Forever Night escrita por Evelin


Capítulo 11
Razão e Desejo




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Razão e Desejo 



Semanas se passaram, para ser mais precisa, três. E em nenhum desses dias Carlisle disse-me nada. Não confirmou nem negou meu pedido, manteve-se calado sobre esse assunto. Confesso o esforço que tive para manter-me quieta sobre isto também. Queria enlouquecidamente que ele falasse logo. Que desse um parecer sobre meu pedido. Mas achei mais sensato imita-lo, e não mencionar ou questionar. Dei-lhe o tempo necessário, sem pressiona-lo com sequer o olhar. Assim como Edward vivia repetindo, para imortais alguns meses não são nada, e as semanas são menos ainda.


E a cada dia me afeiçoava mais e mais com a rotina dos Cullen para preocupar-me com a sede, somente quando a sede queimava minha garganta era que o plano voltava a minha mente. Começava a me tornar paciente, ocupada por uma rotina que aos poucos me envolvia.


Confesso que a vida ao lado de Edward era incrível, fácil e inusitada. Estava sempre calmo e descontraído, ria com facilidade sobre as poucas historias que ainda não lhe contara, indagava-me sobre uma ou outra curiosidade sobre os livros que lia sobre feiticeiros. Ouvia-me com atenção quando tocava seu piano, assim como eu quando ele tocava. Era ele que me acompanhava nas caçadas freqüentemente, embora eu caçasse com uma frequencia maior, que sabia não ser necessária a ele. A falta de privacidade em minha mente ja não me irritava como antes, estava começando a me acostumar com isto. Afinal ser sincera ao lado de Edward não era assim tão comprometedor, ele raramente criticava meus pensamentos, mesmo sabendo que ele não concordasse com muitos.


Carlisle também era indescritível. Sempre me fazia companhia quando Edward ia a escola. Sempre curioso sobre a anatomia dos feiticeiros, vivia a me indagar sobre absolutamente tudo. E eu o respondia satisfeita de distrai-lo.


Quando não estava ao lado deles rindo e me distraindo, estava no jardim treinando. Tinha uma necessidade angustiante de ter meus dons como antigamente, e então os estimulava quase todos os dias. Me alivia a facilidade que tinha em desaperta-los e usa-los. Estavam um pouco atrofiados aqui e ali, desengonçados por conta da transformação, mas sabia que estavam como antes so precisavam de pratica novamente.


 Então meus dias se passavam assim, divididos em três partes básicas. Edward.Carlisle. E meus dons.


A despreocupação e a atmosfera de paz eram enervantes. A perspectiva de permanecer em um lugar por mais do que cinco meses me excitava. Ter uma moradia fixa a qual pudesse chamar de lar...


Mas a indecisão me assolava levemente. Podia eu algum dia chamar a casa dos Cullen de lar?  Era palpável a sensação de contentamento que sentia por estar lá, mas como tantas sensações que me envolveram, essa podia muito bem desaparecer com a mesma velocidade que surgiu. Não conseguia constatar se fora feita para viver em um ambiente familiar por longos períodos de tempo. Será que conseguiria? E se não agüentasse? Para onde iria? Voltaria eu ao status de solitária?


Tais indagações angustiantes so me golpeavam a mente em meus momentos de solidão, e não voltavam até eu estar só novamente. De modo que nem Edward ou Carlisle – Edward principalmente – tomaram consciência delas.


Infelizmente eu so saberia a respostas para essas perguntas com o tempo, o que exigiria uma enorme concentração de paciência da qual eu teria que estimular a partir de agora.


Mas havia problemas mais urgentes. Minha sede ainda estava livre para aparecer e me queimar quando bem entendesse. Ainda era difícil compreende-la, era algo tão novo para mim, não havia nenhuma situação que ja passara para comparar com o agora. Às vezes deixava a sede queimar minha garganta por horas intermináveis apenas para reconhece-la, até me afeiçoar e assim quem sabe adquirir um instinto para controla-la. Mas cedo ou tarde Edward notava-a embora meus esforços para disfarça-la, e no fim acabava por me convencer a caçar.


Esforcei-me acima de tudo nessas semanas meu bom comportamento. Queria mostrar a Carlisle que era merecedora de sua confiança. Que não seria um perigo ou ameaça a seu estilo de vida ou qualquer outra coisa. Tirando a sede, tudo estava sob controle.


Não fazia magia alguma perto dele, receosa que isto o intimidasse. Eu faria todo o possível para conseguir dele o sim que me libertaria dessa sede aflitiva.


E sua resposta veio no fim de uma tarde, havia uma fraca chuva lavando os jardins e Edward e eu estávamos ao piano, tocando em dueto uma das musicas preferidas dele.


Carlisle veio até nos apos deixar suas coisas no escritório. Seu rosto era serio, seu andar lento, e os olhos estavam tão distantes...Pensativos.


-         Evelin – ele me chamou a atenção.


-         Sim? – disse distraída.


Edward que estava tocando de repente errara uma pequena seqüência de notas, algo estranho para alguém tão talentoso como ele. Eu o fitei cautelosa enquanto ele parava de tocar e se virava para mim, com olhos indefiníveis.


Instintivamente me voltei a carlisle, intrigada com o que tinha em mente a ponto de paralisar Edward desta maneira.


-         Sim – ele disse solenemente.


Sim? Sim para que? Levou alguns minutos para minha mente despreocupada se lembrar do problema e de meus planos. Mas quando dei conta do que se tratava...


-         Sim?! – repeti incrédula – a meus deuses, obrigada, obrigada


Quando dei por mim havia pulado do banco e estava com os braços em volta de sua cintura em um forte aperto. O susto que carlisle levou a minha repentina aproximação foi fácil de notar, mas ele não fez menção alguma em me afastar, embora muitos assim teriam feito.


Mas por fim a razão me acometeu, mostrando-me o exagero daquele gesto. Com a mesma velocidade que o agarrei em meus braços o soltei, dando vários passos de distancia entre nos. Meus olhos caíram ao chão em vergonha mais ainda brilhavam intensamente em excitação.


O ar foi tomado pelos risos melodiosos de Carlisle e Edward. Não me irritei pelos risos, e mais do que satisfeita os segui.


-         Mas terá algumas condições – carlisle disse apos a breve seção de risos. Ele parou para lançar um olhar a Edward que assentiu – será vigiada por nos sempre que praticar.


Sinceramente não gostei nada disto. Não queria que eles assistissem a minhas cenas de loucura enquanto era torturada por aquela fragrância luxuriante. Não sabia como reagiria, e não os queria por perto.


-         Não tente argumentar – disse Edward.


Meus olhos dispararam para ele e viram outro problema. Carlisle podia suportar o aroma de sangue mais do que perfeitamente bem, mas enquanto Edward? Renegaria o sangue que estaria a sua frente enquanto me vigiava?


-         Não se preocupe comigo – ele abriu um sorriso torto, belíssimo.


Mas não consegui obedecer a suas palavras. Pelo resto do dia me preocupei com ele e comigo, mais com ele, naturalmente. Podia suportar toda a dor que sentiria, pois sabia que no fim meu premio seria mais do que satisfatório. Mas quanto a Edward? Estaria se torturando por mim, pois afinal, ele não teria se exposto a isso se não fosse por mim.


 Na tarde seguinte insisti pateticamente para que não fosse atrás de mim, enquanto cruzávamos o jardim em direção a floresta. Ele ignorava minhas palavras, carregando consigo um pequeno baú.


-         Edward, por favor, me dê o baú e volte pra casa – repetia a todo o momento acompanhando seus passos.


Ele nada dizia, e isto estava começando a me irritar. Eu agarrei a barra da sua camisa e o puxei para trás, uma tentativa vã...Ele era mais forte que eu. Não consegui arrasta-lo de volta pra casa, mas ele parou e se virou para me olhar.


-         Pare de se preocupar comigo, e se concentre em você – disse serenamente.


-         Não sei o que posso fazer, por favor, me escute e volte – disse desesperadamente.


Ele revirou os olhos e voltou a caminhar até as sombras frescas das primeiras arvores que margeavam o jardim.


Ele colocou o baú aos pés de uma arvore e se virou para mim com os braços cruzados. Eu o fitei irritada antes de dar alguns passos de distancia entre o baú, indo parar em uma distante arvore oposta a que estava o baú.


Tirei do bolso uma corrente que enrolei no tronco da arvore e prendi a meu pulso. Edward me fitou cético.


-         Acha que isso vai segura-la?


-         Não é preciso que me segure, apenas que me avise de meus movimentos – disse dando um leve puxão na corrente.


Eu inspirei fundo e fiz sinal para que ele abrisse o baú. Hesitante ele se curvou e destrancou o baú e o abriu, no instante seguinte estava a vários metros de distancia, os olhos concentrados e ansiosos.


Dentro do baú havia dezenas de panos encharcados em sangue definitivamente humano.


O aroma deslizou até mim, como uma traiçoeira serpente, enrolando-se em mim até impregnar-me por completa. Meu corpo enrijeceu e aos poucos relaxou embriagado pelo perfume. Minha mente mergulhou em um torpor confuso. So havia aquele cheiro, aquela promessa de prazer luxuriante, e o desejo de tê-lo para mim.


Meu corpo se curvou lentamente em uma posição de ataque, minha boca entreaberta absorvia qualquer sinal do cheiro no ar como se pudesse se alimentar apenas dele. Minhas mãos formigaram em desejo. Lentamente arrastei um dos meus pés na direção do sangue, seguido pelo outro, avancei centímetro por centímetro, desejosa. Então algo puxou meu pulso, um som metálico, um sinal.


A razão despertou em algum canto de minha mente, e a guerra se iniciou.Desejo e Razão lutando entre si. Meu corpo foi envolvido pela razão. Minhas pernas congelaram no chão, mas minhas mãos ainda queriam pegar para si o sangue e se agitavam à frente. O cheiro me golpeava a face violentamente, queimando-me por dentro, era tão doloroso.


 “Eu quero, dê-me!” Meus desejos rugiam em pedido, enlouquecendo-me, enquanto a razão mantinha-me estática.


“Eu quero! Nos queremos! Nos merecemos! Peque-o!”.


-         Não!


Minhas mãos voaram para minha cabeça, enquanto o mundo ao redor tremia violentamente. Os galhos das arvores rangiam e se torciam, as folhas do chão agitavam-se ao meu redor em um violento redemoinho. Eu vi pelo canto do olho o baú dos prazeres, o vi arrastando-se em minha direção. Havia pânico e entusiasmo borbulhando em meu intimo enquanto assistia o baú avançando vagarosamente.Tão próximo, meus dedos roçaram no tecido.


“Venha, isso, venha”.


-         NÃO!


Joguei-me ao chão com as mãos na cabeça, enquanto o mundo se afastava, se expandia. As folhas voavam para longe, as arvores se entortavam na direção contraria, e o baú voava para longe de mim.


Mas não longe o suficiente, eu ainda o via, aberto, oferecendo-me o néctar dos deuses.


“PEGUEO!”.


-         Nunca


Rosnei e em um movimento ágil e violento de mão o baú se fechou em um baque seco, trancando consigo o pecado, o desejo dos monstros. Aquele sangue delicioso.


Meus dedos estavam manchados com o sangue, furiosa eu os esfreguei na grama com violência, tirando de mim a prova de que quase falhara.


-         Evelin! – Edward veio até mim ansioso e preocupado.


-         Estou bem – murmurei


-         O que foi aquilo? – perguntou-me cauteloso.


-         Aquilo, meu querido Edward, foi eu. O monstro que sou.


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Notas finais do capítulo

mil desculpas para todos que acompanham essa fic. Sei que já faz seculos que não posto nada, mas é que tive um certo bloqueio de idéia e problemas com a net.
Mas aqui está um capitulo novinho em folha.

criticas e duvidas são sempre MUITO bem vindas



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