O resto da semana passou rápido e logo chegou a sexta-feira e como eles já haviam combinado, iriam passar o final de semana em um acampamento. Ainda era de manha e agora eles terminavam de arrumar suas coisas.

Haruna estava no quarto de Shou, sentada em sua cama, observando-o colocar as ultimas coisas em sua mochila. Ela o olhava de cima a baixo com um sorriso de canto nos lábios.

– Haru-chan, com você me olhando desse jeito eu não consigo me segurar. – Ele sorri malicioso subindo na cama e dando um beijo no pescoço dela, fazendo-a arrepiar.

– Não faz isso Shou-kun. – Ela diz manhosa rindo.

Ele se senta de frente para ela e lhe puxa, fazendo-a ficar com o rosto a centímetros do seu. Ela sorri e vai até a orelha dele, dando uma mordiscada. Ele solta um suspiro ao sentir Haruna sentando em seu colo, leva uma mão até o rosto dela e a outra até a sua cintura. Shou logo vai diminuindo a distancia entre seus lábios e a beija com certa urgência. O beijo vai se tornando cada vez mais quente, com suas línguas se entrelaçando num ritmo gostoso. Haruna levou a mão até a nuca de Shou fazendo seus corpos chegarem mais perto.

– Se forem fazer isso pelo menos fechem a porta! – Koichi aparece na porta, de braços cruzados.

Os dois param o beijo e olham para o moreno.

– O que você quer baixinho? – Shou diz em um tom um pouco irritado.

– A Rin-chan mandou chamá-los. Nós já estamos quase saindo. – Ele diz desanimado. – Haru-chan, eu posso saber o que você viu nesse cara?

– Ah, que isso... o Shou-kun é um cara legal! – Ela diz com um sorriso se afastando de Shou.

– Só um cara legal? – Shou pergunta indignado.

– Bom, eu sei que ainda vou descobrir alguma qualidade sua. – Ela ria afagando seus cabelos loiros.

Shou faz biquinho e Koichi cai na risada. O moreno sai do quarto, deixando os outros dois a sós e foi até o quarto de Miya para chamá-la. Sem bater ele foi logo abrindo a porta e entrando, mas o que ele não esperava era encontrar Miya somente de roupa intima. Ele ficou paralisado e corou engolindo em seco.

– Kyaaaaah! Kou-kun, saia daqui! – Ela grita tacando um travesseiro em Koichi.

Ele rapidamente sai do quarto fechando a porta. Haruna e Shou, que estavam ali no corredor, o olhavam com olhares maliciosos.

– Nossa baixinho, a carência é tanto que você já está espiando ela enquanto ela troca de roupa? – Shou pergunta com um tom sacana, fazendo Haruna rir e Koichi ficar mais vermelho do que já estava.

– B-baka! C-cale a boca! Foi sem querer... – Ele desvia o olhar.

Nesse momento, Miya sai do quarto vestida com um short jeans, um regata, uma blusa xadrez por cima e com sua mochila jogada por um obro só. Koichi a olha ainda vermelho e logo pega em suas mãos implorando para que ela o perdoasse.

– Gomen Mi-chan, onegai! – Ele se desculpava olhando fixo nos olhos dela.

– T-tudo bem. – Ela dizia um pouco assustada e desviando o olhar. – Não foi nada demais Kou-kun.

Ele suspira aliviado ao ver que ela não estava brava.

– Tudo bem safadinhos, vamos descer logo. – Haruna diz pegando a mão de Miya e indo em direção as escadas.

No caminho para o acampamento eles foram conversando bobagens e Shou, como sempre tentava agarrar Haruna. O casal ficava trocando carinhos o tempo todo. Satsuki, que não estava gostando nada de ficar de vela, também começou a fazer carinhos em Ringo e logo os dois estavam se beijando.

Koichi começou a tamborizar os dedos no banco do carro enquanto Miya olhava pela janela cantarolando uma musica qualquer. Koichi olhou para os dois casais e depois passou a observar Miya, que estava distraída com a paisagem. Um sorriso começou a crescer nos lábios do moreno. Devagar ele foi levando sua mão até a dela e a segurou. Miya toma um susto e olha para ele. Ela abre um pequeno sorriso e volta a olhar pela janela. Koichi aproxima o rosto até o pescoço de Miya, fechando os olhos e sentindo o doce perfume dela.

– Olha! Nós estamos chegando! – Miya diz animada dando um susto em Koichi, tirando-o de seus devaneios.

Depois de se recompor do susto ele bufa revirando os olhos. Olhou pela janela e viu um arco, onde estava escrito “Acampamento Western”. Ao passarem pelo arco a limusine foi estacionada e eles saíram. O lugar era simples, mas mesmo assim muito bonito. No começo havia uma cabana, onde deveria ser a recepção, mais a frente havia um galpão, que parecia ser o refeitório. No centro havia um grande campo, onde algumas pessoas montavam suas barracas e uma havia fogueira apagada ali perto. Mais ao longe haviam três estradinhas, uma dava nos banheiros a outra entrava em uma pequena floresta e a outra dava em um lago.

Uma guia veio recebê-los. Era uma morena de pele bronzeada e cabelos castanhos, e eles tinham que admitir, ela tinha um corpo de dar inveja. Ela foi mostrando o lugar para eles e de vez em quando Haruna pegava Shou olhando para os seios da morena, mas logo lhe dava um soco no braço e ele parava. Após conhecerem o lugar, arranjaram um canto para armarem suas barracas. Eles haviam levado duas barracas, uma para os meninos e outra para as meninas. Koichi e Satsuki montaram as barracas bem rápido, já que os dois já haviam acampado varias vezes. Quando terminaram de arrumar as coisas, as meninas foram buscar um suco e todos se sentaram no chão para beber. Koichi estava dando um gole em seu suco quando houve alguém o chamar.

– Kou-kun, é você?

Ele rapidamente se vira para ver quem era e ficou surpreso ao ver Himari, sua amiga de infância. Ela tinha lindos cabelos ruivos e ondulados que iam até um pouco abaixo dos ombros e seus olhos eram de um verde claro muito bonito.

– Mari-chan? Que surpresa te encontrar aqui! – Ele diz se levantando e indo abraçar a garota.

– Pois é! – Ela o abraça animada. – Ah, Saki-kun, que bom te encontrar aqui também. – Ela olha para Satsuki ao se separar de Koichi.

– Como você está Mari-chan? – Ele sorri sem se levantar de seu lugar.

– Melhor agora que encontrei vocês. – Ela tinha um sorriso no rosto que ia de orelha a orelha.

Os outros quatro olhavam a cena confusos, afinal, quem era aquela garota? Koichi a apresentou para todo mundo e os dois se sentaram na rodinha.

– Então vocês todos moram juntos? Que legal!

– Menos eu. – Haruna abre um sorriso amarelo.

– É, mas você vive lá em casa, então é quase a mesma coisa. – Miya dá de ombros.

– É verdade. – Koichi ri.

– Ainda bem, eu não agüentaria ficar muito tempo longe da minha pequena. – Shou diz enlaçando a cintura de Haruna e dando um beijo no pescoço dela.

– Shou-kun! – Ela diz manhosa.

– Awwnn! Vocês ficam tão fofinhos juntos! – Himari se intromete na conversa fazendo todos rirem.

Nesse momento, um garoto alto, de cabelos ruivos como os de Himari veio correndo e chamando a garota. Ele se parecia muito com Himari, com exceção de algumas sardas em seu nariz e bochechas, que lhe davam um certo charme. Dava para ver pela regata que ele usava que seu corpo era bem definido.

– Himari, até que enfim eu te achei! – Ele dizia ofegante apoiando as mãos nos joelhos. Ele olha para os outros que estavam sentados ao lado de Himari. – Ah, Koichi-kun, Satsuki-kun como vão? – Ele pergunta para os irmãos.

– Tudo bem! – Os dois respondem com um sorriso.

– Faz tempo que a gente não se vê, não é Nao-kun? – Koichi diz.

– Hai! – Ele responde.

– Nao-kun? Miya pergunta confusa.

– Hai, ele é irmão mais novo da Mari-chan.

– Mais novo? Tem certeza? Ele é quase do tamanho do Shou-kun e do Satsuki-kun! – Ela exclama.

– Você tem razão, mas ele tem a nossa idade Mi-chan. A Mari-chan que é mais velha. – Ele olha para Nao. - Cara, eu tenho que admitir, você ficou bonitão! – Koichi diz rindo.

– Pois é. – Haruna diz fitando o ruivo e recebendo um olhar desconfiado de Shou.

– Haru-chan, você se esqueceu de que tem um namorado bonitão aqui do seu lado? – Shou diz levando a mão ao queixo dela, fazendo-a virar o rosto para ele.

– Namorado? Desde quando você é meu namorado? – Ela fala rindo com um tom debochado.

– Não me provoque Haru-chan. – Ele diz com um sorriso malicioso no rosto.

Ele puxa o rosto dela para mais perto e sela os lábios de Haruna.

– Iiih...Vai começar a agarração... – Ringo revira os olhos.

– O que foi Rin-chan? Está com ciúmes? Não se esquece de que eu estou bem aqui. – Satsuki diz depositando um beijo no pescoço de Ringo.

– Ah, parem com isso, onegai! – Koichi disse revirando os olhos e sendo ignorado pelos dois casais.

– Deixe eles namorarem Kou-kun. – Himari diz manhosa agarrando o braço de Koichi.

Um sentimento estranho começou a crescer dentro de Miya. Ela suspirou e olhou para Nao, que agora se sentava entra Miya e Himari.

– Então Nao-kun, você parecia querer falar alguma coisa importante, já que você veio correndo todo afobado.

– Ah, é mesmo. – Ele coça a nuca. – É que o pessoal estava chamando a Himari para dar um passeio pelo acampamento.

– Hum, eu acho que vou ficar aqui com o Kou-kun e o pessoal. – Himari fala com um pequeno sorriso, se aconchegando mais ao lado de Koichi.

– Então ta. – Ele diz se levantando. – Eu vou lá no refeitório tomar um suco e depois vou avisar aos outros que vamos ficar aqui.

– Você também vai ficar conosco? – Koichi pergunta.

– Hai! Pode não parecer, mas eu tenho que vigiar essa minha irmã cabeça de vento. – Ele ri e Himari faz um biquinho. – Bom, daqui a pouco eu volto. – Ele sai em direção ao refeitório.

– Espera Nao-kun, eu vou com você! – Miya diz se levantando e indo atrás do ruivo.

Koichi olhava para aquela cena surpreso e enciumado. Ficou fitando os dois até eles entrarem no refeitório.

– O que foi Kou-kun? – Himari pergunta.

– Nada não. – Ele olha para ela. – Sabe Mari-chan, você cresceu muito desde a ultima vez em que nos vimos. Está muito bonita. – Ele sorri ao ver os olhos de Himari brilharem.

– Arigato Kou-kun. – Ele diz manhosa. – Você também ficou uma gracinha! – Ela passa a mão no abdômen de Koichi, fazendo corar e engolir em seco.

Não é que ele não gostasse desse tipo de carinho, ele gostava, mas não era bem dela que ele gostaria de recebê-los.

Enquanto isso, no refeitório...

O lugar estava vazio, a não ser por umas poucas pessoas que estavam sentadas em uma mesa. Enquanto Nao foi pegar o suco Miya se sentou em uma mesa para esperá-lo. Quando ele voltou, se sentou ao lado de Miya colocando um copo de suco na frente dela.

– Não precisava trazer para mim. – Ela diz sorrindo.

– Precisava sim, olha só para esses bracinhos de franguinho. – Ele diz rindo pegando no braço de Miya.

– Ei! Meus músculos podem ser pequenos, mas eu sou bem forte sabia?!

– Sei... Aposto que não ganharia de mim em uma lutinha. – Ele diz em um tom desafiador.

– Ah é? Quer apostar então? Quem perder vai ter que pular no lago a noite.

– E só de roupa intima. – Ele complementa com um sorriso malicioso.

– Ok! Está apostado. – Eles apertam as mãos e caem na gargalhada.

Eles bebem o suco conversando sobre como a água do lago iria estar gelada a noite e depois Miya acaba mudando de assunto.

– Nao-kun, por acaso a sua irmã tem uma queda pelo Kou-kun?

– Uma queda? Está mais para um precipício! – Ele ri. – Ela é apaixonada por ele desde que nós éramos crianças.

– Mas mesmo depois de se afastarem ela continuou apaixonada por ele?

– Hai. Na verdade, eu nunca entendi direito esse amor obsessivo dela. – Ele dá de ombros.

– Entendi.

Alguém entra no refeitório chamando todos que estavam ali, dizendo que iria começar uma brincadeira. Os dois levantam e vão lá ver. Todos estavam se preparando para a corrida de três pernas. Quando Koichi vê Miya tenta ir chamá-la para ir com ele, mas Himari segura sua mão.

– Kou-kun, vamos correr juntos? – Ela pergunta olhando nos olhos dele.

– Mas eu...

– Onegai! – Ele diz manhosa fazendo biquinho.

– Ta bom. – Ele suspira e abre um pequeno sorriso.

Ele olha para Miya novamente e vê que ela também o estava olhando. Ela lhe lança um sorriso sem graça e ele fica um pouco triste em vê-la sorrindo daquele jeito. Queria poder correr e abraçá-la naquele momento, mas tinha uma certa ruivinha o segurando. Em seguida ele viu Miya pegando uma corda que estavam distribuindo e amarrando seu pé junto com o de Nao. Himari fez o mesmo amarrando o dela com o de Koichi.

Depois que todos se posicionaram a corrida começou. Koichi tentava passar dos outros, mas estava difícil já que Himari não era lá muito de correr. Eles acabaram caindo várias vezes, mas mesmo assim eles conseguiram se divertir. Miya e Nao ganharam a corrida, eles realmente conseguiram trabalhar juntos. Koichi observava os dois comemorando e rindo, com os punhos cerrados de tanto ciúmes.

– Kou-kun, eu sei que não ganhamos, mas eu me diverti muito! – Himari diz pegando na mão de Koichi.

– Eu também. – Ele olha para ela com um grande sorriso forçado. Afinal, seus pensamentos estavam voltados para a dupla vencedora, que agora se aproximava dos dois.

– Vocês formam uma boa dupla. – Himari diz se dirigindo aos dois.

– Pois é, eu até fiquei impressionada por termos ganhado. Foi muito divertido! – Miya diz sorrindo para Nao.

– Foi mesmo. – Nao retribui o sorriso.

Koichi revira os olhos ao ver aquela cena.

– Mi-chan, você sabe onde estão os outros?

– Não, eu não vi eles desde que eu e Nao-kun fomos no refeitório. – Ela coloca o dedo na boca pensativa.

– Ah, não se preocupem, eles devem estar namorando um pouquinho. – Ela diz olhando nos olhos de Koichi.

– Er... d-deve ser isso mesmo. – Ele desvia o olhar.

– Kou-kun, eu quero ver o lago antes que escureça. Você vai comigo até lá? – Ela diz manhosa.

Miya assistia a cena enojada. Qual o problema daquela garota? Ela estava claramente se jogando em cima do Koichi.

– T-tudo bem. – Ele concorda. – Vocês querem vir conosco? – Ele pergunta implorando mentalmente para que eles dissessem sim. Ele não queria nem pensar em deixar aqueles dois sozinhos.

– Não, vocês podem ir. Eu ainda tenho uma aposta para ganhar. – Miya diz lançando um olhar malicioso para Nao.

– Até parece! Sou eu quem vai ganhar essa aposta. Não tem como esses bracinhos me vencerem. – Nao diz apertando de leve o braço de Miya.

– É o que vamos ver! – Ela tira a mão de Nao de seu braço.

Koichi não estava mais agüentando ver aqueles dois. Quando ele ia protestar, Himari o puxa levando-o em direção ao lago.

– Vamos Kou-kun! Deixe os dois se divertirem. – Ela carregava ele.

Após os dois saírem, Nao percebeu que Miya estava irritada.

– Miya-chan, por acaso você gosta do Koichi-kun?

– L-lie! D-de onde você t-tirou isso? – Ela gaguejava visivelmente corada.

– Sei... – Ele ri. – Bom, que tal nós vermos quem ganha a aposta agora?

– Você quer dizer ver “com quantos minutos eu vou te derrubar não é”?

– Deixe de sonhar Miya-chan... – Ele ri.

Eles foram para um lugar mais perto de suas barracas e se posicionaram.

– Quem conseguir imobilizar o outro primeiro vence, está bem? – Nao diz tirando a camisa, mostrando seu corpo bem definido.

– Hai. – Miya responde depois de sair de seus pensamentos pervertidos.

Já haviam 10 minutos que eles estavam ali lutando. Quem via de fora podia perceber que Nao estava pegando leve com Miya, que ao contrario dele estava dando tudo de si. Finalmente ela conseguiu pegar ele de surpresa e derrubá-lo, ficando sentada em seu abdômen e prendendo suas mãos ao chão.

– Acho que eu ganhei... – Ela sorri vitoriosa.

– Por mais que eu goste dessa posição em que você está, eu acho melhor acabar logo com isso. – Ele ri.

Rapidamente Nao inverte as posições ficando por cima de Miya, mas sem jogar seu peso contra o frágil corpo dela. Ambos estavam suados e com as roupas coladas em seus corpos.

– Acho que eu ganhei... – Ele diz com um sorriso de canto dando ênfase no “eu”.

Miya se debateu tentando sair de baixo dele, mas ele também havia enlaçado suas pernas nas dele, prendendo-as. Miya suspira, reconhecendo que tinha perdido.

– Ok, você venceu... – Ela faz um bico e desvia o olhar.

– Com licença! – Eles ouvem alguém falar e olham para a pessoa. Era Koichi que estava ali parado. Nao percebeu que ele estava irritado, mas Miya parecia não ter percebido.

Nao rapidamente sai de cima de Miya se sentando na grama.

– Você teve sorte dessa vez. – Miya diz para Nao ainda com o bico.

– Não foi isso que eu percebi... E se prepare para pagar a aposta hoje a noite. – Nao sorri se levantando. Ele pega sua camisa e sai dali.

Koichi ainda tentava entender o que estava acontecendo. Como assim pagar a aposta a noite? O que esse cara estava querendo com a sua Miya? Não sabia o que ela teria que “pagar”, mas não deixaria que nada acontecesse com ela.

– O que estava acontecendo aqui? – Koichi pergunta para Miya.

– Uma aposta. – Ela simplesmente diz.

– Que raios de aposta é essa? Vocês estavam lutando?

– Hai. – Ela diz um pouco assustada com a atitude de Koichi.

– E o que é esse tal de pagamento que você vai ter que dar a ele?

– Etto... eu não quero falar sobre isso... – Ela desvia o olhar.

Koichi estava se mordendo de raiva e uma parte de sua mente dizia que ele era um estúpido por nunca ter tido essa idéia. Só de pensar na Miya o agarrando daquele jeito, toda suada, com a roupa toda colada em seu corpo dando um ar sensual nela, aquele perfume doce tão perto... Ele fechou os olhos, mordeu os lábios e balançou a cabeça tentando tirar aqueles pensamentos de sua mente. Quando ele foi ver, Miya estava parada na sua frente o fitando.

– Kou-kun, você está bem? – Ela coloca a mão no ombro dele.

– H-hai. – Ele gagueja. – V-você não devia ir tomar um banho? – Ele desvia o olhar um pouco corado.

– É, eu vou tomar um banho rapidinho, só para tirar o suor. Afinal, mais tarde eu vou ter que pagar a aposta. – Ela dá de ombros e vai em direção a sua barraca.

Depois de pegar suas coisas ela foi para o banheiro. Koichi se sentou na grama e suspirou. Himari veio saltitando até ele.

– Kou-kun, por que você me deixou lá sozinha? Já está escurecendo. E fiquei com medo. – Ela diz manhosa se sentando ao lado de Koichi.

– Gomen Mari-chan, é que eu precisava ver uma coisa. – Ele se deita com os braços abertos, olhando para o céu.

– Kou-kun, o que aquela tal de Miya é sua?

– Ela é só minha amiga. – “Infelizmente” Ele pensa.

– Hum, que bom.

– Como assim que bom? – Ele arqueia uma sobrancelha.

– Nada não. – Ela diz se deitando com a cabeça no braço de Koichi.

Ele a olha e ela sorri. Himari vai chegando mais perto e abraça a cintura de Koichi. Ele toma um pequeno susto com os toques da garota e tenta se levantar, mas Himari o deita novamente.

– Etto... Mari-chan, a gente não devia...

Ela coloca o indicador nos lábios dele, fazendo-o parar de falar e se aconchega mais. Ficaram ali até escurecer. Nesse momento Miya sai do banheiro já tomada banho, com os cabelos presos em um rabo de cavalo e uma simples roupa. Quando ela vai chegando mais perto da barraca ela vê os dois deitados na grama.

– Que lindo. – Ela murmura entre os dentes, joga suas roupas sujas dentro da barraca e a fecha.

Koichi ouve Miya e rapidamente se levanta, jogando Himari para o lado.

– Mi-chan, não é o que você está pensando!

– Eu não estou pensando nada. – Ela diz seca. – E você também não me deve explicações. – Ela dá de ombros, saindo dali.

– Mi-chan... – Ele fica com o coração apertado. Nunca a tinha visto daquele jeito. Ela era sempre sorridente. Machucava vê-la assim.

– Kou-kun, não liga para ela. Logo logo ela vai estar sorrindo como sempre. – Himari coloca a mão no ombro de Koichi, tentando consolá-lo.

– Mas... – Ele respirava pesado e já ia correr atrás de Miya, mas Himari o puxou lhe dando um abraço.

Ele não retribuiu o abraço, só ficou ali parado, olhando para o nada.

Enquanto isso Miya andava para qualquer lugar dando passos pesados. De repente ela bate em alguma coisa, ou melhor, alguém.

– O que aconteceu Miya-chan? – Nao pergunta preocupado com o estado de Miya.

– Ah, nada demais. – Ela tenta disfarçar.

– Hum. Você não devia ficar andando por ai sozinha, já está de noite, é perigoso.

– Não se preocupe. Eu te mostrei hoje o quanto eu sou forte, não mostrei? – Ela diz dando um soquinho no braço dele.

– Hai! Hai! – Os dois começaram a rir.

– Vamos logo pagar a aposta? Se deixar para mais tarde eu vou morrer congelada.

– Claro, vamos lá.

Assim eles saíram, indo em direção ao lago.

...

Enquanto isso, Koichi, Himari e todos os outro que estavam ali acampando, estavam sentados ao redor da fogueira que haviam acendido. Os recreadores contavam historias de terror enquanto os outros esquentavam marshmallows e outras coisas no fogo. Todos prestavam atenção nas historias, menos Koichi, que estava pensando em Miya.

Himari olhou para ele e agarrou seu braço, encostando a cabeça no ombro dele. Ela tentava chamar sua atenção, mas não estava dando muito certo.

...

Miya já havia tirado suas roupas e ficado só de roupas intimas. Ela colocava a ponta dos dedos do pé na água gelada, tentando criar coragem para entrar. Nao, que estava segurando as roupas de Miya, a olhava sentado na areia que ficava ao redor do lago.

Finalmente ela criou coragem e se jogou dentro da água, mas logo depois de mergulhar, ela saiu correndo. Nao dava gargalhadas enquanto a via correndo em sua direção. Ela passava a mão nos braços tentando se esquentar.

– Nao-kun, me dê as minhas roupas! – Ela pede tremendo.

– Eu não.

– Onegai!

– Se quiser vai ter que me pegar. – Ele sai correndo.

– Isso não vale! Volta aqui! – Ela corria atrás dele rindo.

Eles correram gritando por um bom pedaço até que Miya tropeçou em seu próprio pé e caiu rolando na areia. Nao parou de correr e foi até ela. Ela estava deitada de barriga para cima e de inicio Nao pensou que ela estivesse chorando, mas quando chegou ao seu lado, viu que ela estava rindo, ou melhor, dando gargalhadas. Ele também começa a rir e se senta ao lado dela.

Passaram um tempo rindo até que a barriga deles começou a doer e eles pararam. Miya olha para ele séria e puxa a gola de sua camisa.

– Agora você vai ter que me ajudar a tirar a areia do meu cabelo senhor bonitão. – Ela o fuzila com os olhos.

– H-hai! – Ele responde um pouco assustado.

Miya o solta e se levanta. Coloca seu short e fica com sua blusa na mão e vai até o banheiro puxando Nao.

...

Koichi já estava com vontade de sair daqui. Se perguntava a toda hora onde estariam Miya e Nao. Ele não estava com um bom humor e ainda por cima Himari ficava se esfregando nele. Ele olhou para o lado e de relance, viu duas sombras indo em direção ao banheiro. Depois de conseguir se livrar de Himari ele corre até o banheiro. “Pode ser a Mi-chan” Ele pensa.

Ao chegar no banheiro ele ficou estático ao ver a cena que se passava ali. Miya havia acabado de escorregar e caiu em cima de Nao, levando os dois ao chão. O chuveiro jogava água em cima dos dois. Seus rostos estavam a centímetros um do outro e Miya estava corada. Koichi estava com os olhos arregalados.

– Nani...? – Foi a única coisa que saiu da boca de Koichi, fazendo os dois que estavam caídos o olharem.

– K-Kou-kun, não aconteceu nada demais... – Miya dizia se levantando.

Koichi somente se vira e sai dali. Miya vai atrás dele e segura seu pulso.

– Espera Kou-kun! Você viu que eu escorreguei não viu? Não aconteceu nada de mais.

– É eu vi que você escorregou... – Ele fita o chão.

– Então onegai, não fica assim! Fala para mim que está tudo bem.

– Não Miya, não está tudo bem! Me deixa... – Ele puxa a mão de volta e Miya o olha assustada.

Miya? Desde quando ele a chamava assim? A expressão de Miya muda para uma mais zangada.

– Quer saber? Eu nem sei por que estou preocupada com o que você pensa. Até agora a pouco você estava se agarrando com Himari-chan!

– Pois é, a Mari-chan estava me agarrando, mas pelo menos ela não sai agarrando qualquer um, como você estava fazendo!

– E o que você tem a ver com quem eu agarro ou deixo de agarrar?

– Pois é, eu não tenho nada a ver. – Ele se vira.

– Então vai lá agarrar sua amiguinha!

– Vou mesmo!

– Argh! – Miya chuta o ar irritada e sai dando passos pesados até sua barraca.

Koichi a olha indo embora e coloca a mão no rosto.

– O que foi que eu fiz?