Unspoken Feelings escrita por lovemyway


Capítulo 6
I will never be the same without you


Notas iniciais do capítulo

Então pessoal, esse é o último capítulo da Fanfic. Não pude revisar, então desculpem qualquer erro.
Obrigada pela paciência, por terem acompanhado, e por terem deixado reviews. Espero que gostem!



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I am lost, I am vain I will never be the same without you.

I can't rest, I can't fight, all I need is you and I.

I won't soar, I won't climb, If you're not here, I'm paralyzed.

I can't look, I'm so blind. I lost my heart, I lost my mind without you.


–– Without You

Usher/David Gueta.





Querida Quinn,



Nada é o mesmo desde que você se foi. Eu poderia mentir e dizer que tudo ficou bem. Eu poderia mentir e dizer que consegui seguir em frente, mas a verdade é que quando vi seu corpo ser enterrado, percebi que também havia perdido uma grande parte de mim. E então, a noite, que sempre foi minha aliada nos nossos anos de casada, tornou-se minha maior inimiga. O brilho da Lua só fazia eu me sentir mais solitária, e o frio se tornava cada dia mais insuportável por eu não ter o seu corpo para aquecer o meu.


Perdi a conta de quantas vezes quis partir. Até mesmo respirar se mostrou uma tarefa difícil, e eu precisava me lembrar constantemente de continuar tentando. Continuar por você, pelo Andrew, por Megan (que se tornou uma filha para mim), e principalmente pelo nosso neto. Eu não morreria antes de vê-lo. Eu não morreria antes de lhe dizer tudo aquilo que eu sei que você gostaria de ter dito. E quando eu o tive em meus braços pela primeira vez, naquele quarto de Hospital tão familiar ao no qual você partiu, eu o aninhei em meu peito e sussurrei aquelas três palavras em seu ouvido. Eu sussurrei que o amava. E eu nunca amei tanto quanto naquele momento, em que seus pequenos olhinhos se abriram, e aquelas duas esmeraldas me encaravam com um brilho que eu só tinha visto nos olhos de uma pessoa em toda a minha vida: nos seus. As lágrimas desceram de meus olhos antes que eu pudesse impedir, e eu me peguei cantando a nossa música enquanto o embalava em meu colo, observando-o abrir um sorriso sem dentes, e sentindo meu peito se explodir em algo que eu nunca mais pensei que fosse sentir. E durante todos esses anos em que vivi desde a sua morte, aquela foi uma das únicas vezes em que me senti completamente feliz.


Seu nome é Nathan Anthony Fabray. Ele tem sete anos agora, e ele se parece tanto com você quanto Andrew se parece comigo. Nathan é um garotinho esperto para a idade, e ironicamente tem uma paixão enorme por raspadinhas de uva. A mesma que você costumava jogar em meu rosto quando era uma líder de torcida, e eu era apenas a maior perdedora do colégio. A mesma que você comprou para mim no nosso segundo encontro, e que acabou por se tornar a minha bebida predileta de todos os tempos, só porque depois eu pude sentir o gosto em sua boca. Nathan é baixo para a idade (talvez ele tenha puxado isso de mim), e é um garoto bem agitado. Ele ama assistir todos os desenhos que você costumava acordar mais cedo aos sábados para ver, e trocaria qualquer boneco de ação por um bom livro. De fato, eu o presenteei em seu último aniversário com a sua antiga coleção completa de Harry Potter, e ele já leu pelo menos três livros. Eu tentei fazê-lo gostar de Crepúsculo, mas ele literalmente vomitou em cima do meu livro quando começou a ler "Lua Nova", e disse que nunca mais leria nada de vampiros em toda a sua vida. Acho que traumatizei nosso neto! Mas eu sei que ele estava apenas brincando, porque peguei-o remexendo em um dos meus antigos livros de Drácula.


Eu ainda me lembro quando Nathan disse a sua primeira palavra. Era véspera de Natal, e eu estava sentada na sua poltrona, que ainda estava colocada na sala (hoje, eu a tenho em meu quarto, bem ao lado da nossa cama). Eu cantarolava Defying Gravity, que ainda é uma de minhas músicas preferidas, enquanto Andrew e Megan preparavam a mesa para a ceia do Natal. Beth brincava com Nathan e com sua filha, Lucy (e sim, meu amor, é uma homenagem à você), enquanto o seu marido, Kevin, tentava esconder alguns presentes para quando o Tyler (e mesmo depois de todo esse tempo eu ainda acho estranho saber que meu ex-namorado casou e teve um filho com a minha mãe) aparecesse vestido de papai Noel. Suzannah ria escandalosamente sempre que via o "uniforme" vermelho, e apontava para a cara do marido debochando de sua falta de sorte. Nelly, graças a Deus, puxou a personalidade de Brittany, e conseguia impedir que a irmã tirasse realmente alguém do sério. Em suma, quase todos estavam se divertindo. Eu, por outro lado, sentia-me vazia sem ter você por perto. Aquele era um dos primeiros Natais que passamos separadas, e eu sentia aquela ferida da sua perda ainda sangrando dentro de mim. Acho que Nathan puxou meu sexto sentido, ou talvez ele só estivesse realmente querendo mais atenção. De qualquer forma, ele se cansou de sua brincadeira com Lucy e Beth, e veio caminhando lentamente em minha direção, os braços pequenos esticados e aqueles imensos olhos verdes grudados ao meu. E quando ele disse "bobó" em voz alta, eu senti como se algo estivesse derretendo dentro do meu peito, e as lágrimas caíram em cascata. Aquele foi o último momento de plena felicidade que senti em minha vida. Desde então, tudo se resume ao buraco que ainda está aberto em meu peito.


Às vezes, eu ainda acordo chorando durante a noite. Às vezes, eu ainda penso no dia em que entrei naquele quarto com um copo de café na mão, e escutei aquele grito angustiado, tão cheio de dor que sequer parecia humano. Às vezes, eu ainda me pergunto porque levei tanto tempo para perceber que era eu quem estava gritando. Às vezes, eu me pergunto como ainda consigo viver sem ter você ao meu lado. Mas a verdade é que eu não vivo, eu sobrevivo. Eu acordo todos os dias porque meus olhos se abrem, e não porque quero. Eu continuo respirando porque o ar entra e saí de meus pulmões, mesmo sem minha autorização. Eu continuo tentando, porque eu sei que você não gostaria de me ver desistir. Só que tudo perdeu o significado, e eu estou cansada de continuar nesse mundo sem você. Mas eu estou cansada de muitas coisas, agora, e isso o que me faz ter a certeza de que não há mais lugar nesse mundo para mim.


Palavras não são o suficiente para expressar o tamanho da minha dor. Elas não são capazes de expressar o que acontece em meu peito todas as vezes que olho para o seu lado na cama, e percebo que você não está lá. Ou quando eu não posso te abraçar no nosso aniversário de casamento. Ou como eu preciso reler todas as cartas que você já me enviou só para me sentir mais perto de você. Ou quando eu vou ao cemitério e vejo o seu nome escrito em uma lápide, e sinto como se minha alma tivesse sido sugada de meu corpo. Ou como quando eu vejo seu livro na estante, e passo meus dedos delicamente pelas páginas, apenas porque sei que foi você quem as escreveu. Ou quando vejo nosso filho rindo com o nosso neto, e percebo que você nunca teve a oportunidade de ver essa cena. Oh, esses são os piores momentos! Às vezes, eu simplesmente me tranco em nosso quarto o dia todo e rezo para que a morte venha me acolher como uma amiga. Eu já vivi demais. Agora, eu preciso descansar. Eu só quero que a dor passe.


É engraçado como você fica mais velho, e perde o medo pela morte. Você passa a vê-la como uma amiga, a qual você espera que a qualquer momento venha te visitar. Quando eu sonho com você, eu penso que ela finalmente veio me buscar e que estou no Paraíso. Mas aí eu acordo, e percebo que ainda há mais um longo dia pela frente. É assim que eu vivo agora. Um dia de cada vez.


Não me entenda mal, meu amor, porque eu não sou completamente infeliz. Eu tenho Andrew, eu tenho Megan, eu tenho Nathan... Eles são os únicos motivos pelo qual eu ainda consigo sorrir. Eles são os únicos motivos que ainda me dão forças para me levantar todas as manhãs, e os únicos motivos pelos quais eu ainda quero vencer a batalha contra o cansaço que se torna cada dia maior. Entretanto, eu já resisti por muito tempo, e há um limite aceitável de dor que um ser humano pode sentir. O meu foi ultrapassado quando você foi tirada de mim. O meu é ultrapassado todos os dias, quando percebo que minhas mãos tremem quase o tempo todo, e que minhas pernas quase não são mais capazes de sustentar meu próprio corpo. O tempo não perdoa, minha querida, e todos os dias em que me olho no espelho, eu vejo as rugas em meu rosto e tento desesperadamente recuperar minha juventude. Contudo, ela se foi. Isso foi apenas outro fato que eu precisei aceitar. Mas não é tão difícil assim, na verdade. Eu tive uma vida longa e feliz. Eu realizei todos os meus sonhos, casei-me com a mulher mais linda de todo o mundo, tenho a família mais maravilhosa que poderia ter, e os amigos mais incríveis do mundo...


Eu me pergunto como elas estão. Brittany e Santana. Eu ainda me lembro com clareza do dia em que Brittany faleceu, e eu juro que pensei que Santana fosse morrer naquele momento. Em seus olhos, eu vi refletida a mesma dor que havia nos meus. Em seu rosto, eu vi refletida a mesma expressão de desamparo que eu sei que tenho estampada no meu até hoje. Às vezes, eu ainda me pergunto como ela conseguiu aguentar tanto tempo. Mas aí eu me lembro de que ainda estou viva, e que as pessoas podem ser muito mais fortes do que imaginávamos. Eu sempre pensei que Santana fosse forte, mas nunca imaginei que eu também pudesse ser. Tenho quase certeza de que ela deve estar ao seu lado, agora, revirando os olhos e debochando silenciosamente de minha lerdeza até mesmo na hora de falecer. Imagino Brittany cutucando suas costelas, e fazendo você rir daquele jeito maravilhoso que fazem as borboletas se revirarem em meu estômago e meu coração disparar dentro do peito. Oh, Quinn, como eu sinto saudades da sua risada! Do seu cheiro, do seu calor, do seu abraço, dos seus beijos... Meu único consolo é saber que, num futuro não muito distante, eu a terei novamente em meus braços, e poderemos realmente ter a eternidade uma ao lado da outra.


Eu posso escutar as risadas de Nathan vindas da sala, e eu sei que ele provavelmente está assistindo algum desenho. Em breve, Andrew chegará do trabalho, e provavelmente vai vir aqui em cima, perguntar-me se está tudo bem. Eu quero lhe dizer que está. Tudo está perfeitamente bem. Eu finalmente estou com sono, e acho que posso fechar meus olhos, mas antes, eu quero que ele saiba que eu o amo de todo o meu coração.


Eu quero que ele saiba que tenho orgulho de tê-lo colocado no mundo, e que acredito cegamente que este é um lugar melhor por causa dele. Eu quero que ele saiba que amo sua esposa como uma filha, e que o que sinto pelo meu neto é algo tão forte que simplesmente não consigo colocar em palavras. Oh, Andrew, eu quero que você saiba que eu fiz de tudo para te dar tudo o que você merecia. E, meu eterno bebê, eu espero de todo o meu coração que o amor que sua mãe e eu te demos tenha sido o suficiente. Você é um homem, agora, e a vida não será gentil com você algumas vezes. Eu sei que você ainda vai se machucar, e eu sei que você ainda vai querer desistir e jogar tudo para o alto. Mas o caminho para a felicidade não é perfeito, e sempre haverá muitas pedras que farão você tropeçar. Lembre-se, entretanto, de que não são as quedas que te definem, e sim a maneira que você se levanta e decide continuar. E saiba de uma coisa: não importa se você pode ou não nos ver, sua mãe e eu sempre estaremos aqui por você. Se duvidar, então olhe para o céu e procure as duas estrelas mais brilhantes. Porque lá estaremos nós, guiando-o através da escuridão, e mesmo com toda a distância, sempre cuidando de você. Obrigada por tudo, meu filho.


E, minha amada, obrigada por ter mantido meu coração batendo durante todos esses anos. Agora, está na hora de eu ir ao seu encontro.



Da mulher eternamente sua,

Rachel Barbra Berry *.



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Andrew chegou em casa e colocou a sacola de compras em cima da mesinha de centro da sala, seus olhos correndo pelo ambiente procurando por uma figura pequena que se escondia atrás de uma das cortinas. O homem sorriu e, sem fazer algum barulho, aproximou-se sorrateiramente da cortina e a puxou de uma vez, escutando uma exclamação seguida de uma gargalhada.


–– Você trapaceou! –– disse Nathan.

–– Você é quem não sabe se esconder –– resmungou Andrew, pegando o filho no colo e o colocando em seus braços.

–– Papai, me solta! –– pediu o garoto emburrado. –– Não sou mais criança!


Andrew riu e colocou o filho no chão, bagunçando-lhe os cabelos e beijando levemente sua testa. O garotinho saiu correndo de volta para a cozinha, onde a mãe preparava o jantar, e onde ele largara seu boneco de ação preferido. Andrew colocou as chaves do carro no chaveiro e entrou na cozinha, aproximando-se de sua mulher e a abraçando por trás, beijando-lhe a nuca e mordendo de leve o lóbulo de sua orelha. Megan revirou os olhos e riu, virando-se na direção do marido e depositando um beijo casto em seus lábios.


–– Você está linda –– disse ele.

–– Você diz isso todos os dias –– retrucou Megan, embora amasse aquela atitude do marido.

–– Não é minha culpa se você está linda todos os dias –– resmungou Andrew, fazendo um biquinho e arrancando uma gargalhada de Megan.

–– Eu sou a mulher mais sortuda do mundo –– disse ela, acariciando o rosto do marido. –– Lembre-se de agradecer à sua mãe por ter criado você tão bem.

–– Acho que você já vez isso algumas milhares de vezes –– brincou o homem.

–– Sim –– concordou Megan. –– Mas acho que nunca será o bastante.


Andrew sorriu e se sentou no banquinho ao lado do balcão. Sua testa se franziu ao perceber que a mãe não estava ali. Geralmente, Rachel sempre se oferecia para ajudar com o jantar. A mulher dizia se sentir mal por atrapalhar a vida do filho com a esposa, mas tanto Andrew quanto Megan amavam a presença de Rachel dentro daquela casa. Mesmo oito anos depois, Andrew ainda sentia falta de sua outra mãe, Quinn, e queria ficar o mais próximo possível da mãe que ainda tinha, e que o colocara no mundo. Megan, por sua vez, era extremamente apaixonada pelas sogras. Ela sempre se deu muito bem com Quinn, mas Rachel era como sua segunda mãe. Ou até mesmo primeira, já que Megan não tinha muito contato com a sua desde que começou a namorar Andrew, há mais de dez anos. A mãe dela não aprovava o relacionamento da filha com o "garoto criado pelas lésbicas", mas Megan não ligava para a ignorância da mãe. Em sua opinião, Rachel e Quinn eram as melhores pessoas que ela tivera o prazer de conhecer em sua vida.


–– Onde está minha mãe? –– perguntou Andrew.

–– No quarto –– disse Megan. –– Você foi chamá-la como eu pedi, Nathan?

–– Não –– disse o garotinho, corando. –– Desculpe, mamãe.

–– Tudo bem, querido. Ela disse que estava exausta e que queria descansar um pouco antes do jantar –– esclareceu Megan. –– Vá checá-la, Andy. Eu já teria feito isso se não estivesse ocupada com o jantar.

–– Volto já –– disse o homem.


Andrew subiu as escadas e parou em frente ao quarto da mãe, batendo na porta três vezes e esperando o comando de entrar. Um comando que nunca veio. O homem bateu na porta mais três vezes, preocupado com a demora da mãe. E quando ficou sem resposta novamente, ele resolveu entrar, mesmo que hesitante, o mais silenciosamente que conseguiu. O quarto estava mal iluminado, porque a luz não estava acesa e o Sol já não entrava pelas frestas da janela. Andrew acendeu a luz, e seu coração parou ao ver a mãe deitada em sua poltrona –– a poltrona que um dia foi de Quinn –– com um pedaço de papel em suas mãos que estava sendo guardado próximo ao coração, e com o outro pedaço de papel sobre seu colo.


–– Mãe? –– chamou.


Mas quando Andrew se aproximou e viu o que Rachel tinha em suas mãos, ele finalmente compreendeu. Suas mães finalmente estavam juntas depois de todo aquele tempo.










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Notas finais do capítulo

E então, mereço reviews finais? :)