Forever Night escrita por Evelin


Capítulo 10
Um plano (levemente) bizarro


Notas iniciais do capítulo

sem musica especifica para este capitulo T.T



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Um plano (levemente) bizarro

Depois de vários rabiscos frenéticos, papeis amassados e até rasgados em acessos breves de raiva, consegui escrever uma carta bastante satisfatória. Nunca havia demorado tanto para escrever uma carta daquele tamanho, levou quase cinco horas, me senti tão patética. Cinco horas para escrever apenas uma carta. Mas o motivo da demora não fora preguiça, incapacidade ou coisa do tipo. Foi minha hesitação que me atacava a todo o momento, me fazendo reformular frases que achara comprometedoras, ou ficar vários minutos atrás de uma palavra precisa, que encaixa-se perfeitamente com o contesto.

E depois de cinco horas, foram estas frases que consegui de minha mente, transmitidas ao papel em minha letra inclinada, apressada porem bela. Esta carta estava destinada a Marjorie.

  

  Não sei se fico impressionada ou caio na risada

Porque toda essa preocupação por mim Joly? Você me conhece tão bem...Porque se preocupa?Eu não mereço. Mas admito que estou lisonjeada com sua preocupação, pelo visto minha amiga esta amolecendo com a idade.

Bem, desculpe pela demora a resposta, caso não tenha feito as contas, ou nem mesmo lembre, eu estive em meu processo de amadurecimento, e digamos que não achei tempo em minha dor para lhe escrever.

Digamos que me sinto nova. Você tinha sua razão, certas mudanças nos tornam novas pessoas, nos levam a uma nova vida...Não posso por em palavras o que sinto, ou o que senti e sei que não quer saber afinal, não gosta de descrições, certo?

A alegria e alivio que sinto por sua noticia é igualmente indescritível. “Enfim a luz no fim do túnel brilha para nos como o sol que de agora em diante nos aquecera”. Fiquei assim como você, sem fôlego, ao saber que um vampiro porá um fim em nossa guerra. Devo muito a ele. Uma parte de mim sente desejo em encontra-lo, em ver a face do assassino de nossos assassinos. Mas talvez, nunca o vejamos.

Fico a imaginar em quantos bares minha amiga já fora, para comemorar essa vitória. Com quantas almas pecadoras já se divertiu para extravasar sua alegria? Quantos corações fez palpitarem por ti?

Enfim, infelizmente não poderei vê-la tão breve, estou para me mudar, já arrumei metade de minhas malas, ainda não sei para onde vou, mas tenho desejo de morar perto dos campos floridos de algum lugar...Ou quem sabe a beira mar (qualquer lugar que tenha um belo pôr-do-sol). Afinal, vida nova, pede ares novos. Sei que me compreenderá.

 Assim que me instalar mando nova carta, quem sabe possamos nos ver novamente, algum dia.

Termino esta carta, acalmando seus ânimos, se até aqui não tenham sido relaxados. Eu estou ótima. Digamos que estou me sentindo indestrutível. Não se preocupe minha amiga, nada de mal me acontecera, estou ótima de qualquer forma.

 

Evelin

 

Não era difícil de notar os tons rudes que pintavam minha carta aqui e ali, mas achei melhor assim, talvez se a ofendesse um pouco, de forma sutil ela poderia não sentir, pelo menos por enquanto, o desejo de me procurar.

Parecia razoável, nem ótima ou péssima, apenas razoável. Como minha mente não pensou em nenhuma outra forma melhor de expressar tudo que desejava sem revelar nada, tive que me contentar com isto.

Enfiei a carta em um envelope qualquer e escrevi o endereço de Marjorie, sem colocar o remetente.

Não me esforcei para escrever a Louis, senti que para ele, não havia prazo para se comunicar, podia ser daqui a uma semana quanto daqui a seis meses ou mais. Ele era uma situação diferente, eu devia estar totalmente voltada e desejosa de lhe escrever, e no momento eu não estava.

Desci até a sala onde Edward se encontrava. Estava tocando seu piano que agora se encontrava próximo à janela, já que expulsei o belo instrumento do quarto que agora ocupava. Mas foi um sacrifício preciso, era eu ou o piano naquele quarto, os dois não podiam ficar juntos, não havia espaço.

Não dei sinal de minha aproximação (meus movimentos eram silenciosos por demais), em vez disso, me encostei levemente no batente da porta, com os braços cruzados e fiquei a absorver a melodia que ele tão docemente tocava. Não me era conhecida, mas era muito bela. Fez-me lembrar de minha mãe, ela tocava melodias doces e suaves como esta.Meu gosto agora já era diferente, melodias doces e suaves não agradavam a meus dedos que preferiam sinfonias mais fortes e frias, até melancólicas. Eram suaves, mas visivelmente nada doces. Mas eu podia tocar melodias alegres quando queria, para agradar alguém.

Edward notou que eu estava na sala, não por som e sim por minha mente. Me olhou de relance por cima do ombro, apenas para se certificar, sem interromper sua melodia.

-         Fico feliz que tenha saído de sua toca – disse em voz baixa.

Eu não falei nada nem me movimentei. Ele continuou a tocar.

-         Carlisle ficara a noite fora, no hospital – me informou – houve um incêndio e há varias vitimas.

Não me perturbei com a informação. Incêndio...Vitimas...Eram apenas humanos preconceituosos e agressivos.  Sabia que Edward me ouvia, mas não me envergonhei, era o que achava desta raça, e dificilmente mudaria minhas opiniões.

E é exatamente este pensamento que torna tão difícil seu controle sobre o sangue humano”, disse minha consciência seriamente.

Tratei de ignora-la, por mais certa que estivesse.

Receei que Edward a tivesse ouvido, e tratei de conversar.

-         Foi você que compôs? – perguntei

-         Foi. Gosta?

-         É bem bonita – conclui

Ele me encarou por cima do ombro mais demoradamente, desta vez ele parou de tocar, a ultima nota ecoou sobre o silencio. Havia um sorriso torto em seus lábios. Não entendi o motivo deste sorriso, mas afinal eu nunca compreendia suas reações mesmo. Deveria me acostumar com isto.

-         Você também toca, não é?

Eu assenti com a cabeça, e ele fez um gesto com a mão oferecendo o piano a mim.

-         Ah, não – disse timidamente.

-         Porque não?

-         Meus dedos estão aborrecidos por escrever o que não queriam – eu estava pegando a mania de minha consciência em falar por enigmas?!

-         Como assim? – disse Edward confuso

Eu balancei a cabeça, afastando os enigmas, e votando a meu normal.

-         Não sinto desejo em tocar – disse por fim.

-         E?

-         Não consigo tocar se não desejo, as notas não saem. – murmurei – meu corpo se recusa a fazer isto.

-         E porque? – ele perguntou curioso.

-         Ah, não sei bem, ninguém sabe direito. – “explique para ele” disse ela – feiticeiros são puro instinto, desejo. Seu corpo e mente só fazem o que precisa de modo correto quando querem, e nem sempre trabalham juntos.

Ele me encarou por um momento, depois riu num tom levemente debochado.

-         Vocês são muito confusos – disse.

-         Eu nunca disse o contrario – retorqui friamente.

Ele revirou os olhos e se voltou para o piano, remexendo nas partituras. Meus pés me arrastaram para mais próximo do piano, a fim de ver as partituras que forravam o piano. Eram muitas, talvez trinta ou mais.

-         Você compôs tudo isso? – a pergunta saiu de meus lábios sem nem ao menos passar por minha mente.

Ele assentiu com a cabeça, distraído. Eu fui para mais perto e peguei uma das folhas, lendo com atenção as notas, e ouvindo em minha mente a melodia que meu subconsciente tão bem treinado para isto, formava através da partitura.

-         Já escreveu a carta? – Edward finalmente perguntou o que tanto queria, como percebi.

Eu o olhei distraída, ainda absorta na partitura. Enfiei a mão no bolso de meu casaco, tirei a carta e a coloquei sobre o piano à frente de Edward e voltei a leitura.

Pelo canto do olho vi Edward pegar a carta relutante, e fitá-la.

-         Não esta lacrada, pode ler se quiser – disse displicente.

Ele me encarou, não soube dizer que emoção reinava em suas feições. Mas eu podia ver seu desejo através de seus olhos, eu era boa para perceber o desejo das pessoas...

-         Não faça cerimônia, abra logo – disse rispidamente – sei que quer ler.

Ele me encarou daquele modo intenso, mas desta fez eu desviei os meus para as partituras. Não levou três minutos para eu ouvir o som do papel, sendo desdobrado.

E em cinco minutos ele já havia lido tudo, e recolocado a carta no envelope. Levou mais três minutos para que me encarasse.

-         Meio rude não? – comentou.

-         A intenção é essa – disse casualmente.

-         Magoa-lá?

-         Afasta-la– corrigi

Ele não contestou, e quando falou em seguida, sua foz era formal demais.

-         Quer que eu leve ao correio para você? – perguntou.

-         E depender ainda mais de você? – disse asperamente.

Assim que essas palavras saíram de minha boca, senti remorso por dize-las. Estava deixando minhas emoções muito soltas... Não era meu costume ser assim.

Com um pesado suspiro sentei-me ao lado de Edward, no banco a frente do piano, e encarei minhas mãos entrelaçadas.

-         Perdoe-me – murmurei – é que...Toda essa dependência e limitações...Irritam-me.

-         Tudo bem. – disse e sua voz era acolhedora – logo isso acabará.

Eu o encarei, levemente descrente.

-         Não é que eu seja pessimista. Mas, o desejo é tão forte, tão dominador...Não sei se consigo rejeita-lo. – admiti – Uma parte minha não quer rejeita-lo.

Ele me observou pensativo.

-         Todos nós nos sentimos assim no começo – disse calmamente – não se preocupe, logo você terá controle sobre isso.

Então chegamos a parte da conversa que eu queria. Controle.

Enquanto estava escrevendo aquela carta, fiquei infeliz pela possibilidade de nunca mais me encontrar com Marjorie, e depois de alguns minutos em lamentos, decidi que isto não aconteceria. Estava confiante que Joly, obviamente ficaria atordoada quando me visse, e que seu aborrecimento seria pelo fato de esconder a verdade dela, e não por causa de minha condição. Uma das qualidades que eu apreciava em Marjorie era sua capacidade de julgar as pessoas não por sua raça, fisionomia, condição econômica...E sim pelo que eram, seus atos...Eu ainda era a Evelin que ela tanto gostava, eu me esforçaria para ainda ser aquela pessoa. O único fator que nos afastava era minha sede, e eu precisava controla-la.

Eu o encarei, sabendo que ele ouvia tudo em minha mente, e apenas esperando seu parecer. Como ele nada disse eu por fim perguntei.

-         Quanto tempo?

-         Para que?

-         Para eu ter controle sobre mim – disse claramente.

-         Ah depende...Varia de um para outro – ele se atrapalhou nas palavras pela primeira vez – talvez um ano.

Um ano. Eu ponderei. Um ano não era muito para mim, uma imortal, eu facilmente conseguiria enrolar Marjorie nesse período.

Um ano, era então o meu prazo. Eu tinha necessidades de estabelecer prazos, mesmo que não fossem cumpridos. Um ano para me controlar, para poder enfim encontrar Marjorie e até...

-         Ha algum truque ou método para acelerar esta...Hum...Tolerância ao sangue? Ou é algo natural que vem com o tempo? – perguntei de modo objetivo.

-         Oh, eu não sei...Porque essa ânsia em saber sobre isso? – nunca vira Edward tão confuso.Isso me intrigou, e de certo modo me agradou.

-         Não se ofenda Edward, mas não quero ter vocês como babás, é humilhante demais para minha natureza orgulhosa.

Omiti o fato mais importante que era o desejo de ver Marjorie e...Louis. Não sei bem o motivo para ter feito isto.Mas no final não omiti absolutamente nada, Edward ouvia tanto minha boca quanto minha mente então...Ele sabia de tudo.

-         Então? – insisti – como faço para me controlar?

-         Eu...Não sei Evelin, cada um encontra seu modo – disse encolhendo os ombros – deveria perguntar a Carlisle, ele saberá lhe responder.

Eu bufei impaciente, e logo em seguida tomei consciência de que isto fora rude. O que estava acontecendo comigo? Eu sempre tinha minhas emoções tão estupidamente sobre controle que elas raramente tomavam minha face...

-         Desculpe – murmurei novamente, sem emoção.

-         Porque essa confusão em sua mente? – perguntou serio.

-         Não sei, sempre foi assim.Mas antes eu controlava melhor...- eu falava mais para mim do que para ele – talvez com o tempo eu retome o controle, talvez o trauma da transformação fez com que eu perdesse o controle parcial...

-         Isso inclui a voz em sua cabeça?

Um riso seco e triste saiu por meus lábios.

-Você também a escuta? – disse com um sorriso melancólico – ela é algo totalmente diferente...Como explicar...

“Vejamos, a mente dos feiticeiros é muito mais complexa do que de um humano... Alguns de nós desenvolvem uma consciência particular. Ela tem vontade e pensamento próprio, e esta fora de nosso controle. Ela não esta aqui para me enlouquecer...embora as vezes consiga isto...mas para me guiar ou opinar. Me mostrar minhas escolhas e caminhos.”

-         Como o grilo do Pinoquio? – disse com um sorriso torto.

-         Ninguém nunca havia comparado desta forma, mas...É, rudemente falando, é como o grilo do Pinoquio –disse levemente contrariada.

-         Você é mesmo muito estranha – comentou com um sorriso nos lábios.

-         Todos somos – disse imitando seu sorriso.

Eu me levantei e fui me encostar na janela, o sol estava se pondo atrás das arvores que margeavam o jardim, era uma visão tão bela...Fiquei um bom tempo ali, sem me mexer, perdida em minha mente, procurando um modo de ajudar meu controle.

Não havia muito de minha vida passada que poderia se colocar aqui agora, mas mesmo assim ousei vasculhar a minha mente, atrás de algo...E entre tantas imagens uma faiscou para mim, revelando uma idéia.

 

    Era um quarto escuro, com as paredes encobertas pelas prateleiras entupidas de livros, havia uma mesa no centro repleta de papeis, e vários vasos distribuídos irregularmente. So havia minha mãe e eu naquele cômodo. Eu estava ajoelhada no chão, minhas mãos agarradas ao chão de madeira. Minha mãe não muito longe, agachada me encarando com a expressão seria, mas os olhos transbordando em preocupação e compaixão.

Eu estava tendo um ataque de raiva, e minha mãe me amparava através de palavras, distante para que não se ferisse.

-         O que eu lhe disse Evelin? – repetia toda vez que eu não respondia – O que Evelin?

-         Controle...- eu resmungava, enquanto meu corpo tremia – so...So se consegue com a constante...

Eu não conseguia falar...

-         Só adquirimos o controle quando nos expomos a aquilo que nos afeta – ela disse com clareza cada palavra.

Ela consolava a minha culpa que viria. Minha culpa por ter sido pega pela raiva e não ter conseguido controla-la. So deus sabe quantos vasos eu explodi naquele dia. Mas depois de algum momento exposta a aquela raiva, minha vontade foi envolvendo este sentimento selvagem, e controlando-o, moldando-o a meu desejo. Ate que por fim eu o controlava, e não o contrario.

 

Eu voltei minha atenção, meu foco para o céu lá fora, enquanto as palavras de minha mãe ecoavam em minha mente.

“Só adquirimos o controle quando nos expomos a aquilo que nos afeta”

Era tão lógico e preciso. Esta seria minha tática para enfim me livrar das babás. Mas...

Meu corpo que estava quase flutuando de satisfação murchou quando minha consciência murmurou os obstáculos.

Perdão, mas como vamos nos expor a humanos? É arriscado... não para você, mas, bem... você não quer matar nenhum deles quer? Afinal você não conseguira se controlar logo no inicio, ninguém consegue logo de primeira...”.

Eu a deixei falando sozinha, sem realmente prestar atenção, até que sua voz que era apenas um murmuro se calasse por completo.

Eu suspirei pesadamente, o que fazer? As respostas não vinham na velocidade que desejava. E este tempo de espera era torturante. Por fim veio, lentamente, e no inicio confusa, até que se tornou repugnante e depois aceitável.

Não precisava dos humanos em si, apenas do que eu desejava, que era o seu sangue, apenas o sangue, nada de corpo.

Eu so precisava de sangue humano para testar meu desejo, e adquirir meu controle.

-         Onde vai arranjar isso? – perguntou Edward atrás de mim num tom repulsivo.

Eu me virei para ele, não havia notado que ele estava acompanhando toda a minha linha de raciocínio.

-         Carlisle – disse assim que a idéia me veio a mente, sem estuda-la de fato – ele trabalha em um hospital certo? O que há em hospitais?

Ele respondeu de má vontade

-         Sangue

-         Exatamente – disse com um sorriso malicioso.

Edward me encarou enojado, embora tentasse reprimir isto. Eu tratei de ignora-lo, mas era difícil...Minha mente era tão consciente de sua presença...

-         Você vai mesmo seguir com esse plano? – perguntou incrédulo.

-         E porque não? – perguntei inocentemente, indo me enroscar em uma das poltronas próximas a lareira sempre vazia, pegando algumas das partituras de Edward no caminho.

-         É meio...Não sei... – ele procurava por uma palavra que não me ofendesse.

-         Bizarro – completei para ele.

-         É – concordou rapidamente.

-         Situações bizarras pedem meditas bizarras – disse-lhe com um sorriso

Ele revirou os olhos

-         Só não entendo essa sua presa – disse Edward – para uma imortal, não acha que está apressada demais?

-         Edward – disse calmamente, desviando meus olhos dos papeis para ele – não posso me dar ao luxo de me acomodar. Sou uma sobrevivente, eu supero meus limites antes que me dominem. E quando mais cedo conseguir melhor será. Não posso me acostumar com essa sede...

-         Mas terá. – disse seriamente – ela fará parte da sua vida de agora em diante.

-         Pode ser – meu tom ficou levemente orgulhoso – mas não deixarei que ela me controle.

Devido a esta mina frase, Edward não achou nada mais para contestar, e se resignou à frente do piano voltando-se para suas melodias.

No fim de quatro horas eu ja tinha lido e relido todas as partituras de Edward, e a ansiedade voltava a me atacar, ansiando pela volta de Carlisle.

Se eu pudesse pelo menos dormir...Ficar inconsciente até a volta de Carlisle, ja me bastaria. Não dormir era um fator tão ruim quanto a sede, mas supus que com o tempo ia acabar me acostumando com isto.

-         Como você consegue? – perguntei

-         O que? – Edward estava distraído com um livro que lhe dera.

-         Ter essa paciência eterna? – disse secamente.

-         Acho que é porque não estou esperando por nada – disse displicente.

Eu bufei e escorreguei na poltrona.

A noite passou no seu modo lento e despreocupado. Edward me distraiu em alguns momentos, com conversas triviais, sempre perguntando mais sobre as historias que lia nos meus livros. E por fim Carlisle chegou, as dez da manhã, Edward havia acabado de sair para a escola.

Eu tentei, sem sucesso grandioso, conter minha ansiedade por falar com Carlisle. Permiti, mesmo meu corpo se irritando por isso, que Carlisle fosse até seu quarto, trocar de roupa, deixar sua papelada no escritório,etc.

Enfim, achei prudente ir até seu escritório e falar-lhe sobre meu plano audacioso.

-         Então, sobre o que queria me falar? – perguntou serenamente sentado em sua cadeira de espaldar alto.

Eu me detive por um momento, escolhendo as palavras adequadas. Era estranho ter que lhe explicar tudo depois do tempo em que passei com Edward, sem quase não precisar falar. Definitivamente, viver com Edward tinha suas vantagens.

-         Bem...Tenho tido muitos receios com a sede, com relação a meu desejo por sangue humano – disse tentando ser clara - medos enfim. E não quero que nenhum se torne real, portanto decidi tomar as rédeas da situação.

Carlisle assentiu para que eu continuasse.

-         Em minha vida fui ensinada que se você quer superar algo, precisa se expor a isso – a testa de Carlisle se vincou, sobre essas minhas palavras, eu tratei de me explicar melhor – obviamente esta fora de cogitação me aproximar de humanos, para me testar...O que pretendo é um pouco mais “simples”...Eu...Queria saber se poderia me dispor de algum sangue humano? Do hospital?

Essas ultimas frases saíram tão apressadas, que temi que ele não tivesse entendido. Mas felizmente compreendeu.

Ele se mexeu inquieto na cadeira, depois me encarou cauteloso.

-         Porque essa presa em se controlar? Não faz nem uma semana que se transformou. – perguntou intrigado.

Eu podia me explicar de muitas maneiras, mas achei melhor repetir o que havia dito a Edward.

-         Sou uma sobrevivente, eu supero meus limites antes que eles me dominem. E quando mais cedo conseguir melhor será.

Ele me observou pensativo...

-         Não acho prudente lhe expor a sangue humano – eu abri a boca para contestar, mas ele me impediu – se me mostrar que pode se testar de forma segura, sem se expor...Acho que posso pensar no assunto.

Eu mordi meu lábio inferior contendo minhas emoções nada educadas.

Eu ja tinha o plano todo formado em minha cabeça, todas as precações e mais.Passei uma hora explicando a Carlisle, e lhe dando todas as garantias que não provaria do sangue. Eu não queria.

Carlisle ficou bem convencido, mas ainda hesitante como achei que ficaria.

Disse-me antes de voltar ao hospital, (estava começando a anoitecer), quando Edward tinha acabado de voltar (ele tinha ido caçar depois da escola, em uma reserva distante), eles se encontraram na porta.

-         Prometo que vou pensar no seu caso – prometeu Carlisle a mim.

Em resposta eu dei um sorriso angelical, um truque muito baixo. Ao passar por Edward para ir embora ele lhe lançou um olhar sugestivo, Edward apenas concordou com a cabeça.

-         É eu sei – disse displicente.

-         Sabe o que? – perguntei, fechando a porta atrás de mim, quando Carlisle havia ido.

Ele se virou para me encarar, parecia entediado.

-         Carlisle disse que você é um pouco estranha.

-         Um pouco? – disse com um sorriso malicioso.

Sempre soube que era estranha, e “pouco” não podia ser ligado a mim.

-         E como vai seu plano?

-         De vento em poupa – disse serenamente

Talvez Carlisle não concordasse hoje ou amanha, mas um dia enfim ele teria que dizer sim, porque eu não aceitaria um não, um “talvez”, mas jamais um "não".

 

 


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Notas finais do capítulo

Tomara que tenham gostado
Como sempre: reviews,duvidas, sugestões, criticas...fico feliz ( e mais motivada) em receber qualquer uma, e respondo com muito prazer.



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