Dance On Our Graves escrita por Thoryeon


Capítulo 3
Hero


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo fico até meio grandinho :P Só pra quem quer saber,a ponte na qual a Tae está é a de Westminster,perto do Big Ben. Obrigada por todas as reviews,eu amo ler elas ! *-* É isso,enjoy



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/233943/chapter/3

Ela iria pular.

Naquele momento eu não pensei direito. Acho que entrei em choque e ao mesmo tempo em desespero ao vê-la pender daquele jeito. Sério mesmo ? Eu tinha acabado de chegar naquela cidade e já ia presenciar uma morte horrorosa...Que sorte a minha.

“Se você pular,e-eu pulo !” Falei quase tropeçando nas palavras,hesitante. Lembrei da cena do Titanic em que o rapaz salva a moça dessa maneira e pensei,porque não. Se eu pelo menos enrolasse ela,ela poderia esquecer que iria se jogar né ?

Eu me aproximei da beirada da ponte e quebrei aquela distância entre nós,pronta para subir na onde ela estava. Era melhor blefar do que arriscar falar idiotice em inglês para ela,tenho certeza. Mas e se ela se jogasse mesmo ? Eu teria que me jogar e eu não sei nadar tão bem assim...Eu ia parecer um pinguim tentando salvar uma foca da morte. Não que ela fosse gorda ou algo assim... Concentra,Taeyeon,concentra.

A menina parou com os seus movimentos e finalmente olhou vagamente para o lado esquerdo,no qual estava o pilar iluminado e eu. Eu pude ver metade de seu rosto entrar em contraste com a sombra e a luz que vinha do pilar. Ela parecia ser bonita e jovem,porque diabos não iria querer mais viver ?

Após instantes de silêncio ela falou algo.

“Você é Jack Dawson ? “ Ela perguntou com uma expressão séria. Sua voz não mudou de tom. Eu franzi o cenho em confusão já que não entendi muito bem. Ela era doida ? Bem isso estava na cara já que estava prestes a se jogar nesse poço do demônio. Devia estar congelante lá embaixo.

“O-O que ? “ Respondi com uma outra pergunta,olhando-a me encarar depois de instantes estando apenas com o rosto em minha direção. Eu me senti extremamente intimidada com isso,então não consegui retribuir o olhar no olho. De certo modo fiquei com medo do que eu podia encontrar caso eu a olhasse nos olhos. Lágrimas de tristeza ou dor,talvez ?

“Eu perguntei se você é Jack Dawson,porque se não for,você acabou de roubar a fala dele.” Seu sotaque britânico saíra em um tom arrastado,o que me fez entender apenas parte de sua fala. Por que eu tinha que ser tão estúpida em não entender as coisas ? E quem diabos é Jack Dawson ? Aish,ela estava bêbada ?

“Ahm...Eu-Eu não...” Como uma idiota,continuei sem conseguir falar como uma pessoa normal faz.

“Você não é daqui,né ?” Ela falava em um tom super baixo,o que deixava sua voz bastante rouca. Não parecia interessada,porém.

“Huh,não. Coréia. “ Respondi brevemente. Pelo menos ela não se jogou por enquanto. Acho que isso é bom. Posso continuar distraindo-a ao invés de quase morrer congelada junto com ela.

“Deu para perceber...” Para a minha completa surpresa,a menina dissera em coreano. Que tipo de bruxaria era aquela ? Não é todo dia que se encontrava pessoas que sabiam falar coreano a não ser na Coréia,que eu tenha visto. De certo modo fiquei aliviada pois assim,poderia impedi-la ainda mais. Fiquei até mesmo determinada após sua fala.

Eu decidi encarar o seu rosto por fim,porém sua atenção não mais estava em mim. Ela fitava o horizonte novamente.

“Ham...Jack Dawson ? Você está procurando por ele ou... “ Decidi voltar ao que ela tinha dito antes,já que agora eu podia falar apropriadamente e entender. Eu a vi virar a cabeça ligeiramente,me olhando com as sobrancelhas juntadas e uma expressão que me fez parecer a mais idiota do mundo. Talvez naquela hora eu fosse. Jack Dawson. A ficha finalmente tinha caído. Titanic,sua estúpida.

Acho que se fosse questão de vida ou morte – o que de fato meio que era – eu ter que descobrir tal coisa,ela já teria se jogado só de frustração. Até mesmo eu estava frustrada comigo mesma.

“Ohh...” Eu expressei,avisando-a de que eu finalmente havia entendido. Ela nada fez,nem mesmo se moveu.

“Você estava blefando,certo ?” A moça voltou a falar e eu pude ver ela me encarar pelo canto dos olhos. Ela por acaso era telepata ? Eu realmente estava blefando.

“Não...Se você pular,eu pulo.” Eu decidi mentir já que não era preciso piorar as coisas mais ainda. Para dar ênfase à minha mentira – não,melhor,pequena ocultação dos fatos – eu subi na beira,ficando agora do outro lado do pilar o qual ela se segurava anteriormente. Este era o único obstáculo entre nós duas.

Eu retribui o olhar ao apenas fitar o seu rosto,ainda sem fazer contato visual. Ela pareceu revirar os olhos e dessa vez não mudou sua atenção de mim. Decidi olhar para o seu nariz,ou a boca,ou até mesmo um ponto fixo bem na sua testa. Ainda estava intimidada.

“Porque ? Quero dizer...Porque isso ?” Ela retrucou,não parecendo impaciente ou nada desse tipo.

“Eu apenas- Eu só não quero um corpo morto na minha frente !” Assim que eu falei,pensei ter feito coisa errada. E se ela entendesse errado ? E se ela pensasse que eu estava insinuando que ela fosse um fardo que atrapalhara a minha caminhada pela e ir embora para se matar longe de mim  ? Se bem que acho que ela não ligaria para o que eu estava dizendo... Não interessa. Preciso pensar melhor nas minhas falas.

Ela continuou a me olhar e por um momento,pareceu sorrir de canto. Senti que talvez,naquele momento,ela ficara impaciente. Talvez um sorrisinho sarcástico. Não sou boa em ler expressões.

“...Mas porque eu não deveria pular ? Digo,acabaria com todos os meus problemas,certo ?” A moça desfez o talvez até mesmo inexistente sorriso e inclinou a cabeça um pouco para o lado.

Eu continuava a encarar um ponto fixo,pensando no que dizer. Eu não queria fazer um discurso falando que a vida era boa ou algo do tipo. Não queria pois eu não pensava daquele jeito. Foi assim,que eu decidi falar o que me veio à cabeça quanto à situação. Porém,assim que abri a boca,me arrependi naquele exato instante.

“Sabe o que eu acho ? Eu acho que você está sendo apenas egoísta !”

“O que ?”Pela sua expressão ao me perguntar,pensei ter ousado demais. Outra burrada,mas já que eu tinha dito,era melhor continuar.

“Você está sendo egoísta ! V- “

“Com quem ?” Ela me interrompeu,com o cenho franzido.

“Com você mesma e até comigo ! Você não consegue aguentar problemas ? Se eu consigo,você pode conseguir também. E-E se eu te dissesse que a vida é boa,eu estaria sendo uma mentirosa porque eu não te conheço,eu não sei como é a sua vida mas você pode fazer as coisas melhorarem...M-Morrer assim é a coisa mais egoísta,tá ? Se você se jogar eu vou me jogar,eu não sei nadar direito então eu vou morrer tentando te salvar. Q-Quero dizer,você vai ser o egoísta o bastante para me matar também ?” Eu comecei a tagarelar atropelando as palavras,não deixando espaço para ela retrucar. Se ela me interrompesse de novo,eu não teria mais a coragem de retomar o meu raciocínio com o que realmente eu estava pensando.

Quando eu acabei com o meu discurso,ela não disse nada. Ela estava com os lábios um pouco entre abertos,apenas me olhando. Parecia pensar em várias coisas. Ai Deus.

Como o silêncio seguinte me deixara desconfortável,decidi reforçar.

“Por favor. “Minha voz saiu um pouco mais baixa do que antes,não intencionalmente. “Apenas...Não pule agora... Digo,não só agora,nem depois. Quero dizer...  Não pule. “ Apesar de ter me embaralhado nas palavras,acho que consegui falar pelo menos algo pouco confuso,já que nem eu mesma estava entendendo coisa com coisa. Um dos meus defeitos –dos vários – era parecer uma gaga quando sob pressão.

A jovem ao meu lado suspirou fundo e demorou um pouco para falar. Quase que fiquei ainda mais desconfortável,já que depois de um discurso atrapalhado daquele,silêncio como resposta não ajudaria em nada.

“Uau...” Ela murmurou,acenando a cabeça lentamente ao parecer pensativa. Ela desviou o olhar do meu rosto,mas não o desviou de mim por completo. “Você é realmente boa com as palavras,sabia ?”Ela completou. Pelo tom que ela usou,pareceu uma ironia ou apenas uma forma mais leve de ironia.

“Eu sei... “Como acreditei ser uma ironia ,concordei já que eu realmente não era boa com as palavras. Agora se fosse uma afirmação,devo ter parecido meio convencida.

A moça,para a minha surpresa,sorriu de canto,dessa vez algo visível e não talvez imaginário como instantes atrás. Olhei ela se mexer e aos poucos,vi seus dedos voltarem-se ao pilar esverdeado. Ela não falou mais nada,apenas abaixou a cabeça e se aproximou do pilar,agora o usando como ponto de apoio.

Eu a assisti da mesma forma que fiz quando a encontrei. Sem perder um movimento sequer. Talvez ela estivesse apenas me enganando,ou hesitante em descer. Eu decidi me aproximar do pilar assim como ela,já que se ela decidisse pular de novo,eu a puxaria sem pensar duas vezes. Assim que percebi que meu celular ainda estava em uma das minhas mãos,posicionei a outra junto ao pilar,me segurando neste assim como ela.

“Desistiu de pular ?” Eu esperei alguns segundos de silêncio e então perguntei. A olhei de soslaio porém não consegui ver nenhum sinal em resposta,pois o seu cabelo fora jogado em seu rosto por consequência de uma leve brisa que passara.

Ela foi a primeira a descer do parapeito e assim que o fez,eu suspirei de alívio,chegando até mesmo a fechar os olhos por segundos. Logo,repeti o seu ato. Não estávamos mais naquela mesma distância do começo. Cinco ou seis passos nos separavam uma da outra. Deveria temer algo à esse ponto ? Achei que não. Ela parecia inofensiva.

“Você mudou mesmo de ideia ? Funcionou ?” A perguntei curiosa,já que eu pareci não ter sido nada convincente para mim mesma.

Ela novamente não respondeu,apenas ficou à fitar o chão. Eu senti um arrepio por causa de outra brisa,porém não me importei em fechar o meu sobretudo. Vendo os instantes se passarem,eu engoli em seco,me sentindo super estranha de ficar naquela situação.

“Sabe,você não tem nada a ver com isso... E se eu pulasse ? Não seria um problema para você,ninguém iria te culpar.Estamos sozinhas por aqui,porque uma estranha se importaria ? “ Ela levantou o olhar e eu fui forçada a engolir em seco de novo.

“Olha,eu me importo com as pessoas. Mesmo que você não seja minha amiga,eu me importaria se você pulasse. Não só por sentir peso na consciência...Não é o certo a se fazer. Tenho certeza que alguém também se importaria com você,isso é clichê mas você não está sozinha. E se está,não vai estar mais porque eu posso te irritar até você desistir de vez dessa ideia...Mesmo que você não queira,ou que me deixe falando sozinha,eu sei ser chata quando quero. “ Sinto que comecei a falar rápido demais novamente,tagarelando sem fim.

“Acho que sabe mesmo...” Ela me respondeu,soltando uma risada pela sua respiração. Seria um insulto em outras ocasiões,e se fosse outra pessoa,mas ela estava sendo honesta. Bom começo.

“E-Eu sou insistente,muito. Posso te fazer outro discurso para mudar de ideia se qui-“

“Não,obrigada. Não vou mais pular. “ Com a sua interrupção,eu sorri orgulhosa de mim mesma. Talvez não deveria acreditar no que ela dizia,mas se ela falou era porque no fundo estava começando a mudar de ideia.

“Oh,obrigado. Você acabou de salvar a minha vida também.” Eu comentei acenando a cabeça. Eu queria deixá-la confortável,mesmo estando diante da minha esquisitisse. Senti o celular em minha mão,vibrar apenas uma vez. Alerta de mensagem.“Posso pelo menos saber o seu nome ?” Perguntei em seguida,vendo-a manter os lábios em linha reta.

A moça ficou uns momentos assim,olhou para os lados e suspirou. Eu pensei ter feito a pergunta errada,já que ela não parecia querer responder. Assim,tentei consertar.

“Não precisamos fazer amizade sabe,eu ap-“

“Mushroom.”

A sua voz rouca interrompeu novamente a minha fala. Eu parei um pouco para pensar. O nome dela era realmente Mushroom ? Se fosse,eu teria que segurar meu riso para não estragar tudo. Ela me olhava nos olhos e dessa vez,eu não consegui desviar. Fiquei meio presa,imóvel.

“Ham,Mushroom ? Não é seu nome de verdade,né ?” Eu indaguei e a vi espremer os lábios,parecendo segurar um sorriso. Ela estava de zoação com a minha cara.

O celular em minha mão,vibrou novamente. Mas que diabos.

“Não,mas você pode me chamar de Mushroom.” Seu olhar percorreu o meu rosto e logo depois,desceu para o meu...peito ?

Eu olhei para baixo e aí então,percebi de onde ela tirou aquilo. Toad,o cogumelo do Mario, estampado acenando na minha blusa. Achei um tanto cômico.

“Tudo bem. “Falei. Se ela não quisesse trocar nomes,estava perfeitamente de boa. “Prazer te conhecer então,Mushroom.” Eu falei em um tom um tanto formal,querendo fazê-la sorrir. Era uma das coisas que eu sempre fazia quando alguém parecia precisar de dar um sorriso. Me deixava mais confortável ainda fazer as pessoas sorrirem. Para mim,era o ato mais bonito do ser humano.

“O seu é ? “Ela perguntou logo depois de mim,esboçando uma feição um tanto curiosa. Mantinha um sorriso de canto,bem pequeno e fraco,mas eu estava na direção certa. Com mais uma vibração em minha mão,eu revirei os olhos e suspirei impaciente. Não era hora. Fiz um sinal para ela esperar só um instante,enquanto desbloqueava a tela. Eu iria desligá-lo,porém não deixei de ler a mensagem. Sooyoung.

Você.Ousou.Desligar.Na.Minha.Cara.Ò_Ó Você.Me.Paga.Minion.

“Minion.” Assim que eu li,nem mesmo percebi ter repetido em voz alta. Ouvi uma outra risada pela respiração vindo da menina na minha frente,o que me fez levantar o rosto para fitá-la. Ela estava sorrindo. Não foi intencional,mas me senti orgulhosa.

“Minion ? Despicable me ?” Fora o maior sorriso que eu conseguira arrancar dela. Ela quase mostrava os dentes e suas sobrancelhas estavam levantadas. Vendo-as arqueadas,consequentemente eu vi que os seus olhos...Estavam sorrindo junto.

Acho que foi a coisa mais estranha e mais incrível que eu já tinha visto. Estavam formando linhas curvas perfeitas,como se realmente sorrissem junto com os seus lábios. Definitivamente,me fez favoritar esse novo tipo de sorriso. Como ela conseguiu ?

“É,despicable me. “Eu a respondi,ainda maravilhada pelos seus olhos. Agora eu conseguia olhá-la diretamente nestes sem nem um pouco de intimidação. Me agradeci internamente por tê-los apenas visto dessa maneira. “São amarelos e fofos. Não sou nenhum dos dois mas é só um codinome,não precisa fazer sentido né ?”

Ela continuou a sorrir,ainda com ambos os ‘métodos’. Lábios e olhos. Acho que pelo menos uma vez na vida,os apelidos de Sooyoung foram úteis para mim.

“Também são pequenos.” Ela comentou,diminuindo a intensidade do sorriso. Não saíra de vez,o que eu agradeci.

“É,acho que nisso eu me encaixo.” Falei ao sorrir da mesma forma. Eu até me esqueci por alguns segundos,o motivo de estar ali.

Uma outra risada pela respiração saiu vindo da parte dela,e eu a vi acenar ligeiramente a cabeça em negativo. Assim,ela olhou para o chão e depois retornou à mim.


“Então...Minion,está tarde,acho melhor ir embora agora.” Seus dedos retiraram o cabelo que voou em seu rosto e eu fiz o mesmo comigo. Uma certa ventania nos atingiu de uma vez.

“E deixar você sozinha ? Não é por mal Mushroom mas eu não acredito que vá cumprir com sua palavra. “ Eu disse,colocando o celular no bolso do meu casaco,já que estava me cansando segurar algo . “Eu posso te levar para casa,ou para onde quiser. “

Mushroom ficou em silêncio pelos instantes seguintes,cruzando os braços ao peito enquanto parecia pensar.

“Tudo bem.” Foi tudo o que ela respondeu.


“Só precisamos achar um táxi por aqui...” Eu não tinha nem ideia em onde começar a procurar.

“Sei onde conseguir.” Mushroom deu alguns passos para o lado e fez um sinal para mim segui-la. Sem hesitar eu o fiz. Ela deu as costas para mim e começou a andar na mesma direção a qual eu seguia antes de encontrá-la. Em direção ao Big Ben.

O caminho foi silencioso e não tão longo quanto pensei que seria. Pelo menos para mim,o silêncio que se estabeleceu foi confortável. Não estranho,não incômodo. Eu me sentia imensamente mais leve ao estar andando ao seu lado,do que estava ao estar do seu lado,na beirada da ponte. Mesmo que ela estivesse ainda indecisa,ou me guiando para qualquer tipo de cilada,eu parecia me sentir estranhamente orgulhosa.

Caminhei com as mãos no bolso,enquanto ela andava ainda com os braços cruzados. Uma vez ou outra eu a olhava de soslaio,para ver com o estava a sua expressão . Alguns minutos depois,ela parou de andar e eu pude ver que a área em que estávamos,já fora da ponte. Parecia bem diferente da qual estávamos anteriormente. Era mais clara,mais movimentada. Claro,era próxima à um ponto turístico.

Mushroom – eu ainda achava graça só de pensar,ainda mais de falar – se aproximou de uma praça de táxis e sinalizou para mim. Eu avistei carros carros negros e um tanto pequenos percorrerem pelas ruas. Assim,chamei por um.

Quando o motorista parou,deixei Mushroom ser a primeira a entrar. O motorista se virou para nós e eu sem ideia de onde ir,olhei para ela,que estava ao meu lado direito.

“Onde é a sua casa ?” Eu a indaguei,porém ela pareceu ainda mais hesitante do que dizer o seu nome.

Ao invés de me responder,ela respondeu para o motorista. Ela falou para deixá-la perto de um local que não eu sabia muito bem onde era. Eu apenas concordei,não querendo forçá-la a nada.

O trajeto o qual percorremos não fora muito longo. Eu ainda a olhava de canto,sempre a vigiando. Acho que ela não percebera,e se percebera,deve ter pensado que sou uma estranha por encarar tanto assim. As luzes da cidade eram meros pontinhos vistas pela janela do lado dela. Eu não me importei de ver o ambiente pelo qual passávamos,mas dava para saber que era na parte central dali.

Logo,o táxi estacionou em um dos cantos da rua.

Mushroom respirou fundo e olhou brevemente para a rua,me olhando instantes depois. Eu não precisei nem me mover para encará-la,já que assim que o carro fora parando,eu comecei a fazê-lo.

“Você mora por aqui ? “ Fui a primeira a quebrar o silêncio entre nós duas. O motorista que antes olhou para nós duas,avisando sobre a chegada,agora olhava para a rua na sua frente.

“Moro.” Ela acenou enquanto seus dedos abriam a porta ao seu lado. Aos poucos,ela foi se arrastando pelo banco até estar quase fora do carro. Eu me arrastei da mesma maneira,para poder ficar mais perto dela e por fim,me despedir.

Assim que me sentei no lugar onde ela estava antes,ela fechou a porta do carro.

“Minion...” Não evitei um sorriso ao ouvi-la me chamar daquela maneira. Ela então,se abaixou para conversar comigo através da janela. “...Obrigada.” Sua voz saiu um pouco baixa.

“Não foi nada. Eu estava precisando de um táxi mesmo...” Falei sorrindo de lado,vendo-a levantar o canto de seus lábios da mesma forma.

“Não foi por isso que agradeci mas,obrigada pela carona também.” Com um aceno positivo,ela voltou à sua posição ereta. Eu fiquei à pensar em seu primeiro agradecimento. Sorri ainda mais largo como resultado.

“De nada...Mushroom.” Finalizei e ela pareceu achar a mesma graça que eu pelos codinomes bobos. Acho que fora o certo. Nem mesmo iriamos nos ver novamente,certo ? Não sei se estava agindo certo,deixando-a ir daquele jeito sem nem mesmo oferecer algum tipo de ajuda,mas acho que seria demais. Ela não iria aceitar,é claro.

Com uma última troca de pequenos sorrisos,ela se virou para começar a caminhar pela calçada. Eu a assisti se afastar aos poucos,até algo vir à minha mente. Eu teria que perguntar.

Ainda com o vidro da janela aberto,eu coloquei minha cabeça para fora.


“Hey Mushroom ! “ Falei em um bom tom que ela pudesse escutar,não necessariamente,gritando.


A menina se virou aos poucos e voltou em passos lentos até mim.

“Você sabe qual o nome do hotel mais próximo da UKCorp ?” Envergonhada,a indaguei. Nem mesmo para memorizar o nome do meu hotel,eu servi.

XxX

Mushroom achou graça ao eu ter explicado à ela a minha situação. Ela dera algumas opções que ela conhecia e eu fui pelo que mais me soou familiar. Ela dissera o endereço ao taxista e depois disso,pôde finalmente se ver livre de mim. Devo realmente ser um fardo para as pessoas as vezes,hm.

O motorista seguiu para tal endereço e pela minha sorte,era este. Caso contrário,teriamos que percorrer por pelo menos mais 3 hotéis que ela citara,isso se esses fossem os certos. Fiquei aliviada por ter encontrado. Da próxima vez vou é escrever bem grande no meu braço para não ter erro.

Eu paguei a corrida e ainda deixei dinheiro a mais com ele. Era um senhor de idade até gentil. Assim que sai do carro,vi em meu relógio que já estava bem tarde.

Subi ao meu quarto e a primeira coisa que fiz foi correr para o banheiro .Estava mais que apertada e necessitava de um banho urgente. Logo que terminei,coloquei o meu pijama e decidi enfrentar o monstro mais uma vez. Seria muito pior do que acordá-la e encontrá-la de mau humor. Muito pior. Se eu não ligasse agora,a raiva dela só iria aumentar com o passar do tempo.

Eu estava sentada na cama,com o cabelo preso em um coque mal feito e ainda de óculos. Segurava o celular ao meu ouvido hesitante a cada chamada que dava. 

Quando a chamada atendera,um silêncio assustador a preencheu. Os silêncios de Sooyoung eram os piores.

“Você pode se considerar uma pessoa morta,Kim Taeyeon.” Estranhamente,sua voz quebrara o silêncio,para a minha surpresa,calma.

“Antes de começar as agressões eu posso explicar !” Decidi me impôr,já que se ela começasse a xingar não iria parar mais.

“Que agressões ?Eu não estou te agredindo,só estou deixando bem claro o que eu vou fazer quando eu te ver. Te matar. Terror psicológico,aprendi com os melhores. “O seu tom calmo era o pior. O que ela estava tentando fazer ? Não caia na armadilha do diabo,Taeyeon. Seja forte,é uma armadilha.


“Olha eu tenho uma explicação boa ok ? E além do mais você me foi muito útil no que aconteceu. “ Eu encarava os meus próprios pés posicionados na cama. “ Te explico se parar com esse tom de voz .”

“Você quer que eu use que tom de voz ? Sarcástico,raivoso,irônico ou prefere os gritos mesmo ? Posso fazer tudo de uma vez se preferir,amiga. “ Pude até imaginá-la revirando os olhos ou se segurando para não começar o ataque de fúria.

“Tá bom assim. Olha,só desliguei de uma vez porque eu,você não vai acreditar...Precisava salvar uma vida. Uma moça estava perto de se jogar de uma ponte e eu consegui fazer ela desistir. “

“Nossa...Essa devia ter bem baixa alta estima,porque se até você conseguiu salvá-la,sendo a pessoa negativa e esquisita que você é...Uau,encontramos alguém pior que você,Kim. “Eu soltei um alto engasgo ao ouvir as calúnias ao meu respeito.

“Sooyoung você é de tanta ajuda,nossa,muito obrigada.” Disse em ironia,deitando-me no travesseiro atrás de mim. “Com uma amiga que nem você pra que inimigo né ? “

“De nada. Você me ama,Kim. E você quer pessoa melhor do que eu ,que sou sua amiga,para falar mau de você ? Sem contar que só sou honesta,falo mesmo. “ A voz de Sooyoung pareceu querer voltar ao normal,o que me fez agradecer. A fera não tinha mais perigo de machucar,amém.

“É verdade. Não se escolhe quem você quer amar infelizmente. O fato é,eu salvei ela então fiz uma coisa boa. Pode me perdoar ? Posso viver ?”

“Claro Kim Hobbit Taeyeon. Está perdoada ! Mas enquanto viver,eu recomendo que aproveite bastante Londres,porque vai saber o que pode acontecer quando você chegar na Coréia,não é mesmo ? Acidentes acontecem. “ Ela ameaçou,o que arrancou um sorriso largo de mim. Era uma amizade baseada em puro amor e companherismo,até me emociono.

“Sooyoung,vou pensar seriamente em pedir uma carta de restrição para você chegar perto de mim.” Eu brinquei,afundando minha cabeça nos vários travesseiros. A luz do quarto já estava apagada,para o meu bem já que a preguiça seria muita de levantar.

“Como se isso me impedisse,smurf. Agora tchau por que eu estou com fome e você está cansando minha beleza. “ Sem dar chance de resposta ela desligou na minha cara. Eu mereci.

XxX

Após ter sido ameaçada de morte pela milésima vez,aos poucos Sooyoung me desculpou,pois passei a ligar para ela em um momento em que ela não estava nem dormindo,nem comendo refeições importantes. Os dias praticamente voaram desde o dia em que eu cheguei aqui. No decorrer da semana,eu não fiz muita coisa produtiva,assim como a shikshin havia previsto antes da minha viagem.

Não fui produtiva no trabalho,só para ressaltar. Não me requisitaram para muita coisa,então só compareci à uma outra reunião – a qual Ji Suk disse nem mesmo ser precisa – que foi só para encher batata. Falando no rapaz,eu o encontrei apenas no dia em que voltei à empresa. Assim como Harry,que me buscara no hotel. É lógico que eu não o usaria como motorista para todo canto. Não era para tanto.

Sendo assim eu comprei várias coisas para mim. Algumas roupas novas,outros objetos decorativos e coisas inúteis que não servem pra nada mas são lindas. Esse é o espírito,não é ? Serve de recordação. Carregava comigo a minha câmera para tirar fotos e gravar videos idiotas nos lugares turísticos os quais visitei. Ninguém iria ver mesmo então era seguro.

A minha viagem estava ótima. Eu experimentei novas comidas,visitei lugares super legais de Londres e pude conhecer algumas pessoas divertidas. Porém,uma vez ou outra eu me pegava pensando na menina de quase uma semana atrás. Eu me perguntava se ela desistira mesmo da ideia,se ela conseguiu arranjar um jeito de melhorar a vida dela ou se ela até mesmo,se jogou horas depois .Não gosto de pensar na última,eu ficaria extremamente péssima com o sentimento de culpa nas costas. Talvez eu até deveria ter dado o meu telefone,quem sabe se ela batesse a cabeça em algum lugar,ela decidisse que me queria como colega ? Ou até mesmo me ligasse caso estivesse triste,eu não me importaria. Mas no momento,quem disse que eu penso nessas coisas ?Ao tê-la chamado de novo,a única coisa que pensei foi em perguntar o nome dos hotéis que ela conhecia.

De qualquer maneira,eu esperava o melhor para ela. Era o mínimo que podia fazer dali em diante.

Eu estava a caminho da London Eye,o primeiro ponto da minha rota. Apesar de não ser organizada,eu estava anotando tudo o que faria no dia. Minha memória era tão curta que se fosse possível eu poderia esquecer até de respirar as vezes. De London Eye eu seguiria para um parque de diversões,o qual havia visto anunciarem ser super legal. O que eu queria mesmo ir era a 3 horas de Londres,então só de pensar nisso,eu já descrençei. É melhor ficar com o mais conveniente por enquanto.

Era sábado e o dia estava menos nublado do que nos outros dias. Estava até claro demais para o que percebi aparecer por aqui. Não parecia ter sinal de chuva,pelo menos por enquanto. No meu trajeto de táxi até o ponto turístico,eu fui ouvindo música enquanto via o trânsito ao meu redor. A nada pequena roda gigante já podia ser vista desde muitos metros de distância. Eu estava bastante animada.

Assim que cheguei ao local,comecei a percorrer pela calçada até encontrar onde era a entrada. Passei por um corredor que era formado por árvores enfileiradas e ao olhar para cima,vi a imensidade e o esplendor da roda gigante. Me senti ainda mais uma formiga perto dela. Era magnífica,tanto de dia quanto de noite. Quem planejou tal coisa merecia uma salva de palmas.

Haviam muitas pessoas por ali. Mas isso já era de se esperar pois era um dos mais frequentados locais de Londres. Se não o mais. Eu estava curiosa e animada com tudo. Peguei a filmadora na minha bolsa atravessada e a liguei para registrar a minha aproximação e entrada no local. A medida que eu chegava mais perto,a sensação era de que ela podia cair a qualquer momento em cima de mim. Não me pergunte o porque. Talvez eu realmente fosse negativa.

Eu filmava as pessoas à minha frente,um pouco tremido pois não me importei nos primeiros segundos. Com o meu olhar percorrendo pela diversidade de turistas e moradores ,eu sorria largamente. Pelo o ingresso que comprei eu não precisaria enfrentar a fila que se formava na minha frente,então era só esperar um pouco mais até dar o horário.

Tentando deixar a imagem melhor,comecei a fuçar na filmadora mas acabei piorando as coisas. O zoom ficou perto demais e todo aquele movimento me deixou tonta. Tentei estabilizar a imagem antes de tirar o zoom mas algo me chamou a atenção. Ou melhor,alguém. Eu franzi a sobrancelha ao não acreditar que fosse realmente,então assim que arrumei o objeto em minhas mãos,pude ver claramente. Ela olhava a roda gigante da mesma forma que eu fiz minutos atrás,tendo um pequeno sorriso no canto da boca. Mushroom.

“HEY MUSHROOM!” Eu a chamei inconscientemente. Não percebendo a minha presença,ela passou a olhar para os lados. “MUSHROOM !” Chamei de novo,agora já estando andando em sua direção. Não,acho que eu estava mais é andando-correndo. Droga,ela vai pensar que eu sou uma louca tentando passar vergonha nela. Para de correr Taeyeon,não seja desesperada.

Assim que eu me aproximei mais dela - em meio às pessoas que chegaram a me olhar por não acharem normal uma menina gritar ‘cogumelo’ do nada – ela finalmente me percebeu. Eu estava sorrindo como uma idiota,segurando a câmera na minha mão. De certo modo eu não podia evitar o sentimento de felicidade já que,ela estava vivinha da silva e bem ali na minha frente.

“Você não pulou !” Foi a primeira coisa que disse ao estar à passos dela. As vezes eu mesma sinto vergonha de mim. O que eu disse era uma coisa lógica.

Ela me olhou curiosa,ainda com o sorrisinho de canto.

“É acho que não pulei...Estou aqui né.” Mushroom estava com as mãos no bolso de seu casaco, com uma expressão um tanto divertida em seu rosto.

“É isso é lógico ham...É que eu fiquei feliz por isso. Você está melhor ? Vai andar na London Eye também ?” Talvez eu deveria conter a minha animação mas eu não conseguia. Era o fato de ela ter desistido da ideia doida,o fato de ter reencontrado-a depois de tantos dias,do nada e também o de ver que ela não tinha mais aquele semblante triste. São boas razões para sorrir como uma dork,né ?

“Estou melhor,obrigada. “ Mushroom acenou em afirmação lentamente e desviou sua atenção para a roda gigante. “Naah,eu só estou de passagem por aqui. Filas me estressam. “ Ela se virou para mim novamente. “Você vai agora?”

Não sei o que me deu mas eu quis que ela fosse na London Eye comigo. Talvez eu apenas quisesse conversar um pouco com ela,já que querendo ou não,foi uma das poucas pessoas com quem conversei um tempo depois que cheguei aqui. Sendo assim,eu pensei em adiar tal passeio.

“Ham,eu acho que não vou mais também. A fila tá enorme né...” Menti,já que eu não precisaria ficar na fila. Bem,se ela estivesse livre para fazer alguma coisa,eu até poderia convidá-la para ir comigo à algum lugar né ? “Vou deixar para outra hora.” Eu falei sem jeito,para dar tempo de pensar. Teria de criar coragem,se não eu iria fazer mais papel de estranha ainda.

“Ham Mushroom,você tem planos para hoje ?” Fingi olhar a hora no meu relógio e fitei por segundos o rosto dela,desviando o olhar imediatamente.

Ela pareceu apenas ficar me encarando na mesma posição.


“Não mesmo. Por que ?”

Ao invés de respondê-la,fiz outra pergunta. “Você gosta de se divertir ? “Parecia besta,mas era bom saber. Devia existir pessoas chatas que não gostavam de diversão,era bom verificar.

Mushroom me olhou com a feição que eu esperava. Como se a resposta fosse óbvia. “Hum,gosto sim. “Ela disse meio que rindo,com as sobrancelhas juntas.

“Então se eu te levar a um lugar,você não vai mais tentar se matar não,né?” Eu disse em um tom sério .Eu não estava brincando quanto a isso. Poderia ser um total desastre e eu queria evitar né.

Ela manteve o sorriso,parecendo suspirar fundo.

“Hm...Acho que você vai ter que ficar perto de mim para poder saber. “


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eai gostaram ? Precisando passar vergonha ? Chamem a Taeyeon,ela é expert nisso SAUSHUA Embaraçosa sempre :B