Diary Of A Journalist escrita por Shorty Kate


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Não pude deixar de postar. Só para o suspense aumentar!!!



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(…) Ele levantou-se e segurou-me as duas mãos, fazendo-me caminhar em direção à cama. – Amanhã, eu e os rapazes prometemos deixar-te escrever o artigo na viagem. Agora precisas de dormir, assim como eu.

Suspirei fundo. Aqueles olhinhos de cachorrinho dele não davam margem de manobra. – Não cabemos os dois na cama.

-Cabemos pois. – Ele deitou-se e esticou o braço esquerdo. – Se nos juntarmos bem, cabemos.

Fiz do braço dele a minha almofada e envolvi a cintura dele com o meu braço. Ele beijou-me na testa antes de me abraçar contra o corpo dele e ambos adormecermos.

De manhã quando acordei estava sozinha, descalça e coberta. Por momentos achei que estaria louca. Não me lembrava de ter tirado os sapatos ou até mesmo de me cobrir. Lembrava de me ter deitado ao lado do Paul e não sozinha. Ou se calhar isso tinha sido um sonho…Foi quando olhei para a mesa-de-cabeceira e lá jazia um papelzinho. Abri-o e li na letra um pouco apressada do Paul:

Saí para fazer as malas e tomar o pequeno-almoço. Se eu não estiver lá em baixo bate na porta do quarto, e se eles não abrirem, deita a porta abaixo! Eles são dorminhocos!

Mas eu nem cheguei a sair da porta. O Brian bateu na porta do quarto deles, mas nem reparou em mim porque eu disse-lhe ‘bom dia’ e acho que ele nem ouviu. Eu só pensava no pior. Aquela aflição que o levava a entrar a correr no quarto não podia estar relacionada com a noite anterior. É que eu iria cumprir a minha promessa de esfolar o Francis se ele tivesse feito alguma coisa. As paredes dos quartos são relativamente finas e então consegui ouvir a conversa toda que se seguiu.

-Ela vai embora, Paul. – Brian falou. – Ela não vai connosco para estúdio.

-Como assim? O que é que aconteceu?

-O John embebedou-se com ela, o George aleijou-se com ela, o Ringo bateu num jornalista por ela. Estás a ver o elemento em comum?

-Hei, hei, hei! – George falou mais alto. – Como assim? Que história é essa do Ringo ter batido num jornalista?

-Conta-lhes tu, Ringo. – Brian exigiu.

-Ele mereceu-as! – O baterista explicou-se. - Mas, a Kate disse que tudo tinha ficado resolvido, como é que soubeste disto?

-Um funcionário da arena viu a confusão e ameaçou contar aos tabloides. Em troca queria maconha, dinheiro e “meninas”.

-E? – Ringo perguntou preocupado.

-E? E o que achas? Eu resolvi o assunto! Agora Paul, estás a ver os problemas que ela trouxe, não estás? Já agora, vocês também não arranjaram problemas juntos, não?

Paul não teve tempo de responder pois John entrou na discussão também. – Hei, Brian, a culpa não é toda dela. Nós embebedamo-nos juntos, é verdade, mas fui eu quem a chamou para subir lá cima. O George aleijou-se, mas acho que não foi ela quem lhe pôs o esquilo na mão. E mais, ela ainda o levou ao hospital. E o Ringo só bateria no jornalista se ele as merecesse mesmo. Não podes culpá-la só a ela.

-Ela têm uma capacidade fantástica de se moldar as personalidades das pessoas com quem lida. – Brian afirmou. - E em vocês ela despertou alguma coisa, que eu não sei o que foi-

-Ela ajudou-me a relaxar. – George falou. – Fomos dar um passeio para espairecer, eu falei mais do que o meu normal, fui reconhecido no hospital e isso encheu-me o ego. Soube-me bem.

-Também a mim. – Ringo continuou. – A bateria já não estava a resultar para libertar o stress e dar aquele murro naquele imbecil ajudou!

-E a mim também. – John finalizou. – Enquanto estava bêbado não me preocupei com o trabalho, coisa que adoro, mas que agora vejo como obrigação. Estás a pôr demasiada pressão sobre nós, Brian.

-Paul? - A voz de Brian saiu de forma suave. – Alguma coisa a acrescentar?

-Não podes ser só tu a mandar. Somos nós quem trabalha, nós somos o teu ganha-pão e não somos nada exigentes com nada. Nunca te pedimos nada de extravagante. Aliás, nunca te pedimos nada. Custava-te muito aliviares a pressão que estás a pôr em cima de nós?

Brian não cedeu a nenhum dos argumentos. – Ela não vai connosco para estúdio. Desculpa se ela é tua amiga, mas vais ter que lhe dizer.

-Não, não digo. És tu quem tem o problema, porque não o resolves?

-Estão a fazer a mesma coisa como quando foi com o Pete, não é?

-Aposto que ele até hoje ainda não sabe porque deixou a banda. – John acusou. – Porque não vais agora mesmo ao quarto ao lado e lhe dizes também para ela ir embora? Mas não digas porquê, não vale a pena, ok?

A porta do quarto bateu e apenas os rapazes falavam lá dentro, mas eu não conseguia perceber porque os quatro falavam ao mesmo tempo. Esperei um tempo, porém o Brian não veio falar comigo e percebi que só havia uma coisa a fazer. Peguei numa folha, escrevi um pequeno texto e arrumei a mala. Quando desci deixei a carta com a rececionista com instrução para que a entregasse a algum dos rapazes e saí. Como o pouco dinheiro que me restava comprei a passagem de comboio para Londres e embarquei. Em poucas horas os rapazes estariam a fazer o mesmo percurso que eu e só aí dariam pela minha falta.

A viagem foi atarefada para mim. Escrevi todo o artigo, no meio de um silêncio de morte. Sabia que se eles estivessem ali comigo, nada daquilo aconteceria. Mesmo que o Paul me tivesse prometido que me iam deixar escrever na viagem, eles não iriam conseguir resistir. E agora ficava ali, amargurada a olhar a janela com as folhas na mão. Senti-a a falta deles…

Faltava ali o piadista John Lennon, a meter-se comigo, a tentar com que eu não conseguisse escrever nem uma palavra. Faltava ali a timidez do George Harrison e o seu estômago incessante a pedir comida. Faltavam ali as risadas do Ringo Starr, risadas às piadas por ele mesmo lançadas. Faltava ali a simpatia do Paul McCartney e a cumplicidade entre ele e John, ambos se juntando para me importunar.

Levava de cada um uma recordação. Abri o caderno sobre as pernas onde ainda estava marcada a letra do Ringo. Tinha ainda comigo o papel que George me dera com os acordes da música composta. Do John lembrava o discurso dele, o qual nunca esperaria ver sair daquela boca. Oh, e claro, também me lembrava daquele beijinho que recebi dele, mesmo que às custas de uma aposta. E do Paul lembrava tudo. Tudo o que não me tinha lembrado até à data veio-me à cabeça. E claro, lembrava o nosso beijo, que por muito que não tenha resultado em nada de mais, não me deixou indiferente. Mas, pelos vistos passado era passado. E eu não o podia mudar. Porém, eu podia dar um jeito. Se as coisas com o Paul tinha ido bem, se calhar poderia resolver outros assuntos.

Cheguei a Londres e tive a sorte de ter o artigo comprado, não por muito, mas já tinha algum dinheiro em caixa. Fui revelar as fotografias lá na redação com um tipo chamada Walter. Elas forem entregues junto com o meu manuscrito e na manhã seguinte ele já estaria nas bancas para todos lerem. Mesmo assim, continuava sem sítio para onde ir já que o dinheiro era curto. Fui até à cabine telefónica e falei com o meu avô. Contei-lhe algumas coisitas que tinham acontecido e ele acabou o telefonema a dizer-me: “vê lá o que vais arranjar, mocinha.”. Era altura de resolver tudo de uma vez. Tinha que iniciar uma nova etapa na minha vida e sem encerrar uns assuntos, eu não poderia seguir em paz. Mal eu sabia que o que iria fazer ia ser a minha pior decisão…

Foi George que recebeu a carta em mãos e ao ver por fora o nome da jornalista, decidiu guardá-la e mostrá-la aos outros na viagem. Quando todos se sentaram, aquele compartimento era o mais animado de todo o comboio, já que eles procuravam esquecer a discussão com o Brian. Só mesmo George já estava cabisbaixo e puxou da carta dizendo.

-Rapazes, - John, Paul e Ringo olharam para ele. – quando saímos do hotel a rececionista deu-me esta carta. É da Kate. - Ele desdobrou a folha e começou a ler, com os outros já muito atentos e calados.

Paul, John, George, Ringo e Brian,

Dizem que é feio ouvir conversa alheias, e a verdade é que eu o fiz. Não foi intencional, até porque as paredes não eram de betão armado e eu consegui ouvir tudo. Não se penalizem por isso; foi bom que eu tenha ouvido. A discussão começou comigo como tópico inicial, mas logo percebi que havia coisas que todos guardavam há já algum tempo, e por isso já foi bom que tenham tido essa conversa. Espero que as coisas estejam bem entre todos porque tudo tem solução. E não deem duro no Brian, ele só está a proteger o negócio dele. Se eu estivesse no lugar dele, eu teria a mesma atitude contra uma jornalista que seguisse a minha banda.

Mas eu também tenho o meu lance para defender. Estou sem emprego, com pouco dinheiro e só estas folhas de papel me parecem salvar a vida neste momento. Por isso parti mais cedo para Londres, simplesmente para evitar mais confusões. Tenho imensa pena de não poder ter falado pessoalmente com o Brian e pedir-lhe desculpas, e mais pena tenho de não me poder ter despedido de vocês rapazes. Vocês deram-me dois dias inesquecíveis, e apesar de só termos estado este pouco tempo juntos, sinto que pode dizer que vos tenho como amigos. Pelo menos a mim podem-me chamar de amiga. Eu levo cada um no meu coração.

Já que todos estaremos em Londres, não seria nada do outro mundo se nos cruzássemos, mas enquanto isso não acontecer, desejo-vos a maior das sortes. Espero que continuem como são, em todos os aspetos. Deixo esta parte mais dedicada ao Paul, para apenas lhe dizer que apesar de nos termos encontrado quinze anos mais tarde, foi como se nunca nos tivéssemos separado. Próxima vez que nos vejamos, espero que seja da mesma maneira. Não quero que a nossa amizade morra. Boa sorte, rapaziada, foi um prazer imenso conhecer-vos,

Kate.

Aquele que era o compartimento mais divertido de todo o comboio ficou mudo e quieto. Nenhum falava, magoado por saber que Kate ouvira a conversa. Ainda assim, eles sabiam que a tinha defendido e que ela tinha ouvido isso. George dobrou a folha outra vez e deu-a a Paul. Ele guardou-a no bolso e eles seguiram a viagem toda em silêncio, matutando cada um na sua coisa. No entanto a discussão ainda era assunto recente e não ia ser esquecido. Talvez aquilo tivesse ajudado Brian a ver que estava a ser um bocadinho duro nos rapazes. Chegados ao estúdio, eles tornaram-se profissionais e começaram a trabalhar em tudo o que tinham. A pressão ajudava, só que não podia ser em demasia, e Brian via-os trabalhar do lado de fora, pensando nisso.


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Notas finais do capítulo

Uh, e agora? O que será que os rapazes vão fazer?
Comenta aí e me diz.



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