Fairy Tail! Aratana Densetsu! escrita por Maya


Capítulo 73
A Magia do Criador


Notas iniciais do capítulo

Yooo pessoas. Cá estou, enfim.
Esse acabou sendo o maior capítulo do arco até agora e não faço a menor ideia de como isso aconteceu. Sinceramente, não esperava por isso. Mas eu gostei do resultado e espero que vocês também curtam :)
*ficha do Issei disponível, ficha da Nadeshiko a caminho*
*desenhos de Ace e Felicity postados no blog*



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Aquela Juvia conseguia ser o ser mais triste e assustador que Yui já vira. E o pior era que ela não fazia nada; simplesmente permaneceu parada ali, no meio da chuva, com bolhas de água branca de tamanhos variados a circulando. Mas só sua presença emitia uma onda de terror e Yui não podia deixar de se sentir intimidada pela figura.

Mas Juvia parecia estar bem alheia a tudo. Na verdade, ela nem parecia prestar muita atenção na presença de Yui. Era como se seu desafio nunca tivesse sido feito.

– Juvia-san... Você ouviu o que eu disse? – Perguntou uma receosa Yui. – Eu te desafiei. Para lutarmos.

– Hm? Ah sim... A estranha quer lutar com Juvia. Muito bem...

As bolhas ao seu redor pararam no ar e se fundiram diante de Juvia. As gotas de chuva só a davam ainda mais forma. Yui tentou não deixar que sua curiosidade a fizesse baixar a guarda.

Francamente, a garota esperava que a bolha avançasse bem devagar. Aconteceu o oposto: com um movimento de mão, Juvia fez a bolha disparar na direção de Yui como uma bala. Ela atingiu a assustada maga com força e produziu um estalo, e Yui caiu sentada no tapete fofo de neve.

– A estranha já terminou? – Perguntou a moça. – Juvia pode ir agora?

– O quê? Não! Só porque eu te entendi e que quero te ajudar, não significa que eu vá te deixar ir embora sem lutar. Eu te desafiei – ela repetiu. – Estava esperando uma luta séria de ambas as partes.

Juvia suspirou.

– Certo... Se Juvia lutar a sério, a estranha vai embora para que Juvia volte a seu lugar?

– Ah... Claro. Se você lutar a sério, eu te ajudarei a voltar.

Por um momento, o silêncio se instalou entre as duas e o único som que restou foi o das gotas finas da chuva caindo nas árvores e no chão. Até Juvia estender o braço e transformar sua mão num chicote de água esbranquiçada.

Water Cane.

Yui nem teve reação. O chicote estalou em seu quadril e empurrou a garota para o lado. Se desfez no meio do ar.

– A estranha está satisfeita?

– Não – grunhiu Yui

– Hm... Será que a estranha poderia se levantar e lutar a sério? Juvia está com pressa.

Certo, aquilo estava começando a deixar Yui irritada. Teve vontade de dizer seu nome e pedir que Juvia parasse de chamá-la de estranha, mas se deteve ao perceber que era muito provável que isso não ajudasse em nada.

Yui tirou das costas o mal usado arco e postou nele uma flecha. Esperou que ela se cobrisse pela água que criou e a disparou. A água foi ficando mais volumosa e ganhando forma: asas nas laterais, o bico na frente se unindo à ponta da flecha. O pássaro de água bem azul, quase brilhante, voou a toda velocidade até Juvia.

Brave Blue!

Porém a magia passou através de Juvia sem lhe causar nenhum dano, espalhando apenas a água do pássaro e a do próprio alvo.

– Isso não pode machucar Juvia – falou a própria. – Juvia é feita de água. A estranha só pode fazer isso?

– Não! – Gritou Yui. E não se conteve mais: – E pare de me chamar de estranha!

Ainda com o arco na mão, a jovem avançou até a oponente. Esta nem se preocupou em se esquivar ou se defender, e essa segurança – ou apenas indiferença – deixava Yui ainda mais nervosa.

A garota se aproximou de Juvia e girou para acertar um chute com o calcanhar. Seu pé atravessou o corpo da veterana e Yui teve a estanha sensação de sentir a água que formava seu corpo. Mas, dessa vez, ela não estava ali para mais um ataque físico em vão: quando seu pé já saía do corpo da adversária, usou sua magia para puxar a água branca que saía de seu quadril. A dominou e a puxou com as mãos, como se fosse uma corda que podia usar para prender Juvia.

O rosto desta, contudo, permaneceu impassível.

– Juvia não acha que essa seja uma boa ideia.

Yui nem precisou perguntar. Na mesma hora uma forte dor de cabeça a atingiu e ela automaticamente fechou os olhos. Foi quando várias imagens passaram por sua mente: muita chuva, pessoas fugindo, um corpo estirado e sangrando a sua frente... A cada imagem mais forte ficava sua dor. Yui recuou com as mãos na cabeça, sentindo o corpo todo tremer enquanto a dor e o medo se espalhavam dentro de si.

– A água de Juvia está contaminada – disse Juvia. – Se a estranha tocar nela, ficará contaminada também.

– O que... O que são todas essas cenas?

A mulher inclinou a cabeça para o lado.

– Juvia também quer saber. Essas cenas passam por Juvia e a machucam, mas Juvia não sabe o que elas são.

Em meio à terrível enxaqueca, algo ocorreu a Yui.

– Juvia-san, e se essas cenas forem suas memórias? Digo, memórias de quando você estava viva. Talvez elas tenham passado para seu espírito, ainda que você não saiba exatamente o que são.

Yui ficou a observar a reação de Juvia. Esperava que ela ficasse confusa, ou, o que era mais provável, que ela continuasse impassível. O que ela não esperava era que a expressão indiferente de sua oponente se fechasse numa feição de pura raiva. Juvia literalmente rosnou e, sem dizer nada, soltou o guarda-chuva ao mesmo tempo em que o temporal parava. Juvia deu um passo para trás e pulou novamente para frente, transformando todo seu corpo em água que, a julgar pela fumaça que soltava, estava muito quente.

Yui se jogou no chão, mas ainda assim a água escaldante em que Juvia se transformara a pegou de raspão. Deu pra sentir a queimadura no meio de suas costas. Repassou mentalmente o que tinha dito repetidamente e não encontrou nada que pudesse justificar essa raiva de Juvia – nada que pudesse justificar a raiva de qualquer pessoa em seu juízo perfeito.

A Juvia aquática deu a volta e avançou pela segunda vez contra Yui, que já se erguia. Dessa vez ela pulou pro lado para não ser atingida. Foi aí que avistou a origem da água escaldante de Juvia: seu corpo não tinha se tornado aquilo sozinho, e sim com a ajuda da água contida na neve. Teve uma rápida vontade de rir. “Quase tão contraditório quanto o cara do Yin-Yang”.

Enquanto Juvia dava outra volta, Yui pulou para o ponto de origem de sua água e enterrou as mãos na neve. Esperou que a oponente chegasse mais perto para ativar sua magia: levantar ali um paredão água. Os fios de fumaça que saíam desta indicavam a baixa temperatura.

– Isso não adianta! – Gritou Juvia. Mas Yui se manteve firme.

A moça de água fervente já estava chegando perto do paredão quando a água líquida se transformou em sólida. Estava pronto.

Absolute Zero.

O gelo estava numa temperatura tão baixa que sua criadora mal conseguia ver através dele; só soube que Juvia tinha o tocado porque o som do jorro de água que seu corpo liberava parou. Yui sabia que no outro lado do paredão sua oponente ia se prendendo num gelo tão gelado que nem sua fervura poderia combater.

Já estava se permitindo ficar aliviada quando o paredão explodiu.

Não houve muito tempo para Yui registrar o que aconteceu. Pedaços do gelo tão frio que chegava a atingir o zero absoluto se espalhavam no ar e se derretiam antes mesmo de chegar ao chão. Uma onda de água escaldante – certamente mais quente que a anterior – girava ao redor de Juvia, que tinha voltado a sua forma normal e agora parecia ter atingido o nível máximo da raiva. Aquele nível que permite, que obriga a pessoa a causar catástrofes.

Water Lock.

No instante seguinte Yui se viu trancafiada numa grande esfera de água. O oxigênio lhe escapou imediatamente e seu corpo a fez respirar inalar água como puro reflexo. Ela começou a se remexer, tentando desesperadamente encontrar algum lugar em que pudesse voltar a respirar ar puro. O medo só aumentava enquanto mais água entrava em seus pulmões. Talvez se congelasse a esfera...

Logo, a água ficou muito fria. Yui não demorou a entender o porquê: olhou para frente e para os lados e viu que sua prisão estava congelada. Então ela eclodiu e uma Yui ensopada caiu no chão.

Olhou ao redor, procurando por seu salvador com a visão embaçada pela água. Enxugou os olhos e enfim achou: quem a salvou fora uma garota muito conhecida, que agora encarava a veterana o mais seriamente que podia. Yui esperava que ela dissesse qualquer coisa além do que ela realmente disse:

– Você não pode vencê-la.

–... Aiko-chan?

– Pelo menos não se não souber como seu Water Body funciona. – Ela sorriu. O que disse em seguida, ainda olhando para Juvia, foi tão baixinho que Yui mal pôde ouvir: – Mas por sorte nós somos criadoras, não é?

–--

Yui conheceu esse sentido do termo “criador” na semana que se seguiu ao enterro de Hayato.

Voltando para a guilda após uma missão com seu time, avistou uma cabisbaixa Aiko sentada no morro acima da cidade. Disse a Mortis e Felicity que as alcançaria depois e foi ao seu encontro.

Aiko estava abraçando os joelhos e já enfiava o rosto entre estes quando percebeu a aproximação de Yui. Esboçou um sorriso, que não durou muito tempo.

– O que aconteceu?

– Eu estava pensando... Lembra do Isaac?

O cara que matou o avô de Aiko quando criança, Dark Mage e membro da Realm of Darkness, usuário do Yin-Yang e que controlara o lado negro de Aiko para tentar matar Yui e seus outros companheiros de grupo? É, ela se lembrava bem.

– Lembro.

– Você acha... Você acha que eu fiz o certo em não matá-lo? Quero dizer, e se ele tiver mentido e for mal porque quer mesmo? E se ele for um assassino de verdade e estiver por aí matando as pessoas?

– Aiko, não! É claro que você fez o certo. Isaac é uma pessoa, independentemente de qualquer coisa. Não o matar só provou o quanto você é superior a ele.

– Talvez eu não queira ser superior – murmurou a Fullbuster. Apoiou o queixo entre os joelhos. – Ele matou o meu avô, Yui, o que fez a minha avó morrer. Eu tive a chance de vingá-los e acabar com esse tormento bem na minha cara... Mas a deixei escapar.

– E fez muito bem. Tenho certeza de que seus avós não iriam gostar que você matasse alguém por causa deles.

Aiko suspirou e fitou o horizonte. Ficou um bom tempo assim antes de se pronunciar outra vez:

– Naquele dia, ouvi a voz do meu avô. Ele disse que eu não podia fazer aquilo, que uma vingança não iria compensar em nada. Concordei com ele na hora e poupei Isaac. Só que agora me pergunto se eu fiz aquilo por mim também ou se foi só por ele. Às vezes... Às vezes eu não acredito que eu seja como ele e a vovó, alguém capaz de perdoar e esquecer a vingança. No fundo... Eu ainda quero me vingar. – Aiko soltou outro suspiro e enfiou o rosto entre os joelhos. Yui precisou chegar mais perto e se esforçar para continuar a ouvindo. – Não acho que realmente me importe com o motivo de ele ter feito isso. Por causa daquele episódio eu me tornei uma pessoa fria, silenciosa e vingativa. Perdi parte da minha infância. Me recusei a morar com minha mãe. Faz tanto que não a vejo que mal me lembro de como era seu rosto.

Yui não sabia como reagir. Passara por coisas ruins, mas de alguma forma sua história não podia ser comparada a de Aiko, nem como mais sofredora, nem como menos. Aiko não parecia o tipo que gosta de receber consolo ou pena. Por isso, Yui apenas esperou.

Depois de alguns minutos, Aiko levantou a cabeça para Yui. Seus olhos estavam vermelhos.

– Eu tenho um pouco de inveja de você, Yui. Tenho que admitir isso.

– De mim? Por quê?

– Você consegue juntar as mesmas magias da vovó e do vovô. Minha mãe também faz isso, e confesso que foi a única coisa que sempre admirei nela. Meu tio tinha um termo para isso, para magos que usam água e gelo: ele os chamava de criadores.

– O que significa? – Indagou Yui.

– Os “criadores” são magos capazes de moldar qualquer coisa em qualquer forma, seja ela líquida, gasosa ou sólida. É como se você pudesse fazer um boneco de barro, mas também fosse capaz de criar um gigante de rochas. Segundo o meu tio, os criadores são aqueles que “criam a liberdade”.

Yui ponderou bastante no sentido daquele termo para tirar sua conclusão.

– Então você também é uma criadora, não?

Aiko levantou uma sobrancelha.

– Você disse – continuou a maga da Fairy Tail – que criadores são aqueles capazes de criar qualquer coisa que desejarem, certo? Bem, você faz o mesmo. A Ice Make, assim como qualquer outra magia de moldagem, é baseada na liberdade. Esse termo de seu tio tem um sentido muito amplo ao meu ver.

A maga da Eletro Magic tornou a fitar o horizonte em silêncio. Yui fez o mesmo. Pensou que a amiga estivesse pensando sobre o que ela disse, mas, quando tornou a observá-la, Aiko sorria.

– O que foi?

– O melhor amigo do meu tio dizia algo assim em seus momentos de inveja e os dois acabavam discutindo. Eram como o vovô e o tio Natsu. Não precisavam de motivos razoáveis para brigar.

– Parece que você tem muitas lembranças boas daquela época.

– Tenho. E o engraçado é que a maioria se passa na Fairy Tail. Você está numa guilda especial, Yui. Apesar do que aconteceu com Isaac, eu ajudaria a proteger a guilda e seus membros a qualquer momento.

–--

Praticamente patinando sobre a neve, Aiko disparou para cima de sua suposta avó.

A onda furiosa de água que ainda cercava Juvia cresceu mais um pouco para tentar bloquear a garota. Porém parecia ser exatamente isso o que Aiko queria desde o começo: ela mudou o curso, passando a correr em volta da barreira enquanto usava uma mão para colocar camadas de gelo na água. A temperatura elevada desta impedia que o gelo de Aiko durasse muito tempo, mas ela continuou. Yui demorou um pouco para entender a intenção da amiga; só notou quando a água escaldante abaixou o suficiente para que Juvia pudesse voltar ao seu campo de visão. A veterana estava mais irritada do que antes, entretanto só se focava em Aiko agora, e com isso sua barreira de água só continuava crescendo onde sua nova oponente estava – do lado oposto ao de Yui, agora correndo de um lado para o outro sem parar.

Isso significava que o caminho de Yui estava aberto.

A maga da Fairy Tail fez a primeira coisa que passou em sua cabeça: empunhou o arco mais uma vez. O armou, mesmo não colocando nenhuma flecha. Então, dois círculos mágicos azuis pequenos apareceram no meio do arco, um na frente e outro atrás, e um fio da mesma cor os ligou. Esse fio começou a se expandir e balançar até ganhar a forma que Yui desejava: uma exuberante flecha de gelo, tão grande que mal cabia no arco. No lugar da ponta ficava a cabeça de um feroz logo com as presas postas para fora. O corpo era liberava uma névoa gelada e poderosa, ainda que atrapalhasse um pouco Yui a mirar direito.

Enfim, estabilizou a mira. Fez questão de murmurar para não chamar a atenção de Juvia antecipadamente:

Wild Errant.

Disparou a flecha-lobo. A fera mágica foi crescendo e ganhando até mesmo patas e garras. Já estava quase colidindo com Juvia quando ela o percebeu.

Se virou e jogou uma bela rajada de água branca que impediu que o lobo avançasse mais. Yui continuou se concentrando, mandando forças para seu animal mágico para ele passar por aquele bloqueio e instigando Juvia a fazer o mesmo. Então, sorriu.

O lobo de gelo se transformou em água, que, em sua maior quantidade, engoliu a de Juvia e continuou seguindo até a mesma, até envolvê-la numa grande e revoltosa bolha aquática. Em poucos segundos a veterana foi engolida e dominada por seu próprio elemento.

Aiko apareceu do outro lado e ergueu o polegar para Yui, sorrindo. Esta fez o mesmo. Mas novamente foi só o alívio preencher Yui para Juvia reagir.

A grande bolha explodiu e sua água voou para cima e para os lados, aos poucos ficando branca. A cor, aliás, não era a única coisa estranha nela: não dava para ver através daquela água. Era como se tivessem erguido uma montanha de gesso líquido.

Aquela água agora totalmente branca foi ganhando forma: atingiu uma altura superior até do que as maiores árvores dali. Braços de água apareceram, desajeitados e monstrengos, e os dedos se fincaram no chão. Por fim, a cabeça. E foi aí que Yui se assustou de verdade; a cabeça da criatura era bem redonda e uma boca estranha se abria em seu meio, mostrando as presas aquáticas. Fios nojentos – como podia? – de água iam se esticando entre os “lábios” enquanto o monstro escancarava a bocarra. E a ausência de olhos o deixava ainda mais espantoso.

Isso sem falar que Aiko tinha sumido.

Lentamente, o monstro levantou a mão e atacou Yui. A garota teve certeza de que, se não tivesse rolado para o lado, teria sido esmagada. Só que ela não tinha visto que a outra mão do monstrengo já estava bem em cima de si.

Yui já se desesperava quando Aiko reapareceu com estilo: girando com a adaga aperfeiçoada com seu gelo, voando para fora do monstro através do buraco que abriu em seu peito. Seu show só foi quebrado pela queda iminente.

Yui correu até a encharcada amiga e a ajudou a se levantar. Aiko tirou os fios molhados de cabelo do rosto.

– Você está bem?

Aiko não respondeu de imediato. Com o olhar um tanto perdido, olhou para Yui e depois para a criatura de água.

– Eu vi ela – murmurou.

– Como?

– Eu vi ela, a vovó. A vovó de verdade. Não consegui para tocá-la, mas tenho certeza do que vi. Ela está lá, Yui. A vovó...

Yui olhou para frente. O monstro, antes de contraindo devido ao ataque perfurante de Aiko, já estava se recompondo. O buraco em seu peito se fechou bem rápido. Bolhas consecutivas saíam de sua boca, como se estivesse gritando.

Ergueu a mão de novo. Agora ele tinha garras. E mirava em Aiko.

– Cuidado!

Mas a mão parou no meio do caminho e se desviou bruscamente para Yui. Mesmo surpresa, ela foi rápida em sacar o arco e botar nele uma flecha cuja ponta congelou. A lançou bem no meio da mão gigante. Esta se contraiu enquanto era congelada até os dedos, e então quebrou a placa de gelo. Por sorte Aiko já tinha se recuperado quando a mão tornou a avançar.

Ice Make: Death Gallows!

Três correntes de gelo se entrelaçaram no pulso da criatura ao mesmo tempo. Uma camada de gelo se instalou em volta das correntes e Aiko as puxou. O gelo quebrou-se, trazendo o pulso e a mão ao chão também.

O gigante recuou o braço e mais bolhas saíram de sua boca. Yui soltou um profundo suspiro de alívio.

– Obrigada, Aiko. Já teria morrido se não fosse por você.

Aiko balançou a cabeça.

– Estou só ficando na sua retaguarda. A luta é sua; você chegou primeiro. Estou seguindo você, então é só dizer o que quer fazer que eu te ajudo.

Yui pensou. O monstro já restaurava sua mão. Tinham que ser rápidas se quisessem detê-lo de verdade. O que poderia...

Ah. Ah!

– Eu tenho uma ideia, Aiko-chan. Venha aqui.

Explicou detalhada e apressadamente seu plano para Aiko. Quando concluiu, Aiko já tinha entendido e o monstro estava pronto de novo.

– Muito bem. Em sua posição.

– Espere. Tem uma coisa que eu queria fazer – falou Aiko. Quando Yui olhou para ela, Aiko tinha os longos cabelos amarrados num rabo de cavalo e desabotoava a camisa social branca. – Como era mesmo que a mamãe fazia antes de brigar com alguém... Ah, é. – Ela jogou a camisa no ar com uma só mão, mostrando o top cinza que usava por baixo. – Modo Fullbuster, ativado.

Seu tom era de pura brincadeira, embora sua feição fosse voraz. Yui não sabia se ficava ansiosa ou se tinha uma crise de risos.

– Certo. – Yui deu um passo a frente e se posicionou. – Ao seu posto, senhorita Fullbuster.

Esperou que a criatura se movesse primeiro. Foi paciente. Então, ela avançou.

Imediatamente Yui girou os braços o mais rápido que pôde. Círculos mágicos apareceram diante deles quando atingiram sua velocidade máxima e cada um foi envolto de um vórtex de água. A água branca que compunha o monstro começou a ser sugada por eles.

Aquela dor de cabeça terrível a atingiu de novo. Os flashes de memória de Juvia reapareceram em sua mente e Yui viu que se enganara ao pensar que seria menos horrível do que na primeira vez. Na verdade, a intensidade da dor estava ainda maior. Seu único consolo era que aquilo não duraria por muito – assim esperava.

Viu Aiko começar a sua parte e se aliviou. A Fullbuster foi criando passagens de gelo nos braços agora deformados do gigante até chegar a sua cabeça. Então uma das camadas de gelo se elevou e Aiko pulou, caindo na direção do topo da cabeça da criatura. Chegando lá, recuou o braço e foi totalmente coberto por gelo. Esse gelo passou a girar, liberando uma névoa gelada, e Aiko o desceu totalmente até seu alvo.

Ice Make: Drill Bit! – gritou.

Sua broca de gelo perfurou o inimigo e ela entrou nele. Fosse lá o que estivesse fazendo, estava dando certo: o monstro liberou mais e mais bolhas pela boca e Yui já não precisava fazer nada para seu corpo se deformar. A água branca que o formava começava a se dissipar. O monstro ia ficando cada vez menor.

Congelar seu interior e então quebrá-lo. Yui não pensou que isso fosse realmente dar certo. Mas deu.

– O golpe final, Aiko-chan! Rápido!

A maga de gelo saiu depressa do que restou do monstro e se postou ao lado da Takahashi. Se prepararam.

– Por que você tinha que aparecer aqui?!

Droga. A Juvia do mal tinha reaparecido, aproveitando da água que sobrou de sua criação para ganhar mais força e tamanho. Sua raiva ainda maior fazia a água ferver.

Claro, não que isso fosse totalmente inesperado.

– Porque eu herdei o sangue das fadas de alguém – respondeu Aiko, sabendo que a pergunta tinha sido para ela. – E você estava querendo ferir alguém que vive na minha segunda guilda.

Juvia rosnou. Ameaçou atacar, porém não tinha como. Estava presa por uma base de gelo.

– Te vejo do outro lado, vovó. – murmurou a Fullbuster. Yui sentiu uma certa tristeza inconsolável naquela frase. – Agora, Yui!

– Sim!

Juntas, cada uma estendeu a palma de sua mão direita e bateu nela com o punho esquerda. Gritaram ainda unidas:

Ice-Water Fusion: Neptune’s Fall!

A Juvia falsa olhou para cima. Para seu fim.

Uma esfera gigante feita de água, com espinhos enormes de gelo enfeitando toda a sua área, caía sobre a inimiga e mais uma boa parte do lugar. Fel vai me matar por causa dessas árvores, pensou Yui. Precisou conter o riso.

Quando a bolha espinhenta chegou ao chão, só se ouviu um último grito abafado de Juvia e o barulho dos espinhos congelados sendo fincados no tapete de neve. A esfera d’água estourou e os espinhos da parte de cima também caíram sobre seu alvo. O estrago foi ainda maior.

Silêncio. Yui não se lembrava de ter um momento tão quieta e relaxante como esse antes. Se deixou cair no chão e Aiko fez o mesmo.

– Vitória – disseram em uníssono. Se entreolharam e riram.

– Isso é o que eu chamo de sufoco – disse Aiko. – Mas agora estou começando a ficar com frio. Talvez eu devesse me vestir.

– Talvez seja uma boa ideia – riu Yui. – Você foi ótima, Aiko-chan. Obrigada por confiar em mim.

– Não precisa agradecer, Yui. Você teria feito o mesmo por mim. Sem falar que você me lembra minha tia, Ultear.

– Sério? Como ela é?

– É uma das pessoas mais agradáveis que eu conheço – respondeu, a voz já cansada e sonolenta.

– Hm... – Fez a Takahashi. Então algo lhe ocorreu. – Aiko-chan, e o seu tio? Naquele dia, você só falou dele no passado. O que aconteceu com ele?

Não adiantou. Aiko já tinha apagado.


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Notas finais do capítulo

No próximo... (narrado por Mortis)
É, não é à toa que Mirajane era uma Classe S.
Ela é forte. Muito. Tenho certeza de que eu a admiraria mesmo nessa forma, se ela não estivesse tentando trazer o caos ao meu país e se não ficasse falando o tempo todo que nossa magia é uma maldição.
Eu sei bem o que é uma maldição. E isso aqui certamente não chega nem perto.
Não perca o próximo!
"Os Garotos Perdidos"
Soreha, sayounaará!



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