- Obrigada mãe. – Dei um beijo em sua bochecha e corri para arrumar uma pequena mala.

Demi POV

Entrei no meu quarto em disparada, fechando a porta com uma força exagerada. As lágrimas já estavam caindo sem controle, enquanto eu revirava minhas coisas de cabeça para baixo, tentando  achar alguma coisa para me cortar, a cada vez mais eu me desesperava, não encontrando nenhum objeto cortante que eu poderia utilizar.

Quando finalmente me dei conta de que não acharia nada entre minhas coisas, peguei o abajur que estava posicionado ao lado da minha cama e quebrei-o em pedaços, jogando o no chão.

Peguei um dos cacos de vidros que se encontrava caído e me sentei de súbito no chão, levantando a manga de minha blusa e mexendo a mão que se encontrava o pequeno caco de vidro.

Assim que estava pronta para fazer o que necessitava, três pessoas entraram apressadas pela porta, me segurando fortemente pelos braços, fazendo-me levantar.

- ME SOLTA! – Gritei um tanto alto, me remexendo freneticamente, enquanto eles me apertavam forte. – Por favor, me solta. – Dessa vez saiu quase em um sussurro, mas minha força continuava intacta, eu tentava sair das garras daqueles homens como se minha vida dependesse disso.

Vi alguém enfiar uma agulha em meu braço esquerdo, com um liquido um pouco esquisito. Eles estavam me sedando.

Aos poucos fui ficando um pouco mais fraca, minhas pálpebras estavam pesando, caindo lentamente. O efeito era imediato.

Quando acordei, vi uma luz branca cegar meus olhos, dei outra olhada rápida, então percebendo que eu estava deitada em uma cama, num quarto que não era o meu. Levantei a minha coluna, me sentando um pouco.

- A bela adormecida acordou. – Uma mulher disse entrando no cômodo, que pensando bem se parecia com quarto de hospitais. – Seu jantar, é melhor você não ir comer no refeitório. – A mesma colocou uma bandeja com um prato de comida e um suco em minha frente.

- Quantas horas são? – Disse começando a comer.

- Já são dez horas da noite. Você dormiu por um longo tempo. – Ela sorriu gentilmente. – Daqui a pouco eu volto para ver se você comeu tudo. – A mulher se dirigiu até a porta. – Alias, não tente fazer nada, okay? Estão te monitorando por câmeras. – Assenti.

Comi lentamente enquanto relembrava tudo que acontecera esta manhã, não era algo que eu me orgulhava, eu tive uma pequena crise de raiva, tudo pelo o que ocorreu com Justin, que mesmo sendo um simples ato, era de alguma forma sinônimo de traição.

Acabei de comer e me deitei de novo, esperando a mulher, para eu poder finalmente sair deste lugar. Em poucos minutos ela estava de volta, como sempre, sorridente.

- Posso ir para o meu quarto? – Perguntei delicadamente.

- Não, esta noite você vai ficar aqui sob observação, mas pela manhã já pode sair. – Ela disse um pouco cautelosa. – Então, é melhor ir dormir, não poderá acordar tarde amanhã. Boa noite. – A mesma mulher se virou e dirigiu-se até a porta, saindo por ela.

Virei-me para o lado e fechei meus olhos, tentando dormir, logo com sucesso.

Justin POV

Cheguei na clínica do hospital pela manhã, embora tivesse chegado a noite na cidade, decidi esperar até o outro dia pelo fato de ter sido demasiadamente tarde.

- Oi. – Dissse para a recepcionista que se encontrava atrás do balcão, na recepção. – Eu queria ver a Demetria Lovato, posso? – Perguntei gentilmente. Ela se virou e sorriu para mim.

- Espere um pouco, eu vou informa-la que tem visitas. Senhor Bieber, não? – Assenti. – Tudo bem, com licença. – Ela disse e saiu apressadamente dali.

Esperei alguns minutos, até ela voltar com uma expressão séria.

- A Srta. Lovato não quer receber visitas agora. – Ela se voltou para mim. Arqueei uma sobrancelha, um pouco confuso.

- Eu não poderia entrar só por dois minutos? – Perguntei inconformado.

- Me desculpe, nós respeitamos a decisão dos pacientes. – Ela disse com um tom de voz definitivo.

- Tudo bem, diga a ela que eu preciso muito falar com ela, por favor. Obrigado. – dito isso saí do local, um tanto decepcionado.

Realmente não esperava tal atitude de Demi, mas eu até que entendia, como eu sou teimoso aposto que faria o mesmo.

Sentei-me na calçada, de frente para a clínica e disquei o numero de Demi. Ela não atendia a nenhum toque da primeira chamado, o que eu deduzi que foi propositalmente. Liguei mais algumas vezes até que na quarta ligação a mesma atendeu.

- O que você quer Justin? – Ela disse em um suspiro. Me aliviei por finalmente ter ouvido sua voz

- Conversar. Por favor, me deixe entrar. – Demi ficou um pouco receosa antes de responder.

- Eu não quero falar com você agora, por favor, me dê um tempo. – Ela falou com a voz um pouco triste.

- Não é o que você está pensando Demi. – Disse tentando consertar a situação.

- Eu estou pensando que você beijou Selena Gomez, vai me dizer que não era você? – Ela disse um pouco eminente, fiquei calado. – Fatos comprovam isso Justin, tem até fotos, rolando pelo mundo inteiro. – Constatei que sua voz estava um pouco chorosa, talvez ela estivesse em prantos.

- Mas eu não quis beija-la, Demi, eu estou falando a verdade, pro favor, deixe eu entrar para nós conversarmos. Eu disse que não iria te deixar enquanto você está esta clínica, e não vou, você precisa da minha ajuda.

- Então você está ao meu lado só por pena? Só porque eu estou em uma clinica de reabilitação? Desculpe-me te desapontar mas eu não preciso da sua piedade Justin. – A mesma terminou a frase, e desligou o telefone logo em seguida.

Fiz menção em jogar meu iphone no chão com todas as forças que reunira, mas isso não amenizaria a situação.

Levei minha mãe à cabeça, coçando-a ligeiramente. Eu não era bom em palavras, definitivamente.

Demi POV...

Assim que finalizei a ligação, taquei meu celular com força na parede, eu sabia que não deveria ter atendido, isso só fez piorar meu estado. Estava me sentindo pior ainda, meu orgulho deixou me levar pela razão, e não ouvir meu coração. Eu deveria ter conversado com ele, mas não contive minha raiva e efetuei a pior hipótese.

Deixei que derrubasse algumas lágrimas, me permitindo chorar ligeiramente. Tentava me controlar para não jogar todas as coisas que via no chão e vê-las quebrar, ou arrumar qualquer coisa ali para cortar meus pulsos. Realmente, era difícil, eu nunca achei que teria esta força e desespero para fazer essas coisas, mas era o que estava querendo fazer agora.

Respirei fundo algumas – ou muitas – vezes, em tentativas de me acalmar. Depois de algum longo tempo o fazendo repetidamente, consegui ficar um pouco mais calma. Mas a ideia de tentar me cortar, seguida da tristeza, não me abandonara.

- Vamos tomar café? – A mesma mulher de ontem adentrou no quarto, se surpreendendo logo depois de ver-me aos prantos. – O que aconteceu? – Ela perguntou desnorteada. Não respondi, só fiquei parada, olhando para o nada. – Não quer contar? – Balancei a cabeça negativamente, limpando os vestígios de lágrimas que sobraram em meu rosto. – Tudo bem. É melhor você lavar o rosto, para irmos para o refeitório...

- Eu não quero comer. – Disse a interrompendo.

- Você pode não querer, mas precisa se alimentar. – Ela me ajudou a ficar de pé, passando a mão em meu rosto novamente molhado pelas lágrimas. – Querida, seja o que for que aconteceu, isso não é motivo para não cuidar da sua saúde, okay? – Assenti sem animo.

Fui até meu quarto – seguida da mulher, que descobri que seu nome era Emily. – e fiz minha higiene pessoal, trocando de roupa também.

O percurso até o refeitório nunca foi tão rápido, eu queria nunca poder chegar lá, não estava com animo.

Sentei-me e mal mexi na comida, logo sendo repreendida pela inspetora que me fez comer tudo, como sempre.

Assim que acabei voltei ao meu quarto para fazer algumas coisas e me direcionei a terapia.