Teoria Da Imprevisibilidade escrita por Ellie Bright


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Postando fic para me animar. -.-



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No escurinho do cinema

No dia seguinte, Naruto me convidou para assistir um filme na casa dele, junto com um garoto estranho chamado Sai. Eu não vi problema em aceitar e então marcamos as seis horas. Naruto contou que ficava feliz por isso, pois assim seu castigo por "não contar mentiras" seria anulado. Eu acreditava que agora que Naruto e eu estávamos em bons termos nada de anormal ou essencialmente desastroso pudesse ocorrer, especialmente agora que castigos seriam evitados, bem como escoriações¹, equimoses², petéquias³ e todas as lesões decorrentes de nossas brigas.

Eu realmente preciso dizer que foi mais um engano meu?

O senhor Namikaze não conseguiu ocultar o espanto ao me ver parado no elevador perguntando por Naruto. Foi hilário, nada que exigisse uma gargalhada, mas o suficiente para me fazer sorrir. Demorou quase um minuto inteiro para que ele me convidasse para entrar e foi quando Naruto surgiu.

Nós iríamos para o quarto do dobe e eu presumia que seria forçado a assistir algum filme de terror, com bastante violência e mulheres com vozes desprezíveis, que apareceriam com os seios nus antes de morrerem pateticamente. Como eu sabia disso? Simples, no livro a “arte da guerra” há um vocábulo dizendo que é para conhecermos nossos amigos, mas conhecer melhor ainda nosso inimigo e a nós mesmos; e eu conhecia bem o Naruto em qualquer acepção que isso significasse. Entretanto o senhor Namikaze nos convidou para ir ao cinema, pedindo que eu chamasse meu irmão para ir também. Eu imaginava que resposta negativa que Itachi daria. É que o meu irmão não é bem uma pessoa social: é muito provável o Itachi ficar em casa mesmo com uma ameaça de terremoto ou incêndio, tenham noção.

Para a minha surpresa meu irmão respondeu: "-Estarei aí em cinco minutos."

E eu lembro de ter pensado: “Mas que porra?”. Eu ainda não tinha compreendido que o apocalipse zumbi já tinha iniciado, embora os sinais fossem visíveis e gritantes. Eu e Naruto amigos, Itachi saindo de casa por livre e espontânea vontade. Mas eu, tolo e inocente, acreditei que era os ventos da mudança.

Itachi é só três anos mais velho que eu, mas ele sempre ia trabalhar com o papai. Nos meus doze anos de vida, eu jamais vira meu irmão mais velho em um momento de descontração, como eu já disse, é mais fácil ver o Mike Tyson usando um tutu do que Itachi se divertir. Mesmo quando eu pedia para brincar com ele (isso aos oito anos) Itachi dizia que não podia e se desculpava dando um leve cutucão na minha testa; ogro. Como prometera, em cinco minutos ele estava no apartamento do Namikaze-san.

"-Ué? Você de novo Uchiha-sempai?" -uma voz cínica soou do quarto do Naruto e eu vi um protótipo de Uchiha Sasuke sem classe e recalcado.

Nunca me senti tão ofendido quanto naquele momento. Era um garoto mais branco do que eu, mas tinha um corte de cabelo parecidíssimo. Seu rosto não era expressivo e suas roupas eram duvidosas: jeans preto colado ao corpo e, a julgar pelo excesso de marcas, ele deveria estar sem a roupa íntima (cruzes) e uma camisa cinza chumbo de abotoar aberta até a metade, revelando seu peito branco e sem pelos. Eu acho que ele fazia depilação,

"-Boa noite Namikaze-san, Naruto-kun e Sai-kun." -disse meu irmão com o timbre calmo, mas sem entrar em detalhes de como conhecia aquele garoto estranho.

Depois das apresentações, nós fomos ao cinema e Naruto me convenceu a assistir um filme de terror de quinta categoria, com direito a estória clichê, mortes sangrentas, atrizes siliconadas, personagens de baixo intelecto e (d)efeitos especiais.

Eu me espantava que até aquele momento nenhuma circunstância ruim ocorrera, exceto eu estar me divertido, o que era atípico, mas consideravelmente bom. Naruto falava demais, ao ponto de me deixar tonto às vezes, mas eu gostava do som de sua voz, enquanto eu percebia que ele não era tão idiota quanto parecia. Depois de comprarmos os ingressos e as pipocas, nos dirigimos a sala onde assistiríamos o filme. Tudo estava bem, Naruto ao meu lado era um excêntrico e isso me fazia quase rir. Que outra pessoa, além de mim, iria rir quando alguém é decapitada com arame farpado, sendo que a cabeça rola até cair em um lago, indo parar no estômago de alguns peixes?

Mortes escrotas a parte, um casal atrás de nossa fileira aproveitou o escuro do cinema para praticar atividades mais atrativas. É, senhoras e senhores, Naruto e eu tivemos o bonûs de ouvir um pornô hétero básico atrás de nós. Instantaneamente me senti desconfortável, mas enquanto o casal ficasse nos beijos e na masturbação, eu poderia assistir o filme tranquilamente. Depois de vários atos de burrice crônica dos personagens do filme, percebi que o filme estava prestes a terminar quando o vilão corria atrás da única garota com cérebro o bastante para estar viva.

E foi quando tudo começou a dar errado de uma forma catastrófica.

O casal atrás de nós chegou aos "finalmentes", ambos gemendo alto e atrapalhando o filme; eu não me atrevia a olhar para trás, mas Naruto sim e ele ficava em choque. Apesar do Naruto dizer que gostava da Sakura, eu penso que desde àquela época ele era um buterfree encubado, porque ele não reagiu muito bem com o pornô hétero atrás de nós. Enfim, eu admito que era constrangedor ter que escutar aquilo, mas não foi o pior: Naruto, com o susto de um gemido particularmente alto, deixou uma embalagem de balas de menta cair no chão e ele insistiu em pegar cada balinha que caiu, algumas caíram justamente na minha cadeira e sim, ele foi recolher.

Então a minha situação fática era a de uma cabeça loira próximo às minhas partes íntimas, se movendo procurando balinhas de menta ajoelhado no chão, enquanto eu estava segurando os braços da minha cadeira, fingindo que assistia o filme. Nada parecia mais constrangedor, porém eu me enganei: Itachi, que estava sentado na fileira a nossa frente, resolveu investigar o que acontecia justamente naquela hora.

Agora imaginem a situação: Um homem está atrás de você gemendo loucamente, sendo que o infeliz tem uma voz ligeiramente parecida com a sua e tem uma cabeça loira, subindo e descendo em busca de balinhas, coincidindo com o ângulo onde fica o meio de suas pernas, onde fica seu irmão mais velho, felizmente meio míope, te encarando. Eu lembro de querer cavar um buraco na terra e viver lá o resto da minha existência infeliz, quando as luzes do cinema foram acessas e não só o Itachi viu a cena “bruta” como as particularidades, ou seja, eu, petrificado diante do seu olhar e com meu rosto queimando de vergonha. O senhor Namikaze também olhou para trás.

Eu queria morrer de vergonha. Mas eu ia levar aquele estúpido, imbecil e idiota comigo.

“-Terminei de pegar todas!” -disse o Naruto se levantando, olhando para mim com um sorriso besta e eu já não queria olhá-lo. -“Ei, pai, vamos comer pizza?”

Depois disso, nós formos comer pizza em um restaurante próximo dali e o tal de Sai começou a infernizar a minha vida, Itachi permaneceu quieto durante todo o jantar, mas isso era o seu comportamento habitual. O senhor Namikaze parecia pensar que foi só uma circunstância acidental e que nós éramos jovens demais para pensar em fazer coisas. E éramos! Tínhamos doze anos, não era como se um quisesse ou soubesse fazer boquete ainda.

Felizmente, Itachi não contou nada daquilo aos nossos pais, mas ele mesmo conversou comigo sobre sexo e as mudanças do corpo.

Demorei quase um ano para me livrar do trauma daquela conversa de homem para homem. E não, eu não vou entrar em detalhes sobre essa experiência desagradável, embora eu considere que isso sim mereceria um roteiro de filme de terror, ante a pressão psicológica que meu irmão fez comigo. Ogro. Mas não deixei de ir ao cinema com Naruto, Sai, o senhor Namikaze e meu irmão quando eles convidavam. Mesmo tendo que aturar as brincadeiras patéticas de Sai, que provavelmente tinha ereções ao me ver furioso, felizmente meu irmão domava aquele gênio perverso dele. 'Como' era uma questão que eu não queria saber e foi algo que ignorei até meus quinze anos.

Existem coisas que não se deve saber. Aquela era uma delas.

________XxXxX_________

¹ Escoriação é quando você se arranha e perde um pouco da sua pele no processo. Exemplo: você cair de joelho no chão e se ralar. Um pouco da sua pele vai ficar no chão.

² Equimose é a roxura que aparece na pele da gente quando nos batemos, aquela que demora até sumir. Isso acontece porque quando a gente se machuca pequenos vasos sanguíneos se rompem, acumulando-se sobre a pele e alterando a coloração normal desta, levando alguns dias para o sangue se dissipar (21 dias, salvo o engano).

³ Petéquia é a equimose em menor escala, pois os vasos sanguíneos rompidos foram poucos e causaram pouco vezamento de sangue. É quando você


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Notas finais do capítulo

Bom, queria avisar que a fic está quase no fim. Falta bem pouquinho mesmo, um ou dois capítulos e já termina. Eu gostaria muito de saber o que vocês estão pensando dela (sério, preciso me animar hoje), eu já disse na atualização de "10 coisas que ela não sabe", mas vou dizer aqui também: hoje sai o resultado final da prova dos advogados do Brasil e eu estou precisando MESMO me animar, se vocês deixarem um review isso vai me deixar mesmo muito feliz.



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