Dark Secrets - Livro I: My Immortal escrita por Daphne Delacroix


Capítulo 5
Capítulo 4




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Ciumes?

Assim que eu entrei em casa fui direto para o meu quarto, a única coisa que pensei, foi em trocar e dormir. Mas por mais que estivesse cansada, dormir foi a ultima coisa que consegui fazer, fiquei rolando de um lado para o outro na cama por um bom tempo até que resolvi ir para sala. Num canal qualquer de televisão, passava um dos meus filmes favoritos, mas pra ser sincera, não prestei atenção nele.

Deitada no sofá, tive a impressão de que alguem estava me observando e não era a primeira vez que isso acontecia. Virei-me para o outro lado. Uma coisa vinha perturbando de uns dois dias atrás para cá, tirando as vezes em que estava na biblioteca e agora, só senti isso quando estava com Ariel, o que era mais estranho ainda.

Abaixei o som da televisão e mais uma vez fui pega de surpresa.

Era tarde de primavera, o céu ensolarado e sem nuvens tornava o dia lindo. Meus pais chegariam daqui a pouco.

-Elizabeth! - minha avó gritou.

-Estou aqui fora – falei.

Eu estava no pequeno jardim atras da minha casa, deitada na grama escutando uma de minhas musicas preferidas.

-O que esta fazendo? - ela falou se aproximando de mim.

Tirei os fones do ouvido.

-Ouvindo música – mostrei-lhe meu ipod.

-Ah, essas músicas que voce escuta, isso não é normal...

Eu ri sem dizer nada.

-Sua mãe ligou, disse que ela e seu pai vão demorar mais um pouco – falou – E Clair também ligou, pediu pra que voce retornasse.

Assenti.

Clair e eu estavamos combinando de ir a uma festa de uma menina de nossa turma esse fim de semana, mas pra dizer a verdade, não queria ir com ela, não quando aquele garoto insurpotável iria também.

-Vou ligar para ela – disse me levantando da grama e entrando em casa logo em seguida.

O número de Clair chamou umas cinco vezes antes que alguem atendesse.

-Alô? - o pai dela falou.

-Oi, eu posso falar com Clair? - perguntei.

-Claro, vou chama-la.

Esperei uns minutos.

-Oi – disse ela.

-Clair – falei.

-Elizabeth! Pensei que não fosse ligar.

-Eu disse que ligaria.

-Eu sei mas... Voce vai ou não? - ela quis saber.

-Não.

-Porque?

-Vitor vai estar lá e voce sabe que nao gosto dele, nem ele gosta de mim – respondi.

-Não vai ser a mesma coisa sem voce lá – falou.

-Desculpe...

-Tudo bem, a gente se vê depois – disse ela, sua voz pareceu um pouco desanimada.

-Tchau – desliguei o telefone e sentei no sofá, minha avó veio e sentou ao meu lado.

-Não vai mais sair? - perguntou.

-Não.

-E porque?

-É... é complicado – falei.

Não era nem um pouco complicado, mas não queria contar a ela.

-Hum... mas voce não precisa deixar de sair com sua amiga porque o Vitor vai estar junto, um dia, voces vão ser grandes amigos – disse.

Olhei pra ela sem entender nada com os olhos arregalados. Não tinha como ela saber o que tinha acontecido já que não contei nada.

-Como... como voce...

-Sei? - ela terminou de falar.

Assenti.

-Ah, é um dom – falou.

Minha avó sempre me contou velhas histórias indigenas quando eu era mais nova e mencionou certa vez sobre um dom, mais nunca acreditei nisso, pelo menos até agora.

-E muita gente tem esse dom? - perguntei.

Ela sorriu.

-Voce se lembra das histórias que eu contava para voce – disse.

Assenti.

-Se lembra também daquela vez em que mencionei esse dom.

Assenti novamente.

Era um dom em que nós podiamos sentir, o que exatamente eu nao sei, mas sabia que de tempos em tempos alguem nascia com esse 'poder'.

-Me fale um pouco mais sobre ele – pedi – Como funciona?

Ela sorriu levemente e assentiu.

-Bem, talvez "funcionar" não seja a palavra certa para isso. Mas nao é algo que eu possa explicar – falou.

Ok, isso me deixou ainda mais confusa.

-É diferente para cada pessoa – continuou – Eu posso saber o que esta angustiando alguem, mas nao é sempre – explicou.

Algumas coisas começaram a fazer sentido pra mim agora.

-Existem muitas pessoas com esse dom ainda hoje? - perguntei, sem esperar realmente que ela fosse responder.

-Não, e talvez só conheço uma pessoa alem de mim – disse.

-Quem?

Abri os olhos assustada.

Estava chovendo muito forte, o barulho do relampago deve ter me despertado. Eram cinco da manha, desliguei a televisão e fui para o meu quarto.

Que sonho estranho.

Lembro vagamente do dia que tive essa conversa com minha avó, e até agora me pergunto o que ela queria me dizer quando iniciou-a.

O barulho alto de outro relampago me assustou, encostei minha cabeça no travesseiro e fechei os olhos, sem nenhuma esperança de que fosse dormir novamente.O dia amanheceu nublado, o bom era que tinha parado de chover. Acordei um pouco assustada com o som do meu celular tocando.

-Alô? - falei meio grogue.

-Bom dia, só assim pra conseguir falar com voce.

-Pai? - não reconheci a voz dele de imediato.

-Oi, estou tentando falar com voce a semana inteira – disse ele.

-Ah, aconteceu alguma coisa? - perguntei.

-Não, só queria saber como estava.

-Estou bem e voce?

-Tudo otimo, só com saudades – disse.

Um ano depois que meus pais se separaram, meu pai apareceu com uma namorada, e automaticamente a frequencia de visitas semanais a mim diminuiu, não por causa dela, mas porque ele sempre foi meio relaxado nesse ponto, e confesso que acho melhor assim. Agora só nos viamos de vez em quando.

-Eu também pai – murmurei – Qualquer hora vou fazer uma visita. Ou quando meu carro ficar bom.

-O que houve? - ele quis saber.

-Nada, problemas com o motor eu acho, vou levar a um mecanico essa semana.

-Bom, se precisar de ajuda para alguma coisa... Me ligue – ofereceu.

-Claro, pode deixar, ligo sim – falei – Tenho que desligar agora.

-Ah, ok, tchau.

Depois que desliguei o telefone, tomei meu café da manha e fui fazer umas coisas que estavam faltando. Já era de tarde quando terminei e no mesmo instante que sentei no sofá, o telefone tocou.

-Alo? - falei.

-Não vou aceitar uma desculpa – Clair disse.

Fiquei confusa. Não fazia ideia do que ela falava.

-Desculpa para o que? - perguntei.

-Voce vai sair comigo hoje, vamos ao cinema.

-Como? Eu não...

-Disse que nao aceitaria uma desculpa – ela me interrompeu – Passo ai ás sete – e desligou.

Bem, depois dessa só tinha uma opção, ligar para minha mãe. Disquei o numero, chamou algumas vezes antes que ela atendesse.

-Alo?

-Oi mãe – falei – Tudo bem?

-Oi, tudo. Aconteceu alguma? Voce nunca liga para mim quando estou no trabalho. - ela quis saber.

-Não, só liguei para saber como estava e também porque queria te fazer uma pergunta.

-Sou toda ouvidos – respondeu.

-Tudo bem se eu sair com a Clair hoje á noite?

-Ah – ela hesitou – Tudo bem, só não volte muito tarde – disse.

-Claro, pode deixar – falei – Até mas tarde.

-Tchau.

Quando o dia anoiteceu, esperei Clair aparecer, já tinha feito tudo e estava pronta para sair.

A campanhia tocou. Peguei tudo o que precisava e fui abrir a porta.

-Oi – disse Clair sorrindo.

-Oi – falei, tranquei a porta e entramos em seu carro.

-O que aconteceu para voce ficar melhor assim, de um dia para o outro? - perguntei quando ela acelerou o carro.

-Sei lá – ela deu de ombros – Acordei melhor depois que tomei um remédio, foi só um vírus.

-Bem, fico feliz que esteja melhor – murmurei – Que filme vamos ver?

-Anh... não pensei nisso.

Eu ri, era bem a cara dela.

-Escolhemos na hora – eu disse.

Ela assentiu concordando.

Depois de uns minutos sem dizer nada, Clair perguntou.

-Gostou do presente?

-Sim, a blusa é linda – respondi.

Ela sorriu.

-Como foi o show? - quis saber.

-Foi ótimo – respondi, ela não precisava saber dos outros detalhes.

Clair parou o carro no estacionamento do cinema, nós descemos e fomos para a bilheteria. Os filmes em cartaz pareciam péssimos.

-Então, o que voce quer ver? - ela perguntou.

-Eu, nada. Voce convidou, voce escolhe o filme – eu disse.

Ela deu de ombros e passou a minha frente. Por fim ela escolheu um filme que estava em reapresentaçao e comprou os ingressos.

(...)

Quando a sessão terminou nós fomos para a lanchonete em frente.

-Até que o filme não era tão ruim quanto imaginei – falei.

-Hum, não entra na minha lista dos dez mais – disse.

-Eu já não diria isso, achei bem engraçado.

Peguei o cardápio que a garçonete deixou em nossa mesa, para escolher o que íamos pedir.

-Nossa! - disse Clair – Olha só quem esta olhando pra voce...

Antes que ela falasse mais alguma coisa, olhei pra cima.

-O que foi? - perguntei.

Clair apontou discretamente para o outro lado da lanchonete, a mesa mais afastada estava sendo ocupada por apenas uma pessoa. Quem eu nao imaginava encontrar aquela noite.

Ariel.

Ele sorriu ao ver que estava olhando para ele.

-Hum, esta acontecendo alguma coisa entre voces que eu não sei? - Clair falou.

Olhei pra ela.

-O que? Não! - disse sem ter certeza de nada.

Só faltava essa agora, ela achar que estava acontecendo alguma coisa entre mim e ele. Não conseguia cogitar essa possibilidade. 

Ariel pediu pra eu fosse até ele.

-Voce vai? - ela quis saber.

Sem responder, levantei e fui até a sua mesa, ele se levantou também.

-Oi – falei.

-Oi – ele respondeu sem me olhar, sua voz era calma e suave. - Veio ao cinema? - Ele quis saber e não entendi o porque, mas mesmo assim respondi.

-Ah sim eu...

Fui pega de surpresa quando Vitor chegou me abraçando por trás e me dando um beijo no rosto.

-Oi – disse ele.

-Hei, esta ai a muito tempo? - perguntei esquecendo de Ariel por um instante.

-Não muito, acabei de assistir um filme com os caras da banda, e voce?

-Vim com a Clair – falei.

Ele olhou para trás e sorriu, me soltou de seu abraço e se afastou, mas não vi ele indo falar com ela.

-Desculpe – eu disse olhando para Ariel, ele não parecia mais tao calmo como antes.

-Eu já estava indo embora mesmo – disse ele de um jeito nervoso.

-Espera eu... - Ele me ignorou completamente e foi embora.

Idiota!

Voltei para minha mesa com a cara fechada e confusa, sem saber o porque da minha irritação. Talvez tenha sido por causa de Ariel, talvez não. Mas de qualquer forma, não vou deixar isso estragar minha noite.

-O que ele queria? - Clair perguntou.

Dei de ombros e falei a verdade.

-Não sei – respondi.

Ela franziu a testa.

-Acho que ele não gostou muito de me ver te abraçando daquele jeito – Vitor falou sentando-se ao meu lado, nao tinha visto ele se aproximar da nossa mesa.

Clair não gostou nem um pouco de ver ele ali, mas também não disse nada.

-Uh! Alguem ficou com ciúmes – ela falou.

Levantei os olhos do porta-guardanapos que prendia minha atenção e olhei para eles.

-Ciúmes de quem? De mim? - falei perplexa – Só pode ser brincadeira.

-Não é brincadeira – disse Clair olhando para Vitor – É só olhar para ele que vai perceber.

-Ok, pode ser o que for, não importa – murmurei.

Não queria pensar mas nisso. Vitor deu de ombros.

A garçonete veio pela segunda vez em nossa mesa e anotou nossos pedidos.

-Voce vai mesmo ficar aqui? - Clair perguntou para Vitor.

Estava demorando...

-Sim – ele respondeu colocando os braços atras da cabeça, parecendo relaxado.

Clair bufou.

Ficamos conversando mas algum tempo, agora com um assunto diferente, até nossos pedidos chegarem.

-Elizabeth – Vitor chamou.

Olhei para ele sem dizer nada, estava completamente absorta.

-Não vai atender? - Clair falou. 

Não percebi meu telefone tocando.

-Alo? - falei.

-Elizabeth, liguei para avisar que já estou em casa, cheguei mais cedo, mas nao quis te atrapalhar. - Minha mãe falou.

-Ah, tudo bem, daqui a pouco estou indo para casa – respondi – Não precisa ficar me esperando se não quiser.

-Ok, nos vemos daqui a pouco então.

-Tchau – falei e desliguei o telefone.

Vitor me olhou arquendo uma sombrancelha.

-A barra esta limpa?

Eu ri.

-Sim – respondi.

Terminamos nossos sanduiches, agora eram quase meia noite.

-Esta ficando tarde – falei.

Clair olhou a hora.

-Tem razão. Vamos? - perguntou.

Assenti.

Pagamos a conta e saimos indo para o estacionamento, Vitor nos seguiu.

-Querem que eu acompanhe voces? - ele perguntou.

-Não precisa, mas obrigada mesmo assim - Sorri para ele.

-Tudo bem então, foi bom encontrar voces hoje – falou, nós paramos ao lado do carro de Clair.

-Também achei, devemos nos esbarrar mais vezes por ai – ele sorriu e me deu um abraço.

Depois que me soltou, ele olhou para Clair.

-Nem pense nisso! - ela tentou fugir dele, mas nao conseguiu.

-Idiota! - falou depois que ele a soltou.

-Também amo voce – Vitor respondeu.

Eu ri novamente, gostava quando ele implicava com ela desse jeito. Terminamos de nos despedir e entramos no carro.

-Só voce para me fazer ficar sentada na mesma mesa que ele numa lanchonete – disse ela enquanto saiamos do estacionamento.

-Ah, voce não o odeia tanto assim, até conversaram – eu disse – E foi divertido.

-Hum, divertido talvez, mas quanto aos meus sentimentos por ele...

-Clair – eu a interrompi.

Ela sorriu parando de falar e apenas dirigiu de volta para casa.


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Notas finais do capítulo

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