Wunsch escrita por Tsuki no Taiga, Alexia Jo


Capítulo 6
As cartas na mesa, parte I


Notas iniciais do capítulo

outro capitulo on. . . Tanks pelos comentários... fazem com que eu e a Carol tornemos cada capitulo melhor do que o outro. . . BOA LEITURA!!!!



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Selene tinha a certeza de uma coisa: teria que sair dali antes de fazer alguma loucura. O passo apressado que antes utilizava, transformou-se numa corrida frenética que só acalmou quando a distância ao escritório da Alexia diminuiu.

Em menos de um minuto, ignorando o elevador, já estava no quarto andar, onde ficava o escritório de Alexia.

A ruiva encontrava-se sentada sobre a mesa como se estivesse à espera da chegada atribulada da amiga, que irrompeu pela porta sem qualquer piedade.

- Que aconteceu, Sel? Parece que viu um fantasma.

- Senti o cheiro de alguém que brevemente será, se continuar em Berlim – disse moça de cabelos castanhos apoiando as mãos sobre a mesa e abaixando a cabeça – Aquele cara de cabelo estranho que a Ally nos arrastou para o show... Acho que o nome é Bill Alguma-Coisa.

- Kaulitz, Bill Kaulitz – disse Alexia levantando-se e tocando no ombro da amiga – Calma passou, vamos caçar, vai melhorar depois. E ele não deve ficar aqui por muito mais tempo.

- Vamos... – infelizmente a voz de Selene saiu mais vacilante do que ela desejava.

A caçada correu melhor do que elas esperavam. Perto da zona de discotecas, numa rua iluminada por um único poste, encontrava-se um grupo de cinco jovens já possuídos pela bebida. Não foi muito difícil, mas também não foi muito divertido. Eles limitaram-se a se aproximar das predadoras tentando a sua sorte. Não houve perseguição nem gritos. Num momento eram cinco jovens cheios de vida e talvez com um futuro brilhante, no outro, eram cinco corpos ainda quentes com um sangue delicioso.

- Por hoje já chega. – anunciou Selene. - Não devemos fazer muitas vítimas, morcegos não secam uma pessoa, quanto mais cinco.

- Pelo menos eles atacam em bando, mas eu concordo. Vamos embora. – disse Alexia.

As duas abandonaram o lugar, satisfeitas, e deixando os corpos ao relento.

- Sabe o que eu estou com vontade de fazer? – perguntou a escritora, fazendo a atenção da amiga fixar-se em si. - Estive pensando no meu passado...

- Sabe que devemos esquecê-lo. - cortou a ruiva.

- Eu sei! – declarou a outra. - Mas por quê que não matamos saudades?

- Como assim?

- Eu gostaria de ir numa boate... – confessou, fazendo Alexia torcer o nariz. Sabia o quanto era arriscado ir para um lugar cheio de pessoas.

- Sel, acho que hoje já matamos o suficiente.

- São saudades Alexia, não são pessoas.

- É arriscado...

- Só que desta vez eu vou com ou sem você. – Selene avisou decidida.

- Eu não vou te deixar ir sozinha. – a amiga respondeu incrédula.

- Então mexa-se, não temos tempo a perder. Até já sei a qual quero ir. - declara a escritora avançando à frente da advogada.

- Se acontecer alguma coisa, a culpa é sua...

Não demorou muito até o som dos vários ritmos provenientes das discotecas as alertarem que estavam chegando...

- Tem muita gente... –Alexia queixou-se.

- Para de ser estraga prazeres! Só vamos ficar lá um pouquinho, depois voltamos pra casa, ok? - disse Selene unindo as mãos como sinal de suplica e provocando fortes gargalhadas na amiga.

- Essa imagem fica linda em você. Tem tudo a ver contigo xDD - ironizou a ruiva.

- Funciona com os humanos – a escritora disse casualmente entrando na boate.

- Será que servem sangue com alguns cubinhos de gelo e um pouco de vinho do Porto? – perguntou a advogada.

- Acredito que não. Não é uma iguaria muito popular nem muito apreciada pelos os humanos. – a outra respondeu de forma irônica. - Que tal irmos para dançar?

- Tudo bem.

A pista de dança estava cheia e a euforia era excessiva. Sel e Alexia divertiam-se como a muito não o faziam, por momentos esqueceram-se de todos os seus problemas desfrutando de uma espécie de paz que muitos desconheciam.

Mas, contudo, entretanto e todavia, tal como elas próprias aprenderam com a sua vida e com a sua morte, tudo que parece ser bom demais pra ser verdade realmente só parece. Não demorou muito para os seus instintos ficarem em alerta máximo ao sentirem um cheiro tão conhecido.

- Mas que diabos! Isso já virou perseguição, não é possível! – Sel reclamou.

- Isso porque teoricamente nós que deveríamos persegui-los.

- Vamos embora.

- Mas... – Alexia já estava gostando de se divertir, não queria ir embora tão cedo.

- Nem “mas” nem meio “mas”. Vamos embora, eles estão se aproximando – declarou a jovem de cabelos castanhos sentindo o cheiro mais próximo.

Mas de repente, um garoto de pele clara com as faces rosadas surgiu na frente de advogada e olhava para os seus olhos com um sorriso enorme.

- Lentes legais! Onde as...

- Desaparece! - Selene rosnou empurrando o rapaz para longe. - Os seus olhos estão vermelhos. Rápido, não temos tempo a perder.

Alexia e Selene apressaram-se para a saída onde o ar fresco da noite acariciou-lhe os rostos, mas ao contrário do que pensavam, em vez de o cheiro que lhes despertava um desejo incontrolável se dissipar, apenas se tinha aumentado. E Selene percebeu que seus pensamentos eram os mesmos que os de Alexia.

- Controle-se Alexia, o pior ainda está para vir. – ela avisou, e a ruiva apenas entendeu o que a amiga disse ao avistar os dois rapazes que se virem em sua direção.

- Sel... - suplicou.

- Não faça nada que nos venhamos a nos arrepender – a escritora respondeu rispidamente, mas no fundo sentia-se triste. Sabia que a culpa era sua, foi sua ideia ir à boate, e agora estavam naquela situação.

- Hei! Vocês são as garotas do camarim! - exclamou o rapaz de dreads.

- Culpadas. - respondeu Alexia com um azedume notado na voz.

- Só queríamos pedir desculpas – disse Bill olhando envergonhado para o chão.

- Desculpas? Pelo quê? - perguntou Selene olhando para o rapaz de cabelos negros sem entender nada.

- Bem... O Bill pensa que nós fizemos alguma coisa que não agradou vocês.

- Por que pensam isso? - perguntou a advogada tentando esconder os punhos cerrados.

Estava sendo difícil e doloroso para ambas. O cheiro queimava suas narinas e incidia por seus corpos como uma droga que as fazia querer mais e mais. Estavam próximos demais e o controle estava se esvaindo, precisavam sair dali o mais rápido possível.

- Vocês pareciam um pouco bravas, no dia da entrevista... – disse Bill ainda sem olhar para elas.

- Como estão agora. – disse Tom apontando para os punhos cerrados da ruiva.

- Nós... Er... Gostaríamos muito de ficar e continuar conversando, mas temos que ir. Trabalhamos amanhã. – disse Sel pegando no punho da amiga e puxando-a.

- Mas amanhã é sábado - os gêmeos disseram em uníssono.

- Não existe sábado, domingo e nem feriado para profissionais como nós. – disse Alexia.

- Ah gatinha, a noite é uma criança – Tom disse enlaçando Alexia pela cintura e puxando-a para si. – E nós também – completou com um sussurro rouco em seu ouvido.

As vampiras prenderam a respiração. Sabiam o que se seguiria.

O autocontrole de Alexia esvaiu-se, seus olhos, antes apenas vermelhos, tornaram-se escarlate e seus caninos começaram a crescer.

- Tom, tenha modos – disse Bill mexendo-se desconfortavelmente.

- Não enche maninho.

A advogada capturou os lábios do gêmeo mais velho e iniciou um beijo voraz e insano, as línguas entrelaçavam-se em uma ágil e sensual dança.

Sua excitação era tamanha, que Tom não percebeu que a mulher em seus braços era fria como mármore.

Selene observava perplexa a cena. Sabia que aquilo não ia prestar, e era tudo culpa sua! Olhou do lado e percebeu que Bill estava pálido e suando. Arqueou uma sobrancelha em sinal de confusão. Tinha algo errado com ele...

Alexia desceu os lábios para o pescoço do guitarrista e preparou-se para mordê-lo.

O movimento que se seguiu foi rápido demais para ser visto. Bill puxou o irmão com força, fazendo-o cair no chão ficando na frente da vampira ruiva. Selene preparou-se para avançar contra o moreno, mas parou ao encontrar seu olhar.

Os olhos cor âmbar do cantor a enfeitiçaram. Até então nunca tinha olhado em seus olhos, foi então que teve uma sensação de desconforto.

- Não a deixe fazer mal para o Tom, por favor – Bill suplicou olhando-a com os olhos começando a marejar.

Mecanicamente, Selene puxou Alexia pela blusa e saiu dali com uma velocidade surpreendente.

Mal sabiam eles que uma lente fotográfica capturou a cena inteira.

 

Ao chegar em casa, Selene trancou a porta e encostou-se nela, deixando-se escorregar até o chão de mármore e pela primeira vez, Alexia pode ver terror em seus olhos.

- Selene, eu exijo saber o que está acontecendo com você! – disse Alexia com voz autoritária – Te conheço há mais de 200 anos e você nunca foi assim! Primeiro a boate, e agora isso?

- Alexia, eu preciso pensar, OK? Me dá só um minuto. – a escritora disse respirando fundo e fechando os olhos, ficando assim por alguns instantes.

- Então - a amiga cobrou – Estou esperando.

- Ele é... Puro...

- Como?

- Aquele garoto de cabelo espetado. Os olhos dele... Eu não podia suportar vê-lo amedrontado, e por minha causa! Eu não era capaz de feri-lo! Nunca tinha visto olhos como aqueles... Ele é puro Alexia, tenho certeza!

- Como pode ser possível? – a ruiva fitava a amiga de modo incrédulo – Não existem pessoas assim nesse século, elas foram extintas há séculos! Além do mais você nem viu se ele tinha a marca!

- Também não deveriam existir vampiros, no entanto estamos aqui! Admita, Alexia, é possível que alguém tenha sobrevivido àquele massacre que aconteceu na Transilvânia em 1659! E eu não vi a marca, mas sei que estava lá, eu não fiquei louca, ele percebeu o que você era, que outra explicação você dá?

- Não sei... Mas como vamos ter certeza se esse garoto é puro? Devíamos matá-lo Selene. É uma ameaça para pessoas como nós.

- NÃO! – a escritora gritou de repente assustando a amiga – Ele... Não é uma ameaça... Eu sinto... Eu...

- Você está estranha. Acho que no fim das contas vir para Berlim não foi boa idéia.

- Não se preocupe, Alexia. Mais cedo ou mais tarde isso ia acontecer com ela, e com você também – ressoou uma voz grave que parecia vir de todos os cantos da casa, até que a silhueta de um belíssimo homem de longos cabelos negros, olhos violeta e pele extremamente branca surgiu das sombras – Está na hora de eu contar uma coisa a vocês.

- Emmus! – as duas disseram em uníssono.

 

Continua...


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