“...Brendon, Singer saiu daqui com dois comparsas, furiosos. Gritando aos quatro ventos que não tem nada a ver com o assassinato da menina na Santa Monica.” Sarah falou baixo, dentro do banheiro dos funcionários. Ela era casada com Brendon Urie que era responsável pela investigação da uma das gangues mais perigosas de Los Angeles: Cooperfield. ‘’Eu sei que não devemos confiar em chefes de gangues, mas ele me pareceu muito seguro de si para ser culpado. ’’

‘’Hmm. Cuido do Singer depois. Primeiro quero saber se você está bem querida. ’’ Brendon estava sentado em seu escritório, tragando calculadamente seu cigarro, preocupado com a estadia de sua esposa naquele bar tão nojento onde todas as gangues da cidade se encontravam, às vezes para fazer alianças e outras para duelar por territórios em controle. Um lugar muito perigoso.

‘’B, não precisa se preocupar comigo, eu estou bem e você sabe disso. ’’ Sarah falou, manhosa.

‘’Eu me preocupo sim, Sarah. Você é muito importante para mim. ’’ Toda essa preocupação se devia ao fato de Sarah Orzechowski ser a única pessoa que ele tinha naquele momento. Brendon se fechou para as pessoas depois do grande sofrimento que passou quando mais novo. Ryan Ross chegou à vida de Urie e logo se transformou na melhor coisa que havia nela. Mas tudo foi rápido. Com um piscar de olhos, Brendon se viu sozinho, sem a única pessoa que ele amara verdadeiramente. Isso o destruiu. ‘’Vem, volta logo, quero ver você aqui do meu lado. ’’

‘’Ok, já estou indo.’’ Ela riu. ‘’Beijos, eu te amo. ’’

‘’Também te amo, Sarah. ’’

O celular ficou mudo.

Brendon começou a revirar os papéis em sua mesa. Sua vontade de encontrar o líder da Cooperfield era obsessiva. Ele precisava encontrá-lo e perguntar por que ele o havia deixado daquele jeito, tão bruscamente. Sim, o líder da gangue era Ryan. Por isso essa vontade doentia.

Imerso em pensamentos, Brendon relembrava de quando conheceu o homem que iria salvá-lo e ao mesmo tempo condená-lo para o resto da vida.

Brendon deixou a sala da casa bem preparada para a chegada do amado. Ele merecia do bom e do melhor, só por fazer Brendon feliz. Nervoso, ele começou a alisar a colcha do sofá, a toalha de mesa, as almofadas, e quase levou um susto quando a campainha tocou. Primeiro ele parecia estar à beira de um ataque de nervos. Depois veio a dúvida: será que fora uma boa ideia chamar Ryan para sua casa, com seus pais viajando? Talvez não.

‘’Oi. ’’ O sorriso de Brendon era de orelha a orelha ao atender a porta. Ryan passou os dedos pelos cachinhos tão bem elaborados naturalmente e fitou o menor com um sorrisinho nos lábios.

‘’Oi. ’’ Ele entrou na casa do namorado observando cada detalhe. Era óbvio que os pais de B não tinham tanto dinheiro quanto os dele, por isso o tamanho da casa de Brendon ainda era estranho para Ryan, mas ele não disse nada. Não que a casa do outro fosse pequena, é que o maior estava acostumado com mansões.

Os dois estavam meio na defensiva, pois aquele encontro era o primeiro na casa de um deles. Eles se encontravam em bares que Ryan sempre frequentou ou em outros lugares como cafés.

‘’Senta. ‘’ Brendon convidou. Eles se sentaram e o menor resolveu quebrar o gelo, passando a mão no ombro do menor que interpretou corretamente a iniciativa.

Ry aproximou o rosto ao de Brendon até que seus lábios se tocaram, segurando carinhosamente o rosto do amado com uma das mãos. Durante o beijo, o corpo de B ferveu com cada toque do garoto de cabelos cacheados.

‘’Quero passar uns tempos longe de casa. ’’ Ryan tinha problemas com o pai, que era muito ausente e cobrava muito dele. ‘’Sei lá, tá ficando insuportável lá. ’’

‘’Foge, comigo!’’ Sempre pensando alto, os olhos do moreno brilharam com a ideia, mas o outro apenas fez uma careta. ‘’Porque não? Seria ótimo! Só você e eu, longe de pais opressores. ’’ Os óculos dele quase caíram com tanta empolgação.

‘’É melhor não, Brendon. Não quero meter você na minha complicada relação com a minha família. ‘’ Ryan acariciou as bochechas do outro com carinho. ‘’Mas não vamos pensar nisso, vamos curtir o que está acontecendo agora. ’’

Eles se beijaram novamente, dessa vez com um pouco mais de intimidade. Ryan aprofundou o beijo, deitando em cima de Brendon no sofá. Os dedos de Brenny entrelaçaram nos cabelos cor de mel de Ryro, enquanto este o abraçava acariciando cada parte que podia do outro. Dali, as coisas foram ficando cada vez mais íntimas e tudo naquela noite ficou gravado na memória dos dois adolescentes.

O telefone tocou. Era Singer. Brendon revirou os olhos, irritado por ter sido despertado das lembranças.

‘’Alô. ’’ O chefe da investigação saudou sem muito interesse a ligação do membro da gangue Cooperfield. ‘’ Eu estava querendo ligar para você de qualquer jeito. Que história é essa da morte dessa garota de programa? Foi você?’’

‘’Não, Brendon, eu juro!’’ O outro se exaltou do outro lado da linha, com raiva. ‘’O Ross vai querer me matar, mas não fui eu. ’’

Ao ouvir o nome de Ryan, o coração de Brendon gelou. Ele tentou manter a voz calma.

‘’Você sabe que eu confio em ti. E essa confiança é ouro, já que eu sou da polícia e posso negociar sua prisão, certo?’’

‘’Sim, mas não fui eu. ’’ Como Sarah havia dito, ele parecia seguro demais para ser o assassino. ‘’Tenho uma reunião com o Ross agora, e eu terei sorte se sair vivo de lá. Acredite em mim, sou completamente inocente ok?’’

‘’Tudo bem, acredito em você. Fique vivo’’ E desligou.

Brendon massageou as têmporas, nervoso. Seu antigo fantasma do passado fora citado duas vezes na conversa com sua fonte direta sobre a Cooperfield. Ele precisava pegar Ross, e achar o assassino da garota de programa. Tamborilou os dedos na mesa, impaciente, ainda esperando Sarah chegar. A cada minuto que passava, a preocupação aumentava. Tic-tac, tic-tac, tic-tac. Ele estava quase enlouquecendo quando a esposa chegou.

‘’Você gosta de me deixar preocupado, não é, meu amor? ‘’ Brincalhão, ele se levantou e andou até ela para abraçá-la.

‘’Desculpa, mas eu preciso, é meu trabalho. ‘’ Sarah o beijou docemente, se aninhando nos seus braços.

‘’Você está fria. ’’ Observou.

‘’Lá fora está muito frio, acho que vai chover. ‘’ Ela tremeu. Paternal, Bden pegou o casaco no cabide e a envolveu. ‘’Tenho informações de dentro do bar. ’’

‘’Sim, querida, me conte. ’’ Conduziu-a para um sofá.

‘’Singer, o Pianista e Johnson acham que foi a Destroyers que mataram a garota. Para ser mais exata, Gabe Saporta. Só para ferrar com o Singer. ’’ Seus olhos azuis ficavam cada vez mais infantis enquanto ela transmitia as informações. ‘’ E ele tem uma reunião com Ross agora. ’’

‘’Sim, ele me disse. ’’ Brendon tentou parecer interessado, mas somente a menção do nome de seu antigo amor o fizera ficar incomodado. Sarah não sabia sobre Ryan, e com certeza não estava nos planos de Urie contar o que acontecera entre eles. ‘’ Tomara que fique vivo, ele é precioso em relação às informações que consigo através dele sobre a Cooperfield. Fico mais perto de pegar o Ross a cada dia que passa. ’’ Ao falar o nome dele, a garganta do chefe ficou seca, e apenas pensar em encontrá-lo acelerava seu coração.

“Não entendo essa vontade obsessiva de pegar o Ross. ’’ Ela balançou a cabeça.

‘’Coisa minha, querida. ’’ Ele a beijou, mas sua cabeça estava em Singer e sua reunião com Ryan.