Incarcerous - Acorrentados escrita por Ana Carolina Rocco


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Ainda não "betei" o capítulo!
Se encontrarem erros/discordância gramatical me avisem ok?
Sem mais delongas...



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Capítulo 4.
PVO Rose Weasley

– Eu ainda não estou falando com você! - Anunciei ao fim de mais uma aula de Herbologia. Meu primo me encarou confuso. - Não consigo acreditar que você entregou a revista a ele, Albus! - Falei pela milésima vez, esperando pelas novas desculpas que meu primo inventaria.

– Você poderia esquecer isso? - Albus perguntou emburrado, me seguindo. - Já faz mais de uma semana!

– Mesmo assim. - Falei impaciente. - Você poderia ter pedido minha autorização...

– Em primeiro lugar, Rose, a Dominique entregou a revista pra mim! - Ele falou irritado. - E em segundo lugar não tinha nada naquela revista que pudesse te comprometer!

– Que seja! - Falei nervosa, andando entre as pessoas rapidamente, sumindo da vista de Albus.

– Rose! - Uma voz masculina chamou enquanto me apressava para andar cada vez mais rápido. - Rose! - O dono da voz me alcançou, parei explosivamente enquanto me virava para falar poucas e boas para Albus, mas não era ele que me segurava. - Nunca havia reparado que você anda tão rápido...

– Aconteceu alguma coisa, Antony? - Perguntei tentando não demonstrar o quanto estava irritada.

– Queria saber se você pode me ajudar com Transfiguração...

– Claro que posso! - Falei um pouco aliviada. - Que nem no ano passado?

– Isso! - Ele falou sorrindo. - Mary também está precisando de ajuda... Tudo bem se ela for?

– Sem problemas! É só falar quando e eu estarei lá...

– Ah, pode ser amanha? - Ele perguntou com dúvida. - Ou é amanha sua detenção com Malfoy?

– Pode ser amanha, Antony. - Falei voltando a ficar irritada. - Minha detenção com o loiro aguado foi no sábado!

– Que mal lhe pergunte... - Ele falou constrangido. - Como vocês conseguiram pegar uma detenção na primeira semana de aula?

– Ele estava falando da minha prima...

– Da Lily?

– Não, da Dominique!

– E o que ele falou para te tirar do sério? - Ele perguntou preocupado. - Você deu um soco nele, sabe!?

– Nada que valha a pena repetir... - Respirei fundo para me manter calma. - Amanha então?

– Isso, na biblioteca... O de sempre!

– Combinado!

*

Lentamente fui para o meu dormitório, não queria ter brigado com Albus, mas não tinha culpa se ele entrava em assuntos que me deixavam irritada, ainda mais quando eu estava de TPM.

– Albus está lá embaixo no salão comunal te esperando. - Carrie falou entrando no quarto e se jogando na cama de dossel. - Disse que não arreda o pé da escada enquanto você não descer...

– Então ele vai ficar lá até amanhã de manhã... - Falei fechando a cara, tentando não soar como uma dessas garotas estúpidas, mas não teve jeito. - Não quero falar com ele!

– Ainda aquela história da revista? - Emily perguntou tirando o salto alto e massageando os pés.

– Ainda? Achei que você entendesse Emily.

– Eu entendi no dia, Rose, mas você não pode ignorar seu primo pelo resto da sua vida por causa de uma coisa tão boba que aconteceu há uma semana!

–A Emily tem razão... Está até parecendo quando estávamos no quarto ano e vocês voltaram das férias sem se falar... - Carrie resmungou de sua cama.

– Aquilo foi diferente!

– A gente não tem como opinar nisso, Rosinha, já que você nunca contou o que aconteceu! - Carrie resmungou outra vez.

– Se eu não contei na época não vai ser agora que eu vou contar... - Falei séria, tentando rir para que elas não achassem que eu estava brava.

– O que vocês estão fazendo? - Lily entrou no quarto se jogando na minha cama. - Porque Albus está montando guarda na escada Rose?

– Você também, Lily? - Perguntei começando a trocar de roupa.

– Está até parecendo nas férias do quarto ano... Vocês beijaram outra vez? - Lily perguntou histérica. - É por isso que você está brava, não é? Ele te beijou mais uma vez!

– Você já ficou com o Albus? - Emily perguntou assustada esperando por explicações. - Ele é seu primo! - Podia sentir o ciúme em sua voz mesclar com a cara de indignação de Carrie.

– Não! - Respondi gaguejando, culpada.

– Oh, Céus! - Carrie falou jogando um travesseiro na minha cara. - Vocês já ficaram!

– É claro que eles já ficaram... - Lily jogou meu travesseiro na minha cara. - Querem enganar quem?

– Não quero enganar ninguém! - Respondi gritando com o mau humor que me assombrava há dois dias. - Ele me beijou naquelas férias, e eu realmente gostaria de esquecer isso...

– Você estava provocando ele o dia inteiro...

– Provocando? Eu?

– Ela nunca vai admitir... - Lily falou para minhas amigas apontando na minha direção como se eu não pudesse escutá-la ou vê-la. Dirigiu a palavra a mim logo em seguida. - Vim aqui porque preciso da sua ajuda, Rosie.

– Hum? - Murmurei sem interesse, enquanto vestia um short e uma regata de pijama.

– É que tem um garoto, e bem... Digamos que eu possa estar interessada...

– Que garoto? - Emily e Carrie indagaram curiosas.

– Quem ele é... - Lily falou corando, ficando da cor de nossos cabelos. - É irrelevante!

– E como espera que eu possa ajudá-la se você não for falar quem ele é? - Perguntei abrindo a mochila sobre minha cama.

– É o Malfoy? - Emily deu seu palpite sentando-se ao meu lado na cama. - Porque se for, você vai precisar de muita ajuda!

– Não, não é o Malfoy! - Lily falou se jogando no chão, envergonhada.

– Ele é um Alfa, um Beta ou um Ômega? - Carrie perguntou sentando-se.

– O que seria isso? - Lily perguntou fazendo careta.

– Os Alfas são os meus prediletos... - Emily começou a explicar empolgada. - São os garotos que tem pinta de cafajeste. Confiam em si mesmo, são conquistadores... Às vezes, são machistas e opressores, mas sempre gostam de estar no controle! - Lily torcia o nariz para cada palavra. - De vez em quando são galinhas, mas sabem o que uma garota quer na cama... Tem aquela pegada, entende!?

– Os Betas são garotos românticos... - Carrie explicou com brilho nos olhos. - coisa que Alfa‘sdificilmente seriam! - Emily mostrou a língua para Carrie fazendo com que todas nós ríssemos. - Eles estão sempre buscando um relacionamento sério e a parte boa é que raramente traem uma garota!

– Você esqueceu de dizer que Betas são extremamente carentes! - Emily olhou para Carrie de forma séria.

– Eu ia chegar nesse ponto. - Carrie falou mal humorada. - Betas estão sempre por perto para escutar o que uma garota tem a dizer!

– Não, ele não é bem assim... - Lily falou corando mais uma vez. - Como seriam os Ômegas?

– Ah. - Carrie e Emily começaram a rir ao mesmo tempo, enquanto eu encarava minha prima com determinação. - Os Ômegas, priminha, são os piores tipos! Têm dificuldade em atrair ou conquistar garotas, odeia responsabilidades, nunca amadurecem e são infantis! Ou é um fracassado ou se faz de coitado... - Lily arregalou os olhos para mim. - No mínimo, você gostaria de transformá-lo em um beta!

– E então? - Emily falou jogando um travesseiro na cara de Lily. - Qual dos três ele é?

– Ele é um Beta... - Lily afirmou pensativa, rodando o travesseiro nas mãos. - Mas comigo ele age como se fosse um Ômega! Isso é possível?

– Tudo é possível... - Emily falou rindo, andando até sua cama para se deitar. - Essa teoria é da Rita Skeeter!

– O que importa Lily é que você precisa fazê-lo agir como um Beta quando estiver com você! - Falei para ela, que entendeu o recado, se levantando. - E diga para Albus que eu estava dormindo quando você subiu, sim!?

– Pode deixar! - Lily saiu dando pulinhos. - Falo para o Hugo que você vai dormir com ele? - Ela perguntou já a porta.

– Como você sabe? - Perguntei de sobrancelhas juntas.

– Porque você é previsível... - Ela constatou. - E porque está usando pijamas! - Falou saindo do quarto, ainda podia escutar sua risada no corredor.

– Eu não sou previsível! - Falei jogando o travesseiro na porta, para o meu azar, quando Sussi entrava no quarto... Irritada, ela jogou o travesseiro de volta pra mim, tentando me matar com ele! Sério! – Obrigada pelo pijama, Carrie. – Sussurrei, antes de sair do quarto.

*

– Hugo Weasley perdeu a virgindade! - Foi à frase que me fez acordar no dia seguinte, ergui minha cabeça e encarei um dos amigos do meu irmão. - Ah não, é a nerd da irmã dele! - O garoto falou rindo e saindo do quarto.

– Seu colega de quarto é um babaca arrogante. - Falei acordando meu irmão.

– Ele deve estar assim porque você gemeu a noite inteira! - Hugo falou debochado, fechei a cara para ele.

– Eu não gemi a noite inteira... - Falei me levantando. - Eu estava com...

– Cólicas, eu sei! - Meu irmão falou revirando os olhos. - Parece uma criança quando está com dor... E Rose, irmãzinha, quando você está com dor, realmente parece que você está gem...

– Pelo menos eu tenho meu irmãozinho para me fazer cafuné em Hogwarts! - Falei zombeteira, me levantando um tanto carrancuda. - E como ele pode reclamar dos meus “gemidos” – Disse fazendo aspas com as mãos – e não falar nada sobre seus roncos?

– Eles já estão acostumados com isso! - Rindo, me empurrando para fora da cama. - E se você não sair agora vai se atrasar...

Sai de seu dormitório aos empurrões, os garotos que me viam nos corredores não falavam nada, talvez estivessem acostumados a me ver perambular por lá uma vez ou outra. Sei que pode soar ridículo, mas esse costume começou quando eu ainda era bem nova...

Devia ter uns nove ou dez anos quando senti minha primeira cólica, chorei a noite inteira enquanto minha mãe fazia cafuné na minha cabeça até eu dormir... Qualquer garota que já tenha tido essa experiência, sabe o quanto isso é desagradável, mas comigo era insuportável, como diria tia Gina:amostra grátis de um parto. Alguns meses depois, em mais uma das amostras de parto, mamãe falou que eu tinha que aprender a suportar a dor sozinha...

Acho que Hugo ficou com pena de mim, ou quem sabe não estava conseguindo dormir por causa do meu choro silencioso - silencioso o bastante para não deixá-lo dormir. Naquela época dividíamos o mesmo quarto, só lembro que ele sentou na cama ao meu lado e fez cafuné como a mamãe fazia, até eu pegar no sono...

Era o nosso segredo, e quem sabe eu até tenha me acostumado com a dor, mas aquele contato de irmão para irmã era bem raro - raramente nos dávamos bem sem implicar um com o outro - e aquilo nos aproximava.

Quando enfrentei meu primeiro ano em Hogwarts sem minha mãe ou Hugo, ficava me contorcendo de dor até cair no sono, mas quando um ano depois, Hugo entrou em Hogwarts, ele falou: Agora você não vai precisar sofrer sozinha. Ninguém entendeu o que ele quis dizer, todos que estavam no vagão conosco, nos encararam de canto de olho, mas Hugo não explicou nada a ninguém e eu fiz o mesmo.

Quando a TPM chegou, deixei meu irmão avisado, e naquela noite ele tentou subir no meu quarto. Meio constrangedor dizer que ele acordou todos os grifinorianos, mas mesmo sendo ameaçado de pegar uma detenção, não contou a ninguém o que ele estava fazendo ao tentar subir na ala das meninas...

Esse nosso pequeno segredo era a única coisa que nos aproximava, meu irmão era infantil na maior parte do tempo, chato, irritante e insuportável, mas quando Hugo queria, ele era o melhor irmão do mundo.

Entrei no meu quarto na pontinha do pé, desnecessário dizer que Emily e Carrie já estavam acordadas se enfeitando, me olharam confidentemente - elas sabiam onde eu havia estado, ao contrário de Sussi, e não falaram nada - deixando Sussi tirar suas próprias conclusões absurdas.

*

– Podemos jogar xadrez-bruxo depois da aula? - Albus perguntou quando sentei ao seu lado na grama. - Trato das Criaturas Mágicas me dá vontade de relaxar...

– Se você não gosta da matéria, porque está cursando? - Perguntei para ele que me olhou de volta.

– Porque quando disse que abandonaria a matéria, Hagrid ficou decepcionado...

– Ele não ficou decepcionado, ele fez o maior escândalo que o mundo já viu... Depois do meu, ontem... - Ri constrangida, dando um soco leve no braço do meu primo. - Desculpe pelo escândalo, priminho, eu... – Minhas bochechas começavam a avermelhar.

– Sem problemas. - Albus respondeu me empurrando para o lado. - E então, o que me diz? Xadrez-bruxo?

– Não dá... Vou estudar com o Antony na biblioteca... Transfigurações... - Falei me arrependendo do compromisso que marcara com o garoto da Lufa-Lufa. - A Mary vai também, se você quiser ir...

– Qual parte do preciso relaxar você não entendeu? - Albus falou com um sorriso no rosto. - Amanha então?

– Certo, combinado! - Foi à última coisa que falamos naquela aula, depois de Hagrid passar ao nosso lado nos encarando bravo por estarmos conversando.

*

– Já chega, não agüento mais. - Mary levantou irritada, fazendo com que eu pulasse da cadeira assustada com sua atitude brusca. - Transfigurações não é para mim, vou abandonar essa matéria, mamãe gostando ou não! - Ela anunciou para Antony, enquanto enfiava seus livros para dentro da mochila. Ela saiu, sem mais nem menos, gritando e xingando qualquer um que a olhava.

– O que deu na sua irmã? - Perguntei para Antony que deu de ombros.

Antony e Mary eram irmãos gêmeos, ambos da Lufa-Lufa. Na época dos NOM‘s ajudei Antony com Transfigurações, ele sempre estava enrolado com a matéria e mesmo que eu estivesse atolada com os deveres que os professores passavam, nunca deixei de ajudá-lo.

– Acho que ela desistiu de novo. - Ele respondeu sem interesse, voltando a olhar para o livro aberto na nossa frente. - Eu tento ajudá-la, mas ela não tem paciência...

– E você vai desistir? - Perguntei prendendo-o em um contato visual. Digamos que Antony era o típico garoto bonitinho que todas as garotas já viraram o rosto para olhar uma segunda vez.

– Eu gosto dessa matéria, só tenho dificuldade para entender... - Ele hesitou o olhar e voltou a falar. - Mas a minha professora particular é muito exigente para me deixar desistir... Além de ser atraente...

Soltei uma risada depois dessa, colocando a típica histeria no final para ele não perceber que estava rindo dele. Até que ele era bonitinho o suficiente para se olhar uma terceira vez. Tinha os cabelos em um preto intenso e seus olhos eram de um lindo tom de castanho que chocavam ao dar contraste com sua pele naturalmente bronzeada.

– Obrigada. - Falei agradecendo ao elogio, tentando ao máximo fazer com que minha voz soasse sensualmente. Arrumei minha cadeira, fazendo com que ficasse mais perto da dele e voltei a explicar a matéria, jogava o cabelo para trás de tempos em tempos, tentando inutilmente flertar com ele, mas ele prestava atenção de mais para o que eu dizia, e atenção de menos para o que eu fazia. - Acho melhor irmos embora, Antony, já está tarde.

Já havia se passado umas duas horas desde que a irmã dele havia saído. Não tinha mais ninguém a nossa volta e a biblioteca estava silenciosa a ponto de me dar calafrios. Ele olhou ao redor, constatando a mesma coisa que eu, Madame Pince era a única que sobrara no lugar e dormia em sua cadeira, com os cotovelos apoiados na mesa e o rosto caindo de suas mãos, atrás do balcão.

– Há quanto tempo estamos aqui? - Ele perguntou assustado.

– Tempo suficiente para um dia... Estou até com dor nas costas de ficar nessa cadeira. - Ele deu uma risada e se levantou para guardar suas coisas, me levantei também para guardar os livros na prateleira, não pretendia ficar para trás. - Vou guardar isso aqui e já volto.

– Certo. - Ele respondeu sem olhar. - Eu te espero.

Fui em direção á ultima estante, e guardei todos os livros que consegui no lugar. Faltava apenas um, ironicamente aquele havia sido o único livro que não usamos, e o único que eu não alcançava para poder guardar. Podia muito bem voltar para a mesa e pegar minha varinha na mochila, com um feitiço ele sairia voando e se guardaria sozinho. E era exatamente isso que pretendia fazer, quando senti as mãos dele na minha cintura, me levantando, fazendo com que o livro se encaixasse exatamente onde devia.

Quando meus pés voltaram a encostar-se ao chão, senti seu peitoral largo encostado em minhas costas. Virei no mesmo segundo e ficamos de frente um para o outro. Ele hesitou um pouco, e me vi presa naqueles olhos castanhos. Inexperiente! Foi a primeira coisa que eu pensei, mas deixei que ele tomasse a iniciativa, garotos gostavam de dizer "Beijei uma garota", e não "Uma garota me beijou".

– Obrigada. - Falei me aproximando um pouco mais, foi o que bastou. Ele sorriu abobado uma última vez, antes de passar sua mão pelo meu pescoço, deixando-me arrepiada.

– Você é linda quando seu cabelo está liso, sabia? - Ele sussurrou, e antes que eu pudesse fingir que estava constrangida, ele me beijou.

Já havia imaginado esse momento há alguns anos atrás, eu nunca havia ficado com um garoto na época e o Antony meio que me tratava bem...

Dois anos antes de entrar em Hogwarts minha tia Fleur havia me convidado para substituir Dominique em um show de beleza - ridículo, eu sei - Dominique havia caído da vassoura e arranhara toda a perna, impossibilitando-a de participar. - Nesse dia eu fiquei em segundo lugar, minha mãe não gostou nada dessa história de me ver sendo julgada pela minha beleza, mas percebeu que eu havia ficado feliz. Ela explicou que quando uma pessoa só vê a beleza física, esquece de tudo o que é essencial, e eu nunca pude ignorar o que ela falara... - Quando entrei em Hogwarts fiz questão de me desarrumar inteira, assim que entrei no trem.

"As pessoas tem que gostar de mim pelo que eu sou, Albus, e não pela minha aparência". - Acho que ninguém nunca entendeu minha atitude, mas eu entender não era o bastante? Sempre que eu ficava com um garoto, sabia que eles estavam ficando comigo por qualquer motivo, menos a minha beleza exterior.

E eu já havia imaginado o momento que ficaria com Antony, pois ele sempre me tratara de uma forma especial, mesmo que eu usasse roupas amassadas e uns óculos estranhos, ele estava me beijando naquele momento. Mas sua última frase me pegou de surpresa, qual que fora mesmo? - "Você é linda quando seu cabelo está liso, sabia?" - Como assim? Se meu cabelo estivesse embaralhado como de costume, ele não teria me beijado?

Eu odiava, odiava quando isso acontecia! Eu tinha que ter pensamentos que voavam em lembranças do meu passado? Estava mais uma vez, avoada de tudo o que estava acontecendo no momento e me distraindo com coisas desnecessárias! Porque eu não conseguia me concentrar no que estava fazendo? Eu era louca? Tinha algum problema mental? Porque era a milésima vez que pensava em minha família enquanto era beijada por um garoto.

As mãos de Antony eram rápidas de forma que eu não conseguia acompanhá-las, no começo, devo admitir que até achei que o beijo seria sem sal, sem graça, mas de sem graça aquilo não tinha nada. Estava encostada na estante e suas mãos exploravam meu corpo por dentro de minha blusa desabotoada... - Quando ele desabotoara a minha blusa? - Suas mãos procuravam o caminho da felicidade, e eu precisei interromper aquilo, antes que ele tentasse uma masturbação no meio daquela biblioteca vazia!

– Ah! - Soltei um suspiro enquanto o afastava de forma ingênua. Ele parou com a busca ao caminho da felicidade, me apertando com força enquanto beijava meu pescoço. Com facilidade me prendeu entre a estante e a parede, derrubando alguns livros no chão. Ele parou de me beijar para ver o que havia feito barulho e soltou a frase que me deixou acordada a noite inteira, pensando...

– Você até que é gostosa! - Não tive tempo de responder, um barulho distraíra a nós dois. - Madame Pince? - Ele perguntou desamassando sua roupa, enquanto eu abotoava minha camisa. - Pelo menos ninguém vai achar estranho esse seu cabelo bagunçado! - Ele sussurrou enquanto andava na minha frente. Voltamos para nossa mesa, ele jogou a mochila sobre as costas, mas antes que ele pudesse sair eu segurei seu braço.

– Assina pra mim? - Perguntei esticando minha agenda na sua cara, tentando a todo custo não demonstrar o quando estava mal humorada. Ele pegou a agenda e assinou sem fazer perguntas... Pelo menos ele me poupava de inventar alguma resposta. - Jura que não vai contar pra ninguém? - Perguntei, ele me deu um leve selinho e saiu andando. - Promete? - Perguntei mais uma vez.

– Não contaria nem sob tortura! - Ele riu enquanto saía apressado.

Eu estava bufando quando me despedi de Madame Pince, meus pés me levaram diretamente para a cozinha do castelo, onde descontei toda a raiva que o babaca do Antony me fez passar... Não conseguia acreditar que ele estava debochando de mim enquanto a gente ficava! Quem ele pensa que é? Lufa-Lufa acaba de se tornar à casa que eu mais odeio, nem a Sonserina havia conseguido me deixar tão nervosa... E eu me vingaria dele, eu tinha que me vingar! Quando não consegui engolir mais nada, peguei minha mochila e me preparei para voltar para as torres...

– Quem está aí? - Fiquei rígida, podia sentir o arrepio que o susto me causara, todos os pêlos do meu corpo estavam em pé, uma varinha se acendeu cegando-me momentaneamente. - Você me assustou! - A voz masculina era conhecida, esfreguei meus olhos e encarei o vulto que se aproximava, minha visão começando a se acostumar com a penumbra do corredor.

– Tyler!? - Perguntei ainda em dúvida, o garoto sorriu parando ao meu lado.

– Poderia te dar uma detenção, Rose. - Ele falou cansado. - Não é o seu dia de vigiar os corredores...

– Perdi a noção do tempo... - Falei mordendo os lábios. Esperava que ele pudesse esquecer que me viu e me deixasse sair dali sem grandes explicações, estava farta da Lufa-Lufa por uma vida inteira.

– Você sabe que pode perder o distintivo se levar mais detenções!?

– Minerva te contou? - Perguntei andando com passos calmos. - Achei que ela manteria nossa conversa em segredo!

– Sou monitor-chefe, Rose, ela precisou me contar. - Ele me olhou debochado, aquilo fez meu sangue subir. - Seria a primeira vez que um monitor perde o distintivo em sete décadas... - Respirei fundo tentando me concentrar, já havia escutado aquele discurso vezes de mais para conseguir contar.

– Eu já sei de tudo isso, gatinho. - Ao pronunciar o apelido gatinho, como minha prima Molly fazia com o namorado incansavelmente, tentei não rir como a tradição implorava que eu fizesse.

– Eu não entendo como você conseguiu seu distintivo... - Ele estava levemente corado, o que me fazia pensar se era pelo apelido que eu o havia chamado ou se era pelo que estava preste a dizer. - Quero dizer, você é a monitora com mais detenção que a história do castelo já viu...

– Pode perguntar - Incentivei. - você não seria o primeiro com essa dúvida.

– Certo. - Ele parou de andar e eu fiz o mesmo, postando-me em sua frente de uma forma delicada. - Seus pais compraram esse distintivo pra você? - Ri de uma forma histérica, sem nem ao menos achar graça do que ele falava, neguei com a cabeça. - Sabe que eu tenho liberdade para te dar uma detenção, Weasley. Não é o seu dia de vigiar os corredores e você...

– Consegui o distintivo pelas minhas notas, Tyler. - Falei me aproximando dele. - E quem sabe eu o perca por não ter limites... - Ele me olhou assustado quando percebeu que eu acariciava seu pescoço. - Seria realmente chato se você me aplicasse uma detenção agora...

– É? - Ele perguntou engolindo a saliva. - Por que você...? - Postei meu dedo indicador sobre seus lábios, fazendo com que se calasse.

– Seria chato você me aplicar uma detenção agora, gatinho. - A concentração para não rir exigiu breves segundos, os quais agradeci por ele ter se mantido em silêncio. - Porque poderíamos aproveitar melhor o nosso tempo de outra maneira... – Seus olhos brilharam satisfeitos, me puxou pela mão obrigando-me a segui-lo.

Homens são previsíveis, todos eles são iguais e só pensam em uma coisa... Não importa se eles usam uniformes ou roupas casuais, se são considerados bonito, feio ou estranho, muito velho ou muito jovem, não sendo seu pai ou um irmão, tudo o que fizer menção a sexo fará com que eles percam a cabeça, e mesmo que o ato não seja consumado, a imaginação deles fará o resto do trabalho.

Como se clichê fosse o nome do meio de Tyler Connor, seus pés nos levaram para uma sala vazia, que ele trancou assim que eu entrei. Ele tirou o casaco jogando em um canto sem cerimônias, e tentando parecer satisfeita com a situação que eu mesmo me colocara, atirei minha mochila no chão como se não visse a hora de beijar o garoto sarado que nunca tinha nenhum assunto agradável para conversar.

Filmes trouxas deveriam ser considerados a enciclopédia feminina quando o assunto é sedução, e como se repetisse o mesmo filme toda vez que me via trancada em uma sala com algum garoto, induzi Tyler a sentar na ponta da mesa, colocando-me entre suas pernas enquanto o puxava pelo cinto cada vez que ele parava para tomar ar entre um beijo e outro.

Quando tudo começou a ficar terrivelmente enjoativo, e começou a passar dos limites, fiz cara de santa - o que, diga-se de passagem, levou um treino exaustivo na frente do espelho - e falei que era melhor pararmos. Ele não aceitou aquilo com uma cara feliz, um tanto constrangido, tentava esconder sua ereção, enquanto eu abotoava minha camisa da forma mais rápida que eu encontrara.

– Você vai me deixar na mão mais uma vez? - Ele perguntou enquanto eu abria minha mochila em busca da minha agenda. - E quer que eu assine esse negócio de novo?

– Não estou te deixando na mão, gatinho, estou apenas adiando o momento para um lugar mais reservado... - Falei entregando a agenda já aberta na data certa. - E você já sabe o que fazer. - Falei entregando a pena, ele assinou com a mesma expressão da primeira vez. - E você promete não contar a ninguém?

– Eu prometo não contar a ninguém, Rose. - Ele bufou, fazendo com que eu sorrisse satisfeita por isso.

– Queria te perguntar uma coisa. - Falei me postando no meio de suas pernas mais uma vez. - Você joga no time da Lufa-Lufa não é? - Inocentemente passava minhas unhas em sua coxa, por cima de sua calça.

– Eu sou batedor. - Ele falou desconcertado, tirando suas mãos de cima do volume em sua calça e jogando a cabeça para trás.

– Ah, é? - Fingi interesse, enquanto acariciava sua perna. - E como está o time esse ano? - Fazê-lo falar alguma coisa que me interessava, foi mais fácil do que eu jamais achei possível... E mesmo assim, nunca admitiria o que tive que fazer para conseguir isso.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo de reestréia?

As Definições de Garotos Alfa, Beta e Ômega foram retirados da revista MALU (20-10-2011) ano 13 n 486 pag.34. à E eu dei tanta risada com essa definição, porque realmente parecia uma reportagem da Rita!

Aguardo o comentário de vocês, mais do nunca!

COMENTEM, please!
— Nox!


Capítulo por Ana CR e Nikki W. Malfoy
Essa história pode ser encontrada no FeB.



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