pelo pescoço.

-       Awwn! Posso ficar com ele para mim?

-       Claro, ninguém vai sentir falta. – Haruna dá de ombros se levantando da cama. – Vamos lá em baixo assistir um pouco de TV, depois nós estudamos Miya-senpai.

-       Hai!

Os três descem para a sala e começam a assistir TV. O tempo todo Eichi brigava com Haruna e quando ela ia lhe bater, ele corria para os braços de Miya se fingindo de coitado. Depois de lancharem, as duas subiram para o quarto de Haruna e passaram o resto da tarde e um bom pedaço da noite estudando para o teste que haveria amanhã. Quando viram que já estava tarde, arrumaram um colchão para Miya durmir e se deitaram. Ainda ficaram conversando um pouco, quando de repente ouvem uma vozinha vindo da porta do quarto.

-       Mi-cchin, posso dormir com você? – Era Eichi que estava com uma vozinha chorosa coçando os olhinhos. – Eu tive um pesadelo.

-       É claro Eichi-kun!

Haruna revira os olhos. “Que menino mais aproveitador! E a Miya-senpai ainda cai na conversa dele...” Ela pensava. Eichi foi andando sonolento e se deitou abraçadinho com Miya. Não demorou muito e logo os três já haviam caído no sono.

                                                   ...

Enquanto isso, na mansão, mais espicificamente no quarto de Ringo...

Ela estava debruçada em cima de seus livros desde que acabara o jantar. Quase todos já tinham ido dormir, exceto ela e Satsuki, que resolveu ir vê-la um pouquinho antes de se deitar.

-       Rin-chan, já está tarde. – Ele entrava no quarto dela. – Você não precisa se esforçar tanto. É uma das melhores da sala!

-       Eu sei. – Ela o olha e sorri convencida. – Mas não posso dar mole.

-       Hun, mesmo sem estudar sei que você vai tirar uma ótima nota.

-       Hai hai.

Ele a olha concentrada nos livros e revira os olhos. Vai por trás dela e começa trilhar beijos por seu pescoço fazendo-a se arrepiar.

-       Satsuki... eu tenho que estudar! – Ela tentava se controlar.

-       Deixe de ser chata e vem ficar um pouquinho comigo. – Ele dizia entre os beijos.

Ele a puxa tirando-a da cadeira e se sentando na cama colocando Ringo em seu colo. Ela o olha sorridente e inicia um beijo calmo passando a mão pelos cabelos castanhos e macios dele. Satsuki leva sua mão até a nuca de Ringo aprofundando o beijo, deixando-o cada vez mais selvagem. Ele apertava a coxa de Ringo enquanto ela lhe arranhava de leve nas costas. Os dois sorriem entre o beijo e vão se deitando na cama. Ringo, que agora estava em cima de Satsuki vai diminuindo o beijo e lhe lança um olhar malicioso.

-       Acho que já esta bom por hoje. – Ela se deita ao lado dele abraçando-o.

-       Você é malvada Rin-chan! Não te ensinaram que não se pode provocar um homem assim?

-       Hai hai. Fica quietinho que preciso dormir, não é mesmo? – Ela coloca o dedo na boca dele.

-       Hun. Tudo bem, mas a minha cama está gelada então vou ter que durmir aqui agora. – Ele diz se aconchegando ao lado de Ringo.

-       Que bom, eu não ia te deixar voltar mesmo.

Eles sorriem e ficam ali abraços trocando carinhos até o sono bater e finalmente dormirem.