POV's Victoire

– Quê? - perguntei, abafando o riso. Edward me encarou tão corado que eu quis agarrar ele e gritar: “Let me love you!”, mas eu não sou tão doida quanto eu pareço. Ok, talvez só um pouquinho, mas quem se importa?

– Argh, foi isso mesmo, eu errei a beliche e acabei colocando na do Leonard, foi isso! E o pior: eu ainda levei um fora de um cara que eu nem gosto! - choramingou ele.

– Mas ele entendeu que você não gosta dele? - perguntei.

– Eu tentei explicar, mas ele já foi fazendo uma cara de “Observe eu não me importar.”, e saiu. Que felicidade, né? - ironizou ele.

– Ah, vai lá explicar pra ele então. - falei.

– Mas e se ele vier com outro fora?

– Ok, eu vou com você.

Encontramos Leonard olhando para Tresh treinar arco e flecha. Realmente, aquele garoto tem um físico invejado pela maioria dos meninos do Acampamento, não me surpreendo com o fato de Leonard gostar dele. Assim que ele nos viu, corou ligeiramente, e olhou pra mim.

– Se você quer me fazer gostar do Edward, desista Victoire. - bufou ele. Awn, as pessoas ficam tão amigáveis quando estão nervosas, né? Só que não.

– Não, estressadinho, a gente veio aqui para esclarecer alguns fatos. - falei revirando os olhos. - Primeiro: Edward não gosta de você. Segundo: ele confundiu a sua beliche com a de outra pessoa, e você entendeu tudo errado! Pronto, doeu escutar isso? - perguntei. Os dois me olharam boquiabertos e depois Leonard resolveu falar:

– Me desculpe por ontem, Ed. Eu vi uma cena que não me agradou muito e acabei descontando isso em você. E eu realmente não esperava que você gostasse de mim, sabe. Bem, até mais. - nós acenamos com a cabeça.

Assim que saímos de perto dos arqueiros, vimos Amanda... digo Calipso... Ah, dane-se, vou chamar ela de Amanda porque é muito cansativo me acostumar com o outro nome. Ela é realmente muito bonita, pode ser facilmente confundida com uma filha de Apolo, e nem parece aquela donzela frágil dos contos sobre Ogígia. Ela treinava com a espada, estava se saindo cada vez melhor nisso. Edward olhava diretamente para ela, nem piscava. Parecia hipnotizado. Sabe aquelas veelas, de Harry Potter? Então parecia que ele estava olhando para uma. Até que eu fiz um “Hey!”, e ele despertou do transe. Ele olhou para mim e corou. Depois começou a falar algumas coisas que eu não consegui ouvir muito bem, mas era algo tipo: “Tenho que parar de fazer isso”.

Me despedi dele e fui treinar com a adaga. Por sorte, a arena estava vazia. Pelo menos dentro do meu campo de vista. Eu pensei em pegar uns bonecos de palha e treinar. Apesar daquele lugar me trazer lembranças tenebrosas que eu preferia engolir e esquecer de uma vez, mas era impossível. Fora ali, à exatos cinco anos que ele morreu. O garoto que salvou a minha vida fora morto pelo minotauro. E o que eu fiz? Tive um ataque de fúria. Golpeei o minotauro até vê-lo se dissolver em pó. O ódio havia tomada lugar e logo depois a saudade bateu forte. Fred havia morrido, e eu perdi a chance de confessar meu amor a ele. Naquele momento, meus olhos ficaram vagos, mas eu já aprendi à parar de chorar todas as horas que eu vou a essa arena sozinha.

De repente, surge o gêmeo de Fred, George. Será que a mãe deles se inspirou em Harry Potter para dar os nomes deles? Apesar que ele não é legal igual ao George dos livros... De qualquer jeito, ele é filho de Hermes, e eu tenho uma bela rixa com ele.

– Nhaa, o que aconteceu? Resolveu treinar sozinha e bancar a anti-social, foi? - debochou ele.

– Ah, cala a boca, retardado! - foi tudo o que eu consegui falar. Ele percebeu que a minha voz estava um pouco trêmula, e se aproximou de mim.

– Ok, eu te ajudo. - disse ele, pegando uma adaga.

– Ei, eu não preciso da sua ajuda! - vociferei. Ele chegou mais perto de mim, me fazendo corar e recuar um pouco.

– Tem certeza? - sussurrou ele no meu ouvido. Droga! Já ficamos nessa situação à algum tempo, e eu particularmente detesto isso!

– Te... Tenho, é óbvio que eu tenho! - falei. Meu rosto estava rubro, e ele se aproximou do meu rosto, perto o suficiente para que eu pudesse sentir a sua respiração. Assim que eu fechei os olhos, ele se virou e murmurou: “Tem alguma coisa aqui”. Ótimo, coisa que seja lá o que for. Você acabou de acabar com o meu primeiro beijo ou coisa parecida. Mas algumas coisa naquela arena... Isso não me cheirava bem.

Uma névoa púrpura se formou, e uma mulher de cabelos pretos cacheados saiu em meio a ela. Ela não tinha as pupilas nos olhos, o que me assustou. Usava vestes roxas, que tinham estrelas prateadas desenhadas.

– Posso saber porquê a senhora está aqui, Hecate? - perguntou George. Parecia um pouco irritado com a interrupção.

– Só estou cumprindo uma tarefa imposto pela minha ama Circe. - respondeu ela. Ergui uma sobrancelha. George franziu a testa.

– Ama? Mas você não governa todas as feiticeiras? - perguntei.

– Sim. Só estou abaixo de minha senhora Circe. - nos entreolhamos desconfiados. Aí tinha dedo podre de alguém. E provavelmente já sabíamos de quem. - Seu nome por acaso é Amanda? - indagou ela. Minhas entranhas reviraram. Lembrei de Calipso me dizendo sobre Circe querer alguma coisa com ela.

– Não, sou Victoire, filha de Atena. - respondi.

A névoa voltou e com um cortejo, Hecate desapareceu. Assim que nos vimos sozinhos, George se virou para mim irritado.

– Você é doida? - sibilou ele. - Já vai logo entregando tudo para ela de mão beijada e...

– Acho que o meu cabelo e os meus olhos já falam bastante sobre mim, né? - ele só assentiu com a cabeça.

Um silêncio constrangedor se estabeleceu entra nós.

– Bem... A verdade, é que eu sempre gostei de você. - disse ele, quebrando o silêncio. - Mas você sempre gostou do Fred, né? Eu percebi que ele era com certeza, muito mais legal que eu, e que você nunca gostaria de mim.

– Então... por que você me irrita tanto? - perguntei. Eu não vou mentir, sempre achei o George atraente. Seja nas piadas muitas vezes sem graça dele, nas provocações, no jeito meio bad boy...

– Porque...Ah, se eu te incomodo é porque eu te amo, né! - suspirou ele. Dei risada. Eu sabia muito bem que esse era o jeito dele de provar as coisas. - Mas se você ficasse comigo ia ser só porquê eu sou igual ao Fre- interrompi ele com um beijo. Enquanto eu entrelaçava os meus braços no pescoço dele, e segurava a minha cintura. O sol estava se pondo. É Fred, eu já gostei de você, mas agora eu vejo que estou apaixonada pelo seu irmão gêmeo.

POV's Calipso

Eu estava sentada na minha beliche, penteando os meus cabelos. Acho que vou deixá-los soltos, a trança de sempre enjoa às vezes. Annie, a nossa líder de chalé, chegou batendo o pé, assustando um pouco a todos os que estavam lá. Ela bufava e murmurava coisas sem sentido, parecia ter se revoltado com a vida.

– O-o q-que aconteceu, A-annie? - gaguejou Leonard.

– Argh! Ontem, eu peguei aquela Victoire e o meu George aos beijos! Vê se pode um negócio desses? - resmungou ela.

– Mas... ele te deu um fora, não deu? - perguntou Melissa. Todos nós lançamos um olhar de “Não dava pra ficar de boca fechada não?”. Annie ficou vermelha, soltou um longo suspiro e fechou a cara.

– É... eu levei um fora. Tudo bem, né? Sempre precisam me lembrar disso. Precisam jogar na minha cara. Ótimo, contemplem a minha derrota e-

– Ah, para de drama! Se os dois se beijaram, significa que Afrodite quis eles juntos e ponto final! - vociferou Logan. Todos se viraram para ele novamente com a cara de “Sério, não dava mesmo pra ficar de boca fechada?!”. Ele deu de ombros e continuo à reparar as sobrancelhas. Annie saiu bufando e dizendo algo como: “Meus próprios irmãos... Arre”.

Leonard suspirou pesadamente e disse:

– Se o salto alto dela quebrar vai ser culpa disso também? - brincou ele. Demos risadinhas abafadas, porque a garota já estava voltando para o chalé. Assim que percebeu as risadinhas, fez cara de choro e gritou:

– ENTÃO É ISSO? TODO MUNDO QUER SE DIVETIR COM O MEU SOFRIMENTO? ENTÃo APROVEITEM, PORQUE É LIMITADO! - e saiu pisando duro.

– Deuses, que drama! - reclamou Logan revirando os olhos.

Eu já havia terminado de pentear os cabelos. Sai do chalé, acenando com a cabeça para os que estavam lá. Fui treinar arco e flecha, afinal, não posso ficar só na espada e ignorar o resto. Acenei para Alex, e ela sorriu e pegou outro arco e uma aljava com flechas.

– Ei, você esteve sumida! - brincou ela.

– Ah, é que eu dei mais preferencia para espadas ultimamente. - sorri. Ela me entregou o arco, e eu coloquei a aljava nas costas. Preparei uma flecha, e mirei em um alvo. Nesse instante, Edward passou correndo até a arena em que estavam treinando adaga, e eu acabei lançando a flecha em quem? Ninguém mais ninguém menos do que a minha queridissima líder de chalé, Annie. Ela se desviou, mas ficou berrando que ninguém mais tem bom senso naquele Acampamento. Alex franziu a testa pra mim e eu dei um sorriso nervoso. Depois, atirei a flecha no alvo e errei o ponto principal. Continuei praticando até o pôr-do-sol, quando finalmente cheguei mais perto de acertar o alvo. A maioria das garotas estavam indo para o banho, eu aproveitei e fui junto.

Aquele parecia a Guerra Espartana, tinha tanta gente correndo para garantir o melhor lugar e ter água aquecida, que eu juro que se a Annie visse o tamanho da fila, ia ter um surto e bater em todo mundo para conseguir o primeiro lugar.

Tomei um banho rápido, e me troquei. Fiz um coque no cabelo e fui em direção à mesa de jantar junto com os meus irmãos. Naquela noite, tínhamos strogonoff de frango, então eu joguei alguns pedacinhos no fogo e rezei em silêncios: “Apolo e Ártemis, me ajudem no arco e flecha”. Depois, jantei normalmente.

Fomos para a fogueira, e os filhos de Apolo começaram a cantar. A fogueira atingiu uns oito metros, mas quem disse que Dionísio ligou pra isso? Ele resmungou alguma coisa e disse: “Dispensados”.

Quando fui dormir, sonhei com Edward. Ele dizia que tinha algo muito importante para me contar. Depois, ele sumiu e apareceu uma mulher cujo a cor dos olhos e cabelos mudava constantemente. Afrodite. Ela soltou um risinho e assumiu a forma de uma mulher de cabelos pretos e cacheados, as íris dos olhos violetas, aquilo sem dúvidas me deu medo. Ela soltou uma gargalhada seca e falou com uma voz horrível, como se existisse uma cobra falando por ela.

– Você... não deveria. - sibilou ela. - Não deveria ter contado nada àquela menina... Quem sabe ela sofra as consequências pelos seus erros...

Acordei suando e percebi que Logan olhava para mim.

– Ah, finalmente, bela adormecida! - brincou ele.