Shino, assim que entra na cochia, "roubou" o dicionário de Sasuke, finalmente descobrindo o que é Benedicite. Quando Sasuke ia perguntar ao colega qual era o significado da palavra, Tsunade o mandou voltar ao palco, junto com Gaara e Naruto, que entraram na frente - cenário de uma rua tipíca da cidade. É, a dúvida ficará até o final da cena.


     Gaara — Onde diabo se meteu esse Romeu? Passou a noite em casa, porventura?
     Naruto — Não na do pai, pois conversei com ele.
     Gaara — Oh! Deve ser culpa de Rosalina, pálida de coração de pedra, que o atormenta, a ponto de deixá-lo quase louco.
     Naruto — Tebaldo, aquele que é a cara do velho Capuleto, enviou uma carta à casa do pai de Romeu.
     Gaara — É um desafio?
     Naruto — Romeu vai saber lhe responder. Ele irá mostrar ao autor da carta como sabe desafiar, quando é desafiado.
     Gaara — Ah! Pobre Romeu! Já está morto; apunhalado pelos olhos negros de uma donzela branca; em ouvidos tem apenas uma canção de amor. Será o homem apropriado para enfrentar Tebaldo?
     Naruto — Ora, quem é esse Tebaldo?
     Gaara — Não é nenhum príncipe dos gatos, mas é o valente capitão dos salamaleques. Bate como se cantasse uma ária melodia, sem perder o ritmo, nem o compasso, nem o tom. Observa suas pausas: uma, duas... A terceira será em vosso peito. Verdadeiro carniceiro dos botões de seda, um duelista!
     Naruto — Como assim?
     Gaara — Você é surdo, por acaso? "Por Jesus, que lâmina excelente! Que belo rapagão! Que rameira de truz!" Ora, meu velho, não é possível que nunca tenha ouvido falar dele.

 Sasuke arrumou sua camisa, respirou fundo e olhou para Tsunade, que lhe apontou o roteiro cheio de rabiscos. A coordenadora, de fato, só havia complicado mais o trabalho dos atores, mas lá foi o Uchiha, entrando com calma no palco.
    
     Naruto — Esta noite passaste-nos uma bela moeda falsa, primo.
     Sasuke — Bom dia para ambos. Que moeda falsa vos passei?
     Gaara — A de vila-diogo, senhor! A de vila-diogo! Não me compreende?
     Sasuke — Perdão, meu Mercúcio; mas tinha um negócio muito importante em mãos; e num caso desses parece-me lícito forçar um pouco a cortesia.
     Gaara — O que equivale a dizer que num caso como o vosso somos forçados a dobrar a perna.
     Sasuke — Sim, por cortesia.
     Gaara — Muito espirituoso. Fiquei sabendo, pelo bondoso Benvólio, de uma carta.
     Sasuke — Chicote e espora naquele ignóbil! Caso contrário, cantarei vitória.
     Gaara — É natural; se o teu espírito tomar parte na corrida, dou-me antecipadamente por vencido, por ter mais de pato-selvagem do que eu. Mas estive lá contigo por causa de algum pato?
     Sasuke — Nunca estiveste comigo que não fosse por causa de alguma "pata".
     Gaara — Só por essa brincadeira vou te morder a ponta da orelha.
     Sasuke — Não, bondoso pato, não me mordas.
     Gaara — Teu espírito é uma verdadeira maçã agridoce; possui caldo bem picante.
     Sasuke — E não irá bem com uma patinha doce?
     Gaara — É espírito de pele de cabrito, que, espichado, vai de uma polegada à largura de uma cova.
     Sasuke — Pois vou espichá-lo ainda mais, só por causa dessa largura, que acrescentada ao patinho, prova que não passas de um pato largo.
     Gaara — E não será melhor ser isso do que andar a suspirar de amor? Mas agora, sim, revelas-te sociável. Agora, sim: és homem, por arte e natureza. Porque esse teu amor disparatado é como um grande idiota que corre a cambalear por aí, para, no fim, se esconder em qualquer buraco.
     Naruto — Pára aí! Pára aí!
     Gaara — Quer que eu corte a minha história e a deixe cotó?
     Naruto — Sim, que do contrário ficaria de rabo muito comprido.
     Gaara — Oh! estás enganado; ficaria curto, pois eu já havia atingido o fundo da história, não tendo a intenção de prosseguir no argumento.
     Sasuke — Certo, vamos encerrar esse assunto, okay?

 Entram Sai e Temari.
    
     Temari — Pedro!
     Sai — Que mandais?
     Temari — Meu leque, Pedro.
     Gaara — Sim, Pedrinho, para esconder o rosto; porque dos dois, o leque ainda é o mais passável.
     Temari — Deus vos dê bom dia, cavalheiros.
     Gaara — E para vós, boa tarde, bela dama.
     Temari — Já é boa tarde?
     Gaara — Não será menos, é o que vos digo, porque a mão obscena do mostrador segura neste momento o ponteiro do meio-dia.
     Temari — Ficai longe da minha vista! Que espécie de homem é você?
     Sasuke — Um homem, nobre dama, que Deus fez para que ele próprio se estragasse.
     Temari — Por minha fé, muito bem dito: "Para que ele próprio se estragasse!" Cavalheiros, algum dos senhores pode me dizer onde eu posso encontrar o jovem Romeu?
     Sasuke — Eu posso; mas no instante em que encontrardes o jovem Romeu, ele estará mais velho do que agora. Sou eu o mais moço desse nome, em falta de outro pior.
     Temari — Dizeis bem.
     Gaara — Como! O pior, então, está bem? Bem apanhado, de fato. Com argúcia, com muita argúcia.
     Temari — Se é mesmo Romeu, senhor, gostaria de ter uma conversa particular.
     Naruto — Deve ser convite para alguma ceia... Que fome!
     Gaara — Oh! Oh!
     Sasuke — Que estás farejando nisso?
     Gaara — Não sou um cão farejador, sabe? Mas não será uma lebre, senhor; a menos que seja alguma lebre de pastel de quaresmas já meio passada e embolorada, antes mesmo de ser comida. Porém, lebre embolorada vale menos do que nada quando cria muito cisco. Romeu, não vai à casa de vosso pai? Vamos jantar lá.
     Sasuke — Já os sigo.
     Gaara — Adeus, antiga dama; adeus. Cuidado com uma cara de manto negro e uma foice, sei que ele está a sua procura - espero.
    
 Gaara e Naruto saem do palco. "Isso não estava no roteiro, estava?", pergunta o loiro, procurando algo para comer. "O quê?", diz o ruivo, oferecendo ao amigo uma barra de chocolate "aquela última fala?". Naruto apenas afirmou com a cabeça, ocupado demais devorando o doce. "Não", assume o ruivo, "Mas eu sempre quis disser uma coisa dessas... Sua boca está suja".

     Temari — Sim, adeus. Uma dúvida, senhor: quem é esse tipo desavergonhado, que só traz merdas na cabeça? - Mil desculpas, nii-chan. Apenas segui o roteiro.
     Sasuke — É um cavalheiro, Ama, que tem prazer em ouvir a própria voz e que em um minuto prometerá mais coisas do que possa realizar em um mês.
     Temari — Mas se ele disser algo contra minha pessoa, eu o demolirei. E se não puder fazê-lo, saberei encontrar quem o faça por mim... Não sou nenhuma louca. E tu, Pedro, estás ai e permites que qualquer velhaco faça de mim o que bem entender?
     Sai — Nunca vi ninguém fazer de vós o que bem entendesse; que, se o visse, minha espada teria saltado logo da bainha. Saco da espada com tanta rapidez como qualquer pessoa, sempre que topo com uma boa briga e tenho a lei de meu lado. Talvez eu só estive distraído - ou rindo de você.
     Temari — Hei de ignorar sua incompetência, Pedrinho. Romeu, sujeito à-toa! Como já vos disse, minha jovem senhora mandou que vos procurasse. Mas quero saber se pretende levá-la para o paraíso dos loucos, o que seria um péssimo procedimento, por assim dizer. Porque a senhorita é jovem, não quero que perca a inocência.
     Sasuke — Ama, recomenda-me à tua senhora. Juro-te...
     Temari — Oh! Que lindeza! Realmente, vou dizer-lhe isso mesmo. Oh Senhor! como ela vai ficar contente!
     Sasuke — Mas que é que irás dizer se eu nem terminei a droga da fala?
     Temari — Vou dizer, senhor, que jurastes, o que me parece ser uma promessa de gentil-homem.
     Sasuke — Diga para que ela arranje uma desculpa para ir se confessar hoje à tarde, que na cela do frei Lourenço ela vai se confessar e casar.
     Temari — Esta tarde, senhor. Bem; estará lá.
     Sasuke — Boa mulher, espera um pouco. Dentro de uma hora, atrás do muro da abadia, irás ver meu criado com uma escada de cordas, que há de me levar ao pico do mastaréu na calada da noite. Adeus. Dá recomendações à senhorita.
     Temari — Agora, que Deus do céu te abençoe. Escutai, senhor.
     Sasuke — Oi?
     Temari — Poderemos confiar no seu criado? Pois bem sabe: dois guardarão segredo, quando um nada souber de todo o enredo.
     Sasuke — Posso afirmar que o meu homem é tão firme quanto o aço.
     Temari — Se você diz, quem sou eu para discordar, né?

 Sai Romeu, com um largo sorriso no rosto.

     Temari - Pedro!
     Sai — Que ordenais?
     Temari — Pedro, segura meu leque e vai na frente
    
 Saem, finalizando a quarta cena deste longo ato. Tsunade estava começando a ter orgulho dos garotos. De fato, era possível ver a determinação nos olhos de todos - ou quase todos. Bastou a coordenadora se distrair um pouco, que Naruto e Choji estavam brigando por um mísero pacote de batatinhas. Suspirou, aquela alegria ilusória passou, e foi separar os garotos.

- Sasuke... - Hinata puxou o garoto pela manga, como sempre.
- Uhn? - O Uchiha estava com a boca ocupada para falar, virando uma pequena garrafa plástica com água na boca.
- Está com fome? Deve estar cansado.
- Um pouco - O garoto secou a boca com a manga.
- Bem... É que eu fiz estes biscoitos ontem e queria saber se você não gostaria de prov...
- CUIDADO!

 O aviso havia sido tarde demais. Hinata foi interrompida foi um pacote aberto de salgadinhos voadores, que lhe acertou no rosto. Sasuke e Neji lançaram olhares de ódio mortal para os amigos que brigavam pela comida e, enquanto o Hyuga dava lições de moral nos dois, Sasuke pediu uma pause de dois minutos, apenas para levar Hinata ao banheiro, para que ela lavasse o rosto, tirando o sal do olhos.

...

O Benedicite (também Benedicite, ópera ou uma canção de Criação) é um cântico que podem ser utilizados na Anglicana ou Luterana liturgia da Manhã Oração. As versões mais recentes muitas vezes omitir o último verso, e pode reduzir o número de ocorrências do refrão "cantar o seu louvor e glorifica-lo para sempre" (ou seu equivalente). - Wikipédia.