Crescer escrita por Mariana


Capítulo 5
Capítulo 5




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― Viajar agora, para fora do país? ― Joana é interessante: mesmo nervosa, você não consegue perceber, deve ser alguma técnica empresarial de negociação ou algo assim.

― É uma oportunidade única. 

― Sim, sim... mas... 

― Eu sei... e Clara... 

― Sim, e a Clara... ― Nesse momento ela olhou para o outro lado e eu percebi que cometi um erro fatal, minha fala correta era: “e você e a Clara”, mas não foi o que eu disse.  

― Ela vai ficar bem, ela vai entender. Vou escrever sempre para ela, mandar e-mails, fotos, ligar. Para você também. A gente vai se falar toda hora ― Estava tentando uma recuperação.

― Sim, dizem que é era da informação, não é? Bem, se é o que você quer...

― Eu sei que é difícil, mas Clara está com quase treze anos e eu perto dos trinta, preciso disso. Depois eu volto, monto uma clínica, sei lá... Fico aqui com você e a Clara pelo resto da vida. Vocês são as mulheres mais importantes do mundo inteiro para mim, eu sei disso. Só quero dar uma volta por aí para quando alguém perguntar como eu sei, eu vou poder dizer que eu fui e confirmei. 

Ela riu. Eu não sei como, acho que nem ela sabe, mas eu a faço rir e isso a deixa louca. Saber que no fim eu consigo dar um jeito de fazê-la rir. 

― Joana, eu devo tudo a você e eu não estou falando do dinheiro que eu sei que pra você nunca fez diferença. Mas graças a você eu descobri quem eu sou. Você me ajudou a crescer, me deixou criar a nossa filha do melhor jeito possível, me deixou crescer junto com ela e me tornar alguém que eu nem imaginava que poderia ser. 

― Ok, ok. Entendi todo o discurso. Agora eu digo para você abrir suas asas e seguir. Eu sei que você está certo. E eu quero que você siga seus sonhos, vai dar tudo certo. Se você precisar de alguma coisa sempre pode contar comigo. Pode voltar a qualquer hora se não gostar. Eu vou sentir sua falta. Mas vai. ― Ela me abraçou, abraçou mais forte ― É inevitável eu sentir saudades, é claro que eu vou chorar, no fundo eu sei que você está certo eu estou torcendo por você... então... então...

― Fica quietinha, não falou que vai chorar, então chora. ― E a gente ficou abraçados um bom tempo. 

* * *

Com Clara foi mais fácil.  Ela sabia que eu precisava daquilo. Desde que Clara lembrava de algo eu estava lá. Para ela não fazia diferença que eu era um moleque qualquer que transou com a mãe dela quando ela estava bêbada e carente.

Não me tornava um pai relapso não saber que eu não era pai até o dia em que Joana apareceu com Clara no colo na porta da minha casa.

A cada passo de Clara depois disso eu estava lá e ela comigo. Ela ouviu todos os meus sonhos tanto quando eu os delas. Então, quando eu quis ir embora ela não agiu como uma menina normal de treze anos, não gritou, não fez escândalos, não me ameaçou. Ela me abraçou, disse que ia sentir muito a minha falta, chorou um pouco e disse para eu fazer tudo que eu sempre sonhei.


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