A Vida Sexual De Odano Odajima escrita por Scarlat7


Capítulo 2
Algum dia... Mas não hoje.


Notas iniciais do capítulo

Okay, eu sei que eu demorei muito para postar o segunda capítulo. E ele ficou uma porcaria.
Bom, mas isto tem um motivo: Escola. É, minhas professoras decidiram que, já que as férias estão chegando, elas deviam marcar todas provas, trabalhos e qualquer outra coisa para o final de Junho. E elas estão certas, porque, convenhamos, as férias são como uma lavagem cerebral. A gente não lembraria de nada se elas marcassem para logo depois das férias.
Se vocês já leu tudo isso, aproveita e lê a história né. Se bem que, não me responsabilizo pelo tempo perdido.



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Outro dia que seria como o anterior. Acordei olhando para a mesma cor azul clara de sempre. Cor esta só visível no teto, pois as paredes do meu quarto estavam cheias de pôsteres e desenhos. Do Kouyou. Mas isto não vem ao caso.

Sim, eu sei o nível de viadagem de ter desenhos do meu macho no quarto. Tecnicamente (na verdade, em qualquer sentido possível) ele não é meu. Mas eu digo que ele é. Pelo menos mentalmente. Me processem.

Os desenhos são meus, e isso já basta. Mentira, eu quero bem mais que isto. De qualquer jeito, eu estou lidando bem com essa situação. Ou ele pode realmente me processar por usar a imagem dele como utopia para o meu namoro com minha mão direita, e daí sim que eu não vou precisar mais da mão. Já vou estar fudido mesmo.

Boa Odano, mal acordou e já está se deprimindo por causa do seu sonhozinho de gente bonita.

Pelo menos é de manhã.

As manhãs são especialmente alegres para mim, porque como um feio eu não preciso me preocupar com coisas como escolher roupa ou me arrumar, nada iria dar certo mesmo. O estrago foi feito logo no nascimento. Então, como sempre, peguei a primeira roupa que meu braço alcançou dentro do ninho de rato que é meu roupeiro e me enfiei no banheiro. Não podia demorar muito no banho, ainda teria que me enfiar em dois ônibus e enfrentar um trajeto de uma hora para chegar à escola.

*~-~-~-*

Apertei nervosamente a alça de minha mochila assim que pisei dentro daquele ambiente cheio de seres muito mais bonitos e maldosos que eu, acho que estava, inconscientemente, tentando me esconder. Ou nem tão inconscientemente assim. Quer dizer, por favor, tem algum bicho esquisito e fedorento na minha cara ou algo assim? Essas garotas são muito mais esquisitas que eu, parecem uma obra de arte abstrata de tanta cor e falsidade que emanam das faces (im)perfeitamente maquiadas delas. Parem de olhar para mim!

Bom, tá certo, elas ficavam menos esquisitas com aquela maquiagem do que como a minha face é normalmente. Mas, façam-me o favor, sejam discretos. Olhem para a lixeira ali no canto e finjam que sou eu, não é tão difícil e nem tão diferente.

Tenho um pequeno início de mania de perseguição. Tenho a constante sensação de que alguém está me olhando. E isso definitivamente não combina com minha timidez.

Antes que eu decidisse me atirar dentro de alguma sala aleatória só para que ninguém mais olhasse para mim, senti dois braços me rodearem muito desajeitada e bruscamente, me fazendo cambalear e quase esbarrar em uma garota, que me encarou como se eu fosse o motivo de todos os problemas da vida dela.

Olhei para o ser que estava pendurado em mim, com os braços ao redor da minha cintura como se eu fosse fugir. Até iria, mas ele me pegou antes. Takanori era a única pessoa na escola que falava comigo, então eu tinha que aguentar esse jeito agitado dele. Se bem que, se não fosse assim, não seria o Ruki.

—Fala aí, Odano! — ele falou, se desgrudando de mim e começando a andar.

— Oi, Hobbit...

— Hobbit meu pa... O teu pau. —respondeu ele, franzindo o cenho em uma careta deveras fofa. Por isso que adoro irritar ele.

— Claro, claro... Vai ter aula com o Minamoto agora?

— É... — mumurou, enfezado.

— Boa sorte. — repliquei, meio rindo, meio falando.

Nós dois tínhamos algo como uma relação de amor e ódio com o nosso professor de Química. Ele era um professor muito rígido, e consequentemente muito bom, porém eu e Ruki não nos saíamos tão bem assim na sua matéria. Quer dizer, a gente conseguia passar, o problema era ficar com uma nota boa.

Nós estudávamos juntos em um café perto das nossas casas. O único problema era que o professor também costumava frequentar aquele café. E diferentemente do ser anormalmente sério que ele era dentro da escola, fora ele era mais agitado que o Ruki. E os dois juntos era um problema.

Quer dizer, por favor, um eu até aguento, mas dois? Se bem que o Ruki conta por meia pessoa. Que ele não me ouça falar isso, ele podia ser bem pior que um terremoto às vezes.

O Minamoto nos ajudava a estudar, o que era até bom. O ruim eram os xingamentos gritados. Ele não se cansava de perguntar se nós não tínhamos subornado os médicos quando fizeram o exame para testar nossa capacidade mental, juntamente com o para determinar que o Ruki não era um anão. O que rendia uma discussão muito cansativa com o baixinho gritando por meia hora.

E eu me encolhendo para me esconder dos olhares de todas as pessoas no lugar que nos encaravam como se fôssemos loucos. O que, sinceramente, eu às vezes me indagava se não era um pouco duvidoso.

Voltando para a triste realidade.

Me despedi do meu amigo e segui sozinho o torturoso caminho até minha sala de aula. Quando o Ruki estava por perto eu ficava um pouco menos ciente das pessoas que me encaravam com nojo.

Andei quieto e fitando o chão até chegar à minha classe na primeira fileira e ao lado da janela, ouvindo os garotos que se encontravam dispersos pela sala falando coisas como “Ih, olha quem chegou. O afro-nipônico.”, “Por que o IBAMA ainda não veio recolher ele?” e umas garotas cochichando (ou não) “Entre o Odano e a morte, você preferiria morrer como?”.

Muito engraçado, está me faltando o ar de tanto que estou rindo.

Sentei tentando não fazer barulho, o que para mim estava parecendo uma tentativa bem falha. Porcaria de cadeira barulhenta do inferno, por que você não tem rodinhas? Esvaziei minha mochila ainda tentando não fazer barulho, tirando dali o peso que antes fustigava minhas costas, acabando com minha coluna já não tão reta.

Deixei todos materiais que usaria para a primeira aula, uma interessantíssima aula de Matemática, em cima da carteira, e, como sempre, tentei não ser notado, porém, desta vez de uma maneira diferente. Como uma criança que acha que tapando os olhos não pode mais ser vista, tapei meus sentidos do mundo exterior, focando meus olhos nas frases, parágrafos e capítulos de um livro. Como nunca tive nenhum amigo (exceto Ruki, que se encontra em outra sala agora), ninguém viria para atrapalhar minha leitura, e, assim, essa paranoia de perseguição deixaria minha mente por um tempo.

O problema era que eu estava na metade do livro, justo a parte em que o protagonista começa a tornar as coisas épicas que fez no início da história em burradas sem tamanho. Confiava em quem não era para confiar, ia para onde não era para ir. E eu aqui, numa agonia, querendo gritar com um livro, mas impossibilitado de o fazer por um grupo de alunos maliciosos e que certamente não iriam entender minha reação exagerada à história.

Incultos.

Ou simplesmente pessoas normais que não gritam com livros. Mas isso é meio tedioso e não me valoriza nem um pouco. Não que qualquer coisa o faça, mas né.

Claro, outra característica de nossa espécie (feios), como não fomos abençoados com dotes físicos invejáveis, tentamos suprir isto desenvolvendo nossa capacidade intelectual.

Porém nem sempre funciona. Tem gente que nasceu para ser uma falha da espécie humana, tanto física quanto mentalmente.

Como eu.

Quando ouvi os murmúrios das conversas de meus colegas desaparecerem e um barulho ensurdecedor de várias cadeiras sendo arrastadas, levei meus olhos até a porta, onde pude ver o professor de Matemática entrando na sala.

Só não estava preparado para ver o que o seguia.

Sim, a perfeição. Um Deus na Terra. Loiro, alto, inteligente, gentil, bonito, paciente, nem magro nem gordo, nem raquítico nem forte demais... A definição de perfeição, um meio termo perfeito, sem pecar pelo excesso e nem pela falta. O meu Kouyou.

Ele parecia brilhar, uma luz tão grande que chegava a machucar os olhos. A simetria de cada parte daquele corpo era perfeita.

Mas, como sempre, os orbes castanhos claros nem olharam para mim, nem de relance, nada. Como se eu fosse o Homem Invisível. Alguém que só vive para si, mas nunca é notado pelos outros.

Se bem que era melhor assim.

Com certeza não aguentaria o asco que tomaria conta daquele olhar se, por um acaso, ele tomasse algum tempo para me analisar.

Mas, mesmo tendo total consciência do quão ignorado por ele (e por todos) que eu era, ainda assim eu senti minhas bochechas esquentarem, denunciando um rubor muito do desgraçado. Tinha vontade de me esconder. Parecia tão óbvio que eu o idolatrava, o amava. Só de pôr os olhos nele, eu me sentia tão idiota, tão óbvio, tão imaturo... E tão bem.

Caralho. Como. Eu. Sou. Gay.

Estou parecendo uma pré-adolescente.

Estou envergonhando a minha mãe, essa mulher tão digna que cometeu o erro de me colocar no mundo. Claro, o ultrassom não mostra o futuro desprezível do teu filho para abortá-lo antes da burrada se concretizar. Mas bem que poderia.

Vi meu objeto de desejo se deslocar até o meio da sala, sentando em sua classe. E parecendo dolorosamente bonito enquanto desligava o celular e tirava os fones do ouvido.

— Geral prestando atenção aqui, a prova vai ser na próxima semana e é bom vocês irem bem. Porque, se a maioria não for, eu vou ser o culpado pelo atrofiamento dos neurônios de vocês. — o professor falou, dando uma parada para olhar, com os olhos semicerrados, todos os alunos da turma, parecendo ver nossa alma. — E, sinceramente, se eu tiver que ouvir xingamentos da direção, vocês vão ter que ver uma quantidade relativamente alta de notas vermelhas. Capisce?

Dei uma última olhada em Kouyou antes de voltar minha inteira atenção à aula, o vendo escrever compulsivamente no caderno. Daria todos os livros da minah estante para saber o que ele tanto escrevia ali.

Bem, não precisamos ser tão exagerados, todos não. Talvez um décimo deles.

*~-~-~-*

Saí da sala, indo em direção ao terraço. O bom do terraço, além da privacidade, era a sensação de se estar ao ar livre e, ao mesmo tempo, alto o bastante para poder tocar o céu. Além do que, aquele lugar era só nosso, meu e de Ruki, pois Minamoto tinha nos dado uma cópia da chave, desde que não nos jogássemos dali e fechássemos a porta assim que saíssemos.

Aé. Meu e do Ruki. Sei. Deixe-me corrigir isto.

Meu, do Ruki e do Reita. Ou melhor, era o ninho de amor daqueles dois em plena escola e lugar no qual eu adquiria a incrível habilidade de virar um castiçal.

Caminhei até chegar perto daqueles dois. Perto demais. Conseguia ver detalhes sórdidos do beijo que não deveriam estar sendo deslumbradas pelos meus olhos.

Pô Ruki, pô Reita. Eu sou um pobre adolescente virgem e sexualmente frustrado. Tenham consideração.

— Olha, nada contra vocês dois... Mas façam-me o favor, eu estou querendo comer aqui.

Assim que me ouviram, o que, particularmente, achei incrível eles terem feito, se separaram e me olharam.

— Ah! Oi, Odano — Ruki falou, e Reita ao seu lado apenas moveu a cabeça em algo que, acho, deveria ser um cumprimento.

— Já comeram?

— Ainda não... Se bem que nem tem muito para comer mesmo. — Reita falou.

—Bom, eu vou comer onigiri — falei, enquanto tirava o meu pote do Pikachu de dentro da mochila.

Sim, eu tenho um pote do Pikachu, podem me julgar. Pelo menos sou eu que faço meus lanches.

— Algum progresso com o Loiro Maravilha? — indagou o baixinho. Como se ele não soubesse.

— O que você acha? Como sempre, ele não olha para a minha cara, não me cumprimenta e muito menos me agarra.

— Ah... Não desista. Olha eu e o Reita, estamos aqui, juntos. Algum dia ele vai ficar caidinho por você.

— Ruki, olhe de quem estamos falando. Eu. Odano Odajima. Eu nasci para não ter um namorado. Não tenho atributos físicos suficientes, você bem sabe disso.

E não ouvi resposta alguma à minha triste afirmação. Quem cala consente. Se nem meu melhor amigo estava querendo me animar, a coisa já deveria estar completamente perdida.

Sempre esteve.

Como todas as vezes em que eu começava a pensar sobre o quão desgraçado é o meu destino, comi. Comi meu onigiri o mais rápido que minha mastigação levemente retardada me fez capaz. E, se minha situação financeira permitisse, teria comido mais. Teria invadido aquela cantina e furtado todos os produtos que continham o mínimo de açúcar em sua composição, elevando minhas taxas de glicose, que por algum milagre ainda não desvendado pela ciência, não denunciam números mais escandalosos.

É, desilusão amorosa só passa com umas boas quantidades de glicose.



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Notas finais do capítulo

Bem, eu sei que não foi tão legal. Mas eu avisei.
De qualquer jeito, eu vou tentar postar o outro capítulo mais rápido. Provavelmente vou conseguir, já que semana que vem começarão minhas férias e só vou ter prova segunda e terça essa semana.
Bom, estou grata pela atenção.
Boa sorte para vocês! Beijos ~~ ♥