Dark Secrets - Livro I: My Immortal escrita por Daphne Delacroix


Capítulo 6
Capítulo 5




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Palestra


- Você já se perguntou o que é isso que você vem sentindo ultimamente? - uma voz familiar masculina falou, nao sabia de onde ela vinha, de quem era, e quanto mas eu tentava procurar, mais ficava perdida.

- Quem é você? - perguntei gritando.

- Você nao precisa dessa resposta agora - ele respondeu.

Uma rajada de vento gelado passou por mim. Abri os olhos.

- Que coisa de louco - falei para mim mesma.

Respirei fundo algumas vezes e levantei da cama. Fui até a cozinha e tomei um copo d'água.

- Droga, porque isso agora?

Deixei o copo de agua pela metade na mesa da cozinha e voltei para o quarto.

Outra rajada de vento me atingiu quando cheguei a porta. O estranho era que eu não tinha deixado a janela aberta e não estava mais sonhando. Fechei-a e deite novamente.

Não conseguia parar de pensar no sonho, as imagens muito confusas estavam rodeando minha cabeça, torturante demais.

Finalmente, depois de mais ou menos uma hora rolando na cama, peguei no sono, mas dessa vez, não tive sonhos e nem pesadelos.

Acordei pela manhã me sentindo estranha, o corpo ainda cansado de uma noite mal dormida. O som da televisão ligada na sala era alto, minha mãe já estava acordada, imaginei que horas eram, mas não me preocupei com isso.

- Bom dia flor do dia - minha mãe falou ao me ver.

- Oi.

- Hum, você está com uma cara péssima. Tudo bem?

- Não consegui dormir direito - respondi esperando que ela parasse de fazer perguntas, pensar estava me custando muito. Mas também não queria ficar em silêncio, então... .

- Como foi sexta á noite? - perguntei.

- Ótimo, ele quer conhecer você - ela disse.

Me lembrei então que não tinha perguntado o nome do novo namorado dela.

- Qual o nome dele?

- Sam - disse ela.

- Traga-o aqui, vai ser ótimo conhece-lo - falei - Ele trabalha em que?

- No mesmo escritório que eu - respondeu, deduzi então que ele fazia mesma coisa que ela.

Minha mãe era corretora de imoveis, e o escritório onde trabalha é muito longe de onde moramos.

- E você? Como foi a sexta?

Oh droga! Vou ter que mentir outra vez.

- Normal - dei de ombros.

- Nao saiu? Clair nao veio aqui?

- Nao, ela estava doente - falei.

Terminei o assunto por ai e voltei para o meu quarto. O resto do dia foi completamente entediante, nao tinha nada para fazer.

Quando a noite chegou, fiquei feliz, faltava poucas horas agora para o dia seguinte.





...





Quando acordei na manhã seguinte, estava com uma sensação de que alguma coisa ia acontecer, mas pra falar a verdade pouco me importava, já tinha problemas o suficiente com que me preocupar. Cheguei a escola depois de uns quinze minutos andando, mal via a hora de ter meu carro novamente.

- Elizabeth! - Clair acenou pra mim do outro lado do patio. Ela estava fechando a porta do seu carro, fui ate ela.

- Oi - falei.

- Oi - ela disse, notei que tinha algo estranho em sua voz.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, quer dizer, não é nada importante - respondeu.

Tirei minha mochila das costas e encostei no capo de seu carro, cruzei os braços e olhei pra ela.

- Desembucha - falei.

- Fred e eu brigamos - disse.

Ah, era por isso que ela estava mal.

- Pensei que estava tudo bem entre vocês. Porque brigaram?

- Ele não quer nada comigo - explicou.

- Você também disse que não queria nada, lembra?

- Eu sei, mas mudei de ideia.

"É por essas e outras que prefiro ficar sozinha."

- Vocês não estão mais saindo, então? - perguntei.

Ela balançou a cabeça.

Detestava ver Clair daquele jeito, triste, e o pior é que ela estava começando a gostar mesmo daquele idiota.

O sinal bateu, nós fomos andando juntas para a sala de aula.

- Seu aniversário está chegando - disse Clair mudando de assunto.

Olhei para ela.

- E você não vai pensar em me dar nada dessa vez - falei.

- Porque? - ela quis saber.

- Porque eu não quero, não ligo para presentes e você sabe disso.

- Eu sei - ela sorriu - Mas vou comprar do mesmo jeito.

Suspirei.

- Se você fizer isso - coloquei o máximo de firmeza na voz que consegui - Nunca mais falo com você.

Ela ficou séria por uns segundos.

- Nao vai fazer isso - disse.

Arqueei as sobrancelhas.

- Tente - ameacei.

Para falar a verdade, não ia parar de falar com ela, mas não ligava realmente para presentes, todos os anos Clair vinha com uma surpresa diferente, me lembro como se fosse hoje quando ela me deu o último presente de aniversário, não que eu não tenha gostado, não é isso.

Sentamos em nossos lugares de costume e não falamos mais nada depois disso até a aula começar. Ficar prestando atenção na aula não era meu hobbie favorito, mas agradeci por estar fazendo isso naquele momento, ou então seria pega de surpresa.

- Vamos fazer uma experiência nova hoje - disse o Sr. Vidal, nosso professor de biologia e física.

- Que tipo de experiência? - a menina sentada atrás de mim perguntou.

- Nós vamos assistir uma palestra hoje junto com a turma avançada do terceiro ano, mas infelizmente todas as turmas não vão poder assistir, por falta de espaço para todo vocês, nós vamos estar passando a matéria da palestra um pouco mais para frente e essa é uma grande oportunidade para alguns recuperarem suas notas. Alguns nomes foram selecionados nas duas outras turmas, quem eu for chamando, por favor, pegue suas coisas e formem um fila em direção a porta. - explicou. - Vocês deverão formar duplas com outros alunos - disse.

Estava torcendo para que meu nome não estivesse na lista, mesmo sabendo que ele provavelmente estaria ali. Minhas notas em biologia não estavam nada boas. Mais ainda assim, tinha esperanças.

- Elizabeth O'Brien - chamou o sr. Vidal.

Respirei fundo. Desejei estar em casa agora.

- Dancei - falei me levantando pegando minhas coisas.

Clair olhou para mim.

- Boa sorte com sua dupla - disse.

Suspirei pesadamente. Seja lá de quem foi a ideia de selecionar os nomes, foi uma ideia ridícula e idiota. Eles não podiam apenas passar um trabalho para entregue depois? Ou uma prova?

Fomos para o auditório, nossa turma foi a primeira a chegar.

Sem querer fazer dupla com ninguém, sentei-me no lugar mais afastado que achei e esperava que ninguém me visse lá, poucos sentavam onde eu estava, a maioria preferia sentar na frente para ver e escutar melhor, pura ilusão, pois dava para ouvir perfeitamente dali com as caixas de som, já ver, não diria que era de todo ruim.

- Posso me sentar aqui?

Não estava acreditando.

Não se pode mas ter privacidade? Qual é?! Acho até que vou colocar uma placa pendurada no pescoço dizendo: Não perturbe.

Não quero fazer dupla com ninguém, muito menos com um desconhecido de outra turma.

Ninguem entende mais linguagem corporal? Ou eu é que nao deixei muito claro isso quando me sentei aqui atrás?

- Olha, na verdade eu... - Olhei para cima para ver quem estava querendo se sentar ao meu lado, e confesso que me surpreendi um pouco.

- Não quer sentar com ninguém? - Ariel completou o que eu ia dizer com uma pergunta.

- Nossa! Como foi que você adivinhou? - falei num tom meio irônico e debochado. Tinha me esquecido que ele estudava na turma avançada.

- Você é difícil, mas não impossível de ler - falou sentando-se ao meu lado e colocando a mochila na outra cadeira, nossos braços agora estavam se tocando, sua pele era de uma temperatura completamente diferente da minha.

- Pouco me importa o que você acha - murmurei virando o rosto, evitando olhar em seus olhos.

Ele era extremamente irritante.

- Pensei que fosse fazer dupla com o... Vitor - disse ele hesitante.

- Ele e eu temos horários diferentes e ele não esta com uma nota tão ruim assim para ter o nome selecionado para assistir essa palestra idiota, na chance de recuperar suas notas - respondi ainda sem olhar pra ele.

- Hum, vocês estão sempre juntos - murmurou ele com indiferença.

Aquela conversa, o jeito com que ele falou o nome do meu melhor amigo, ja estava me dando nos nervos.

- Qual é o seu problema? - perguntei friamente.

Olhei pra ele, aqueles olhos verdes-azulados tão profundos quanto a escuridão da noite.

- Eu nao tenho problema algum...

- Então porque está fazendo esse interrogatório ridículo? E aquela cena que você fez sábado á noite saindo da lanchonete daquela maneira? - interrompi-o, falando uma coisa que não devia.

- Eu não fiz nenhuma cena - disse, ele parecia perfeitamente calmo.

- Não? Não foi isso que pareceu, Clair não acha isso, nem Vitor.

- Vitor! - ele debochou.

Ignorei o comentário dele.

- Porque você saiu da lanchonete daquela maneira, me deixando ainda mais confusa do que já estava? - perguntei.

Ele riu.

- Para de rir, não é engraçado!

Não sei o que é pior, eu ficar irritada numa conversa sem pé nem cabeça, ou ele achar graça de uma coisa que não era nem um pouco engraçada.

- Você não tem noção de como fica quando está irritada, tem? - perguntou.

Foi a gota d'água! Peguei minha mochila, levantei sem dar o minimo de atenção a ele e saí. Inventei uma estória qualquer para o Sr. Vidal dizendo que entregaria um relatório a ele na próxima aula, pouco me importei com minha nota.

Como sempre, a quadra de esportes estava vazia naquela hora e tudo que eu precisava era ficar sozinha, apenas eu e eu mesma. Joguei minha mochila no chão e desabei no banco, deitando nele, com os fones no ouvido e a música no último volume.

Nenhuma vez sequer eu parei para entender porque Ariel me irritava tanto e ainda tinha o fato de que eu tinha esbarrado nele na biblioteca e sentido uma coisa sem explicação.

- Já disse que nao é para você ouvir musica alta desse jeito - senti meus fones serem arrancados de meu ouvido e do meu celular, abri os olhos e vi Ariel parado na minha frente, o cabelo claro brilhando na claridade do dia.

- Nao acredito, você arrebentou meus fones!

Ele deu de ombros.

- Eu avisei

Era impossível!

- Isso nao te da ao direito de... - parei de falar de repente. Respirei fundo, engolindo um insulto que estava prestes a fazer.

- Nao vai falar nada dessa vez? - quis saber.

Suspirei pesadamente.

- Cansei de perder tempo com você - falei olhando para o nada.

Ele ficou mudo por uns instantes.

- Me desculpe, nao era minha intenção irritar você, nem estragar seus fones - murmurou.

- Tanto faz - dei de ombros.

- Nao - ele sentou ao meu lado - Tem razão, foi mesmo ridícula a forma com que saí da lanchonete no sábado á noite, e agora.

- O que? - e mais uma vez fui pega de surpresa.

- A minha intenção nao era sair de lá daquela forma, mas achei sinceramente que estava atrapalhando.

- Atrapalhando o que? - perguntei.

- Você e Vitor, estavam tão...

- O que!? Espera, você esta achando que Vitor e eu somos...

- Namorados - completou.

Agora foi a minha vez de rir, ele esperou eu me acalmar.

- Vitor e eu? Namorados? - falei ainda rindo.

- Hum, vocês estão sempre juntos, eu pensei...

- Vitor é meu melhor amigo - o interrompi.

- Mas para quem olha de fora, parece que é outra coisa - disse ele.

- Bem, nao o culpo por pensar dessa forma - murmurei.

Depois de um minuto em silencio, ele disse:

- Como foi que vocês se conheceram?

Olhei para ele e mais uma vez esqueci o que estava pensando olhando para aqueles olhos verdes-azulados.

- É uma longa estória - falei desviando os olhos dos seus.

Ele olhou para o relógio em seu pulso, era a primeira vez que via que ele usava relógio.

- Temos bastante tempo até a próxima aula - disse.

Respirei fundo e pensei em uma forma de como começar.

- Para falar a verdade nao me lembro muito bem como nos conhecemos, mas eu o odiei quando isso aconteceu, não gostava dele - falei.

- Odiou? Nao foram sempre amigos? - ele quis saber.

- Nao, isso só aconteceu depois que Clair deu o fora nele - hesitei pensando novamente em como explicar tudo, antes que ele perguntasse. - Vitor assim que chegou aqui na escola e também na cidade, se apaixonou pela Clair e nao foi diferente da parte dela. Já os meus sentimentos por ele foram o oposto dos dela. Foi assim por mais ou menos um mês antes que ele a chamasse para sair. E quando isso aconteceu, quando ela me contou que eles iam ter um encontro, quase tive um ataque, nao me pergunte porque. Nem mesmo eu sei. E nesse dia em que eles iam sair juntos, ele deu um bolo nela.

- Porque?

- Ele ficou estudando ate tarde da noite, pois tinha uma prova no dia seguinte de manha, ele fez a prova e quando chegou em casa resolveu tirar um cochilo, acabou dormindo muito e perdendo a hora do encontro deles. - murmurei.

- Imagino o que aconteceu depois disso - falou - Você foi falar com ele.

Assenti.

- Na verdade fui tentar entender o que tinha acontecido, Clair só dizia que detestava ele e que nao queria mais vê-lo. Depois que nós conversamos, vi que nao era nada daquilo, mas nao consegui convencer ela do contrário - disse.

- E vocês pararam de brigar, assim de repente? - perguntou.

- Ainda brigamos um pouco depois disso, mas a musica mudou tudo.

- Como assim?

Aquela conversa estava estranha demais para mim, mas nao ruim, toda a curiosidade dele e a facilidade com que a palavras saiam de minha boca formando as respostas, parecia ate automático.

- Ele é musico, toca bateria e guitarra, eu toco guitarra, fiz um teste para a banda que ele montou naquele ano, mas desisti logo depois - expliquei - Desde então somos melhores amigos. Ele ainda é apaixonado pela Clair, e acho que ela também tem uma queda por ele ainda.

Fiquei de pé e andei um pouco, me afastando dele, pensando numa questão em comum.

- Estória interessante - falou de onde estava.

Dei de ombros.

- Imagino o que seu namorado deve achar de tudo isso - disse ele, sua voz estava agora mas próxima de mim, virei-me, ele estava atras de mim.

Franzi a testa.

- Nao tenho namorado - falei e também nao queria mais continuar com essa conversa.

O sinal do fim da aula tocou, voltei para o banco e peguei minha mochila.

- Você vai se atrasar para a próxima aula - disse ele.

- Ah, nao vou assistir a próxima aula - respondi.

- Porque? - quis saber.

- Matar aula as vezes é saudável, sabia?

Levantei do banco, ele fez o mesmo.

- Está de carro?

- Nao, vou ter que andar até em casa - murmurei.

- Te dou uma carona – disse.

- Nao vou fazer voce perder a proxima aula.

Ele sorriu, o que fez meu coração disparar.

- Quem disse para você que quero assistir?

Nao respondi. Ele começou andar, o segui. Chegamos ao estacionamento, nao vi a moto dele em lugar nenhum, foi então que me dei conta de que ele tinha mais de um meio de transporte e que o outro nao era uma moto.

Ele foi até um Ford Fusion Prata prata estacionado no mesmo lugar de sua moto. Abriu a porta do carona para mim, como um perfeito cavalheiro e isso me surpreendeu, pois raros eram os garotos que faziam isso atualmente.

Ele me olhou de soslaio.

- Obrigada - falei entrando no carro, que tinha um cheiro suave e profundo que nao consegui distinguir.

Ele entrou no carro também, e logo em seguida manobrou para sair do estacionamento. Depois pegou facilmente o caminho para a minha casa, sem fazer nenhuma pergunta, apenas dirigindo, e agora nós já estávamos virando a esquina que dava para a minha rua.

- Como vai ficar o trabalho sobre a palestra? - perguntei.

- Deixe que eu cuido disso, depois eu falo com você - disse.

Ele parou o carro em frente a minha casa.

- Obrigada pela carona.

- Estou aqui para isso - falou.

Olhei em sua direção, ele sorriu levemente. Era a segunda vez que falava daquele jeito, e mas uma vez nao entendi o que ele quis dizer.

- Até... - abri a porta e sai do carro, ele acelerou e eu fiquei observando até que ele virasse a esquina.



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