Capítulo 5

Wunsch

Magdeburg, Alemanha.

Mansão Kaulitz...

Tom e Georg estavam na sala de jogos quase se matando no Guitar Hero IV enquanto Gustav assistia, esperando sua vez.

De repente...

Hast du etwas Zeit für mich / Dann singe ich ein Lied für dich / Von 99 Luftballons / Auf ihrem weg zum Horizont...

- BILL, O SEU CELULAR TA TOCANDO!! – Tom gritou sem tirar os olhos da tela.

Denkst du vielleicht gerad' an mich / Dann singe ich ein Lied für dich / Von 99 Luftballons / Und das sowas von sowas kommt... (1)

- BILL!!!

- Calma, Tom já to aqui – disse o mais novo entrando na sala de jogos e pegando o celular em cima da mesinha. – Alô?

- Bill, aqui é a Patrícia, da editora “Rebirth”(2).

- Ah! Oi Patrícia, o que tem, para mim?

- Aquela escritora que você gosta veio aqui hoje para publicar um novo livro. O título é “Lágrimas de Sangue”, quer que eu leia o prólogo para você?

- Nem precisa, pode mandar um exemplar para mim. Conseguiu o que eu pedi?

- Ela não quer uma sessão de autógrafos. Disse que se eu mandasse alguns exemplares, ela autografava sem problemas, mas não ia aparecer em público, e não deixou que eu publicasse sua imagem.

- Ah que pena... Queria tanto saber como ela é... E ela aceitou o meu patrocínio?

- Não, ela nem quis saber quem era.

- Mas que mulher difícil! É pedir muito eu conhecer o rosto da minha escritora favorita? Minhas fãs conhecem o meu rosto, é pedir muito??

- Eu... não devia fazer isso, mas tem uma câmera na minha loja. Se quiser, quando vir até aqui eu te mostro o filme... E todo mês ela vem aqui para recolher as cartas e responder, você pode encontrá-la.

- Jura? Eu vou sim. Pede para ela autografar o meu exemplar, eu vou aí buscar. Quando fica pronto?

- A publicação sai em duas semanas.

- OK, obrigado Patrícia.

- Sempre às ordens Bill.

O rapaz desligou o celular e ao olhar pra frente, deparou-se com três pares de olhos fitando-o curiosamente.

- Que foi? Não posso mais falar no celular? – o vocalista perguntou enquanto guardava o aparelho no bolso de trás da calça.

- Quem você quer tanto conhecer, Bill? – Georg perguntou mal contendo a curiosidade.

- Uma escritora que eu gosto muito.

- Ah não – Tom rolou os olhos – a tal “Deusa da Lua” de novo não!

- Deusa da Lua? Aquela escritora que nunca mostra o rosto? – Gustav arqueou uma sobrancelha e diante da afirmação de Bill, abriu um discreto sorriso – Eu já li um livro dela. A garota é boa.

- Bill tem todos os livros dela. Deve dar uns 3 ou 4 ao todo – disse Tom.

- Quatro, e o quinto já está encomendado. Vou voltar para Berlim daqui a duas semanas.

- Eu vou com você, não tenho nada melhor pra fazer mesmo... – disse seu gêmeo ajeitando o boné – E também preciso comprar uma guitarra nova.

- Outra? Tom, você tem mais de 20 guitarras! – disse Georg.

- Guitarra é igual mulher, nunca é demais – disse o guitarrista com um sorriso maroto.

- Aff! Você não tem jeito mesmo! – disse Bill.

Enquanto isso, em Berlim...

- Ai que saco – Alexia entrou na casa e jogou-se no sofá.

- O que aconteceu? – Sel perguntou sem tirar os olhos da tela do computador.

- O Leanf querendo me encher a paciência de novo! O cara matou um gato dessa vez!

- Alexia, você tem uma paciência dos Deuses. Se fosse eu já tinha mandado todos para o inferno.

- Tenho que ter né? O que está escrevendo? – perguntou levantando-se do sofá e olhando para a tela do computador.

- Por enquanto nada... Estou sem idéias.

- Descansa, você acabou de editar mais um livro, alguns dias sem fazer nada vão te fazer bem... Eu também preciso de férias.

Selene olhou contrariada para a página em branco à sua frente e após respirar fundo, desligou o computador. Talvez Alexia estivesse certa.

- Tem certeza? – perguntou a moça de cabelo vermelho fosforescente enquanto falava no celular – Ok, eu vou estar lá... Não, não se preocupe, seu nome não vai aparecer... Claro, obrigada pela informação, Patrícia... Até mais.

Passaram-se duas semanas. Tudo parecia correr nos conformes, Alicia não tinha dado sinais de vida, ataques por morcegos hematófagos eram causados toda noite e Sel, com a recente estréia do seu livro tinha conseguido o tempo para si.

Alexia tinha combinado com a amiga encontrarem-se no seu escritório para irem jantar, tinham decidido fazer uma espécie de banquete para celebrar o recente êxito da escritora “Deusa da Lua”.

Era de noite, deixando as ruas dos arredores de Berlim parecerem sombrias, Selene movia-se com graciosidade e com uma rapidez um pouco fora do normal. Ao longe, conseguia ouvir o som das inúmeras discotecas que se estendiam por uma rua sem fim.  Agradeceu por não tr que passar pelo meio daquelas pessoas todas, o que só aumentaria a fome e o descontrole, mas não conseguiu conter um suspiro quando parou de ouvir sons de todos os tipo provenientes dos estabelecimentos que as pessoas escolhiam para se divertirem um pouco.

Entrou numa rua estreita que daria num parque infantil que àquelas horas da noite, se encontrava desabitado.  Situava-se numa zona dominada por pequenas, mas acolhedoras casas, com famílias unidas e felizes, tal como ela tinha tido ha muito tempo, fazendo com que a saudade que se revelava esquecida, aparecesse, provocando-lhe um desejo de se sentar num banco, no silencio da noite, escondida dos olhares curiosos e pensar em seu passado.

Por vezes um carro passava iluminando o seu rosto e um deles foi estacionado dentro da garagem de uma das casas, saindo um dele homem que enquanto fechava os portões, a porta da casa abriu-se revelando duas crianças a correrem para os seus braços, felizes sem preocupações.

- Odeio crianças… - murmurou para si mesma, levantando-se. Inspirou o ar da noite sentindo vários odores… Uns detestáveis, outros indiferentes, alguns agradáveis e outros… Um desejo incontrolável e uma onda de desespero invadiu-na.

- E outros irresistíveis… - disse completando o seu pensamento.

O cheiro que a tinha cativado era fraco, mas não diminuía o seu desejo. Já o tinha sentido, sabia onde e a quem pertencia. Era impossível esquecer o rapaz de cabelos pretos que lhe tinha sido apresentado do dia do show que Ally tanto insistiu pela sua presença.

Continua...

(1): O começo da música “99 Luftballons” da Nena.