Ringo acorda lentamente. Fitando o teto lembra-se de que ainda era domingo. Com um suspiro de alivio ela olha no relógio em cima do criado mudo. Ainda eram 8:00 da manhã, os outros provavelmente ainda estavam dormindo e Hanabi deveria estar passeando pelo jardim, como sempre gostava de fazer aos domingos.

Resolveu se levantar e foi até o banheiro fazer sua higiene matinal. Ainda de camisola, ela passa em seu quarto para pegar um casaco e logo em seguida desce as escadas em direção a cozinha.

Quando chega no cômodo vê Satsuki sentado na bancada bebendo um copo de suco de laranja.

-       Ohayo Satsuki! – Ela sorri.

-       Ohayo Rin-chan! – Ele diz retribuindo o sorriso e tomando mais um gole do suco. – Me diz, por que você sempre acorda cedo nos finais de semana?

-       Você reparou nisso? Bem, é que já me acostumei a acordar cedo nos dias de semana, então mesmo quando posso dormir até mais tarde eu não consigo.

-       Entendi. – Ele pega a caixa de suco de laranja que estava na bancada ao seu lado e a oferece. – Quer suco?

-       Hai. Vou pegar um copo.

Os copos ficavam no armário de cima. Ringo se esticou para pegar, mas mesmo assim não estava conseguindo. De repente ela sente o corpo quente de Satsuki em suas costas.

-       Prontinho. – Ele entrega o copo para ela.

Ringo se vira e vê Satsuki com o rosto a poucos centímetros do seu. Ela cora com a aproximação e dá um passo para trás, mas a bancada estava ali e não tinha como ela se afastar.

-       Er... A-arigato.

-       O que foi Rin-chan, por que está tão vermelha? Está se sentindo bem? – Ele lança as perguntas colocando a mão na testa dela.

-       N-não é n-nada. – Ela gagueja.

-       Tem certeza? – Ele diz acariciando seu rosto.

Ela somente gesticula com a cabeça. Aquela aproximação estava deixando-a com as pernas fracas. Ela sempre ficava nervosa quando estava tão perto assim de um garoto, mas aquele era o Satsuki, seu amigo de infância. Não deveria estar tão perturbada com isso.

Eles olhavam nos olhos um do outro. Ringo estava vidrada naqueles olhos brilhantes e sedutores. Ele era um sonho e estava ali a centímetros dela sem camisa. Era muita tentação para uma manhã só. Ele então apóia as mãos na bancada cercando Ringo.

-       Rin-chan, que tal nós darmos uma volta no jardim mais tarde?

-       T-tudo bem. – Ela sorri tímida.

-       Então a gente se vê mais tarde. – Ele pisca para Ringo e sai da cozinha.

Ringo recupera a respiração que estava prendendo até agora, pega a caixa de suco e enche seu copo. “O que foi aquilo?” Ela pensava ainda surpresa.

Ela estava tão mergulhada em seus próprios pensamentos que nem viu Seiji entrar pela cozinha.

-       Ohayo Rin-chan! – Ele disse, mas não obteve resposta.

Ele sorri e vai até Ringo parando atrás dela.

-       Rin-chan. – Ele sussurra em seu ouvido com uma voz sensual.

Ela dá um grito e se vira para ver quem era, seu coração estava disparado. Seiji dava gargalhadas.

-       Seiji-kun, por que fez isso? – Ela dizia com a mão no coração.

-       Você não estava me ouvindo então tive que apelar. – Ele ainda ria.

-       Não é engraçado.

-       Claro que é! Mas e ai, no que estava pensando? – Ele diz se sentando na pequena mesa que tinha ali.

-       Não era nada. – Ela cora levemente.

-       Mentirosa. Vai, fala logo!

-       Não me chame de mentirosa! Não era nada demais. – Ela termina de beber seu suco e se senta na mesa com Seiji.

-       Poxa, pensei que fossemos amigos. – Ele faz um biquinho.

-       Para com isso, você sabe que eu sempre te conto tudo.

-       Então por que não quer me contar no que estava pensando?

-       Por que isso não tem importância. – Ela cruza os braços.

Ele a encara sério. 

-       Se não quer contar agora tudo bem. Mas outra hora você vai ter que me dizer.

-       Hai hai. Mudando de assunto, como esta a sua irmã?

-       É mesmo, eu até esqueci de te contar! Ela vai receber alta do hospital mês que vem.

-       Sério? Que bom! – Ringo retribui o sorriso largo de Seiji. – E ela vai vir morar aqui?

-       Ainda não sei. Estava pensando em alugar um apartamento para ela, mas não seria bom ela ficar sozinha.

-       Fale com a baa-san, ela com certeza vai falar para sua irmã vir morar aqui conosco.

-       Mas vocês já moram aqui com ela, acho que seria muito incômodo.

-       Você esta insinuando que nós somos incômodos? – Ela levanta uma sobrancelha.

-       Não, claro que não! – Ele ri.

-       Sei... – Ela revira os olhos. – Se você quiser posso pedir a ela.

-       Sério? Você faria isso para mim?

-       Hai! – Ela sorri.

-       Arigato Rin-chan. – Ele diz com um brilho nos olhos. – Agora eu tenho que ir, o Kyoya-senpai esta me esperando lá no dormitório.

-       Ok! Depois a gente se vê.

-       Até mais tarde. – Ele se levanta e sai da cozinha.

Ringo ainda estava com um sorriso no rosto quando se lembrou de sua conversa com Satsuki. Ainda estava confusa sobre o que tinha sentido naquele momento.

Resolveu ir tomar banho para esfriar a cabeça. Se levantou e subiu as escadas. Foi direto para o banheiro, tirou suas roupas e entrou no chuveiro. Deixou a água morna cair por seu corpo por um tempo. Quando terminou de se lavar, se enxugou e se enrolou na toalha.

Ela sai do banheiro soltando seus cabelos que estavam presos em um coque. Vai até seu quarto e abre o closet. Pega uma bata verde de alcinhas e um short jeans e se veste. Calça seu chinelo branco e desce as escadas. Chegando lá em baixo encontra Satsuki deitado no sofá lendo um livro. Ele estava com uma expressão tranqüila como sempre e acaba nem notando que Ringo estava ali.

Ela chega por trás do sofá e pega o livro de sua mão com um sorriso de canto.

-       Ei! – Ele protesta sorrindo.

-       O que foi? Prefere ficar com o livro do que comigo? – Ela apóia os cotovelos no sofá.

-       Talvez. – Ele sorri malicioso pegando o livro da mão dela.

-       Mentiroso! – Ela da um tapinha em seu ombro.

Os dois riam. Satsuki se senta olhando para ela. Rapidamente ele pula por cima do sofá e quando Ringo percebe, já estava sendo puxada pela porta afora. O vento soprava suave e no céu haviam algumas nuvens cinzas. Eles agora andavam pelo jardim calmamente.

-       Ah, Satsuki, você ficou sabendo da irmã do Seiji-kun? Ela vai receber alta mês que vem, e é bem provável que ela venha morar conosco.

-       É mesmo? Que bom! Fico feliz de saber que ela está bem, apesar de não ter conhecido ela ainda. – Ele sorri.

-       Você vai gostar dela, ela é muito divertida! E também é mais velha que você e o Shou.

-       Achei que ela fosse mais nova.

-       Pois é, ela não parece ser mais velha quando você a vê, mas ela é super gente boa!

-       Hum... Agora você me deixou ancioso para conhece-la. – Eles riem.

Eles se sentaram em um banco que havia ali no jardim e ficaram o bservando o céu.

-       Parece que vai chover hoje a noite. – Satsuki diz.

-       Que bom, adoro dormir com chuva. – Ela sorri docemente.

Stasuki a olhava com um leve sorriso no rosto, mas logo o desfez.

-       Rin-chan, o que você tem com Seiji?

-       O Seiji? – Ela olhou para ele confusa. – Bom, desde que viemos morar aqui nós dois sempre nos demos muito bem. É como se ele fosse meu onii-san.

-       Onii-san?

-       Hai. De alguma maneira eu sinto que posso confiar nele. Ele é um cara legal. – Ela solta um largo sorriso. – Mas por que esta perguntando isso?

-       Nada não.

-       Hum... Tem certeza? – Ela coloca o dedo na boca pensativa. – Será que você nãos está com ciúmes? – Ela dá um sorriso malicioso.

Satsuki chega centimetros do rosto dela e fita seus olhos.

-       E se eu estivesse?

-       N-nani? – Ela cora levemente.

-       Você gostaria que eu estivesse com ciúmes?

-       C-claro que não. Que pergunta mais besta!

Ela tenta afastá-lo empurrando-o, mas isso so faz com que ele chegue mais perto. Ringo não sabia o que fazer, estava paralisada. O que ele estava fazendo? Quando seus lábios estavam a ponto de se encostarem, Satsuki desvia e da um selinho no canto de sua boca. Ele se afasta com um sorriso safado. Ringo estava de olhos arregalados e sem palavras.

-       O que foi Rin-chan? Parece até que viu um fantasma. – Ele ria da expressão que ela fazia eenquanto olhava para o céu.

-       P-por que? – Ela se recuperava do susto aos poucos.

-       Ahn?

-       Por que fez isso?

-       Isso o que?

-       Não se faça de desentendido Satsuki! – Ela bate em seu ombro. – O que foi esse selinho que você me deu?

-       Como assim, amigos não fazem essas coisas? – Ele ironiza.

-       Satsuki, você...

Ela foi interrompida por alguém que vinha correndo e gritando em sua direção. Era Koichi, que agora tentava recuperar o fôlego.

-       O que vocês estão fazendo aqui?

-       Nada! – Ringo diz eufórica, fazendo Koichi a olhar confuso.

-       Só conversando. Por que toda essa pressa? – Satsuki pergunta.

-       Ah, é que eu, a Mi-chan e o Shou vamos entrar na piscina, vocês também querem vir?

-       Você quase se matou só para perguntar isso? Nem tem sol hoje. – Satsuki revira os olhos.

-       E qual é o problema? – Koichi pergunta.

-       Tudo bem, daqui a pouco nos já estamos indo. – Ringo corta a conversa dos dois.

-       Ok, mas não demorem muito!

Assim ele sai correndo de volta para a área da piscina.

-       Então, vai me explicar ou não o que aconteceu aqui?

-       Nao sei do que esta falando. – Ele se levanta e sai andando com as mãos nos bolsos.

-       É sério? Vai me ignorar agora? – Ela vai atrás dele.

-       Não estou te ignorando, só estou indo para a piscina.

Ela revira os olhos. Resolveu deixar essa passar, mas mais tarde iria perguntar novamente. Quando chegaram na piscina, Ringo teve uma crise de riso ao ver cena que se passava ali. Os três corriam como loucos em volta da piscina. Miya gritava por socorro enquanto Shou corria atrás dela e Koichi corria atrás de Shou para lhe bater.

-       Crianças. – Satsuki balança a cabeça suspirando.

Os dois se sentam nas espreguiçadeiras e observam a cena.

-       Kou-kun, me ajude! – Miya gritava.

-       Estou tentando, mas esse loiro oxigenado corre muito! – Ele dizia correndo atrás de Shou.

-       Cale a boca seu baixinho! – Shou se intromete.

Miya então resolve se jogar dentro da piscina, e para variar, Shou foi atrás dela.

-       Miya-chan, é só um beijinho! – Ele corria dentro da água atrás dela.

-       Mas eu não quero um beijinho!

Quando ela estava passando perto da borda, Koichi a puxa pelos braços e a tira da piscina. Ele pega ela no colo e a coloca em seu ombro. Miya começa a se debater, mas Koichi não a larga.

-       Kou-kun, essa posição é desconfortável!

-       Não reclame Mi-chan, pelo menos te salvei do loiro tarado. – Ele dizia indo em direção a uma espreguiçadeira e se sentando junto com Miya.

-       Isso não é justo baixinho! – Shou dizia saindo da piscina. – Você não pode ficar com ela só para você!

-       Por acaso eu virei o ultimo pedaço de pizza agora?! – Miya diz tentando, sem sucesso, se livrar do abraço de Koichi.

Enquanto isso, do outro lado da piscina...

-       Eu fico me perguntando se algum dia o Shou vai conseguir namorar sério com alguém. – Ringo diz pensativa.

-       Eu acho bem difícil. – Satsuki diz fazendo ela rir.

-       Olha lá, o Koichi e a Miya ficam tão fofinhos juntos. – Ela diz com um brilho nos olhos

-       Eu também acho. Mas a Miya é uma menina muito bonita, se aquele pateta não disser logo para ela o que ele sente, ela vai acabar arranjando outro.

-       Você tem razão.

Eles ficam em silencio por um tempo até que o silencio é quebrado por uma das empregadas que os chamavam para almoçar. Satsuki e Ringo entram e vão para a mesa almoçar enquanto os outros três se secavam primeiro para depois entrarem. Quando todos já estavam sentados e começando a comer, percebem que Hanabi não estava ali.

-       Onde esta a oba-chan? – Miya pergunta para uma das empregadas.

-       Ela teve uma viagem de negocios de ultima hora para fazer ontem e disse que só voltaria na segunda-feira senhorita.

-       Sério? Achei que ela estava com Kyoya-san. – Ringo diz.

-       Ela é bem animada para uma velhinha. – Shou diz.

-       Pois é, a saúde dela é melhor que a sua! – Koichi ri.

-       Cale a boca baixinho! – Ele pisa no pé de Koichi por baixo da mesa.

-       Itai!

E assim o almoço correu normalmente e quando terminaram, os três que antes estavam na piscina foram tomar seus banhos. Satsuki subiu para seu quarto para ler um livro e Ringo ficou na varanda ouvindo musica em seu celular.

Ela pensava no que Satsuki fizera essa manhã, mas não conseguia entender o porque. Depois de um tempo ali pensando, ela resolve ir perguntar novamente para Satsuki. Ela tira o fone dos ouvidos e coloca o celular no bolso. Sobe as escadas, vai até o quarto dele e bate na porta.

-       Entra. – Satsuki diz.

Ela entra no quarto. Estava tudo muito arrumado e Satsuki estava sentado na beirada da cama colocando o livro sobre o criado mudo.

-       Satsuki, a gente pode conversar?

-       Eu já sei o que vai me perguntar. – Ele suspira.

-       E então...

-       Por que eu fiz aquilo? – Ela gesticula com a cabeça. – Ah, porque eu quis. – Ele diz simplesmente.

Ela estava na frente dele e o encarava agora. Era difícil se controlar com aqueles lindos olhos cor caramelo lhe fitando.

-       Satsuki, s-será que v-voce gosta de m-mim? – Ela gagueja.

Ele sorri malicioso e rapidamente a pega pelo braço e a joga na cama ficando por cima dela. Ela o olhava com os olhos arregalados. “O que ele está fazendo?” ela pensava.

-       Você acha que eu gosto de você? – Ele sorria de canto enquanto a encarava.

-       M-me diz você! – Ela aumenta a voz.

-       Talvez. – Ele diz surpreendendo-a.

-       Como assim “talvez”, expl...

Satsuki a interrompe tapando sua boca.

-       Shiii! Tem alguém passando no corredor.

Depois que ele ouve uma porta bater, ele solta Ringo e lhe dá um beijo na testa. Satsuki sai de cima dela e se senta na berada da cama. Ringo coloca a mão na testa e sorri. “Ele é carinhoso até mesmo quando você menos espera que ele seja” Ela pensa.

-       Rin-chan. – Ele começa a dizer olhando para a janela. – Se eu dissesse que gosto de você, o que você faria? – Ela se surpreende com a pergunta.

-       Eu não sei. – Ela se senta ao seu lado. – Quer dizer, nós sempre fomos amigos e você é um cara muito legal mas... – Ela da uma pausa. – Será que daria certo? – Ela olha para o chão pensativa.

-       Pois é, então acho que devemos ir devagar não é?! – Ele sorri para ela. Ringo o olha e rapidamente cora.

-       Então quer dizer que você...

-       Hai! Eu gosto de você Ringo, e não só como amigos.

Ringo solta um largo sorriso sem nem mesmo perceber. Mas uma coisa ainda a intrigava.

-       Mas por que você só está me dizendo isso agora?

-       Eu não sei, acho que esse amorzinho do Koichi pela Miya me fez pensar um pouco.

-       Você tem razão, quero só ver o que vai dar entre esses dois. – Ringo suspira e se levanta. – Bom, eu vou no meu quarto olhar os meus e-mails. – Ela tenta inventar uma desculpa.

Ela já ia saindo quando Satsuki a puxa de volta e a abraça. Seu corpo era tão quente e confortável que dava vontade de ficar ali o dia todo. Satsuki beija sua testa novamente e sorri para ela. Assim Ringo vai para seu quarto.

Ela se joga na cama e fica olhando para o teto por alguns minutos. Nunca imaginaria que seu domingo seria assim. Será que ele estava falando sério? Ela não sabia muito bem o por que, mas estava feliz e sorrindo como uma boba. Ringo então pega seu notebook e resolve abrir seus e-mails. Um e-mail em particular lhe chamou a atenção, ele estava divulgando sobre um acampamento de verão que teria daqui duas semanas. Ela ficou animada com o anuncio e pensou que todos podiam ir juntos. Iria dar a noticia a eles na hora do jantar.

Ficou mexendo no computador até dar a hora do jantar e depois desceu as escadas correndo. Ao passar pela sala ela encontra Shou e Koichi conversando idiotices e rindo.

-       Meninos, tenho uma novidade para contar!

Os dois a olham curiosos.

-       O que foi Rin-chan? – Koichi pergunta.

-       É que eu achei um lugar para passarmos as férias de verão daqui a duas semanas.

-       Sério? Aonde?

-       Em um acampamento! Vai ser muito legal, várias pessoas de cidades diferentes vão.

-       Você quer que eu vá para o mato? Até parece! – Shou diz.

-       Deixe de ser fresco loiro oxigenado! – Koichi joga uma almofada em Shou.

-       Eu não sou fresco! Só não quero ser comido por bixos selvagens!

Ringo o Koichi reviram os olhos. “Por que ele tem que ser tão idiota?” os dois pensavam.

-       Onde está a Miya-chan?

-       Lá em cima. Como sempre, o Shou espantou ela.

-       Você é muito ingênuo baixinho! Ela só saiu por que não consegue resistir a mim e não podia deixar você perceber que ela está apaixonada por mim!

-       Deixe de ser convencido, baka!

-       Ok ok, Koichi, você pode ir lá chamar o seu irmão e a Miya para jantarem? Eu vou ligar para a Haruna e já estou indo. – Ela diz indo em direção a varanda.

-       Hai!

Shou foi para a sala de jantar e Koichi subiu as escadas para chamar os dois. Primeiro ele bate na porta de Satsuki. Ele sai lá de dentro com a cara amassada, deveria estar dormindo.

-       A Rin-chan está chamando para jantar.

-       Hai. – Ele sai sonolento em direção as escadas.

Quando ele ia bater na porta de Miya ele vê que esta estava aberta e Miya conversava no telefone com alguém.

-       É claro que vocês podem me visitar. Acho que este final de semana não tenho nada planejado. ... Tudo bem então, depois a gente se fala. Tchau.

Depois de ouvir parte da conversa, Koichi bate na porta já entrando.

-       Mi-chan, já está na hora da janta. – Ele diz e Miya se vira para olhá-lo.

-       Ah, claro! Tinha até me esquecido do jantar.

Os dois descem e vão para a mesa. Koichi ficou pensando sobre quem seria a pessoa com quem Miya estava falando. Deveria ser uma amiga, mas mesmo assim ele estava inquieto sobre o assunto. O jantar se passou animado com Ringo contando sobre o novo passeio. E quando terminaram se dirigiram para a sala.

-       Parece que vai dar um temporal hoje a noite. – Ringo diz olhando pela janela da sala.

-       Temporal? – Miya diz com a voz meio tremula.

-       Hai. O que foi Miya-chan?

-       Nada não. – Ela força um sorriso. – Eu vou para o meu quarto. Oyasumi!

Miya sobe as escadas correndo e se tranca em seu quarto.

-       O que será que deu nela? – Koichi pergunta.

-       Não faço a mínima idéia. – Ringo diz.

-       Fala sério. Está na cara! – Todos encaram Shou. – É que ela fica tendo pensamentos como “estar agarradinha comigo durante o temporal” e tenta disfarçar isso de vocês.

Ringo e Koichi reviram os olhos e batem na cabeça do loiro.

-       Itai! – Ele passava a mão na cabeça.

-       Vamos durmir, amanhã temos aula. – Satsuki diz subindo as escadas, sendo seguido pelos outros três.

O temporal já havia começado quando todos foram para seus quartos dormir. A casa estava silenciosa e escura, a não ser pelo barulho dos trovões e o clarão dos raios.

Miya estava enrolada pela coberta da cabeça aos pés. Estava tão encolhida que parecia uma bola de pano. Ela tinha pavor de temporais desde que era pequena e a cada trovoada ela dava um pulo da cama. Mas de repente houve uma muito forte e logo em seguida o clarão de um raio. Miya não agüentou de medo e saiu correndo e gritando ao entrar no quarto ao lado.

Koichi acorda confuso com o grito e toma um susto quando sente alguém entrando em baixo de sua coberta. O quarto estava sendo iluminado por um fio de luz que saia da curtina. Ele vê os cabelos de Miya saindo do cabertor e seu coração dispara.

-       Mi-chan, é você?

-       Hai. – Ela diz com a voz tremula.

-       O que aconteceu? – Ele pergunta tirando a corberta do rosto dela.

-       Não aconteceu nada. Mas... eu posso ficar aqui com você? – Ela o olha nos olhos.

Nesse momento outra trovoada aparece no céu e Miya da um pulo se virando para o outro lado e tapando o rosto novamente. Koichi a olha com um sorriso de canto.

-       Você está com medo do temporal?

Ela gesticula com a cabeça. Koichi sorri ao ver a chance de ficar com ela sem ser atormentado por Shou. Ele deita novamente se ajeitando e devagar abraça Miya pelas costas ficando de conchinha com ela. Miya cora instantaneamente e tira a cabeça do cobertor.

-       K-Kou-kun, o-o que está fazendo?

-       Eu estou te protegendo oras! – Ele susurra em seu ouvido fazendo o corpo de Miya ficar mole. – Mi-chan...

-       Nani?

-       Com quem você estava conversando no telefone hoje antes do jantar.

-       Você estava ouvindo minha conversa?

-       Lie! Quer dizer, eu ouvi o finalzinho quando fui te chamar. Gomen.

-       Ah, tudo bem. - Ela dá uma pausa. – Era só o meu ex-namorado.

Koichi arregala os olhos. Só o seu ex-namorado? Como assim ex-namorado? Ela já teve um? E ainda por cima era amiga dele?

-       N-nani? S-seu ex?

-       Hai. Ele disse que está com saudades e quer vir me visitar. Também disse que quer conhecer vocês.

-       Sério? E ele vai vim?

-       Provavelmente. Ele disse que talvez viria no próximo final de semana.

-       Ah. – Ele diz desanimado. – E vocês são muito amigos?

-       É, pode-se dizer que sim.

-       E você ainda gosta dele?

-       Gosto, mas só como amigo. Acho que não rolaria mais nada entre a gente.

Koichi solta um pequeno sorriso.

-       Isso é bom – Ele murmura.

-       O que disse?

-       Nada não. – Ele se aconchega mais perto dela. – Viu só, você até se esqueceu do temporal.

-       E você acabou de me lembrar dele! – Ela tampa o rosto novamente.

Koichi ri e tampa sua cabeça também. Ele dá um beijo no pescoço de Miya fazendo-a se arrepiar e ficar sem reação. Ele fecha os olhos e sente o perfume de Miya. Koichi morde o lábio inferior tentando se controlar. “Será que você tem noção do quanto me provoca garota?” Ele pensava. Miya fecha os olhos e abraça o braço de Koichi que estava em sua cintura. Ela tremia por causa do medo, mas logo a tremedeira foi passando e Miya adormeceu. Quanto Koichi viu que ela já estava dormindo deixou o sono lhe consumir e acabou por dormir também.