Fairy Tail! Aratana Densetsu! escrita por Maya


Capítulo 53
Light Guilds, Unidas!


Notas iniciais do capítulo

Yoo vocês o
Bem vindos a mais um capítulo. Agora, deve faltar apenas três capítulos para o final do arco. Quando ele acabar realizarei pedidos antigos de uma OVA. E então darei início ao Arco (com letra maiúscula mesmo), aquele sempre que citado é acompanhado por um "o.o". Estou sinceramente contente por demorar dois anos para chegar nesse arco, pois é um que exige uma escrita evoluída. Aguardem ansiosamente.
Mas até lá, divirtam-se com um dos capítulos finais de Guild's Alliance Arc ^^



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Desde que aqueles dois saíram para causar confusão na missão dos magos, o silêncio foi priorizado na casa dos Nakamotos. Mas nunca foi tão grande quanto naquele momento, com o chefe da “família” e o mais novo tão tensos e nervosos um com o outro.

Kenta evitava ao máximo olhar para Ethan. Seus olhos se voltavam para a janela, através da qual podia contemplar uma parte de Shirotsume Town, mas sua atenção se concentrava em outro lugar. Um lugar muito distante dali, em termos de localização e de tempo.

O Submundo, 12 anos atrás. O dia de seu contrato.

De sua perdição.

O rapaz tremia de tristeza e raiva só de lembrar. Naquele dia, sacrificara sua própria alma pelo bem daqueles que amava. Sabia que os perderia, não ligava para isso se eles ficassem bem. Mas foi separado deles da forma errada. O completo oposto do que desejara.

E a ideia de que o causador disso tudo estava na mesma sala que ele, a pessoa que lhe dera uma família, dois irmãos, uma casa de verdade, uma guilda, uma magia... Doía tanto quanto uma espada enfiada no coração.

Kenta cerrou os punhos, trincou os dentes e fechou os olhos com força. Não choraria. Não na frente dele.

– Por quê?

Ethan sabia muito bem o que ele queria dizer com a pergunta, mas permaneceu quieto, olhando fixamente para as costas do filho adotivo.

– Por que não realizou o meu desejo? Só o meu?

Nenhuma resposta. Kenta virou o rosto para o homem. Conter as lágrimas era uma missão impossível.

– Você tirou tudo de mim! Me usou como se fosse apenas um brinquedo!

– Tirei tudo de você? – Repetiu Ethan, lenta e calmamente. – Pelo contrário, garoto ingrato. Eu lhe dei um lar, uma família. Você tinha isso naquele lugar horrendo? Não. Você não tinha nada.

– Eu tinha amigos. E minhas lembranças.

– Pro diabo com esses amigos! Você os viu antes de partirem para a missão. Se fossem realmente seus amigos, o teriam reconhecido. Encontrou um deles no Torneio também; ele ao menos reparou em você, viu algo familiar? Não!

– Por sua culpa, eles devem pensar que estou morto!

Kenta se levantou e foi até o pai adotivo, agarrando o colarinho de sua camisa. A expressão de Ethan não se alterou.

– Estou cansado de você me fazer esquecer de tudo o que amo. Primeiro a minha origem, meus melhores amigos. Depois a Nadeshiko. O que mais quer roubar de mim?

Ethan o encarou em silêncio até se pronunciar, ignorando a pergunta.

– Rector está tentando manipulá-lo. Não percebe? Resistiu muito bem ao seu poder até hoje, mas agora está deixando-o influenciá-lo.

– Rector pode ser um grande canalha, mas ele me fez lembrar. Ele abriu meus olhos. E eu ainda não entendi por que você fez isso comigo, e só comigo, Ethan! Se pôde realizar os desejos de Kouji e Kazuo, por que não realizou o meu?!

– Porque você era um tolo, Kenta. Aliás, sempre foi. Ao contrário de seus irmãos, não esperou que eu cumprisse minha parte do acordo antes de realizar o contrato; fez o contrato primeiro, e então eu não tinha mais motivos para cumprir a minha parte. Além disso... Eu precisava dos três juntos.

O rapaz mordeu o lábio inferior e socou o rosto de Ethan com toda a sua fúria. O homem não disse nada enquanto o garoto gritava.

– Você não passa de um monstro! Me fez esquecer de toda a minha infância e me deu uma vida falsa! Um nome falso, memórias falsas, uma família falsa! Eu te odeio!

– Cale-se, Kenta!

– Meu nome é Hayato!

O mais novo respirava com rapidez, e as lágrimas escorriam da mesma forma. Era um alívio extravasar tudo o que sentia desde que as memórias de sua vida no Submundo retornaram, graças ao dragão com a qual dividia sua alma. Talvez sua única intenção fosse mesmo assumir o controle total do garoto que nunca confiou nele plenamente. Fosse qual fosse seu objetivo, só serviu para deixar Kenta – ou melhor, Hayato – triste, furioso, e com vontade de dar um basta em tudo aquilo.

–---

O céu estava escuro e deprimente, como era de costume no Submundo. Deitado no chão e contemplando aquela paisagem sem vida, um garoto de não mais de seis anos aguardava a vinda de seu futuro mestre, a quem lhe juraria sua eterna lealdade. Estava certo... Era o que tinha que fazer...

Embora não parecesse possível, o céu se escureceu ainda mais. O garoto se levantou num pulo, sentindo que a hora finalmente chegara. Uma cratera próxima a onde ele estava de repente foi preenchida pela luz brilhante do magma.

Da cratera, duas patas surgiram, puxando o resto do corpo para fora. O menino teve uma breve vontade de correr, mas continuou firme em sua posição. Seu novo senhor enfim estava a sua frente.

O dragão era negro com a parte inferior vermelho-escuro, com traços de lava escorrendo por suas escamas. Os olhos vermelhos eram brilhantes e ameaçadores, e por um instante o garoto sentiu os próprios olhos vermelhos arderem. Suas garras eram pontiagudas e sujas, e pareciam prontas para atacar a qualquer momento. A causa era longa e perigosa, com espinhos em volta da ponta.

– Quem me chama?

– Eu, senhor. – O garoto se ajoelhou diante do dragão, em sinal de respeito. – Meu nome é Hayato. Vim aqui para jurar lealdade ao senhor, lorde Rector.

O dragão deu uma bufada e baixou a cabeça para olhar o menino. Hayato sentiu que estava sendo completamente examinado: seu corpo, sua mente, sua alma. Era como se nada mais lhe pertencesse.

– Muito bem. Acredito em você. – O grande dragão voltou a erguer a cabeçorra, mas sem tirar os olhos de Hayato. – Com essa idade, não é difícil de manipular... Garoto, está ciente de que entregará sua alma a mim no momento em que fizermos o pacto de sangue?

Ele assentiu. A ideia de entregar sua alma dera um nó em sua garganta, mas não recuaria.

O garoto sentiu uma fisgada de dor que o fez dar um gemido. Quando a dor passou, viu um fio de sangue sair de boca; o sangue voou até o dragão, que abriu a boca cheia de presas pontudas e o engoliu. Por um breve momento, um feixe de luz vermelha ligou o menino ao dragão.t

– Sua alma é minha agora, jovem Hayato.

O dragão desapareceu em sua cratera novamente. Hayato respirou fundo e se virou.

– Fiz o que pediu. Agora é sua vez!

O homem a quem se dirigia esboçava um sorriso irônico e irritante. Ele caminhou até a criança de braços cruzados. Parou diante do garoto, que levantou a cabeça para poder encará-lo, e abriu ainda mais o sorriso.

– O que foi?

O homem não disse nada. Ao invés disso, tocou a testa do menino com o dedo indicador.

– Seu nome é Kenta Nakamoto. Tem dois irmãos gêmeos, Kouji e Kazuo. Vocês vivem comigo, Ethan Nakamoto, em Magnolia e frequentam a Blue Pegasus. Você é o Dragon Slayer do Inferno.

O brilho dos olhos de Hayato – agora Kenta – se apagou, e ele desmaiou. Ethan o segurou antes que seu corpo se chocasse com o chão e o levou até o lugar por onde tinha entrado no Submundo: o portal para o mundo humano.

Dez anos depois, Fiore, X847

– Hayato.

Onde estava?

– Ouça-me, Hayato.

Ah, sim... Tinha ido dormir. Portanto, só podia ser um sonho; não conhecia ninguém que tivesse uma voz tão grave assim. Então por que ela lhe parecia tão familiar? E quem diabos era Hayato?

– Está falando comigo? – Perguntou Kenta, sem se importar muito.

– Obviamente. Há mais alguém aqui além de nós dois?

– Não. Mas também não tem ninguém chamado Hayato.

– É o que você pensa. Não sei o que o maldito do Ethan fez com você, moleque, mas você está sendo enganado. Seu nome não é Kenta. Essa não é sua casa. Essa não é sua família.

– Do que você tá falando? Ethan acolheu a mim e a meus irmãos como filhos quando mais precisamos. Nunca faria nada mal a qualquer um de nós.

– E de onde você veio antes de ele os encontrar?

Kenta hesitou.

– Bem...

– Você veio do Submundo, Hayato. Ethan não o acolheu; o sequestrou.

– Que...

Antes que o rapaz pudesse formular qualquer pergunta, um turbilhão de imagens invadiu sua mente. Imagens de um garoto muito parecido com ele com mais dois meninos, sempre brincando ou conversando, um casal de aspecto moribundo com o olhar perdido, a mulher passando a mão esquelética na cabeça da criança que a observava... Por quê? Por que tudo aquilo lhe parecia tão familiar?

De repente, a resposta surgiu em sua cabeça. Porque eram todas dele.

A última lembrança lhe deu vontade de gritar. Um dragão conversando com ele, algo sobre ele ser dono de sua alma, um homem – Ethan – lançando-lhe um sorriso maldoso.

Foi quando a imagem de quem falava com ele, de quem devolvera suas lembranças, surgiu. Kenta entendeu o porquê de a voz ser tão familiar.

– Lorde Rector.

– Há quanto tempo, garoto.

– Por que me mostrou isso só agora?

– Achei que seria necessário, visto o que o deus do Submundo pretende fazer.

Kenta franziu o cenho.

– O que é?

– Seu amigo Diego foi exilado do Submundo e passou a viver no Mundo Celestial. O deus daqui quer destruir sua nova casa para dar o fim no filho desobediente.

– Você deve estar brincando!

– Não estou. Mas você pode salvá-lo, Hayato. O direi como chegar ao Mundo Celestial, e você poderá tirá-lo de lá.

O rapaz memorizou as informações e acordou imediatamente. Pulou da cama e, tomando cuidado para não chamar a atenção dos outros, saiu de casa. Por sua sorte, uma carroça ainda passava; teve de pagar um bom dinheiro ao homem para que ele concordasse em levá-lo até a Cait Shelter.

Na manhã seguinte, depois de cochilar no compartimento de passageiros da carroça e passar pela sede da guilda sem chamar a atenção, Kenta se encontrava diante da estatueta. Desenhou o símbolo no chão e aguardou.

O símbolo brilhou. Kenta automaticamente disse “Mundo Celestial”, e o brilho o envolveu.

Quando voltou a enxergar, o garoto estava em um ambiente silencioso e que de alguma forma o acalmava. Mas não tinha tempo para isso.

– Diego! Cadê você, Diego?

Ele começou a andar enquanto olhava para todos os lados, a procura de um rosto familiar. A maioria dos espíritos que passava por ele o olhava, estranhando sua presença.

Antes que Kenta pudesse encontrar seu amigo, porém, tudo tremeu. Os habitantes do Mundo Celestial entraram em pânico. Ouviu-se um barulho horrível, e tudo se apagou.

Quando o rapaz acordou, estava novamente diante da estatueta.

– O quê? Como...

– Você é realmente um tolo, Hayato.

– Lorde Rector! – Exclamou o jovem. – O que aconteceu?

– Eu o tirei de lá antes que a explosão o atingisse. Francamente, garoto. Eu esperava mais até mesmo de você

– Como assim?

– Foi um teste. Eu queria ver como você age em momentos críticos. Você é impulsivo, tolo e ingênuo; acreditou em mim e correu para o Mundo Celestial sem pensar direito nas consequências de seus atos. Ainda assim, acredito que seja forte. Ainda pode ser útil como servo.

– Espera. Você me deu um recado atrasado de propósito? Me enganou?

– O enganei? Não. O Mundo Celestial foi mesmo destruído. Mas as suas chances de salvar seu amigo sempre foram mínimas.

– Desgraçado...

– Quando você estiver realmente pronto para me confrontar e fazer algo para consertar essa destruição, venha me encontrar. Até lá, que o aconteceu hoje lhe sirva de lição. Você é meu representante no mundo humano; caso não seja digno desse título, eu o eliminarei.

–---

– Eu me segurei por muito tempo, Ethan – disse Kenta. – Fiz o que você mandou e não contei a ninguém a verdade, não deixei transparecer que conhecia Diego e Gabriel. Mas agora não preciso mais fazer isso. Gabriel não está mais no Submundo, e Rector me contou que meus pais já foram embora; já cumpriram seus pecados. Você não poder sobre nenhum deles. Então não tem poder sobre mim também!

Kenta soltou Ethan e se virou novamente para a porta. A fúria não diminuía sua mágoa. Afinal, até se lembrar daquele fatídico dia em que Ethan o enganou e o tirou de sua casa, Kenta o via como um pai. Ele lhe deu casa, comida, brinquedos, treinamento... Devia tudo a ele. Mas continuar a fingir que era seu filho era insuportável.

O rapaz precisou respirar fundo algumas vezes antes de tocar a maçaneta e abrir a porta.

– Divirta-se tentando conseguir o símbolo do portal de novo – disse ele. – Aquele que seus capangas da Realm of Darkness conseguiram já foi pulverizado pela lava infernal.

–----

Chegou tarde demais.

Ao ver todos os magos aliados em volta da estatueta que continha o símbolo do portal, Kenta parou e se escondeu. Aparentemente, Yuri explicava aos outros o que o símbolo significava e provavelmente suas teorias. Ele sempre adorou fazer isso.

Se concentrou mais para ouvir.

–... E se a pessoa que quer o portal realmente quiser para um bom motivo, suponho que seja Kenta Nakamoto.

O mencionado revirou os olhos. Yuri parecia uma enciclopédia ambulante, que pode onde quer que fosse acrescentava mais informações a suas páginas.

Percebendo que não adiantaria nada ficar ali parado, Kenta se levantou e caminhou até o grupo. O primeiro a perceber sua presença foi Gabriel, que cutucou o irmão e acabou chamando a atenção dos outros.

– Não morre tão cedo – disse o mago de madeira.

Diego o encarou com o olhar penetrante. O Dragon Slayer tentou ignorá-lo por ora.

– Yuri, será que posso fazer as honras de explicar a situação?

O moreno arqueou a sobrancelha.

– Como é?

– Estou do seu lado. Minhas intenções são boas.

Yuri deu de ombros e deixou que ele falasse.

– Pra começar: sim, Yuri, eu quero usar o portal por um bom motivo. Mas não fui eu quem mandou aqueles caras até aqui. Foi Ethan.

Só então percebeu que Kazuo estava lá, com o pescoço e o rosto enfaixados. Kouji não estava presente; Kenta supôs que Nick fez o que lhe pediu e deu um jeito nele. Prosseguiu:

– Devido a uma briga que teve com os membros da Cait Shelter na última vez que veio aqui, Ethan nunca mais pôde pisar os pés nessa área desde o dia em que me tirou do Submundo. Mas agora ele quer aumentar seus poderes, e para isso precisar fazer um acordo com o deus do Submundo. Fará de tudo para ficar mais poderoso.

– Que poderes? – Perguntou Nadeshiko. – Que poderes são esses que só podem ser intensificados no Submundo?

– Isso eu ainda não sei – respondeu Kenta. – Mas Ethan é perigoso. Não podemos permitir que ele vá para lá.

O mais novo dos Nakamoto viu quando Kazuo cerrou os punhos e deu alguns passos em sua direção.

– Perigoso?! É nosso pai, Kenta!

– Desculpe, Kazuo. Mas ele não é meu pai já faz tempo.

Suspeitou que o Dragon Slayer da Neve pensava o mesmo, mas ainda não aceitava isso. O do Inferno também não queria aceitar.

– Bem... Yuri já deve saber, porque ele é um maníaco por essas coisas, mas Ethan esteve por trás de tudo o que passaram nessa missão. Ele ordenou que eu, Kouji e Kazuo passássemos para ele informações sobre a missão, e sabendo os destinos dos grupos, ele mandou alguns membros de sua guilda ao encontro de vocês. A Realm of Darkness.

Os aliados se surpreenderam, e a maioria olhou para Nonoka. Ela também estava confusa.

– Mas... Eu informei a Realm of Darkness sobre nossa missão.

– Você também. Ethan pediu a nós três como garantia. Ele tem os dados de cada membro daquela guilda e sabia exatamente como atingir vocês. Ele fez os seus próprios grupos de aliados e decidiu o destino deles.

Os demais ficaram em silêncio por um tempo. Foi Yuri quem o que quebrou:

– Eu não sabia disso – admitiu. – De qualquer forma, nós derrotamos aqueles capangas.

– Não. Vocês derrotaram as iscas. Outro capanga chegou aqui pelo outro lado e anotou o símbolo enquanto vocês lutavam. Porém, não se preocupem. Recebi a anotação em nome de Ethan e a destruí antes que caísse em suas mãos.

– Acho que eu me perdi – disse Satoshi. – O que precisamos fazer aqui, afinal de contas?

– A única coisa a ser feita é ir ao Submundo – disse Kenta. – Quando o Mundo Celestial foi destruído, seu destruidor – o deus do Submundo – absorveu a “luz celestial’. Essa luz foi dividida entre os dois pilares do Submundo: seu deus e Rector, o Dragão Infernal. Destruindo esses dois pilares a luz será liberada, resultando na restauração do Mundo Celestial, e os planos de Ethan serão frustrados. Mas podem deixar que eu cuido disso.

– Não é possível que você seja tão idiota! – Gritou Kazuo. Aproximou-se do irmão e pôs as mãos em seus ombros. – Como você pretende matar Rector se sua alma está ligada a ele?! Você morrerá também!

Kenta franziu o cenho.

– Rector me disse para confrontá-lo quando estivesse pronto. E eu estou pronto!

Foi nesse momento que todo o seu corpo sofreu um choque. O rapaz arregalou os olhos, sem entender o que estava acontecendo. Os outros também olharam para ele confusos.

Após o choque, Kenta sentiu como se todo o seu corpo queimasse por dentro. Sua cabeça doía e ele tremia de leve. Seu coração batia num ritmo assustadoramente rápido. O rapaz teve vontade de gritar de dor, mas era impossível mexer sequer um músculo; estava totalmente paralisado.

Então você está pronto, garoto.

Lorde Rector. O que ele fazia em sua cabeça?

Involuntariamente, Kenta sorriu. Sua boca abriu e se fechou, liberando uma voz que não era dele. Ele não tinha o menor controle sobre seu corpo.

– Tolo como sempre, pobre Hayato.

Diego deu dois passos a frente.

– Então você é o escolhido de Magnus – disse o possuidor do garoto, que olhava para Kazuo. – Creio que já esteja ciente do que está acontecendo.

– O quê? Não! Quem é você?!

– Sou um dos governadores do inferno, aquele perante o qual toda a humanidade se ajoelhará um dia, o Dragão Infernal, Rector!

– Impossível! – Exclamou Yume. – As almas dos Dragon Slayers de Quarta Geração estão ligadas aos seus dragões, e não o contrário!

– Não fale de um assunto que não entende. Com o poder de possuir seus corpos, nós também temos a habilidade de transferir nossas almas para nossos respectivos escolhidos. Assim, também podemos transferir nossos poderes totais. Você sabe disso, não sabe, Dragon Slayer da Neve?

Kazuo baixou a cabeça.

– Level 3 – murmurou.

Yuri ergueu as sobrancelhas.

– Level 1 é a magia comum. Level 2 é a magia de Dragon Slayer. Level 3... É a magia dos dragões?

– Vocês deveriam se considerar sortudos por possuírem tamanho poder – disse Rector. – Agora, despeçam-se de seu mundo infeliz. O caos do Submundo se estenderá até aqui!

Após dizer isso, um círculo negro apareceu de cada lado do corpo possuído de Kenta. Um raio negro o atingiu.

– Gabriel, vá com os outros até o Submundo – ordenou Diego. – Derrotem o papai. Eu cuido do Rector.

– Mas...

– Não se preocupe. – O mais velho esboçou um sorriso singelo. – Trarei o Hayato de volta.

Gabriel retribuiu o sorriso e começou a desenhar o símbolo do portal. Droga Diego, pensou Kenta, com o único pedaço de seu corpo que ainda o pertencia. Ele deve saber que isso não é possível. E Gabriel também. Ele não é idiota.

– Uma ova que vou te deixar lutando sozinho! – Protestou Eriol. – Sou seu melhor amigo, baka. Não vou deixá-lo se arriscar assim!

– Acalme-se, Eriol – disse Diego. Kenta riria se puder. Chega a ser engraçado como ele pede aos outros se acalmarem quando ele mesmo não está nem um pouco calmo. – Eu sei me virar. Gabriel precisará de mais ajuda do que eu lá embaixo.

– Mas ele não é meu melhor amigo!

– Eriol, vá.

O usuário de Arrow Magic hesitou. Por fim, bateu o pé e desviou o olhar.

– Droga! Será que eu serei sempre um guardião dos Darklights?!

– É. Mais ou menos. – Diego sorriu. – Não podemos contar com você?

– Tsc... Claro que pode. Eu nem tenho muita escolha, tenho? Agora, se você for morto por aquela coisa, eu juro que te mato.

O Darklight mais velho riu e estendeu a mão. Eriol a apertou com um sorriso e tocou seu ombro enquanto caminhava até Gabriel.

– Tente não se machucar muito – disse Sasha ao passar por ele.

Diego sorriu. Os demais seguiram até o portal já desenhado por Gabriel, tocando no ombro de Diego e desejando-lhe sorte. A maioria dos membros da Fairy Tail também protestou, mas prosseguiu. Logo, todos os magos da Aliança, com exceção de Diego, estavam juntos no grande portal.

– Boa sorte, onii-san – disse Gabriel.

– Para vocês também.

O irmão mais novo respirou fundo e exclamou:

– Para o Submundo!

Um brilho roxo surgiu em um dos lados do círculo e seguiu contornando todo o símbolo. Após isso, uma luz envolveu os magos, que, recebendo um último olhar encorajador de Diego, foram transportados para o reino dos mortos.

No corpo de Kenta, Rector esperou eles desaparecerem para se levantar.

– Que eles morram pelo grande deus, pobres idiotas.

– Cale a boca.

Rector continuou o encarando sem qualquer expressão.

– Não pense que tem o direito de dizer qualquer coisa com a boca de Hayato, maldito.

Se tivesse o controle de seu corpo, Kenta – não, Hayato – sorriria. Diego havia passados por maus bocados por causa do pai, na infância, além da saudade que sempre sentia da mãe quando estava no Submundo, e era a primeira vez que o via chorando.

– Se você não sair do corpo do meu amigo imediatamente, eu não vou me segurar.

A boca de Hayato se contorceu num sorriso torto comandado por Rector. A voz do dragão soou de sua boca.

– Ninguém está pedindo para você se segurar. Além disso, eu preciso testar o corpo de meu escolhido para ver se realmente merece possuir parte de meus poderes.

– Desgraçado... Hayato não é um brinquedo que você pode simplesmente descartar se estiver quebrado! Você sairá desse corpo por bem ou por mal!

O corpo de Diego foi envolvido por uma aura de luz e de trevas ao mesmo tempo. Um de seus olhos ficou dourado; o outro, vermelho. Em sua mão direita surgiu a tatuagem de uma coroa de rainha; na esquerda, de uma coroa de rei.

Rector o encarou com um olhar mortal. Todo o corpo de Hayato foi coberto por escamas, e marcas negras surgiram em seus braços. Ele ganhou garras e presas, o branco de seus olhos ficou completamente vermelho. Quando ele abriu a boca, Diego jurou ter visto um pouco de lava.

– Level 3...

–---

O Submundo era um lugar quase deserto e sem vida. O céu era escuro e algo nele despertava uma tristeza em que olhasse para ele. O chão era todo forrado por uma espécie de areia vermelha. Ao longe alguns montes se erguiam na paisagem. O cheiro era horrível, como se vários cadáveres estivessem sendo decompostos ao mesmo tempo. Era possível ouvir alguns gemidos, que provavelmente vinham das figuras que se arrastavam ao longe.

– Argh! O que morreu aqui? – Perguntou Aiko.

– O engraçado é que só as almas vêm pra cá, e mesmo assim o lugar fica infestado com esse cheiro podre de defunto – disse Gabriel.

– Olha, você tem uma concepção muito estranha de engraçado – brincou Nyra.

– O ar é um pouco tóxico – observou Dante. – Tem certeza de que está tudo bem?

– Hm? Ah, não sei. Vocês são humanos. Eu não; nunca tive problemas com isso.

– Espera! Você nos trouxe pra cá sem saber se correríamos risco ou não?! – Exclamou Nonoka.

Gabriel riu sem graça.

– Bem, vocês não morreram até agora, então deve estar tudo bem.

– O ar do Submundo só causará sérios efeitos em nós, humanos, daqui a 24 horas. Por enquanto os efeitos são mínimos. Parece que é para nos matar mais lentamente – explicou Yuri. – Mas isso certamente não é o mais importante agora.

– Tem razão – concordou o Darklight. – O que viemos fazer aqui...

Não precisou terminar. A terra tremeu com os passos que vinham na direção do grupo. Uma sombra se aproximou deles junto de um zumbido agudo, como se fosse uma onda de insetos.

Gabriel permaneceu calmo. Não esperava por isso, mas se sentia extremamente tranquilo com a aproximação do deus do Submundo. Não teria que encará-lo sozinho novamente; seu irmão não estava de volta, mas em compensação, tinha os amigos dele ao seu lado. Bem, podia considerá-los seus amigos também. E sabia, tinha certeza, de que eles não sairiam de seu lado em momento algum.

Foi por causa desse pensamento que Gabriel foi o único que não se exaltou quando aquela figura gigante, cuja sombra encobria a todos os magos, parou diante de si.

– Estou de volta, pai.


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Notas finais do capítulo

No próximo...
A batalha começou. Gabriel e seu pai, nós e os servos do deus.
O ar tóxico dificulta tudo. Não dá para respirar e nem fazer magia direito. Quase não dá para lutar.
Mas precisamos fazer isso pelo Gabriel, pelo Diego. Por todos.
Eu só queria saber como Diego está indo lá em cima...
Não perca o próximo:
"Os Colossos do Submundo"
Soreha, sayounará!



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