Os dias foram se passando e Hermione ainda não tinha conseguido provar a inocência de Ronald e a culpa de Cormac e isso a estava deixando louca.

- Mas você procurou direito? – perguntou Hermione. Ela estava conversando com Harry pelo telefone, ele estava na fábrica.

- Não deu pra procurar muito porque ele voltou logo e ele não pode descobrir que eu andei fuçando na sala dele, né. – respondeu Harry.

- Por favor, Harry, tenta de novo! – insistiu Hermione.

Ela tinha acabado de chegar da escola. Mal entrou em casa e já ligou para o irmão para saber se ele tinha novidades. Os dois tinham combinado que Harry iria procurar as fitas de segurança na sala de Cormac na empresa. Hermione estava desesperada para encontrar alguma coisa que incriminasse Cormac, pois já fazia duas semanas que ela não conseguia ver Ronald e seu pai ainda não tinha devolvido seu celular.

- Tudo bem, eu vou ver o que dá pra fazer. – prometeu Harry desligando o telefone.

Hermione também desligou o telefone e se sentou no sofá da sala. Não estava se sentindo nada bem, fazia dias que não conseguia dormir nem comer direito, sentia muita falta de Ronald. Mas ela não ia se entregar, lutaria até o fim para provar que ele não tinha feito nada, ela devia isso a ele.

- Ah, já chegou, Hermione? Seu prato está na cozinha. – disse a Sra. Granger entrando na sala.

- Não vou comer agora. – respondeu Hermione desanimada.

- Você vai acabar ficando doente, Hermione. Eu vou trazer o seu prato aqui. – disse a mãe, se levantando.

- Não, eu já falei que não quero! – disse Hermione.

A Sra. Granger voltou e se sentou ao lado da filha.

- O que eu posso fazer pra te ajudar? – ela perguntou carinhosamente.

- Nada, ué. Você deve estar feliz, conseguiu o que queria. – disse Hermione se afastando da mãe.

- Como você acha que eu posso estar feliz vendo você sofrer desse jeito? – disse a mãe. – Eu posso ter errado muito no passado, mas eu estava justamente querendo evitar que você tivesse uma decepção como essa!

- Eu não tive decepção nenhuma! O Ronald é inocente! Mas eu não vou ficar aqui discutindo com você porque é inútil, você nunca vai acreditar. – Hermione se levantou do sofá e foi para o quarto.

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Hermione estava no quarto quando bateram na porta.

- Filha, quero conversar com você. – disse o Sr. Granger entrando no quarto.

Hermione não respondeu. Fechou os olhos e continuou deitada. O Sr. Granger sentou-se na cama ao lado dela.

- Sua professora de física acabou de me ligar. – ele disse. – Você ficou de recuperação.

Hermione continuou muda.

- O que aconteceu, hein? Você sempre foi uma ótima aluna, sempre tirando notas altas. É claro que você sempre teve dificuldade com física, mas nunca ficou de recuperação. – disse o pai.

- Eu não tenho vontade de estudar. Não tenho vontade de fazer mais nada. – respondeu Hermione.

- Eu sei que você está passando por um momento difícil, mas não pode desistir de tudo assim! Isso não é o fim do mundo, vai passar. – disse o Sr. Granger.

- Não vai passar! Você foi injusto com o Ronald, você está sendo injusto comigo! Você não quer acreditar em mim, você não enxerga que tem uma cobra aqui dentro dessa casa! E enquanto você não perceber isso, nada vai ficar bem! – disse Hermione furiosa.

- Sabe, Hermione, eu não sei o que fazer pra resolver essa situação! Você continua acusando o Cormac, mas não me fala porque você desconfia tanto dele! Por acaso ele já fez alguma coisa pra que você odiasse ele tanto assim? – perguntou o Sr. Granger.

Hermione abriu a boca para responder, mas se calou. Não sabia se contava ou não para o pai.

- Fala, filha! O que foi que ele te fez? Você pode confiar em mim! – insistiu o pai.

Então Hermione resolveu contar tudo de uma vez por todas. Ela disse que tinha começado a namorar Ronald escondido, que a mãe não concordava e que ela mandou Cormac dar em cima de Hermione para afasta-la de Ronald. Contou tudo aquilo que estava guardando fazia tanto tempo, por vergonha, por medo de magoar o pai e por medo que ele brigasse com sua mãe depois que ficasse sabendo de tudo.

Depois de ouvir toda a história, o Sr. Granger ficou calado, apoiando o rosto nas mãos. Hermione podia ver que ele estava vermelho.

- Pai? – chamou Hermione insegura, vendo que o pai não falava nada.

- Eu... eu nem sei o que dizer. – disse ele por fim. Ele se levantou sem dizer mais nada e saiu do quarto.

Hermione ficou parada, pensando que tinha feito uma besteira. Devia ter ficado quieta! Isso só ia piorar tudo! Agora seus pais iam brigar e sua mãe ia ficar com raiva dela.

De fato, Hermione pôde escutar a briga no quarto dos pais até tarde da noite, e depois ela viu que seu pai foi dormir no quarto de hóspedes. Agora sim sua vida viraria um inferno.

Todos já tinham ido dormir, mas Hermione foi até o quarto de sua mãe e encostou o ouvido na porta. Lá dentro, sua mãe estava chorando. Hermione se sentiu muito mal por isso.

Ela entrou no quarto e se aproximou da mãe que estava sentada na cama.

- Mãe, me desculpa. – disse Hermione com a voz fraquinha. Já estava se preparando para uma explosão de raiva da mãe, mas isso não aconteceu.

A Sra. Granger enxugou os olhos e disse:

- Não tem problema. Eu sabia que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde.

- Mãe, eu não fiz isso pra deixar o papai com raiva de você... – Hermione tentou se explicar.

- Eu sei. Você fez o certo, ele tinha que saber. E agora eu vou ter que pagar por mais esse erro.

- Me desculpa, por favor! – pediu Hermione chorando.

- Não, filha, você não tem que me pedir desculpa. Você fez o que era certo. Eu mesma devia ter contado tudo pra ele, mas não tive coragem. – disse a mãe.

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No dia seguinte, o clima na casa dos Granger estava péssimo. Os pais de Hermione mal se falavam e ela se sentia muito mal por isso, mas pelo menos a Sra. Granger não estava com raiva de Hermione, o que era um alívio.

Depois do jantar, o Sr. Granger chamou todos na sala para conversar.

- Bom, eu chamei todos aqui porque decidi fazer algumas mudanças. – ele começou dizendo – Como todo mundo já sabe, não tem mais nenhuma criança nessa casa, estão praticamente todos adultos e é por isso mesmo que eu acho que é preciso tomar certas precauções.

Todos olhavam para ele sem entender nada.

- Dolores, eu tenho muito apreço por você e pelo seu filho, você trabalha conosco desde que nós nos casamos e nos ajudou muito durante todos esses anos. O Cormac também é muito querido por mim e pela minha esposa, nós sempre gostamos dele como se fosse um filho. Mas eu gostaria de propor que você e ele se mudassem daqui de casa. – todos na sala arregalaram os olhos. – Vocês podem continuar morando aqui até acharem uma casa do gosto de vocês. Eu vou pagar todas as despesas e o motorista irá te buscar todos os dias para trabalhar, não se preocupe. E o Cormac também continuará trabalhando na empresa. Nada vai mudar.

- Mas o que aconteceu, Senhor? Eu e meu filho fizemos alguma coisa que o Senhor não gostou? – perguntou a empregada.

- Não, o que acontece é que eu quero passar mais tempo com a minha família, quero ter mais privacidade, só isso. – respondeu o Sr. Granger.

Ninguém falou mais nada. Cormac estava branco feito papel, estava visivelmente indignado com a notícia, mas não se atrevia a dizer nada.

Harry e Hermione se entreolharam. Hermione sabia o que o irmão estava pensando. Uma batalha já estava ganha.