Wunsch escrita por Tsuki no Taiga, Alexia Jo


Capítulo 27
O Início




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Capítulo 27

O Início

 

Vincent guiou os gêmeos para um andar subterrâneo. A temperatura era muito baixa, a cor cinza predominava e a atmosfera era sombria.

O corredor era longo e não haviam curvas. Era reta para terminar em uma grande porta de aço maciço com enormes dobradiças e um majestoso dragão entalhado.

Vincent tinha uma postura ereta que emanava poder e determinação. Os gêmeos vinham logo atrás, meio temerosos e olhando para todos os lados. Tom era o mais assustado e seguia quase grudado em Bill, mas não estava com medo, apenas viu o lugar mais lindo que já tinha visto transformar-se completamente.

- Aqui em baixo as condições de temperatura, pressão e luminosidade são próprias para o treinamento – disse Vince – Não vou exigir muito de você, Bill, até porque eu não sei até onde vai a sua resistência – continuou ao abrir a porta de aço – Começaremos com algo bem leve.

As luzes foram acesas. Não tinha nada naquela sala. Absolutamente nada. As paredes, assim como o teto eram de pedra e algumas argolas pendiam de ambos, na junção com a parede havia uma grande falha, suficientemente grande para abrigar um humano adulto e robusto. No meio da sala havia um muro de pedra idêntico à parede e entre o dois tinha um colchão inflável.

- Bill, sua missão é: usando o que você tem aqui, chegar até àquela falha. Esse exercício é para desenvolver sua capacidade dedutiva e sua coordenação motora – disse o vampiro.

- Mas e tenho medo de altura – o cantor respondeu temeroso.

- Vai ter que perder.

 

XXXXX

 

Apesar dos aposentos de Selene não serem muito longe dos dela, Alexia foi o mais rápido que a sua raça permitia não chamando a atenção de ninguém.

A porta não estava trancada, facilitando o trabalho da vampira que logo entrou no quarto da amiga.

As longas cortinas dificultavam a entrada de claridade naquela divisão deixando entrar pequenos feixes de luz que criavam formas abstratas sobre a colcha delicada da enorme cama, perlongando-se pela parede.

Alexia precipitou-se para a mesa vitoriana coberta de papéis e lápis espalhados. Apesar da escuridão que estava naquele quarto, os olhos da ruiva conseguiam ler perfeitamente as letras gravadas naquelas folhas. A escritora tinha espalhado por todo o lado, ideias para um novo livro ignorando qualquer tipo de arrumação que conhecia.

Esquecendo-se da sua busca, com uma cara de quem clama paciência, Alexia levou as mãos à cintura abanando a cabeça em reprovação.

- Nunca muda…– resmungou para si mesma.

Selene podia ser a vampira mais organizada que poderia existir, mas quando tinha uma ou mais ideias para um novo livro, até esquecia o que significava arrumação.

Com um flash de memória, Alexia ajoelhou-se logo, apalpando às cegas a parte inferior do tampo da mesa. Ao sentir a textura de um novo papel e de uma tira de durex, a vampira não conseguiu conter que um sorriso vitorioso se formasse nos lábios.

Arrancou as fotos com um movimento rápido e silencioso pousando-as sobre a cama de modo que pudesse ver todas ao mesmo tempo.

Tudo parecia normal, conseguia-se ver a barriga pequena aumentando de meses para meses naquelas fotos, pelo menos isso era o que os mais desatentos diriam. Tudo parecia bem, a barriga parecia perfeita, não havia enganação. No entanto, as datas apresentadas no canto inferior direito, contrariavam quaisquer leis da natureza.

Jeanne Du Pont fora apanhada, e com isso a vitória no tribunal pertencia-lhe.

Ao precipitar-se para o corredor à procura de Tom, Alexia não conseguia parar de pensar sobre tudo o que estava a acontecer e isso dava-lhe vontade de saltitar  pelos corredores com um sorriso patético nos lábios. Sentia-se a mais poderosa, como se nada a pudesse vencer.

Com as fotografias no bolso da calça, passos apressados, porte altivo e um sorriso malicioso nos lábios, a ruiva seguia para as escadas que a levaria para o subsolo, onde Bill deveria estar treinando com Vincent.

“Faz melhor, Klaus”.

 

XXXXX

 

Bill caía muito, em certos momentos chegava até mesmo perto da fenda, mas sempre tinha uma tontura e caía. Tom, que no começo ria bastante, começou a achar que aquilo tinha perdido a graça.

- Vincent, você não pode mostrar a ele como se faz? – o gêmeo de dreads virou-se para o vampiro.

- Não. Ele não vai ter ninguém para lhe dizer como fugir ou como lutar quando for preciso. Ele tem que saber fazer isso por si mesmo.

- Ao mesmo dê uma dica.

Vincent pensou por um instante, e por fim, cedeu.

- Bill – chamou tendo a atenção do Puro para si – Tente fazer isso de um modo que ninguém pensaria em fazer. Use tudo ao seu redor, essas coisas estão aí por algum motivo.

Por um bom tempo, Bill analisou a situação por um bom tempo, mas nada lhe vinha a cabeça. Tom fez a mesma coisa, e teve melhor sorte do que o irmão.

- Bill, as argolas aguentam com o seu peso? – o guitarrista perguntou. Bill olhou para uma delas e pendurou-se – Ótimo. Tente usá-las.

Bill demorou um pouco para perceber, mas o que o irmão disse tinha sentido. Tomou distância no colchão inflável e pulou na argola mais alta que conseguiu. Felizmente sua força já estava bem desenvolvida, deu um impulso com os pés e tentou alcançar a outra parede, mas caiu.

- Muito bem. É assim mesmo que você vai conseguir subir. – disse Vincent.

Bill já estava cansado de cair, mas tentaria de novo.

- Tom. – a nova voz fez com que todos olhassem em direção à porta. Alexia aproximava-se. – Preciso falar contigo.

Tom desencostou-se da parede afastou-se da área de treinos.

- Sim. – ele concordou. – Aquela conversa ficou pendente. – Alexia contraiu o rosto. Era um dos assuntos a que não se importava de fugir.

- Não é sobre isso, é muito melhor. – avisou Alexia surpreendendo o guitarrista.

- Melhor? Como o quê?

- Como ter provas suficientemente capazes de te livrar das acusações de Jeanne Du Pont.

Alexia sorriu, satisfeita com a expressão incrédula de Tom. Bill, devido à sua audição apurada, conseguiu ouvir tudo, pedindo a Vincent um pequeno intervalo.

- Alexia! – chamou, encaminhando-se para os dois controlando-se para não correr. – É verdade, isso que contou? – Alexia assentiu aumentando o seu sorriso que já era difícil controlar.

- Sim, tudo está…- parou. Hora de se vingar da Selene on! - Sabe Bill, por que você não pergunta à Selene? – o vocalista ergueu uma sobrancelha, desconfiado.

- À Selene? Por que à Selene?

- Bem… - hesitou encolhendo os ombros de modo dramático. – Tenho a certeza que ela adoraria te explicar.

- Adoraria me explicar?? – Bill aproximou-se prestando mais atenção à conversa. – Quando você diz adorar, significa adorar, mesmo adorar? – aquela vampira só podia ser bipolar, não era possível!

- Bill, que eu morra agora se isso for mentira. – a ruiva disse seriamente. Bill sorriu de esguelha tentando controlar-se. – Foi ela que me falou sobre as fotos... E eu não devo te incomodar nos treinos, não é Vincent?

O vampiro, já percebendo a estratégia um tanto maldosa ma amiga, lançou-lhe um lugar zangado.

- Prefiro não comentar… - respondeu com voz áspera.

- Vê? – Alexia deu um toquezinho leve no ombro do Bill. – Ele concorda. – o seu sorriso tornou-se perfeito. – Fazemos assim, você termina o treino e depois… Telefona à nossa querida Selene. – olhou para cima do ombro de Bill. – Não é Vincent? – a sua resposta foi um olhar reprovador. – Óh! Também concorda!

- Não sei… - respondeu hesitante lembrando-se das palavras ásperas da escritora. – Mas vou pensar. Juro que vou pensar. – prometeu voltando, mais animado, para perto de Vincent.

Satisfeita com o resultado, Alexia virou-se para Tom com as mãos juntas.

- Então? Vamos? – o guitarrista olhava-a com os olhos semicerrados com uma expressão um tanto desconfiada.

- Por que será que eu sinto que você não foi totalmente sincera com o meu irmão?

- Disparate! – soltou uma pequena gargalhada. – Vamos? – Tom assentiu de forma hesitante, começando a andar.

 

Cluj-Napoca, Transilvânia, noroeste da Romênia...

 

Selene e Kirian haviam usado sua velocidade anormal para correrem de Bucareste até a metrópole Cluj-Napoca, capital da Transilvânia, onde se localizava a mansão de Markus. Normalmente teriam ido de carro, mas tinham pouco tempo.

Estavam na frente da mansão de Markus e Kirian acabava de falar no celular com alguém.

- Pelos fundos. Meu espião está nos esperando – disse apontando para o lado esquerdo.

Deram a volta e encontraram o espião que Selene descobriu chamar-se Andrew. Com a ajuda dele, desvencilharam-se das câmeras e conseguiram entrar na fortaleza.

Ele tinha cabelos pintados de verde, repicados e arrepiados. Pele corada, o que denunciava que era um humano, olhos castanhos e 1,70 de altura.

Andrew guiou-os pela mansão. Escondendo-se, por vezes de funcionários.

- Kirian, foi bom você ter aparecido rápido – disse o espião – Eu tenho um material para você ver.

- Ótimo, Andrew. Vou aproveitar que estou aqui e vou instalar as câmeras.

- O Markus sai todas as tardes e volta quase à noite. Você tem esse tempo, mas...

- Seria bom que alguém o seguisse – Selene e Andrew terminaram juntos – Eu vou.

- Tem certeza? – Kirian perguntou, olhando para a companheira, vendo-a assentir – Tudo bem então.

- Vocês vão ficar no andar de cima, no quarto dos empregados, tem alguns vazios, você podem usar dois deles, mas sejam discretos, ninguém pode saber. Tem pessoas por aqui que não são confiáveis.

 

Continua...


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