Miya e Nao estavam conversando sentados no cais do lago. O céu, que antes estava limpo, agora possuía algumas nuvens cinzas, deixando o ambiente um pouco monótono.

-       Miya-chan, suas costas ainda estão doendo?

-       Um pouco, mas depois que Rin-chan me deu aquela massagem melhorou bastante.

-       Eu te disse pra tomar cuidado quando fosse descer do cavalo. – Ele riu.

-       Eu sei, mas eu pensei que você fosse me ajudar... – Ela faz um biquinho emburrado.

Mais cedo, quando estavam voltando do passeio de cavalo...

/Flashback ON

-       Prontinho. – Nao disse descendo do cavalo e olhando para Miya. – Tome cuidado na hora de descer.

-       Hai! – Ela disse se posicionando para sair de cima do cavalo.

Ela colocou o pé no estribo e trouxe a outra perna, descendo. Nao ouve alguém o chamar e se vira para responder a pessoa. Miya coloca um pé no chão e quando ia apoiar o outro, acaba pisando em falso e caindo com as costas em cima de uma cela que estava ali no chão. Seus olhos chegaram a lacrimejar por causa da dor.

Nao rapidamente correu até ela e a ajudou a se levantar. Pegou em seu braço, passando por cima de seu ombros e abraçou sua cintura, ajudando-a a andar. Ao chegar no acampamento, Ringo, Haruna, Shou, Nao e Miya se enfiaram dentro da barraca das meninas, que por sorte era espaçosa.

-       Posso saber por que todo mundo veio pra cá? – Ringo pergunta.

-       Oras, nós estamos preocupados com a Miya-chan. – Shou diz.

-       Sei... – Haruna olha para o loiro desconfiada.

-       Tanto faz... – Ringo revira os olhos. – Miya-chan, deita ai que vou fazer uma massagem em você. – Ela disse já tirando a blusa de Miya, que corou tentando tapar seu sutiã.

Ringo se ajoelhou e empurrou Miya para que se deitasse de costas para ela. Jogou o cabelo dela para o lado e desabotoou seu sutiã. Shou olhava para a cena sorrindo e Haruna, percebendo a satisfação do loiro, rapidamente tapou seus olhos, fazendo com que ele soltasse um murmuro em reprovação.

-       Rin-chan! – Miya a repreende, envergonhada.

-       Fique quieta, estou tentando te ajudar! – Ringo fala e Nao solta uma risada.

Miya arfou de dor ao sentir as mãos de Ringo começando a massagear suas costas doloridas. Enquanto isso Nao se deitou de frente para Miya, apoiando o rosto em sua própria mão. Ela mordia seu lábio inferior e encarava o ruivo com um olhar sofrido. Ele então levou suas mão até a bochecha de Miya, as puxando.

-       N-Nao-kun! – Ela o repreende entre gemidos.

Ele ficou fazendo isso até que Miya realmente se irritou.

-       O que está fazendo? Pare com isso! – Com dificuldade ela elevou a voz.

-       Mas Miya-chan, só estou fazendo isso pra te animar. Você tem que estar feliz e sorrindo quando for se declarar.

-       Quando eu for o que? – Ela o encara confusa.

-       Isso mesmo que você ouviu. – Ele ri. – Eu sinto que é hoje que vocês vão se acertar.

-       De quem você está falando?

-       Deixe de ser lerda Miya-chan. – Shou entra na conversa.

-       Eu não sou lerda! Vocês é que não me dizem sobre o que estão falando!

-       Tenha calma, mas tarde você vai descobrir. – Nao pisca para ela.

-       Mas me contem logo...

-       Eu já disse que não vou contar!

Miya desiste e vira a cara emburrada. Estava curiosa para saber sobre o que estavam falando, mas pelo jeito eles não iriam lhe contar tão cedo.

/Flashback OFF

Involuntariamente começou a pensar em Koichi. Onde estava e o que estava fazendo? Não conseguia deixar de se arrepender por ter brigado com ele. Queria tê-lo ao seu lado e não gostava do fato de que agora ele devia estar com Himari, provavelmente se agarrando com ela.

Soltou um longo suspiro ao olhar para a água que tocava seus pés suavemente. Olhou para o lado e viu que Nao a olhava com preocupação.

-       Nao-kun, você acha que a Himari-chan e o Kou-kun fazem um bom casal? – Ela desviou o olhar novamente para a água.

-       Bom... pra falar a verdade, mesmo que a Himari ame o Koichi-kun, eu não acho que ele retribuiria os sentimentos dela.

-       Por que não?

-       Porque ele já ama outra garota. – Ele deu de ombros, fazendo Miya o olhar.

-       Que garota? Como você sabe disso?

-       Miya-chan, eu acho que a única pessoa que ainda não percebeu isso é você. Mas eu não quero fazer fofoca, se quiser saber quem é pergunte a ele.

-       Não seja chato Nao-kun! Me fale, por favor! – Ela dizia pegando no braço dele e o balançando.

-       Não adianta insistir... – Ele ria observando a expressão curiosa dela.

-       Argh! Eu te odeio! – Ela disse fazendo bico e cruzando os braços.

-       Ah, eu tbm te adoro Miya-chan!

Ele começou a rir e se jogou em cima dela, a abraçando. Miya tentava sair dos braços dele em vão. Por fim acabou desistindo e caiu na gargalhada junto com ele. Ouviram o apito dos recreadores ao longe e se levantaram, indo em direção ao som.

...

Koichi saiu da barraca seguido por Himari e foi até os recreadores. Provavelmente haveria uma nova brincadeira, mas Koichi não estava com humor para essas coisas. Tudo o que queria era Miya ali, ao seu lado, sorrindo como sempre fazia. Mas ainda tinha aquele idiota do Nao. Ele sabia que Koichi estava apaixonado por Miya e mesmo assim ficava tentando roubá-la dele. Ta certo que ele nunca a teve realmente para que Nao pudesse roubá-la, mas mesmo assim, isso era muito irritante.

Bufou quando viu Miya e Nao vindo da direção do lago. Himari percebeu e logo tratou de agarrar o braço dele, fazendo sua atenção voltar para explicações sobre a brincadeira. Pelo jeito seria uma caça a bandeira pela floresta. Todos teriam que se dividir em duplas e cada uma ficaria com um mapa para localizar as 5 bandeiras que estariam espalhadas. E para variar, entre eles as duplas ficaram: Miya e Nao, Koichi e Himari, Shou e Haruna, Ringo e Satsuki. Eram quatro horas da tarde e a prova duraria até as seis, depois todos teriam de voltar para o ponto inicial.

...

Satsuki e Ringo andavam tranqüilos enquanto observavam o mapa.

-       Satsuki, onde você acha que devemos procurar primeiro?

-       Eu acho que devíamos deixar essa brincadeira pra lá. – Ele disse chegando por trás de Ringo e depositando um beijo em seu pescoço.

-        Ah, por favor Satsuki, eu quero me divertir um pouco.

-       E você não se diverte quando está comigo? – Ele faz biquinho passando o nariz pelo pescoço dela, fazendo-a suspirar.

-       Você sabe que sim, mas o que custa brincar só um pouquinho? – Ela vira a cabeça depositando um selinho nos lábios do moreno.

-       Tudo bem... – Ele suspira. – Eu acho que devíamos procurar nos lugares mais afastados, já que as outras duplas provavelmente irão procurar primeiro nos lugares mais perto.

-       Awwn, que menino mais inteligente! – Ela disse forçando a voz como se estivesse falando com um bebê, apertando suas bochechas.

Satsuki apenas revirou os olhos e sorriu.

...

-       Shou-kun, anda logo! Deixe de ser preguiçoso! – Haruna dizia puxando o loiro pelo braço enquanto olhava o mapa.

-       Haru-chan, eu não estou com vontade de procurar essas bandeiras. – Ele disse fazendo bico.

-       Mas eu estou. Então trate de me ajudar.

De repente ele parou, fazendo Haruna se virar e olhar para ele.

-       Só te ajudo se você me der uma recompensa mais tarde. – Ele disse sedutor.

-       Ah, você quer uma recompensa? – Ela se aproximou passando a mão pelo rosto dele.

-       Sim. – Ele respirava mais pesado, fitando os lábios rosados e carnudos de Haruna.

Ela lhe lançou um sorriso malicioso. Levou uma mão até a nuca dele e começou a trilhar beijos e leves mordidas por todo seu pescoço. Shou mordia seu lábio inferior tentando se controlar. Ela então levou a outra mão por baixo da camisa de Shou e arranhou de leve seu abdômen. Aquela morena mexia com ele de um jeito que nenhuma outra garota conseguira até hoje. Devagar ela se afastou e olhou séria para ele, que soltou um gemido em reprovação.

-       Se quiser que eu continue vai ter que me ajudar primeiro. – Ela lhe deu um tapinha no rosto e saiu andando.

-       Você ainda me paga por ficar me provocando desse jeito. – Sussurrou e a seguiu.

...

Koichi olhava o mapa enquanto Himari puxava seu braço tentando chamar sua atenção.

-       Pare com isso Mari-chan! Estou tentando olhar o mapa. – Ela puxava o braço.

-       Deixe esse mapa pra lá Kou-kun! – Disse manhosa.

-       Lie! Eu quero terminar logo com isso pra gente poder voltar pro acampamento.

Himari revirou os olhos e tomou o mapa das mãos de Koichi.

-       Ei! – Ele protestou.

-       Agora você vai ter que prestar atenção em mim. – Ela sorriu maliciosa.

-       Mari-chan, onegai! Eu não estou de bom humor hoje.

-       Não seja tão chato. Vamos aproveitar esse tempo que nós temos juntos. – Ela se aproximou.

-       Quer saber... – Ele suspirou. – Tanto faz.

Ele se sentou no pé de uma arvore e olhou para o céu com um olhar triste. Himari o olhou e logo foi se sentar seu lado.

-       Você está pensando na Miya? – Ela lançou a pergunta no ar e Koichi a olhou.

-       Está tão na cara assim? – Riu tristemente.

-       Um pouco. Mas sabe... – Ela levou sua mão até a de Koichi. – Eu não entendo por que você gosta tanto dela. Ela é normal, não tem nada de mais.

-       É claro que tem. Só o sorriso dela já ilumina o meu dia. Desde o primeiro dia que a vi não consegui tirá-la do meu pensamento. Não sei explicar mas... quando estou perto dela, me divertindo, parece que borboletas brotam no meu estomago.

Um grande sorriso se formava no rosto de Koichi. Himari já não estava mais agüentando aquilo. Até quando o seu Koichi iria ficar se iludindo com aquela idiota? Ela estava bem ali ao seu lado e ele nem parecia ligar. Queria ele somente para ela, não suportava a idéia de uma outra qualquer tentando roubá-lo.

Ela rapidamente se arrastou e sentou no colo de Koichi e antes que ele pudesse protestar, ela segurou seu rosto e selou seus lábios. Ele ficou surpreso e tentou afastá-la, mas ela simplesmente continuou com o beijo urgentemente e passou a fazer carinhos pelo peitoral e abdômen de Koichi. Ela então separou seus lábios e desceu com os beijos para o pescoço dele, intercalando entre leves mordidas.

-       Ma-Mari-chan, não... – Ele soltou um suspiro.

Era como se Koichi não conseguisse resistir. O pescoço era um dos seus pontos fracos e ele tinha que admitir que aquilo não era tão ruim. Estava se segurando o máximo que podia e a todo momento tentava afastá-la. A única coisa que vinha a sua cabeça era Miya.

...

Enquanto isso, Miya andava cabisbaixa atrás de Nao, que tentava entender o mapa em suas mãos. Ele de repente parou e Miya acabou batendo a cabeça em suas costas.

-       O que acha Miya-chan?

-       Ahn? Nani? – Ela o olhou enquanto ele se virava para encará-la.

-       Onde acha que devemos procurar?

-       Eu... não sei. – Desviou o olhar.

Ele a olhou com um pequeno sorriso nos lábios.

-       Está pensando no Koichi-kun, não é?

-       Nani? – Ela o olhou um pouco corada.

-       Você não me engana. Eu sei que está pensando nele.

-       É-é claro que não.

-       Sei... – Ele voltou a andar e ela o acompanhou. – Acho que você não devia ficar mentindo pra si mesma desse jeito.

-       Do que está falando? Eu não estou mentindo para mim mesma.

-       Claro que está. Todos já perceberam o que você sente pelo Koichi-kun.

-       Como assim “o que eu sinto pelo Koichi-kun”? Oras, nós somos amigos. – Ela olha para o chão pensativa. – Ta certo que... As vezes, quando estou perto dele eu sinto umas coisas estranhas. Só me lembro de ter sentido isso quando eu gostava do Toki-kun... – Nao a olhava confuso. – Mas... parece que com o Kou-kun é mais forte. Eu não tenho certeza, mas será que...

Ela olhou para o lado e viu que Nao estava com um sorriso de canto no rosto. Ela corou e rapidamente desviou o olhar.

-       Acho que você já está começando a sacar as coisas. – Ele riu.

Parou quando percebeu que Miya havia parado de andar e estava olhando fixamente e com os olhos arregalados para algum lugar a sua frente. Quando olhou na mesma direção também ficou perplexo com a cena que se passava ali.

-       N-nani? – Foi somente isso que saiu da boca do ruivo.

Os dois que estavam deitados no pé da arvore logo pararam de se beijar e olharam assustados para Miya e Nao. Koichi rapidamente tirou Himari de seu colo e se levantou, assim como a ruiva.

-       Mi-chan, eu...

Ele não terminou de falar, pois nesse momento Miya saiu correndo e sem pensar duas vezes ele foi atrás dela.

-       Espera Kou-kun! – Himari já ia correr atrás de Koichi mas Nao segurou sua mão. – O que você...

-       É melhor você ficar aqui. – Ele a interrompeu. – Acho que não vai gostar do que eles vão dizer um para o outro. – Ele abriu um sorriso malicioso.

-       Nani? – Ela o olhou um pouco assustada.

Sem dizer mais nada, Nao a largou e saiu andando. Himari se viu sozinha no meio da floresta e acabou correndo atrás do irmão.

Enquanto isso Miya corria desesperadamente por entre as arvores com os olhos marejados. Ouvia Koichi a chamando, mas o que mais queria naquele momento era se afastar dele. Logo agora que estava começando a entender seus sentimentos o Koichi tinha que fazer aquilo? Ela sabia que não devia estar reclamando já que ele não era nada mais que seu amigo, mas mesmo assim não conseguiu encarar a situação de frente e foi obrigada a correr para que ninguém a visse daquele jeito. Afinal, por que Koichi estava a seguindo? Se ele gostava tanto de Himari a ponto de ficar se agarrando com ela na floresta, por que raios ele não a deixava em paz?

Sua visão ficava cada vez mais turva a medida que ela tentava limpar seus olhos. Não prestava atenção e nem sabia para onde estava correndo e como era de se esperar, acabou tropeçando em uma raiz de arvore e foi de encontro ao chão. Com dificuldade ela se sentou e quando foi se levantar sentiu uma forte dor no tornozelo.

-       Argh! Que droga! – Ela ralhou batendo a mão no chão.

-       Mi-chan!

Koichi vinha correndo e uma ultima vez Miya tentou se levantar, mas a dor em seu tornozelo era mais forte que sua vontade. Ele parou um pouco ofegante ao lado dela.

-       Você está bem? Se machucou? – Ele perguntava enquanto se abaixava ao seu lado levando uma de suas mãos ao rosto dela.

-       Não. – Ela respondeu virando o rosto. – Eu não preciso da sua ajuda.

Ela se levantou o máximo que pode mas acabou caindo no chão novamente. 

-       Você machucou o tornozelo, não foi?

-       Agora me diz alguma coisa mais óbvia. – Ela revirou os olhos.

-       Vem, eu te ajudo.

Ele apenas a ignorou e enlaçou sua cintura com um braço e com o outro pegou o braço dela, passando-o por cima de seus ombros. Eles foram caminhando assim por um tempo, calados, até que Miya resolveu quebrar o silencio.

-       Você não precisa me ajudar. Aposto que sua namorada está te esperando.

-       Namorada? – Ele a olhou confuso.

-       Não se faça de besta! Ou você acha mesmo que eu não vi vocês dois se agarrando agora a pouco?

-       Ah... – Ele passou a encarar o chão. – Eu realmente não queria que aquilo tivesse acontecido. Foi ela quem me beijou e eu acabei não resistindo. Foi um grande erro. Desculpa.

-       Por que está se desculpando? – Ela o encarou.

-       Porque eu não quero que você me odeie.

-       Hun. E você acha que eu te odiaria por isso? – Disse empinando o nariz. - Eu não ligo.

-       Bom, não é o que parece. Essa atitude nervosinha e esses olhos lacrimejando me dizem que você liga sim.

-       Eu não estou nervosinha! E meus olhos estão lacrimejando por causa do meu tornozelo.

-       Sei... – Ele riu.

-       Humpf. – Ela bufou. – E você pelo menos sabe para onde estamos indo?

-       Pelo que me lembro do mapa, tem uma cabana aqui por perto.

-       Hm.

Miya apenas virou o rosto e eles andaram por um tempo em silencio até que finalmente conseguiram achar a tal cabana. Era um lugarzinho de madeira, simples, pequeno e parecia abandonada já que não havia quase nada lá. Koichi a levou para dentro e ela logo se afastou dele escondendo seu rosto. Ela estava mesmo muito irritada e Koichi não conseguia deixar de pensar se era por causa de Himari. Por um lado ele estava feliz por ver que Miya sentia ciúmes dele, mas por outro não gostava nem um pouco de ver aquela garota sorridente com a cara emburrada daquele jeito.

-       Mi-chan... me desculpa, eu sei que fui um idiota. Mas você está mesmo com raiva por causa do que aconteceu agora a pouco? – Ele se aproximou.

Miya o olhou e deu um passo para trás, quase caindo por causa de seu tornozelo, mas conseguiu se apoiar em um único móvel que havia ali, no resto do lugar haviam coisas aleatórias jogadas pelo chão.

-       É melhor você se sentar. – Ele tentou se aproximar novamente e Miya o parou colocando uma mão em seu peitoral.

-       Kou-kun, me deixe em paz, onegai...

-       Mas...

-       Mas nada! – Ela o olhou com os olhos marejados novamente e começou a falar sem jeito. – E-eu nunca tinha pensado sobre o que eu realmente sentia por você. Desde aquele dia em que nós nos beijamos eu venho sentindo coisas entranhas quando você está por perto, mas confesso que não é ruim... é bom, coisas que você sente quando gosta de alguém sabe? – Koichi a olhava com os olhos arregalados e o coração acelerado. Algumas lágrimas começaram a cair sobre a bochecha de Miya, que respirava com um pouco mais de dificuldade, principalmente por causa do frio que começava a fazer. – E eu finalmente percebi que eu gosto mesmo de você Kou-kun. Mas parece que eu percebi isso tarde demais. A Himari é o seu amor de infância, não posso fazer nada sobre isso. Então não se preocupe comigo.

Miya o encarou mas ele estava surpreso demais para dizer alguma coisa. Ela suspirou limpando suas lágrimas. 

-       Q-quer saber... E-esquece tudo o que eu disse. N-não faz diferença nenhuma, não é mesmo? – Ela desviou o olhar.

Koichi não acreditava no que acabara de ouvir. Miya estava mesmo se declarando? A Miya? A garota que não saia de seus pensamentos e sonhos? E como assim “amor de infância”? A lerdeza de Miya era extrema. Como ela nunca tinha percebido ou sequer suspeitado de que ele estava apaixonado por ela? Seus pensamentos estavam a mil e ele nem sabia o que dizer. Devagar se aproximou pegando nas mãos dela e fazendo-a o olhar. Encarou aqueles lindos e penetrantes olhos. Era impossível não ficar vidrado quando olhava para aquelas lindas orbes.

-       Mi-chan, sem querer ofender mas... você é uma besta quadrada. – Ele disse calmamente pegando Miya de surpresa.

-       Nani? – Ela perguntou ofendida e ele começou a rir.

-       Eu não consigo acreditar! Você acha mesmo que é pela Mari-chan por quem eu estou apaixonado?

-       Hai. – Disse confusa.

-       Olha aqui, a única pessoa por quem eu estive apaixonado todo esse tempo foi você!

O coração de Miya falhou uma batida. Então ele não gostava de Himari? Desde quando ele estava apaixonado por ela e como ela não havia percebido antes? Um choque de alegria correu por seu corpo quando viu o grande sorriso de Koichi e imediatamente retribuiu o sorriso pulando nos braços dele, quase o derrubando.

Koichi a abraçou forte sentindo seu suave perfume. Estava tão aliviado por tirar aquele peso dos ombros e ainda não conseguia acreditar que Miya havia admitido que gostava dele. Afastou um pouco seu rosto de Miya e logo selou seus lábios com um beijo urgente. Ele levou sua mão até a nuca dela, que logo se entregou e começou a beijar no mesmo ritmo que ele segurando sua camisa. Aquilo com certeza era muito melhor do que foi daquela vez no jogo de futebol.  Só pararam quando lhes faltou ar e Koichi a encarou com um grande sorriso nos lábios e disse ofegante:

-       Você não sabe o quanto eu esperei por isso.

-       Como assim? Nós já nos beijamos antes.

-       Não estou falando só do beijo, quer dizer... eu sinto que agora tudo vai se ajeitar e eu vou ter a garota mais linda de todas somente para mim.

Ele sorriu e Miya desviou o olhar corada. Koichi levou a mão ao queixo dela e a beijou calmamente. Quando se afastaram Miya o abraçou novamente e ele pode sentir o corpo dela tremendo de frio. Ele olhou pela janela e viu que já estava escurecendo e uma chuva forte caia lá fora. Correu o olho pela cabana e achou um cobertor velho em cima da mesa, não era muita coisa mas já era melhor que nada.

Delicadamente ele se afastou de Miya e pegou o cobertor em cima da mesa.

-       Pelo jeito vamos ter que passar a noite aqui.

-       É... – Ela disse olhando pela janela.

Pegou na mão dela e foi até a parede, onde se encostou depois de se sentar e devagar puxou Miya para que ela se sentasse entre suas pernas. Cobriu-os com o cobertor e a abraçou. Ela se aconchegou nos braços dele e encostou o rosto perto do pescoço de Koichi acariciando os braços dele.

Eles ficaram por um tempo em silencio. Koichi acariciava os cabelos dela. Tudo estava muito bom mas uma coisa ainda o intrigava.

-       Mi-chan...

-       Nani?

-       Hoje, mais cedo, depois da cavalgada quando você voltou para a barraca o que você estava fazendo com o Nao? – Ele perguntou receoso.

-       Com o Nao-kun? – Ela arqueou a sobrancelha. – Eu não estava fazendo nada com ele. Na verdade ele estava enchendo o meu saco enquanto a Rin-chan fazia massagem em mim.

-       E para que ela estava fazendo massagem em você.

-       É que... eu cai quando fui descer do cavalo...

-       Você caiu? Se machucou muito? – Ele perguntava preocupado.

-       Bom, na hora doeu muito, mas a massagem da Rin-chan ajudou bastante. – Ela abriu um sorrisinho.

-       Ainda bem. – Ele deu um beijo na testa dela. – Mas agora me diz... o que o Nao estava fazendo com você?

-       Esta com ciúmes Kou-kun? – Ela lhe lançou um sorriso malicioso.

-       Claro que não, eu só fiquei curioso. – Ele desviou o olhar para baixo.

-       Sei... – Ela revirou os olhos. - Enfim, ele ficou me cutucando e veio com um papo esquisito de que só estava fazendo aquilo porque eu tinha que estar feliz e sorrindo quando fosse me declarar. Eu não entendi nada, mas acho que ele sabia sobre o que você sentia.

-       Espera... vocês não ficaram?

-       Não, de onde tirou isso?

-       Sei lá, achei que ele gostasse de você.

-       Mas ele gosta de mim. Só que somente como amiga, assim como eu também gosto muito dele.

-       Hm. Não gosto nada disso. – Ele virou o rosto fazendo bico.

-       Awwn, meu lindinho ciumento.

Ela levou uma mão até o queixo dele fazendo-a a olhar e depois selou seus lábios. Koichi fechou os olhos se entregando ao beijo e sem dificuldade adentrou a boca dela, aprofundando o beijo. Ela passava a mão pela nuca dele, subindo até seus cabelos e fazendo um gostoso carinho. Koichi intensificou o beijo levando uma mão até a coxa dela e a apertando, fazendo Miya arfar. Pelo jeito aquele era um dos pontos fracos dela. Ele sorriu entre o beijo e subiu sua mão apertando de leve a cintura dela.

Miya parou o beijo devagar e encarou Koichi.

-       Eu estou com a consciência pesada. – Ela disse.

-       Como assim? – Ele perguntou confuso.

-       Eu fico feliz por nós, mas a Himari-chan ainda gosta de você e mesmo a achando oferecida eu me sinto mal por ela.

-       Não se preocupe, depois eu me resolvo com ela. – Ele sorriu e acariciou a bochecha de Miya, que retribuiu o sorriso lhe dando um selinho.

Ficaram por um longo tempo trocando beijos e carinhos enquanto ouviam o barulho da chuva caindo lá fora. Koichi não conseguia colocar em palavras o quão feliz estava naquele momento que tanto havia esperado. Miya acabou dormindo e ele ainda ficou por um tempo a olhando e acariciando seu rosto. O perfume dela o deixava calmo e ao mesmo tempo com uma enorme vontade de beijá-la. Sentia seu corpo mais leve e acabou dormindo com um sorriso tranqüilo nos lábios.

Finalmente a garota de seus sonhos estava em seus braços.