- Brenda, esse programa ta chato! – Diz o Niall, com uma carinha de nojo.

- Ta não!

- Ta sim!

- Aff, então o que você quer olhar? - tento imitar a cara que ele fez antes, mas sem sucesso nenhum.

- Que tal agente sair daqui? Podíamos dar uma volta sei lá...

- Mas eu tenho que ver se minha mãe já saiu.

- Então vai olhar!

- Ai, calma...

Abro uma frestinha na porta da casinha, com todo cuidado do mundo. Espio lá pra fora e nada do carro da minha mãe.

- Acho que ela já foi... – falo com a cabeça ainda pra fora da porta.

- Aonde vamos então pequena? – Niall se levanta e se para do meu lado espiando a porta comigo.

- Não sei... Agente podia ir lá pra casa procurar algo pra fazer.

- Ta ok, vamos.

Desligo a TV e o Niall abre a porta e fica me esperando lá fora. Saio daquela casa e vou ao encontro dele.  Agente caminha quase se arrastando até a minha casa, e quando chegamos lá, a primeira coisa que eu faço é me atirar no sofá.

- Ai Brenda como você é preguiçosa.

- Não são nem 11h e você queria que eu tivesse animação?

- Claro, ainda mais depois dessas nossas corridinhas na praça e depois aqui.

- Ah, não me lembre disso. Hey, agente pode ir lá no meu quarto ver alguma coisa pra fazer né?

- Claro. – disse o Niall, abrindo um sorriso de orelha a orelha.

- Que sorriso é esse menino? Ta pensando safadeza é? Mas agente não vai fazer nada desse tipo ai ok?

- Ah, ok... Fazer o que? – fez um beicinho e uma cara de triste.

- Ai Niall, para de pensar besteira. – dei um empurrão no braço dele.

- Haha, ta bom.

Peguei nossas mochilas e fui ir subir as escadas.

- Ei! Onde você pensa que vai com essas mochilas? - disse o Niall com uma cara de brabo.

- Levar pro quarto né?

- Damas não carregam mochilas, me da aqui.

- Ai Niall, você me racha a cara.

- Sou cavalheiro, desculpa.

Eu subi as escadas e o Niall subiu logo atrás com as mochilas. Chego ao meu quarto e mostro onde ele pode deixar as coisas.

- Ô,aquele ali não é o meu casaco?

- Ah, é sim, fico comigo desde o meu aniversario e eu me esqueci de te devolver... Pode pegar.

Ele vai em direção ao casaco, e levanta ele. Ele começa a abraçar e cheirar o casaco.

- Niall? Ta tudo bem ai? O que você esta fazendo?

- É que esta com o seu perfume.

- Haha, você é bem louco menino.

- Louco por você.

Abro um sorriso enorme, claro. Ele larga o casaco e começa a caminhar bem divagar na minha direção, arrastando os pés.

- Brenda, posso deixar meu perfume em você?

- Ãn?

Claro que eu sou lerda. Deu tempo só de eu piscar e ele já estava colado em mim, me beijando com muita vontade. Ele bota suas mãos na minha cintura, e eu subi as minhas até a nuca dele. Um beijo quente, animado. Ele começa a me prensar contra o meu armário e fica mais animadinho ainda. Eu estava realmente esmagada contra o meu armário e não tinha escolha por que ele era forte. As mãos que antes estavam na minha cintura, agora descem pra minha bunda e dão apertões nela. Decido parar com aquela safadeza. Empurro ele com toda força pra longe de mim.

- Chega Niall! – falei gritando.

 - Desculpa... – ele diz quase sussurrando, e olha pra baixo.

- Niall... Vai embora! – falo respirando mais forte, porque ele tinha me deixado sem fôlego. Aponto pra porta e faço uma cara de braba pra vê se ele entendeu o recado.

- Mas Brenda...

- “Mas” nada, vai embora daqui! – e apontei de novo pra porta.

- Brenda eu não tenho pra onde ir! Eu não posso ir pra casa, esqueceu?

Nossa, parecia que ele podia chorar ali mesmo. Mas tambem, quem ele pensa que eu sou? Conheci ele há dois dias atrás! Mas com aquela carinha fiquei com pena dele. Coitado, ele já ta meio sensível hoje e eu ainda fico gritando com ele. Me arrependi agora. Atiro-me com tudo na minha cama e ligo a TV.

- Senta ai. – falo séria e aponto pra cama.

Ele se senta na cama o mais próximo de mim possível.

- Desculpa Brenda... – ele olha pra mim esperando que eu olhe pra ele tambem, mas isso não acontece e mesmo sem olhar da pra perceber que ele ainda ta com aquele olhar de arrependimento, tristeza e susto. – E-eu...

- Gosta desse programa? – cortei ele.

- Gosto. – ele se acomoda melhor na cama e olha pra TV.

Eu fico muito fria com ele. Ele percebe isso e quase nem conversa comigo. Uma hora ou outro ele tentava segurar minha mão e enlaçar o seu braço em mim, mas eu sempre desviava.

- Que horas sua mãe chega? – pergunta o Niall quebrando o silencio.

- Quase 13h. E a partir de que horas você vai para a sua casa?

- Que horas que acaba a aula naquele colégio?

- 11h45.

- Então mais ou menos 11h50 ou 12h eu vou pra casa, pode ser?

- Aham...

Depois disso agente fica em silencio completo até chegar a hora em que ele iria para casa.

POV Niall On:

Errei feio com a Brenda. Eu gosto muito dela, muito mesmo, e não sei por que fiz aquilo. Acho que foi um impulso masculino, ou sei lá. Mas ela ficou muito braba comigo, e eu to muito arrependido. Ela ta fria e ignorante comigo, isso machuca tanto que ela não tem noção. Que bom que já é minha hora de ir embora, por que eu não aguento ficar aqui com ela me tratando assim. Eu queria convidar ela pra sair comigo de tarde, mas acho melhor combinar pra outro dia, deixa ela esfriar a cabeça primeiro. Bom, eu tenho que ir embora.

- Ei Brenda, já é quase 12h, eu tenho que ir.

- Tchau.

- Você não vai abrir o portão pra mim?

- Ta bom...

Ela revirou os olhos pra responder, provando que ainda estava bem braba. Eu estava tentando ser o mais gentil possível com ela, mas ela continuava fria. Peguei minha mochila e o meu casaco, mesmo sem vontade de levar ele, por que fiquei com raiva de ter que me lembrar do que aconteceu. Gostaria de poder botar toda a culpa nele. Talvez seja mesmo a culpa dele, por que se eu não tivesse visto ele, eu não teria sentido o cheiro dela e não teria feito o que fiz. Olha eu aqui, botando a culpa em um casaco! Com as minhas coisas na mão, agente sai do quarto, descemos as escadas, saímos da casa dela e vamos até o portão.

- Tchau. – diz a Brenda, sem nem olhar pra mim.

- Brenda... Desculpa...

Ela revira os olhos e já ia se virando pra ir embora. Mas então eu tomo uma atitude e puxo o braço dela, o que trás ela pra bem pertinho de mim. Deu pra sentir a respiração dela, o que me deixou um pouco arrepiado. Ela não foge e nem me xinga, só espera pra ver o que eu vou fazer. Chego perto do ouvido dela e sussurro:

- Nunca se esqueça de que eu gosto muito de você minha pequena.

Fico olhando ela nos olhos, e ela retribui o meu olhar, coisa que não fez na ultima hora. Eu chego bem pertinho e colo o meu nariz no dela. Dou um beijo rápido nela e me viro pra ir embora. Achei estranho que ela não reclama, por que ela parecia estar muito braba comigo. Passo pelo portão e quando estou quase atravessando a rua paro e olho pra trás, pra ver a reação que ela teve. Mas para a minha surpresa me deparo com ela sorrindo. Um sorriso simples, sem mostrar os dentes, mas um sorriso. Sorrio de volta, atravesso a rua e vou pra casa.