Teoria Da Imprevisibilidade escrita por Ellie Bright


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mals a demora. Eu esqueci completamente dessa fic, porque eu tava doidinha tentando fazer o limão de "dependência" -.-



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Durante os próximos quatro anos, eu e Naruto sequer poderíamos nos ver sem que trocássemos ofensas até partirmos para a violência física. Nós éramos explosivos e perto um do outro era inevitável segurar o que eu hoje penso que era “tensão sexual não reprimida”, como o Itachi dizia, mas ele fazia isso só para me irritar.

O fato é que Naruto foi estudar na mesma escola que eu e pior: caímos na mesma turma. Descobri que o sobrenome dele era Uzumaki em homenagem a mãe dele, que morreu no parto. Ele era um idiota espalhafatoso que vivia me provocando e, por mais que eu tentasse ignorá-lo, eu sinceramente não podia. Eu não sei se era porque sua voz era particularmente irritante e alta demais para ignorar ou se era porque ele era (é) tão chamativo quando um elefante caminhando sobre ovos.

E então fizemos doze anos. Eu era o melhor aluno do nosso ano, enquanto Naruto era o baderneiro número um, colecionando detenções e notas baixas. Apesar das minhas notas excelentes e das medalhas no esporte, eu tinha minha quota de detenções por brigar na escola (oh! Por que será?).

Na minha escola tinha um grupo de veteranos que se achavam serem melhores que muitos alunos novatos, não era difícil vê-los brigando com os mais novos ou mesmo roubando lanche. Eles nunca vieram puxar briga comigo, então eu sempre os ignorava. Nessa época a minha futura esposa estudava comigo, ela era uma garota calma e tímida chamada Hyuuga Hinata. Eu sinceramente não via nenhum atrativo nela, mesmo que os cabelos curtos e quase azulados, a pele clara e os olhos igualmente claros lhe dessem o título de garota mais bonita do nosso ano e, de fato, ela era bonitinha, mas não o meu tipo.

Em um dia qualquer, perto do fim do verão as aulas já tinham terminado e eu voltava para casa quando eu vi aquela gangue de acéfalos atacando um garoto, que por sua vez defendia minha futura esposa. A luta era terrivelmente injusta: três grandões contra um. Eu odiava lutas injustas, mas ainda assim eu não queria me meter na brilha alheia – já bastava minha própria coleção de detenções por culpa do idiota. Além do quê, eu pretendia gastar a mesada daquele mês comprando um novo jogo de video-game e não podia pegar qualquer castigo na escola, se não eu ia ganhar uma surra e ainda ia perder a mesada por dois meses. Nessa época não tinham inventado o “cantinho da disciplina” ou qualquer lei anti-palmada.

Eu estava tranquilo, pensando no que eu ia jantar quando quando vi um dos grandões segurar o garoto de cabelos loiros, imobilizando seus braços, para um segundo socá-lo no diafragma. Imediatamente parei de andar e fitei a cena irritado: só havia um garoto de cabelos loiros naquela escola.

Naruto.

Algo simplesmente me subiu ao cérebro e no momento seguinte eu golpeava um dos grandões. Hinata gritou quando eu acertei um soco no líder do grupo, que até o momento só assistia a briga e ria pateticamente.

-Corre Hinata! -eu mandei e ela felizmente foi embora. -Levanta seu idiota!

Naruto, que estava no chão apenas assistindo a cena abismado, ergueu-se e me ajudou a derrubar mais um dos idiotas. Não sei ao certo até quando brigamos, só sei que Naruto foi dar um soco no imbecil que me dava uma chave de fenda, mas para variar ele não acertou. Resultado: ele me deu um soco com toda sua força e eu desloquei meu maxilar.

Eu senti uma dor lancinante tomar conta do meu corpo e eu percebi que os psicólogos são péssimos mentirosos: a dor não era psicológica. O neandertal que ainda me prendia na chave de fendas ria descontroladamente.

"-Me desculpa Sasuke! Eu não..." -disse Naruto realmente sem jeito. Eu lancei meu olhar mais fatal para ele, enquanto o cara que me segurava ainda ria como um trasgo. -"Cala boca!"

Felizmente Naruto acertou o chute nas bolas do cara e ele me soltou. Mais que depressa, Naruto pegou nosso material e me ajudou a correr dali. Eu não sei aonde íamos, eu sequer escutava o falatório incessante de Naruto. Tudo o que me importava era dor excruciante que eu sentia e que eu provavelmente ficaria mais uns seis meses juntando dinheiro para o meu vídeo game novo. Naruto me fez entrar em um prédio branco, não muito longe de casa, pelo que eu me lembrava, era um consultório odontológico.

Naruto parecia conhecer todos ali, desde a secretária até a alguns pacientes que ali estavam. Era como estar ao lado de um político em ano de eleição e não posso mensurar a irritação que senti. Imagine estar com o maxilar deslocado e todos ao seu redor lhe encararem por isso e tudo porque a pessoa que o acompanha é demasiadamente popular? Extremamente agradável, obrigado. Logo fomos atendidos e uma mulher, com os seios mais fartos que eu já tinha visto, nos atendeu.

"-O que você quer, pirralho?" -perguntou aquela mulher esquisita.

Estávamos em um consultório, então não seria permitido quaisquer tipos de bebida alcoólica, porém aquela mulher segurava uma garrafa de saquê já pela metade.

Eu previ o pior.

"-Vovó atende ele, por favor! É urgente!" -disse Naruto para aquela mulher.

Eu desejei estar em minha cama acordando para ir para a escola. E pela primeira vez ponderei: por que, raios, sempre que eu estava com Naruto algo estranho acontecia? Eu voltei a olhar os cabelos platinados da mulher, que era surpreendentemente jovem, mas era a avó do dobe. Ela devia ter um ótimo cirurgião plástico e quando eu pensei nisso, logo lembrei do meu avô por parte de pai, Madara, ele tem por volta dos sessenta ou setenta anos e não tem um cabelo branco sequer. A mulher deixou a garrafa de saquê na mesa e veio capengando em nossa direção, me fazendo engolir um seco. E eu só conseguia pensar: "Não vai dar certo. Não vai dar certo...". Não foi com delicadeza que ela pegou meu rosto e, sem aviso prévio, fez meu maxilar voltar ao lugar.

Eu gritei.

Não foi um grito de mulherzinha, ao menos isso, mas, porra, eu gritei!

Tenho plena consciência do quão vergonhoso foi aquela cena, Naruto me encarou incrédulo antes de começar a rir de mim, o desgraçado. É como dizem, certo? Pimenta no rabo alheio é refresco. Não que tenha pimenta no meu... Quer saber? Esquece. Assim que recuperei minha dignidade de volta, eu agradeci a mulher, que mais tarde eu descobri se chamar Dr. Tsunade, e saí do consultório. Um moleque de uns oito anos me encarava com medo e quando foi sua vez de ser atendido, ele simplesmente saiu correndo porta afora.

Garotinho esperto esse.

Naruto e eu voltávamos para casa, mas não conversamos nada. Algo atípico dele, mas eu não me queixei; era a primeira vez que estávamos em bons termos. Já estávamos no elevador, quase chegando no andar de Naruto quando ele me encarou, seus olhos azuis cintilando serenos para mim.

-"Por que foi me ajudar, Sasuke?" -ele perguntou calmamente. -"Foi por causa da Hinata-chan?"

Eu ponderei sobre a pergunta durante alguns segundos, mas a única coisa que conclui foi que eu não agi em prol de Hinata. Dei de ombros, coloquei as mãos nos meus bolsos e encarei Naruto.

-"Meu corpo apenas se moveu." -eu respondi a primeira coisa que me veio em mente. E meio que foi verdade mesmo.

Naruto abaixou sua cabeça, a franja loira lhe cobrindo os olhos, mas tal gesto não ocultou o sorriso meio trombadinha que brotou nos lábios dele. Meus lábios se curvaram em um sorriso sem que eu pudesse evitar.

"-Obrigado por ter me ajudado hoje, teme." -ele disse com um sorriso maior ainda. Eu acenei de volta e fui para minha casa.

E eu descobri que ser amigo de Uzumaki Naruto não seria tão ruim. Talvez fosse interessante ter um amigo de verdade, para variar só um pouquinho.

Quando eu cheguei em casa minha mãe não me poupou da bronca. Primeiro porque minha farda recém lavada estava suja de novo com poeira e sangue, admito que um pouco daquele sangue era meu, porque quando Naruto me socou eu mordi o canto da minha boca e sangrou. Eu fiquei com uma ou duas equimoses, mas nada muito grave.

Ela me deixou de castigo por dois meses sem mesada, como eu sabia que ia ser. Meu pai quando chegou em casa e me viu naquele estado pós-briga ficou tão frustrado comigo que nem disposição para me espancar teve e, de certa forma, isso foi pior. Uma coisa é levar uma porrada e depois tudo ficar bem, outra coisa é você desapontar alguém importante; meu pai estava desapontado. Restou só meu irmão para me ouvir e cuidar dos meus ferimentos, minha mão foi cuidar do meu pai, como sempre. Pra variar, apenas Itachi parecia entender e visualizar algum progresso naquela situação toda: ele foi o único que sorriu ao fim da história. Mas, bem, Itachi sempre estava do meu lado.

Desde esse dia, Naruto e eu oficialmente nos tornamos amigos. Era o que importava, certo? Chega de brigas infantis – era o que eu achava.

Mais tarde, já um pouco mais calmo (leia: amaciado pela minha mãe), eu lembro que meu pai se engasgou com o sushi quando contei a novidade no jantar daquela noite assim como o sorriso de mamãe se congelou por um instante, enquanto caia em seu colo o pedaço de atum cru que ela ia comer.

Era natural estar surpreso, eu acho, mas ainda acho que vinte minutos é tempo demais para processar uma informação. Entretanto, o mais assustador foi meu irmão gargalhando e depois dizendo:

“-Fico feliz que a relação de vocês esteja progredindo.”

E quando Itachi disse “relação” fui eu quem corei e deixei cair o bolinho de arroz.

Foi o jantar mais estranho e constrangedor da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Eu alterei uma ou outra coisinha nesse capítulo, se comparado com a estória postada no ffnet. Gostaria de saber a opinião de vocês sobre ele e espero que tenham gostado!



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