The Prince Wolf and the Desert Rose escrita por Sayuri


Capítulo 2
O Príncipe do Norte


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, estou em um período conturbado.
Mais um capítulo... E a história começa! Hahah!
Críticas, dúvidas, sugestões... São sempre bem vindas!
Obrigada pelas reviews! =]
Espero que gostem.



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Winterfell, Reino do Norte


Príncipe Robb Stark largou-se no chão cansado do treino pesado com espada que o pai lhe dava e o Mestre de Armas de Winterfell realizavam com o jovem, passou as mãos encobertas por luvas de couro pelos cabelos negros, cacheados e curtos, já fazia algum tempo que deixava a barba crescer, mas não gostava de mantê-la grande como a do pai e sabia que estava na hora de apará-la um pouco. Percebeu que o pai, Rickard Stark, sentando-se próximo. Robb sabia que como único filho varão, seu pai nunca iria pegar muito leve com ele em seus treinos, já ficava surpreso do Rei do Norte achar tempo para praticar com o filho uma, duas ou três vezes por semana, além de todas as outras atividades e compromissos que tinha na rotina como Rei.

Desde que o Norte havia se separado dos outros Seis Reinos com a revolta de seu avô, também Robb Stark, o Jovem Lobo; as relações iam muito bem, ainda mais depois do acordo com a Rainha Daenerys Targaryen e Rei Aegon IV. Mas o Norte era o Norte antes dos Targaryen e continuava sendo depois deles com todo seu jeito, desde os oito anos via o pai decapitando eventuais desertores da muralha que ainda protegia toda Westeros; naquela época, ainda era inverno, onde as noites eram longas e os dias curtos. Agora com 16 anos, aqueles dias pareciam tão distantes quanto uma história contada por bardos e menestréis que traziam histórias e notícias fantásticas do que acontecia ao Sul, pois há sete anos viviam imersos no Verão e o Inverno parecia tão distante.

– Isso chegou para mim, acho que você deveria dar uma olhada Robb, porque interessa mais a você. – Rickard entregou uma carta ao jovem, o selo negro do dragão de três cabeças que indicava os Targaryen estava rompido, evidente que ele já havia lido.

– O que é isso, pai? – questionou o jovem, pousando os olhos azuis que marcavam sua expressão forte de Stark no pergaminho.

– Leia e verá. – foi a única coisa que o pai respondeu. – Estava esperando um momento sozinho para tratarmos disso, chegou a mim há três dias.

Robb pegou o pergaminho e o leu, a letra corrida era do próprio Rei dos Seis Reinos, Gerrick Targaryen. A carta propunha que Robb assumisse o posto de Mestre das Leis em King’s Landing, logicamente isso beneficiaria diplomaticamente o Reino do Norte e o Rei prometia que Robb poderia ser dispensado de suas funções quando desejasse, também ressaltava a proposta como uma excelente oportunidade de fortalecer os laços entre os dois reinos e para Robb estudar governança com lições práticas. O jovem achava aquilo tudo uma loucura, o único filho homem de Rickard Stark indo para o Sul? Ainda que levasse seus 200 melhores homens, seria facilmente feito de refém em uma possível guerra pela reconquista do Norte... E quem iria herdar Winterfell se não ele? Sua irmã Cewin Stark? Ou melhor, agora Cewin Umber, sua irmã mais velha? Ou Wylla, talvez Alysa, ou Lirria, ou até Melinda ou Morgane suas irmãs mais novas, quem sabe até a pequena Isolde, que mal havia passado de seu segundo name day. Não, não havia outro homem para herdar Winterfell e o Reino do Norte, apenas ele.

– E o que o senhor acha, meu pai? – perguntou abaixando a carta e encarando o senhor de barba espeça em seus mais de quarenta anos.

– Acho que é uma ótima oportunidade, Robb! Você pode aprender muito sobre os jogos de poder e governança estando em Porto Real, não há um lugar no Norte com pessoas tão manipuladoras e sorrateiras quanto lá! A provável Mão do Rei será Oberyn Martell, um homem que dizem ser horado e paciente, você estará seguro com ele por lá. – respondeu o Rei do Norte com a voz do Rei e não a do pai. – Além disso, o tempo que você ficar lá será o suficiente para refletir se deseja se casar com a filha de Lord Cerwyn, Wylla era seu nome, acredito, ou com a adorável filha de Lord Bolton, Bethany, ou até com jovem donzela Locke, apenas 13 anos e que não me recordo o nome.

Robb deu um meio sorriso, não conseguia mentir para o pai, não lhe agradava nenhum pouco a ideia de se casar com alguma delas ou com qualquer outra mulher do Norte... Sabia que já tinha 16 anos e precisava de uma esposa para assegurar as alianças de seu reino assim como todas suas irmãs já estavam prometidas para os futuros Lords do Norte, mas nenhuma delas lhe atraia... Não que fossem feias, pois certamente algumas não eram, porém, a ideia de se casar com uma mulher que mal conhecia e que não amava, mesmo Lady Bethany Bolton que era um nortenha de aparência adorável, não lhe caia bem. Seu avô, Robb Stark, primeiro de seu nome, havia se casado com Jeyne Wrestling, contrariando todas as vontades e acordos por amor, por que ele não poderia fazer isso também?

– Você sabe que eu poderia ser feito de refém, facilmente, não? – perguntou ainda assim, não acreditando que o pai estava mesmo pensando naquilo.

– Isso não acontecerá, Viserys Targaryen foi meu escudeiro por muitos anos e nada lhe aconteceu. É meu dever retribuir a gentileza e por meu filho a serviço dos Seis Reinos por alguns meses. – respondeu. – Mas, Robb, você é o Príncipe de Winterfell, a escolha é sua.

Os barulhos do estábulo e da ferraria invadiram o local, tomando o espaço do silêncio do Príncipe Lobo de forma abrupta, sem pedir passagem ou licença, o som dos latidos vindo dos canis anunciando a proximidade do jantar para os animais também se fazia ouvir na sala de armas de Winterfell, Robb permanecia com a cabeça abaixada, apoiada em ambas as mãos, pensando.

– Tudo bem, eu vou... – ergueu a cabeça, os olhos azuis expressavam a seriedade do príncipe. – Mas apenas por alguns meses, um ano, no máximo.

O Rei do Norte sorriu para o filho e acenou em acordo, o Príncipe do Norte não podia ficar longe de casa por muito tempo, ainda mais agora que iria sozinho nesta perigosa jornada pelos jogos de poder de Westeros, porque todas suas filhas já estavam prometidas, leva-las para Porto Real, mesmo Wylla que sonhava em conhecer o Sul, era dar chance para que se ferissem; não que seriam agredidas fisicamente, mas que eventualmente conhecessem um cavaleiro cortês do Reino do Sul e tivessem a doce ilusão do amor que causaria feridas muito mais profundas.

– Sabia que decidiria por isso e já havia ordenado que todas as providências para sua partida fossem tomadas, você levará consigo nossos 200 melhores homens. – o homem sorriu. – Mostre ao Reino do Sul quem são os Stark de Winterfell, Reis do Norte.

– Terei prazer em honrar minhas origens, meu pai. – falou com uma seriedade crua, naquele pequeno lampejo, Rickard viu, pela primeira vez, o filho assumindo de fato sua coroa e status de futuro Rei de Winterfell.


–--//---


Naquela noite, o banquete era farto porque os Bolton e todos os demais Lords que juraram lealdade a coroa dos Stark, Reis do Norte, jantariam em Winterfell para as festividades do 45º aniversário de Vossa Graça o Rei Rickard, além da despedida do Príncipe Robb que partiria para Porto Real ainda ao final daquela semana. Lá se encontravam, não só os Bolton como os Locke, os Cerwyn e todos outros Lords estavam  no grande salão em mesas próximas ao da família real, o jantar farto que era regado ao melhor vinho de Dorne dos estoques da capital do Reino do Norte, também contava com a presença e entretenimento de um renomado bardo que já havia percorrido toda a Westeros e trazia notícias do extremo Sul, dos desertos de Dorne e de Sunspear.

– Vou contar-lhes, milords, sobre as belezas das areias do deserto de Dorne... Eu, Bardo Gael, já viajei por todas as terras e já estive com todas grandes famílias nobres de Westeros e agora, aqui no Norte de nosso continente, posso lhes afirmar com máxima convicção: Se dizem que o Norte dá frutos fortes, os bons são produzidos sob o escaldante sol dos desertos de Dorne, nem os campos frutíferos do Reach produziram frutos tão doces e belos!

As faces dos lords e até do rei se contraíram em desgosto, como aquele bardo ousava entrar na casa dos Stark, Reis do Norte, e insultar os nortenhos assim, com tanta facilidade? Mas o artista de cabelos castanhos claros cacheados, meio compridos e a barba rala, percebeu com seus olhos de avelã a reação de desgosto dos senhores do Norte e logo se justificou.

– Mas é claro, meus senhores, aqui os senhores bebem do vinho de Dorne! Mas lá nestes últimos anos, vi algo que jamais pensei que pudesse ver na vida... Protegida pelos desertos escaldantes de Dorne e por suas montanhas rochosas, perto do Mar do Verão, floresceua mais perfeita entre todas as flores... De aroma doce e palavras bonitas em seus 14 anos, ainda solteira, pois todos em Sunspear*, dizem que embaixo de toda sua beleza esconde seus perigosos e afiados espinhos como uma verdadeira Martell.

Sussurros eram ouvidos pelo salão, se ele falava da beleza de uma Rhoyne, uma mulher do deserto e, ainda por cima, de uma família que se manteve quase que o tempo todo leal aos Targaryen, mesmo com os insultos que deles receberam, e os ajudaram a retornar ao Trono do que agora eram os Seis Reinos.

– Se acalmem, meus senhores... Pediram para me contar sobre a coisa mais extraordinária que tive oportunidade de ver... Então lhes digo: vi com meus próprios olhos a verdadeira Rainha do Amor e da Beleza, com sua pele morena, lábios rosados e bem delineados, nariz pequeno, olhos cor de mel e amendoados, rosto perfeito em um corpo perfeito... Enquanto eu estive em Dorne me perguntava contantemente se era real ou apenas outro delírio fantasioso, toda vez que a jovem Martell se fazia presente nos salões de seu pai. Muitos homens aclamaram sua mão em casamento, Lord Alexander Baratheon viajou com sua casa, o mesmo aconteceu com Ser Lukas Arryn, que viajou por milhas do Vale, pela dura Estrada dos Príncipes em Dorne para ser recusado pela Princesa.

– A beleza não dura, bardo! Uma mulher precisa ser mais do que bela... Precisa ser forte para gerar filhos fortes! – bradou Lord Karstark, de certa forma, fazendo a propaganda de sua própria filha que não possuía a beleza da filha de Lord Bolton.

– A chamam de "rosa do deserto", porque é forte e florecerá bela até seu declínio e morte... Meus senhores, aquela sim é uma mulher digna para se perder um reino ou para ser rainha. – os olhos de Gael pairavam sob Robb que sentiu-se incomodado com aquilo.

Rickard riu do desconforto do filho e de como os Lords pareceram se irritar com aquele olhar que o bardo lançou ao Príncipe do Norte.

– Ainda bem que todos nós Stark sabemos bem sobre nossos deveres e somos fortes para resistir a um belo rosto. – respondeu o Rei e todos riram. – Além do mais, todos nós já ouvimos sobre a beleza das mulheres de Dorne, a Princesa é apenas mais um rosto bonito entre os inúmeros outros que lá existem.

– A Princesa não é, certamente, apenas mais uma... Mas é muito bom ouvir isso, Vossa Graça! Pois corre a notícia de que a Príncipe Oberyn Martell, a Mão do Rei que já se encontra em Porto Real, enviou seus 50 melhores homens para busca-la em Sunspear e trazê-la à Porto Real a tempo do Torneio em Honra à nova Mão do Rei e ao seu novo conselho. – o salão ficou silencioso, os passos dos criados que serviam o banquete eram os únicos sons emitidos naquele momento.

– Que ótimo! Então, Robb poderá nos comprovar a veracidade do que o senhor diz quando voltar à Winterfell para se casar com uma Lady do Norte. – riu Lord Rickard, encerrando o assunto e voltando ao banquete e as conversas mais triviais.

Enquanto o bardo cantava algumas músicas tradicionais do Norte, mas a todo o momento fixando o olhar em Robb e o jovem entendia que seu nome carregava aquela sina, como seu avô havia irritado Lord Frey tão facilmente... Ele também poderia o fazer com a mesma facilidade, mas sabia que era mais forte que Robb Stark, o Jovem Lobo, conhecia seus deveres, era o Príncipe do Norte e sua honra não se mancharia tão facilmente. Bebeu um gole de seu vinho e concentrou-se na conversa de uma de suas irmãs com seu prometido, censurava-se mentalmente pelos pensamentos absurdos sobre amor que tivera mais cedo; era um príncipe e seu dever e honra para com seu Reino e para com seu povo sempre viriam antes que seus sentimentos.



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Notas finais do capítulo

Reach = Campina, lar dos Tyrell
Sunspear = Lança do Sol, se não me engano (me corrijam se eu estiver errada), é a capital de Dorne.