Teoria Da Imprevisibilidade escrita por Ellie Bright


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mals a demora. Segunda fase da oab consumindo meus dias -.-



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A segunda vez que me vi diante de Uzumaki Naruto foi mais cedo do que eu poderia esperar. Meu traseiro mal se recuperara das cintadas, quando uma nova família se mudou para o prédio onde eu morava, minha mãe ficou sabendo disso quando encontrou o novo vizinho na garagem do nosso prédio.

Explico: cada andar do nosso prédio é habitado por uma família. Eu morava na cobertura, a vista é legal, mas é um inferno quando o elevador quebra. Sendo assim, minha mãe foi convidada pelo novo vizinho para tomar chá no andar debaixo. Assim que ela chegou em casa, com um sorriso de canto a canto em seus lábios (somente a minha mãe parecia autorizada a sorrir em casa, pois a regra número um de um Uchiha era não demonstrar emoções) ela anunciou que o vizinho tinha um filho da mesma idade que eu e que eu deveria me arrumar.

Desde o começo eu desgostei da ideia. Eu não era uma criança normal que gostava de ficar brincando de correr ou essas coisas, preferia pegar um livro e ler do que brincar. Não, isso não era timidez. Enfim, eu também era (e ainda sou, na medida do possível) um bom filho e fui me arrumar como mamãe me pedira. Descemos um andar e fomos atendidos por um homem na casa dos trinta anos, seus cabelos dourados e espetados, bem como seus olhos muito azuis chamaram a minha atenção. Era como se eu já o conhecesse de algum lugar, mas eu realmente não me lembrava de onde.

Descobri que o nome do novo vizinho era Namikaze Minato, um homem calmo e muito educado. Eu pensei que se o filho de Namikaze-san fosse ao menos parecido com o pai, no quesito personalidade (que aparentava ser calma e serena), talvez eu fizesse o meu primeiro amigo.

Um erro crasso de minha parte – pelo menos na época me pareceu.

Um garotinho loiro e de olhos azuis, com marcas nas bochechas surgiu atrás do sofá com um sorriso amplo, mas assim que me viu seus olhos ficaram duros. A aversão que ele tinha a mim era um sentimento recíproco que nos fez dizer quase ao mesmo tempo:

"-Teme."

"-Dobe."

O filho do senhor Namikaze era Naruto.

Mas apesar da tensão entre mim e Naruto ser quase palpável, nossos pais não viam ou ignoravam o fato; tenho quase certeza que era o segundo caso. Eu olhei para minha mãe, em meus olhos um pedido para voltar para casa, mas minha própria mãe desferiu a facada:

"-Por que não leva o Naruto até o parquinho, Sasuke?"

Naquele momento eu soube que algo aconteceria, mas eu não poderia retrucar um pedido da minha mãe. Apenas encarei o outro menino, desafiando-o a me acompanhar. Porém o pai dele foi incisivo:

"-Vá com ele!"

"-Mas pai...!" -disse Naruto em um tom emburrado.

"-Quem é você e o que fez com meu filho?" -disse o senhor Namikaze com uma falsa expressão preocupada. -"O meu filho adoraria conhecer o parquinho!"

Naquela hora eu não sabia se ria da tentativa frustrada de Naruto em parecer animado com a ideia, embora estivesse claramente desgostoso ou me irritava com meu azar de guiá-lo até o parque. Eu quase suspirei pesadamente, mas lembrei-me que sou um Uchiha e Uchihas simplesmente são indiferentes a situações como aquela. Às vezes, só as vezes, é um saco. Saímos do apartamento e fomos para o elevador. Mal as portas se fecharam e toda a atmosfera aparentemente calma entre nós se dissolveu.

"-Eu odeio você, teme!" me disse Naruto assim que a porta fechou. Ele se contorcia em uma careta ao dizer isso, fazendo beicinho e franzindo a testa.

Murmurei um monossílabo e apertei o botão do térreo, felizmente os botões do elevador não eram inacessíveis para crianças de oito anos. Alguns instantes se passaram e eu decidi ignorar a presença do meu novo vizinho. Eu arquitetei meu plano de deixá-lo sozinho no parquinho e depois voltar para minha casa para continuar a ler um livro interessantíssimo de mitologia grega.

Porém sempre que eu estava acompanhado por Naruto, algo estranho acontecia, uma força incomum de arruinar cada planejamento meu; não foi diferente naquele momento.

Faltou luz no prédio e o elevador estancou.

Foi tudo muito rápido. O elevador parou de se movimentar e tudo ficou escuro, para completar a desgraça, ainda estávamos passando de um andar para o outro e a luz de emergência não funcionou. Não era para aquilo acontecer, não comigo. Não com um Uchiha! Porém antes que eu ficasse me martirizando, o garoto ao meu lado ficou inquieto. Anos mais tarde descobri que Naruto tinha pavor do escuro e de lugares fechados.

"-Essa não! Não vamos sair daqui! Eu fiquei preso com um teme zumbi! Ele vai comer o meu cérebro! Eu juro que não foi por querer o lance da pilha de creme para cabelo e eu não fiz por mal ao colocar figurinha com cola na cadeira do professor!"

Eu tentei tapar meus ouvidos para não escutar, mas não adiantou. Aquela voz irritantemente alta adentrava nos meus sensíveis ouvidos. Em minha mente um mantra forte: "Eu não devia ter saído de casa. Eu não devia..."

"-Eu confesso que também deixei a lixeira equilibrada na porta para que caísse na cabeça do Kakashi-sensei, mas, por favor, não me deixem aqui! Não com um garoto insuportavelmente chato, que parece um morto vivo infantil psicótico!"

Estava muito escuro e eu não podia ver o que Naruto estava fazendo, mas conseguia ouvir o som dos chutes que ele dava na porta ou os encontrões com a parede. Especialmente porque uma das vezes o infeliz pisou no meu pé.

"-Cala a boca, dobe." eu disse baixo, mas em um tom decididamente irritado.

A situação já estava ruim e Naruto fazia questão de piorá-la com aquela interminável tagarelice. Naquele instante, Naruto me ignorou e, se é que é possível, aumentou ainda mais sua voz, berrando incessantemente e esmurrando a porta do elevador. Como se um pirralho de oito anos conseguisse superpoderes para abri-la.

Paciência e frieza tem limite, a minha já tinha se evaporado. Eu perdi controle dos meus atos, me aproximei dele e mandei que calasse a boca, entretanto Naruto me empurrou, quase me fazendo desequilibrar. Ele continuou gritando, ainda mais desesperado, berrando para quem quisesse ouvir que havia um zumbi querendo devorar seu cérebro – como se ele tivesse um.

Então eu o soquei.

"-Teme!" -berrou Naruto e eu recebi um soco dele.

E ficamos nos agredindo fisicamente, mesmo no escuro. Entre socos, pontapés e muitas ofensas, não vimos quando o elevador voltou a se mover, mas paramos de brigar assim que as portas se abriram. E eu me horrorizei ao reconhecer um par de sapatos engraxados. Naquele momento eu entendi que para uma alternativa ruim, sempre poderia existir uma pior. Murphy, seu desgraçado. Engoli um seco e reunindo uma coragem que eu sequer pensava ter, ergui meus olhos e vi o desapontamento do meu pai – doeu muito mais do que a surra que levei e que iria levar.

Meu irmão mais velho, Itachi, o acompanhava e eu vi quando seus olhos negros foram tomados por um sentimento que beirava a piedade, se Uchihas sentissem piedade. Embora aquele sádico também estivesse com vontade de rir, dava para notar como os lábios dele se curvaram minimamente; esse é o mau de todo irmão mais velho.

Soltei Naruto e encarei o chão. Todo o meu corpo doía, especialmente o estômago e o lado direito do meu rosto Eu definitivamente estava de um jeito lastimável, mas não o bastante para evitar mais dez cintadas e dois meses sem mesada.

E eu tive a confirmação: eu realmente odiava Naruto.


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Notas finais do capítulo

Coisa bem básica, não acham? Eu creio que teria berrado tanto quanto o Naruto se estivesse na mesma situação. E vocês?
Espero que tenham gostado e eu espero trazer o próximo capítulo logo.



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