Fairy Tail! Aratana Densetsu! escrita por Maya


Capítulo 38
Nossas Juras e Arrependimentos


Notas iniciais do capítulo

Yoo minna! Gomen se demorei, não sei se ficou o que esperavam mas acho que esse capítulo ficou bem caprichado. Teria postado um pouco antes se não fosse aquele apagão (não sei se souberam disso, mas a luz acabou, em cinco cidades, desde a noite de sexta até o fim de tarde de sábado t.t).
Boa leitura!
PS: Pra quem não viu, eu mudei o primeiro capítulo! Tá bem simples, mas é só um prólogo!



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Grupo 7: Ruby Casterwill, Ankamy Biukery, Saphire Albarn, Satoshi Tajiri.

O destino do grupo era um vilarejo distante de Magnolia. Apesar de serem todos da mesma guilda, caminhavam em silêncio. O propósito daquela missão continuava sendo um mistério para todos e cada um tentava formular sua própria teoria, com exceção de Satoshi. O rapaz andava cabisbaixo e com um turbilhão de pensamentos ocupando a mente, enquanto examinava algumas plantas que lhe pareciam meio diferentes. Conhecia muito bem tal vilarejo, e não estava pronto para voltar. Não voltaria sem cumprir sua promessa.

- Então... – Ankamy quis quebrar o gelo. – Somos todos da Eletro Magic e não sabemos quase nada um do outro. Sabemos que o avô da Aiko foi assassinado, que a amiga da Bianca morreu, e tal. Mas acho que ninguém aqui sabe direito o que o outro passou antes de chegar à guilda. Que tal falarmos disso? – Ela olhou para o de cabelos azuis. – Satoshi?

- Vocês vão saber em breve – murmurou ele.

- Ok... Ruby?

Ruby parou de andar, e os outros membros do grupo fizeram o mesmo. Ela encarou Saphire, fazendo o máximo para deixar claro todos os sentimentos ruins que guardava com aquela história. Raiva, culpa, arrependimento... A garota dos olhos azuis percebeu tudo isso. Ruby não queria revelar isso à amiga, com a qual sempre tivera um laço desde que entraram na guilda, simplesmente por causa de seus nomes. Com o tempo, se tornaram mais próximas. A extrovertida e a gentil. A direta e a delicada. Não. Não podia contar aquela história podre que era seu passado.

- Ruby... Pode me contar, sabe disso – disse Saphire, percebendo que a pergunta de Anakamy trouxera as piores lembranças da amiga à tona.

A jovem queria chorar, mas sabia que mais cedo ou mais tarde teria que contar aquilo, que teria que encarar seu passado novamente.

- Saphire... – Como dizer aquilo da maneira mais delicada possível? – Lembra-se de quando eu falei que sou órfã?

A garota assentiu.

- Bem... Eu... Eu matei meus pais.

Todos ficaram em choque. Ankamy desejou voltar no tempo para nunca ter feito aquela pergunta. Era tarde. A história de Ruby já jorrava, quase tão rápido quanto as lágrimas de culpa e tristeza que insistiam em cair.

---

A família Casterwill era famosa por sua imensa riqueza. O senhor Casterwill era um empresário de sucesso, enquanto sua esposa se mostrava uma mulher excelente na mídia e uma mãe dedicada.

Mas a verdade só era revelada dentro da mansão.

Os irmãos Leonard e Ruby Casterwill eram bem diferentes aos olhos da sociedade. Leonard sempre aparecia como o digno primogênito. Tinha altas notas no colégio e um cavalheirismo perfeito. Ruby, no entanto, evitava aparecer na mídia e agia como uma rebelde. Porém, suas habilidades secretas estavam no mesmo nível. Eram ótimos no que faziam. Seus pais eram ótimos professores. Julgavam ser dignos a sucederem a geração de assassinos.

Eles treinavam todos os dias depois da aula. Os pais os ensinavam a ter sangue frio e perder qualquer compaixão. A serem falsos. A usarem máscaras e a se igualarem na sociedade. Leon – como era chamado pela irmã – já tinha facilidade em ser falso quando quisesse, tinha uma lábia perfeita e escondia os sentimentos quase que perfeitamente. Ao contrário dele, Ruby não conseguia esconder os pensamentos, até mesmo gostava deixar claro o que estava sentindo. A mãe tentava deixá-la no mesmo nível que o irmão nessa área, mas ela se recusava. Já era ruim demais ser treinada para matar pessoas pelos próprios pais. O motivo ela nunca soube e nunca quis saber. Também era impossível fugir de seu destino, então o que fazer?

A resposta lhe pareceu clara aos 12 anos. Eles não queriam uma assassina perfeita? Então eles teriam.

Quando ela completou 12 anos de vida, seu irmão já tinha 14. Ruby o amava e Leonard também tinha um carinho profundo por ela, de modo que ele tinha que ser o primeiro a saber da novidade.

- Leon! Leon! Eu sou uma maga!

- É mesmo?

O mais velho não deu muita importância, afinal, sabia que a caçula tinha um interesse pela magia e admirava alguns magos famosos. Não era muito incomum vê-la brincando de ser uma maga.

- Agora é sério!

Leon tomou um susto ao ouvir sua voz tão perto. Um segundo atrás ela parecia estar subindo as escadas, e agora já estava em seu quarto? Como...

- Ah, minha nossa. Isso foi magia?

- Sim! Veja. – Ruby virou-se para a porta e se concentrou. No instante seguinte já estava de volta à escada, logo a frente do quarto. – Isso. É. Demais! Direct Line, irmão! Eu tenho a Teleport Magic!

Tudo o que era esperava era que o mais velho mostrasse alguma empolgação ou ficasse feliz por ela. Mas ao invés disso ele ficou tenso e pediu que a menina entrasse novamente. Ela se sentou na cama e Leonard fechou a porta.

- Nossos pais já sabem?

- Não. Quis contar pra você primeiro.

- Ainda bem. Ouça Ruby, você não pode contar isso pra eles! Eles não são muito fãs da magia... Por favor, isso tem que ficar entre nós.

Ruby prometeu que não contaria a mais ninguém, mas ainda tinha suas perguntas.

- Por que eles não gostam de magia?

- Não sei direito. Mas um dia, papai me disse que, se eu me tornasse um mago, não seria mais o seu primogênito.

Leonard sentou-se ao lado da irmã e a encarou, esperando uma próxima pergunta. Tinha certeza de que a menina tentaria tirar algumas dúvidas logo. E estava certo.

- Por que nós somos assassinos?

O rapaz ficou claramente desconfortável com aquela pergunta. Levantou-se mais uma vez e abriu o armário, fingindo procurar algo.

- Não está pronta para saber.

- E quando eu vou estar?

- Isso depende de nossos pais – respondeu de imediato. – Quando eles disserem que você está pronta, dirão o motivo. Eu até te contaria se eles não tivessem pedido para não contar nada.

Ruby ficou em silêncio. Até pensou em perguntar qual fora sua reação, mas de nada adiantaria. Leonard era indiscutivelmente frio, e provavelmente escondeu qualquer emoção ao saber o motivo.

- Acho que eu não quero ser como eles – disse ela. – Não consigo ser falsa e fria como vocês. Não consigo me imaginar matando alguém. Não posso fazer isso.

- Esqueça, Ruby. – Leon aumentou um pouco o tom de voz. – É a nossa sina. Você será uma assassina, querendo ou não.

- Eu não quero!

- Ruby! Você não tem escolhas. Não é como se pudesse decidir qual doce vai ganhar. Seu destino foi traçado no momento em que você nasceu, talvez no momento em que nossos pais se conheceram. Sinta-se privilegiada! Sempre teve um corpo perfeito para uma assassina. É ágil, magra, forte...

- Eu não posso fazer isso. Não dá pra cortar uma pessoa como se estivesse cortando um daqueles bonecos de treinamento.

- Pode reclamar o quanto quiser. É inútil, o jeito é se acostumar.

Aquilo ainda não a convencera. Ruby definitivamente não seguiria aquele caminho horrível. Nunca se tornaria uma assassina. Se dependesse dela, essa geração de Casterwills acabaria ali.

Ela foi para seu quarto em silêncio. Isolou-se em um canto, abraçou as pernas e começou a chorar. Quase pôde imaginar sua mãe entrando e dizendo “Ruby, assassinos não choram! Somos frios, não mostramos sentimentos”. E foi esse pensamento que deixou claro que ela não nascera para isso. Um dia teria seus filhos, e não queria que seus pais os ensinassem a matar. Não queria que eles ficassem sem infância como ela e o irmão.

Naquele momento ela só sentia raiva, e seu ódio a fez chegar àquela conclusão.

No dia seguinte, como de costume, ela chegou em casa e logo o pai mandou que fosse treinar. Ruby guardou sua bolsa e desceu até o porão. Pegou uma das espadas e voltou ao primeiro andar. Sua mãe tinha acabado de chegar, mas nada do Leon. Assim era melhor.

A garota parou de frente para os pais, que a olharam confusos.

- Filha, treine lá embaixo – disse seu pai.

Ela balançou a cabeça, negando.

- Pai, mãe. Vocês sempre quiseram uma perfeita assassina, que matasse outras pessoas a sangue frio. Pois bem, quero que me avaliem agora.

- Ruby... – Sua mãe parecia desesperada. - O que você...

- Eu vou me livrar dessa sina. Irei trilhar meu próprio destino.

A Casterwill mais nova sacou a espada.

Sangue foi espalhado pela luxuosa sala da mansão.

Trabalho feito, Ruby lutou contra as lágrimas. Jogou a arma empapada de sangue humano nos corpos dos pais.

- Vocês nunca foram pais de verdade! Que tipo de pai ensina uma filha a matar?! Que tipo de mãe ensina uma filha a ser falsa?!

- Você não pode falar com os mortos.

Ruby virou-se para encarar o rosto inexpressivo do irmão mais velho. Seus olhos pareciam opacos, e ela sabia que não o veria chorando ou gritando de raiva nem se ficasse ali o dia inteiro.

- Fuja – ordenou. – Eu também irei fugir. Cada um para um lado, assim não seremos vistos e juntos e pensarão que os assassinos esconderam nossos corpos, sei lá.

- Ou podem nos procurar.

- Mana, fuja. O máximo que puder. Mate alguém se for preciso, mas não deixe que te peguem. E não adianta dizer que não quer matar – ele apontou para os cadáveres – porque isso está no sangue.

Ruby deu uma última olhada para os pais. Encarou o irmão já com lágrimas nos olhos e finalmente fugiu pela porta dos fundos.

---

- Eu fugi por cinco anos até encontrar a Eletro Magic – concluiu Ruby. – Estou pagando por meu crime.

Ela ainda não conseguia encarar Saphire. Sua amiga já lhe contara que havia fugido de casa com o irmão, Brendon, porque os pais não paravam de brigar. Mas daí a matar os próprios pais...

- Você se tornou algo que jurou nunca ser – disse Saphire. – Uma assassina.

Ruby continuou a encarar o nada. Ankamy sentia-se culpada por criar aquele clima horrível, enquanto Satoshi permanecia tão surpreso que por um instante esqueceu o destino no grupo e sua preocupação.

A tal assassina não sabia direito o que dizer. Saphire balançou a cabeça em desaprovação e saiu correndo, e Satoshi foi atrás dela. Anakamy e Ruby permaneceram ali.

- Meus pais também foram assassinados – confessou Ankamy. – Bem... Não dessa forma, mas...

- Está tudo bem. Eu posso superar isso.

Não, não podia. Ela sabia que disso.

- Desculpe por te fazer contar isso.

Ruby queria dizer algo que mostrasse sua força, que estava tudo bem, mas ao invés disso ela começou a chorar no ombro da amiga. Ankamy, solidária, a abraçou, enquanto sentia as lágrimas da amiga escorrendo por suas costas e aturava aquele silêncio infernal. Tristeza. Culpa. Arrependimento. Raiva.

Tudo isso em uma só cena.

---

Satoshi tinha dificuldades em seguir Saphire. Aparentemente, ela era bem rápida quando estava chateada. Sua sorte foi que a garota finalmente se cansou e parou de correr. Se continuassem naquele caminho...

- Saphire! – Ele a chamou. – Você está bem?

- Eu sentia pena dela desde que soube seu sobrenome... – Disse ela. – Lembrava de ler sobre a família Casterwill nos jornais e sempre me perguntei como ela conseguiu sobreviver...

- Não precisa pensar nela como uma assassina agora – disse o rapaz. – Pense nela como nossa amiga e colega de guilda.

Saphire parou um pouco para pensar. Por fim, negou.

- É inacreditável.

Satoshi suspirou. Ao menos havia um lado bom naquilo: podiam demorar mais ainda para chegar ao vilarejo. Discretamente, olhou ao redor à procura de alguma planta que pudesse servir para um antídoto.

- A Ruby vai precisar de nosso apoio agora – continuou. – Ela deixou bem claro que está sofrendo pela culpa, e com certeza está preocupada com o irmão.

A garota finalmente olhou para ele, um pouco confusa.

- Sabe, escreveram nos jornais que os pais tinham morrido e os dois filhos estavam desaparecidos. Ruby não seria capaz de matar o irmão, que disse amar tanto. O mais provável é que ele também tenha fugido. Ou seja, ele está sozinho por aí do mundo, ou... Ele também acabou morrendo – explicou Satoshi. – Como você se sentiria se soubesse que Brendon morreu antes de poder se despedir dele?

Ela enfim concordou com os argumentos do rapaz. Ruby realmente tinha sofrido muito pelo que fez. Para ela recomeçar, precisaria do apoio dos amigos, e precisaria de Saphire ao seu lado.

- Vamos voltar – disse Satoshi.

A jovem o seguiu em silêncio. Não demorou muito para que encontrassem Ankamy consolando Ruby, ainda no mesmo lugar. Ninguém disse mais nada, apenas continuaram seguindo o caminho.

A essa altura, Satoshi já nem hesitava mais. Toda aquela história da Ruby o deixou até mesmo com saudades de casa. Mal podia esperar para rever seus parentes e...

- O que é aquilo? – Perguntou Ankamy.

Ela apontou para um fio de fumaça vindo de não muito longe. O grupo correu para ver o que estava acontecendo, mas quem disparou foi Satoshi. Foi o mais rápido dos três, e sacou sua espada antes mesmo de chegar ao local.

- Socorro!! – Pôde ouvir alguém gritando.

Satoshi parou por um segundo. Ele... Ele conhecia aquela voz. E naquele momento soube que não poderia perdoar o autor daquele estrago.

- Estou indo, Kagura! – Gritou, mesmo sabendo que ela não o ouviria. – Eu juro que vou te proteger! Sempre!


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Notas finais do capítulo

No próximo... (narrado por Diego)
Nonoka Amahara... O que você está escondendo? Tenho certeza que há algum segredo por trás desse sorriso.
Por falar nisso... Que será essa cicatriz?
Eriol, meu melhor amigo, desculpe não te contado nada.
Gabriel, querido irmão, desculpe te deixar tão aflito. Prometo que voltarei a ficar ao seu lado daqui em diante.
Nossa... Por que só temos essas memórias de casa, maninho?
Não percam o próximo!
"Os Dois Lados da Moeda"
Soreha, sayounará!



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