Pouco a pouco, meus olhos foram se acostumando com a claridade ofuscante das lâmpadas fluorescentes quando consegui abri-los

Olhei ao redor, não sabia como tinha ido parar ali, não estava mas na escola. E sim no meu quarto.

-Você acordou – aquela voz não era estranha, achei que estivesse sonhando, não conseguia ver quem estava falando.

-O que aconteceu? Como vim parar aqui? - perguntei sem achar que teria resposta.

E então o estranho respondeu:

-Você passou mal na escola e conseguir fazer com que deixasse que a trouxesse para casa.

Ariel entrou no meu campo de visão.

Tentei levantar, porem, ele me empurrou de volta para cama delicadamente. Minha cabeça girou apenas com esse pequeno movimento que fiz, deixando-me um pouco tonta.

-Como conseguiu isso? - eu quis saber.

Certa vez um tempo atrás, eu tentei fazer com que o diretor da escola deixasse levar Clair para a casa, ela estava passando mal e não estava mais aguentando esperas seu pai sair do trabalho para ir busca-la, e a enfermeira não deixou, ela disse que todo aluno que passava mal só podia sair da enfermaria se os pais fossem buscar ou autorizassem a saída.

Fiquei imaginando o que Ariel fez para me trazer para casa, já que ele não ligou para minha mãe, acho.

-Poder persuasivo - ele disse tirando-me dos devaneios.

Sorri levemente, ele fez o mesmo.

-Minha mãe sabe que estou aqui? Que horas tem? - perguntei para tirar a dúvida.

-São quase seis da noite e não, ela não sabe - falou.

-Estou dormindo desde que horas?

-Desde que passou mal, depois eles deram uma dose pequena de sedativo, apenas para descansar.

-Afinal, o que eu tive? - por mais incrível que pareça, não me lembro de nada, como se minha memória tivesse sido apagada e a última coisa que me lembro de ter feito foi acordar esta manhã.

-Você desmaiou no meio do corredor - respondeu.

Não podia dizer se ele estava mentindo ou não.

-Ariel... - hesitei antes de perguntar, por mais que evitasse, uma hora teria que perguntar, ele estava estranho - Está tudo bem? O que está acontecendo?

Ele desviou o olhar.

-Eu preciso ir - sussurrou, aproximou-se de mim - Quero que você fique aqui até sua mãe chegar. Descanse mais um pouco.

-Eu quero saber o que está acontecendo - insisti.

-Está tudo bem, tudo está como deveria - ele me deu um beijo no alto da testa e saiu, fechando a porta atrás de si.

Levantei-me da cama depois que tive certeza que ele tinha fechado a porta da sala. Com um pouco de dificuldade, fui até a janela e vi ele dando a partida na moto.

Desci as escadas o mais rápido que consegui, com os tênis nas mãos e as chaves do carro na outra. Saí sem trancar a porta de casa, Michigan era tão tranquila que não tinha perigo algum em deixar a porta destrancada.

Eu o segui.