Romeu e Julieta escrita por Yuna Aikawa


Capítulo 10
Ato II


Notas iniciais do capítulo

Cena II



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 "Olha, eu não quero pressioná-los", a coordenadora apertava os ombros de Hinata, séria, "Mas esta é a cena mais famosa, então, for favor, não esqueçam nenhuma fala", querendo ou não, isso era pressão demais para a cabeça dos jovens, aliás, para qualquer um, "Eu imploro!". Sasuke pediu educadamente para Tsunade soltar a pequena Hyuuga, que estava prestes a chorar, então exibiu um sorriso confiante: "Não se preocupe, daremos o nosso melhor!". Hinata apenas concordou, se juntando ao parceiro que acariciou seu rosto. As cortinas voltaram a se abrir, e lá estava o belíssimo jardim de Capuleto. Entra Sasuke, olhando fixamente para uma sacada, onde aparece sua princesa, Hinata.
 

     Sasuke — Só ri das cicatrizes quem ferida nunca sofreu no corpo.Mas silêncio! Que luz se escoa agora da janela? Será Julieta o sol daquele oriente? Surge, formoso sol, e mata a lua cheia de inveja, que se mostra pálida e doente de tristeza, por ter visto que és muito mais graciosa que ela. Eis minha dama. Oh, sim! É o meu amor. Se ela soubesse disso! Ela fala; contudo, não diz nada. Que importa? Com este olhar interrogativo está falando. Vou responder-lhe: não, sou um tarado, sequer sou muito ousado... Eu acho, depende do ponto de vista, mas o fato de eu estar invadindo sua casa não quer dizer nada, okay? Vede como ela apóia o rosto à mão. Ah! se eu fosse uma luva dessa mão, para poder tocar naquela face!
     Hinata — Ai de mim!
     Sasuke — Oh, falou! Fala de novo, anjo brilhante, porque és tão glorioso para esta noite, sobre a minha fronte, como o emissário cego e alado das alturas, maldito Cupido, anjo do amor.
     Hinata — Romeu, Romeu! Ah! Por que és tu Romeu? Renega o pai, despoja-te do nome; ou então, se não quiseres, jura ao menos que amor me tens, porque uma Capuleto deixarei de ser logo - Hinata não está olhando para Sasuke nesse momento, e sim, divagando sozinha.
     Sasuke — Continuo ouvindo esta doce voz mais um pouco ou lhe respondo?
     Hinata — Meu inimigo é apenas o teu nome. Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. O que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservara a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título. Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira.
     Sasuke — Sim, aceito tua palavra. Dá-me o nome apenas de amor, que ficarei rebatizado. De agora em diante não serei Romeu.
     Hinata — Quem és tu que, encoberto pela noite, entras em meu segredo? - Finalmente percebe a presença do rapaz.
     Sasuke — Por um nome não sei como dizer quem eu seja. Meu nome, minha cara, me é odioso, por ser teu inimigo; se o tivesse diante de mim, escrito, o rasgaria.
     Hinata — Essa voz... Não és Romeu, um dos Montecchios?
     Sasuke — Não, bela menina; nem um nem outro, se isso te desgosta.
     Hinata — Dize-me como entrou e porque veio. Muito alto é o muro do jardim, difícil de escalar, sendo o ponto a própria morte caso fosses encontrado por um dos meus parentes.
     Sasuke — Do amor as asas me fizeram transvoar o muro, pois barreira alguma conseguirá deter do amor o curso, tentando o amor tudo o que o amor realiza. Esse é meu jeito ninja de viver. Teus parentes, assim, não poderiam me desviar do propósito.
     Hinata — No caso de seres visto, poderão te matar.
     Sasuke — Ai! Em teus olhos há maior perigo do que em vinte punhais de teus parentes. Olha-me com doçura e isso basta para deixar-me à prova do ódio deles.
     Hinata — Por nada neste mundo eu desejo que seja visto aqui.
     Sasuke — Ocultarei-me deles nas sombras da noite. Basta que me ames e eles que me vejam! Prefiro ter roubada logo a vida pelo ódio deles, a ter morte longa, faltando o teu amor.
     Hinata — Com quem obteve informações para chegar até aqui?
     Sasuke — Com o amor, ele é um ótimo informante, sabia? Ainda me deu coragem; deu-me conselhos e eu lhe emprestei olhos. Não sou piloto; mas se te encontrasses tão longe quanto a praia mais extensa que o mar longínquo banha, aventurara-me para obter tão preciosa mercancia.
     Hinata — Ele sabe bem: a máscara da noite me cobre agora o rosto; do contrário, um rubor me pintaria, de pronto, as faces, pelo que me ouviste dizer neste momento. Mas fora! Fora com as formalidades! Isso está muito meloso, até para mim. Amas-me? Sei que vais dizer-me "sim", e creio no que dizes. Ó meu gentil Romeu! Se amas, proclama-o com sinceridade; ou se pensas, acaso, que foi fácil minha conquista, vou tornar-me ríspida, franzir a testa e dizer "não", porque me faças novamente a corte. Belo Montecchio, é certo: estou perdida, louca de amor; daí pode pensar que estou sendo leviana; mas pode acreditar em mim, cavalheiro, que hei de mais fiel me mostrar. Poderia ter sido mais prudente, preciso confessar, perdoa-me, não imputando à leviandade, nunca, meu abandono pronto, descoberto tão facilmente pela noite escura.
     Sasuke — Senhorita, juro pela santa lua que acairela de prata as belas frondes de todas estas árvores frutíferas... Que eu não entendi bulhufas do que você disse!
     Hinata — Não jures pela lua, essa inconstante, que seu contorno circular altera todos os meses, para que não pareça que teu amor, também, é assim mudável.
     Sasuke — Por que devo jurar?
     Hinata — Não jures nada, ou jura, que seja por ti mesmo, por tua nobre pessoa, que é o objeto de minha idolatria. Assim, te creio.
     Sasuke — Se o amor sincero deste coração...
     Hinata — Pára! não jures; muito embora sejas toda minha alegria, não me alegra a aliança desta noite; irrefletida foi por demais, precipitada, súbita, tal qual como o relâmpago que deixa de existir antes que dizer possamos: Ei-lo! brilhou! Boa noite, meu querido. Que o hálito do estio amadureça este botão de amor, porque ele possa numa flor transformar-se delicada, quando outra vez nos virmos. Até à vista; boa noite. Possas ter a mesma calma que neste instante se me apossa da alma.
     Sasuke — Você é complicada, indecisa, vais deixar-me sair insatisfeito?
     Hinata — Que alegria querias esta noite?
     Sasuke — Trocar contigo o voto fiel de amor.
     Hinata — Antes mesmo que pedisses, já te dera isso.
     Sasuke — Desejas retirá-lo? Com que intuito, querido amor?
     Hinata — Porque, mais generosa, de novo quero te ofertar. Minha bondade é como o mar: sem fim, e tão funda quanto ele. Posso dar-te sem medida, que muito mais me sobra: ambos são infinitos.
     Temari - Julieta? Julieta, querida...
     Hinata - Ouço me chamarem dentro de casa. Adeus, amor! Adeus! – Ama, vou já! – Sê fiel, doce Montecchio, espera um momentinho; volto logo. - Retira-se da janela.
     Sasuke — Oh! Que noite abençoada! Tenho medo que seja apenas um doce sonho. - Hinata volta á sacada.
     Hinata — Romeu querido, só três palavrinhas, e boa noite outra vez. Se esse amor for sério e honesto, amanhã cedo me envia uma palavra.
     Temari (dentro da casa) — Senhorita!
     Hinata — Já vou! Já vou!... Porém se não for puro teu pensamento, peço-te...
     AMA — Menina!
     Hinata — ... que não sigas com tuas insistências e me deixes entregue à minha dor. Amanhã cedo te mandarei recado por um próprio.
     Sasuke — Acho que foram mais de três palavras... Por minha alma...
     Hinata — Boa noite vezes mil!
     Sasuke — Não, má noite, sem tua luz gentil. O amor procura o amor como o estudante que da escola corre: num instante. Mas, ao se afastar dele, o amor parece que se transforma em colegial refece. - Faz menção de retirar-se, mas Julieta torna a aparecer em cima.
     Hinata — Psiu! Romeu, psiu! Oh! Quem me dera o grito do falcoeiro, porque chamar pudesse esse nobre gavião!
     Sasuke — Minha alma é que me chama pelo nome. Que doce som de prata é esse que ouvido atento escuta?
     Hinata — Romeu!
     Sasuke — Chamou, minha querida?
     Hinata — A que horas, cedo, devo mandar alguém para falar-te?
     Sasuke — Às nove horas.
     Hinata — Sem falta. Só parece que até lá são vinte anos. Esqueci-me do que tinha a dizer.
     Sasuke — Deixa que eu fique parado aqui, até que te recordes.
     Hinata — Iria me esquecer, só para que sempre ficasse ai parado, como uma estátua boba, recordando-me de como adoro tua companhia.
     Sasuke — E eu ficaria, para que esquecesse, deixando de lembrar-me de outra casa que não fosse esta aqui.
     Hinata — É quase dia; gostaria que já tivesses ido, não mais longe, porém, do que travessa menina deixa o meigo passarinho partir de sua gaiola, para logo puxá-lo novamente pelo fio de seda, tão ciumenta e amorosa é de sua liberdade.
     Sasuke — Quisera ser teu passarinho. Piu-piu.
     Hinata — O mesmo, querido, eu desejara; mas de tanto te acariciar, podia, até, matar-te. Adeus, até amanhã.
     Sasuke — Durma bem, minha preciosa flor. Vou procurar meu pai espiritual, para um conselho leal pedir.

 As luzes do palco se apagam, preparando o cenário para a próxima cena. Tsunade vai buscar Sasuke no palco, abraçando-o enquanto Temari ajuda Hinata a descer da pequena sacada. "Estou muito orgulhosa de vocês!", dizia a coordenadora, sem conter o sorriso. Os garotos apenas se olharam, corados, como se fosse uma declaração real. Poderia ser, certo?


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