Todos estavam na sala de espera esperando, obviamente, alguma notícia sobre Claus Ghirardelli.

Só uma pessoa nessa sala sabia a real verdade, ele sairia dessa. Com alguns problemas, mas sairia, a dose do veneno não foi tão alta.

- A família do senhor Ghirardelli, por favor – uma mulher de jaleco perguntou.

Todos se levantaram, e quando eu digo todos são todos mesmos. Primos, irmãos, sobrinhos, filhos e tudo que tem direito. O que causou um leve espanto pela parte da médica.

- Eu sou a esposa dele – Carla anunciou

- Bem, senhora Ghirardelli. Seu marido está estabilizado e até o momento não identificamos a causa desse acontecimento. A senhora pode ve-lo se quiser. – ele informou com um tom de pena

- Espera um pouco – algum parente disse – O que realmente aconteceu ?

- O senhor Ghirardelli teve uma parada respiratória – ela começou a explicar – Por alguns minutos o cérebro dele não recebeu oxigênio suficiente, assim como todos os tecidos do corpo. Isso pode ter causado sequelas que ainda não notamos, mas que irão aparecer depois de algum tempo.

- Você quer dizer que ele pode nunca mais fazer alguma coisa ? – a mesma pessoa perguntou

- Não necessariamente para sempre. O cérebro controla o corpo inteiro, junto com a medula espinhal, assim com a falta de oxigênio algum impulso não foi transmitido corretamente, então alguns tecido sofreu essa consequência, ainda não sabemos qual.

Todos os familiares ficaram surpresos com a tal gravidade do problema. Eu não achava que causaria tantos estragos, pensei que seria uma coisa leve. Pois bem, ele teve o que mereceu.

- Agora que tudo foi explicado, alguem pode ir lá.

- Eu vou lá – Carla disse e passou pela porta

- Ele vai ficar bem – eu sorri

 - Obrigado – ele sorriu – Por ter ficado ao meu lado ness-

- Ei – eu interrompi – Sem drama de esse momento triste, ok ?

- Tudo bem – deu uma leve risada – Mas obrigado, de verdade.

- Não há problemas – eu sorri, acariciando seu cabelo – Conta sempre comigo.

Ele me abraçou e suspirou alto. Eu correspondi o abraço na hora e beijei sua bochecha.

- Não é melhor você ir para casa ? – perguuntei preocupada – Você já está há algum tempo aqui, sem comer, e já sabemos que seu pai esta estabilizado.

- Se você não se importa, eu gostaria muito de ficar – ele abaixou a cabeça – Mas você pode ir se quiser.

- Só vou passar em casa e trocar de roupa – eu levantei sua cabeça com um dedo – Fica bem.

- Vou tentar – sorriu fraco

Eu assenti e sai do hospital. Aquele clima era horrível, me lembra de quando passamos a noite esperando notícias dos meus pais.

- Nate – eu disse chorando

- Shiiiu – ele repetia – Eles vão ficar bem.

Por mais que ele dissesse isso, essas palavras não entravam na minha cabeça. Toda a minha família estava lá, todos preocupados com meus pais. Assalto a mão armada, que coisa mais clichê.

 Meus primos não apareceram, eles foram procurar respostas. Pois todos nessa sala sabiam a verdadeira resposta. Assalto a mão armada uma ova! Eles foram assassinados bruscamente por um motivo idiota!

- Eles vão pagar – eu disse convencida de minhas palavras

- Não vamos pensar nisso agora, tudo bem ? – ele pediu, acariciando minhas costas – Não são pensamentos positivos para seus pais. Eles com certeza não iam gostar disso.

- Nesse momento, eu não ligo para o que eles vão ou não gostar.

Aquela foi a mesma sala que trouxe mais angústia para a minha vida.

- Essa é a primeira vez que você me liga – Nate disse assim que atendeu

- Sem gracinhas, por favor – eu respondi – Todos sabem que isso não é verdade.

- Tudo bem – se conformou – Devo dizer que sua performance foi impecável.

- Obrigada – eu sorri – Eu me aperfeicoei nesses dias.

- Sem nenhum rastro. – admirou-se – Uma pena que a quantidade foi pequena.

- Foi proposital – eu liguei o carro – Não queria o matar de uma forma tão rápida.

- Mas a ideia de colocar o pó marrom na cafeteira foi genial! – acho que o Nate se espantava com cada movimento meu

- Mas eu achei que tínhamos combinado de não bisbilhiotar a vida deles quando não é necessário.

- Tínhamos – suspirou – Mas eu voltei atrás.

- Qual o motivo ? – eu virava a esquina da minha rua

- Nenhum. Você sabe quem ganhou o jogo ontem ? – perguntou desconversando

- Não Nate, eu não sei – não iria discutir esse assunto – Preciso ir

- Eu te amo Kate.

- Eu te amo Nate.

Eu desliguei quando entrei em casa. Joguei as chaves e a bolsa em algum lugar.

Aquele apartamento era muito vazio, antes Nate me visitava. Agora, aquela vadia da namorada dele “não permite que ele saia sem a permissão dela” essas foram as exatas palavras que sairam dela boca! Quem ela pensava que era ?

Eu precisava de um banho. Andei até meu quarto e tirei meu sapato. Fiquei sentada por alguns minutos na cama, repensando o meu plano inteiro, ele não podia ter falhas. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro.

O contato da água quante com meu corpo foi inexplicável. O que eu estava fazendo ? Enganar uma pessoa que não tem nada a ver com o caso, infelizmente ele era o único modo que eu encontrei de atingir todo mundo.

DROGA!

Desliguei o chuveiro e troquei de roupa (http://migre.me/9UBAV ). Eu precisava voltar para aquele hospital.

“Alec, estou indo para o hospital. Chego em alguns minutos, xx

Kristen”

“Corre, meu pai piorou e ninguém sabe o motivo, xx

Alec”

PARA TUDO! COMO ISSO ACONTECEU ? Eu coloquei 20mg certinho, isso apenas causaria a parada respiratória. Alguma coisa a mais do que isso seria uma anomalia, totalmente fora do comum. Dessa vez, não foi a minha culpa.

- Alec – eu disse assim que o vi na sala de espera – Como ele está?

- Horrível – suspirou – Minha mãe entrou lá e de repente as máquinas começaram a apitar e ela foi tirada as pressas.

- Eu sinto muito mesmo – eu tentei sorrir. Estava tão surpresa quanto.

- Família Ghirardelli – um médico diferente disse – Eu sou o médico responsável pelo senhor Claus, tenho novas notícias.