Romeu e Julieta escrita por Yuna Aikawa


Capítulo 17
Ato III


Notas iniciais do capítulo

Cena III



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Cochichos. Foi tudo o que conseguiram fazer naquele momento. Ninguém, nem mesmo Tsunade, tinha coragem de ver como Neji estava ou comentar algo em voz alta. A coordenadora mandou seguir com a peça, o Hyuga só apareceria na próxima cena e TenTen também - qualquer coisa tinham Gaara e Lee para substituí-los, mesmo que Rock ficasse péssimo com o vestido da senhora Capuleto. O palco representava a cela de frei Lourenço. Entram Shino e Sasuke.
 

     Shino — Romeu, vem cá, homem medroso! Se está aflito, me conte a desgraça.
     Sasuke — Padre, a sentença do príncipe, qual foi? Teria sido o juízo final sua sentença?
     Shino— Não a morte para o corpo, mas o exílio.
     Sasuke — Exílio! Exílio! Poderia ter dito logo "morte", pois mais horror contém no olhar o exílio do que a própria morte.
     Shino — Estás banido de Verona. Mas calma, pois o mundo é maior do que você imagina.
     Sasuke — Para mim não existe mundo além de Verona. Estar banido daqui, é estar banido do mundo, pior que a morte.
     Shino— Oh pecado mortal! Tão emoxinho... Pare de viadagem! Oh rude e absurdo desagradecimento! Nossas leis o matariam, mas o benigno príncipe, tomando seu partido, pôs a lei de lado, apenas te exilando. É graça, e grande, e você não queres vê-la!
     Sasuke — É tortura, não graça. O céu se encontra onde Julieta vive. Um simples gato, ratinho, cachorro ou as coisas mais inúteis que aqui vivem podem vê-la, mas não o Romeu. Ora, banido! Ó frade! Essa palavra os condenados usam no inferno e de urros a acompanham. Na qualidade de homem santo, sendo, como és, um confessor, que tem poderes para perdoar pecados, meu amigo declarado, pretendes esmagar-me com esse termo: "Banido"?
     Shino — Homem sem juízo, ouve-me ao menos uma palavrinha. Eu sou padre, não o rei! Ou você está vendo alguma coroa por aqui?
     Sasuke — Oh! Se vai falar de exílio novamente... Não precisa ser estúpido.
     Shino — Vou te emprestar uma armadura, para amparar esse termo: filosofia, o leite doce de palavras e pensamentos que te há de confortar, embora esteja, de verdade, banido.
     Sasuke — "Banido"! Põe a filosofia numa forca, a menos que a filosofia possa fazer uma Julieta, uma cidade mudar, ou deixar írrito um decreto. Se não, de nada vale, para nada pode servir-me. Não me fales nisso.
     Shino — Vejo que os loucos não possuem orelhas.
     Sasuke — Louco é a sua mãe! Ah, pera... Roteiro.. Desculpa. "Como tê-las, se os sábios não têm olhos?"
     Shino — Deixe-me discorrer sobre o teu caso.
     Sasuke — Não pode falar sobre o que não sente. Se fosse moço, como eu; se Julieta te pertencesse, e é bom que não pertença, por ter se tornado sua esposa há uma hora; se tivesse matado Tebaldo, e louco, apaixonado como eu: bem, assim podia falar, jogar-te ao solo como o faço agora, para dar a medida de uma cova que ainda vai ser aberta.

 O som de uma suave batida na larga porta de madeira da igreja ecoa pela platéia.

     Shino — Estão batendo, Romeu... Não tem ninguém em casa! Romeu, rápido! Levante-se depressa e se esconda.
     Sasuke — Não; a menos que o sopro dos gemidos do coração, à guisa de neblina, me ocultasse da busca dos olhares.

 Som de batidas novamente.

     Shino — Andou bebendo? Escuta! Estão batendo novamente. – Quem está aí? – Romeu, Romeu, levante-se! Podes ser preso. - Espera, pow! Já ouvi! Não sou surdo!. – (Batem.) Levanta-te, Romeu! Esconde-te em meu quarto. – Já vou! Já vou! – Por Deus, como és teimoso! – (Batem.) Já vou! Quem bate com tamanha força? Que quereis?
     Temari (Ainda na cochia) – Deixe-me entrar, para que eu dê o recado. A senhora Julieta me mandou.
     Shino — Bem-vinda, então. (Temari entra.)
     Temari — Ó santo, diga-me, onde está ele? Romeu, cadê?
     Shino — Ali, jogado ao solo, embriagado por suas próprias lágrimas.
     Temari — Oh! justamente o caso de minha ama! Justamente o seu caso.
     Shino — Oh simpatia dolorosa, terrível situação!
     Temari — Ela está justamente assim, deitada e lastimando-se, chorando sem parar. Levantai-vos! Sede homem, uma vez na vida, por amor de Julieta. Por que se consumes em lamentos?
     Sasuke — Ama?
     Temari — Ah meu senhor! A morte é o fim de tudo.
     Sasuke — Velha, fala-me de Julieta. Como ela pensa? Não me julga assassino inveterado, pelo fato de eu ter manchado a infância de nossa grande dita com um sangue tão próximo do seu? Onde está ela? Que faz? Que diz minha secreta esposa do nosso amor destruído?
     Temari — Velha é a senhora sua mãe! Oh! Julieta não diz nada, senhor; mas chora, chora sem parar. Ora se joga ao leito, ora levanta-se, chama "Tebaldo", grita o vosso nome, e cai de novo.
     Sasuke — Deu drogas para ela? Como se esse nome, por um canhão contra ela disparado, lhe desse a morte, como a mão maldita de tal nome o fizera com seu primo. Ó frade, dize-me: em que parte abjeta de minha anatomia está meu nome? Dize, que eu saquearei, no mesmo instante, a casa do inimigo. (Saca da espada.)
     Shino — Detém essa desesperada mão. Acaso és homem? Emoxinho suicida! Tua postura o afirma, mas as lágrimas são de mulher, mostrando esses teus atos desesperados o furor selvagem dos próprios animais. Ó deformada mulher, sob a aparência de um mancebo, ou animal deturpado, sob a forma de ambos: pasmado estou. Pela minha ordem sagrada: sempre fiz outro juízo de teu temperamento. Não mataste Tebaldo? Agora queres suicidar-te e, assim, matar a tua própria esposa, que de tua vida vive, revertendo contra ti próprio esse ódio amaldiçoado? Por que insultas o berço, o céu e a terra? O berço, o céu e a terra unidos se acham em ti, e de uma vez perdê-los queres? Ora, envergonhas tua forma, o espírito, o amor, que em barda tens, como usurário, sem que nada uses no seu vero emprego para te ornar a forma, o amor, o espírito. Tua nobre figura é como imagem de cera, se o vigor viril lhe falta; teu amor tão prezado, oco perjúrio que mata o amor que proteger juraste; o espírito, esse ornato da postura, como do amor, se encontra deformado pela conduta de ambos, como pólvora no frasco de um soldado inexperiente, que por tua própria ignorância explode, com tuas próprias armas desmembrando-te. Vamos, homem: levanta-te! Está viva tua Julieta, por quem te achas quase no ponto de morrer. Estás com sorte. Tebaldo quis matar-te; a morte deste-lhe. Nisso foste também mui venturoso. A lei se mostra tua amiga, a pena de morte atenuando para exílio: outra ventura. Sobre o dorso um fardo de bênçãos te caiu. Com seus mais ricos atavios te vem fazendo a corte sempre a felicidade; mas no jeito de um rapaz não polido e caprichoso, com a sorte e o amor amuado te revelas. Toma cuidado! Quem assim procede, acaba sempre mal. Vamos, levanta-te! Vai ter com teu amor, como assentamos. Escala o quarto e leva-lhe conforto. Tem cautela, porém; não te demores até que venham iniciar a guarda, porque então para Mântua não saíras, que é onde vais viver até que achemos a hora oportuna de anunciar as bodas, a reconciliação fazer de todos os vossos conhecidos, e a demência do príncipe alcançar, para chamar-te, finalmente, de volta, retornando tu com cem vezes mil mais alegrias do que tinhas de dores ao partires. Ama, segue na frente. Recomenda-me à senhorita e dize-lhe que cuide de mandar para a cama toda a casa, a isso disposta pelos cruéis eventos. Romeu vai logo. [n/a: Resumindo... Romeu mulherzinha O:]
     Temari — Oh Deus! Aqui eu ficaria toda a noite, para ouvir bons conselhos.
     Sasuke — Bons conselhos? Ele me tirou para uma bicha louca! Mas okay, ele é bom nos discursos.
     Temari — Eis um anel, senhor, por ela entregue para que eu o desse. Vamos, vinde depressa que já está ficando tarde.
     Sasuke — Como isto o coração me fortalece!
     Shino — Eu ia fazer um comentário, mas a orientação sexual de Romeu já está muito comprometida nesta peça... Saí, boa noite, e toda vossa dita sabeis depende disto: ou saí antes de iniciarem a guarda, ou, muito cedo disfarçado, deixai nossa cidade. Fique em Mântua, que eu acharei meios de encontrar vosso criado. Ele vos há de com freqüência levar as boas novas do que se for passando em nosso meio. Passai bem, Romeu. Adeus.
     Sasuke — Não fosse a dita me levar daqui, sentira dor em me afastar de ti. Adeus.
    
 Saem.

- Se não fosse a dita.. O quê? - Perguntou Shino, na cochia.
- Algo como "me dói ficar longe de ti..." - Explicou Temari.
- "... Amigo" - Completou Sasuke.

 Os três entram rindo nos camarins, mas se deparam com Tsunade, aflita em seus pensamentos. "O que houve?", perguntou o Uchiha para Hinata. "Os dois ainda não voltaram", explicou a garota.


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Notas finais do capítulo

Desculpem-me a demora @.@//



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