Abri os olhos e ainda estávamos lá, dormindo no sofá, Bruno envolvendo-me em seus braços quentes, e eu com a cabeça recostada em seu peito ouvindo seus batimentos cardíacos.

Era tão bom ficar assim com ele.

Tentei não acordá-lo ao me levantar e surpreendentemente ele continuou dormindo - sempre que tento não acordar alguém, a pessoa acorda.

Fui até a cozinha ver a dona Bernie.

– Bom dia sogrinha. - eu disse sorrindo. Ah, como era minha vontade à anos dizer isso para ela. Ajudei-a nas torradas, sempre fui muito prestativa.

– Bom dia minha nora favorita! - ela disse me abraçando. - Sempre me ajudando né. - ela apertou meu nariz.

– Quem é essa? - disse me referindo à uma mulher morena, com cabelos curtos e olhos negros.

– Ér... - Bernie gaguejou. - A e-ex na-namorada do Bruno.

Fiquei pasma com aquilo.

– E o que ela faz aqui? - disse tentando não me alterar.

– Ela sempre veio nos visitar... É como se fosse da família.

– Qual seu nome? - perguntei olhano diretamente para ela.

– Mary. - ela falou baixinho.

– Sua idade é...? - eu me senti como em um interrogatório. Ela era a suspeita e eu o policial, tentando descobrir qualquer coisa que a entregaria como a culpada.

– 29. - falou no mesmo tom baixo.

Suspirei firmemente e tomei meu café totalmente calada.

Quando a "Mary" foi embora, fiquei encarando minhas torradas. Não queria parecer mal-educada nem nada, mas achei que foi melhor assim. Eu não me sentia bem.

– Olha Malu, me desculpa. - disse Bernie. - Eu sei que é difícil entender e tudo o mais... Eu sei que ama o Bruno e que quer protegê-lo, mas ela está conosco à anos, não podemos abandoná-la.

– Eu entendo. - disse colocando uma torrada na boca para não ter que falar mais nada.

Acho que o silêncio era apropriado para o momento. Eu não poderia ordenar que a dona Bernie expulsasse "Mary" de suas vidas. Eu não... podia...

Bruno se levantou e tomou café ao meu lado.

Bernie comentou sobre o que tinha acontecido com o filho, que logo me abraçou e disse:

– Calma Malu... Não me importo com as outras, eu amo você. - ele disse sorrindo.

– Disso eu sei. - falei baixinho. - Mas ela está tão próxima e é tudo tão estranho... - suspirei. - Eu não me sinto segura com ela por perto, parece que ela vai querer te roubar de mim, eu sei lá. - disse segurando as lágrimas.

– Tudo bem. - ele disse acariciando meu braço. - Ela não vem mais para cá, tudo bem assim?

– Não Bruno. A casa é da sua mãe, não minha. - eu disse olhando-o nos olhos. - Eu não quero privá-la do que ela tem direito.

– E o que eu posso fazer para você se sentir melhor?

– E-Eu não sei... - disse deixando uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

Bruno a limpou e me abraçou forte.

Na verdade, a Bernie bem que podia, sei lá, manter menos contato, a tal "Mary" poderia ficar longe do Bruno... Realmente não sei.

Dei um mergulho na piscina e a Dona Bernie veio falar comigo:

– Me desculpa qualquer coisa... É que a mãe dela realmente foi uma grande amiga e... - ela disse sorrindo tristemente para mim.

– Eu entendo... Eu que devo desculpas, fui uma idiota. - eu disse quase chorando de novo.

– Claro que não! Eu compreendo você... Mas ela vai ficar bem longe do Bruno e de você, assim está bom?

– Sim. - sorri. - Muito obrigada... Eu não sou insegura... É só que não me sinto bem. E desculpa o incômodo, nem precisa afastá-la se quiser, porque...

– Não! Nada disso. Ela vai ficar longe... Ela já tentou reatar o namoro com o Bruno e vai saber do que ela é capaz... E eu sei que você não é insegura meu anjo... Bem, bom mergulho. - ela disse se levantando.

Bruno estava tomando um sol e ouviu tudo.

Depois deu um mergulho também.

– Hey! Vamos brincar de briga de galo? - ele disse super animado.

– Claro! Claro! - disse entusiasmada.

Bruno chamou Eric e Cindia para brincar com a gente, Liam ficou com a vovó Bernie olhando a gente quase se afogar na piscina.

– QUE COMECE O 1º ROUND... AGORA! - falei bem alto para que todos ouvissem.

Mentira, eu gritei mesmo.