Marcas Da Morte escrita por Cavaleiro Branco


Capítulo 26
Esperanças


Notas iniciais do capítulo

Bem pessoas... ficou "um pouco" mais longo do que eu planejava. Mas presumo que seja... necessário.

Boa Leitura! E nos vemos lá para baixo!



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29 de Junho


Ah... acho que nem na Dinamarca eu quis tanto umas férias.

Esses professores conseguem mesmo ferver nossas mentes! Só ontem passaram cinco tarefas. CINCO! Agora eu só queria chegar no meu quarto em paz... e tirar um belo de um cochilo.

Os garotos também estavam quase esgotados. Hoje nem olharam pra minha cara, sem soltar uma cara de desanimo. Conheço esses garotos... se fosse só por notas, eles não estariam assim.

Até eu estou desanimada por estar parada tanto tempo. A corda do meu arco ficou até podre semana passada! Bem... não é lá muito legal falar desse jeito... mas somos iguais máquinas: Se ficar paradas, ficam empoeiradas e enferrujam. O jeito é coloca-las a todo o vapor!

Eu espero que essas equipes cheguem logo... assim podemos, pelo menos, treinar com mais decência. Sabem como é difícil treinar por aqui? Muito! Não podemos estar em um lugar sequer, sem desconfiar que alguém possa estar nos espionando. São as desvantagens de tentar treinar em um lugar bem povoado.

Mas espero que isso passe. Eu estava correndo rápido até meu quarto. Kevin comentara comigo que PODERIA SER que a Equipe tivesse chegado! E, claro, eu queria saber mais! Ele me disse para nos encontrarmos do lado de fora da escola... Bem, vamos lá!

Eu abri a porta com uma animação tão grande... mas logo ela foi totalmente esmagada por um pavor e susto enormes.

O quarto estava totalmente revirado! Tinham roupas no chão... alguns objetos de limpeza, e gavetas! Passou um furacão ali, ou foi terremoto?

Aí que eu percebi: Não tinha sido nada disso... era algo bem pior; a Ashley.

A garota estava no meio do quarto, segurando uma maletinha... MINHA! Os olhos dela estavam vidrados no que tinha dentro. Quem ela pensa que é pra virar um furacão e fuçar nas minhas coisas??

Rapidamente fui até ela, e tirei de suas mãos minha maleta.

–Que que você está fazendo, garota?! Enlouqueceu??

–Não... só fiquei curiosa!

OK... se não fosse a “Heloísa Boazinha” na minha mente me segurando, minhas mãos já estariam apertando o pescoço dessa guria. No que ela estava pensando? Acho que ela não entendia o conceito de privacidade...

–Você sabe o que é “privacidade”, Ashley?

–Claro!

–Então... eu tenho a minha, e você a sua. Respeite a minha, e eu respeito a sua. Simples.

–Ah... desculpa! – eu não caio nesse olhar nem morta! – é que eu fiquei curiosa!

Suspirei.

–Tudo bem... tá perdoada. Mas, se fizer isso denovo, não vou ser tão carismática. Tudo bem?

–Tá bem!

E ela saiu do quarto, pulando de uma alegria muito estranha.

A primeira coisa que eu fiz foi ver meu “material”... Graças a Deus estava no mesmo lugar. Ela não tinha visto... mas foi por muito pouco. Enfim guardar um Uniforme Assassino atrás do guarda roupa valeu a pena.

Mas sério... porque aquela guria fez isso? Eu estou muito desconfiada dessa aí... Ou ela é uma completa desmiolada... ou tem algo a mais nas cartas dessa guria...

Bem... vai demorar bastante pra arrumar. E eu ainda tenho que tomar banho! Ah... que vida difícil!


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A notícia de que as equipes poderiam ter chegado aumentou o astral do Felipe e da Heloísa. E o meu, claro.

Havia chegado um pequeno bilhete na janela do banheiro, enquanto eu tomava um banho. Lá apenas dizia para eu, a Heloísa e o Felipe nos encontrarmos na frente da escola, depois da aula. De início eu até pensei que fosse da Giovanna... Sim, começamos a namorar faz uma semana, e Felipe e Heloísa não param de pegar no meu pé por causa disso! E daí, ora!

Mas... infelizmente se tratava de outra coisa. Vi logo que não era a letra da Gi, e que havia uma pequena Marca Assassina na borda... então já sabia do que se tratava. Talvez sejam as equipes!

Isso nos levou a esperar, ao lado do portão externo de entrada da escola, abaixo de uma árvore. O movimento era médio naquela tarde... e ninguém parecia prestar atenção na gente.

De início só estava eu, Felipe e o Luca. Não pediram pra ele vir... mas achamos que ele DEVERIA. Ele era parte da equipe aqui... mesmo que esteja meio afastado. Mas logo logo Heloísa chega correndo, e se une ao quarteto.

Mas foi só esperar um pouco... que começou.

–Até que está bem cheiroso – começou Felipe – foi presente da Gi?

Confesso que fiquei vermelho na hora.

–Dá pra parar!

–Ué, porque? Foi uma simples pergunta!

–Deixa ele, Felipe – Heloísa se junta – senão ele começa a ficar vermelhinho! Alias, já tá!

Cruzei os braços

–Dá pra vocês pararem com isso? O povo da rua tá olhando!

–Tão olhando nada! – retruca Heloísa, aos risinhos – é você que está com vergonha!

De tantas lutas que já participei, nunca fiquei tão incapacitado assim, e por palavras! Os comentários (bobos) desses meus colegas (bobos também) só me deixaram ainda mais vermelho.

Felizmente... fui salvo pela Irmandade.

–Hello?

Vimos nos aproximando de nós um homem. Era um cara bem alto, de cabelos castanhos escuros encaracolados, e olhos do mesmo tom, e pele branca. Vestia bermudas cinzas, tênis pretos, e uma camiseta havaiana de cores vermelhas, o qual se lia atrás “I LOVE CALIFORNIA”. A camiseta não escondeu sua incrível musculatura, que (deu pra perceber, claro) deixa Heloísa de queixo caído.

E o que o diferenciava de um simples civil bobo? Fácil.

A marca da Irmandade estava presente no antebraço esquerdo do homem. O que só podia indicar uma grande e boa coisa: Os Reforços!

O suposto “turista” se aproximou de nós, e perguntou:

–Com licença... os senhores sabem onde fica a Golden Gate? – o cara perguntou de uma maneira bem idiota, sinceramente.

E, para nossa surpresa, Luca respondeu.

–Acima da baía azulada, que brilha na noite estrelada.

Ao ouvir isso, o homem dá um sorriso.

–Então são vocês mesmo!

–E... quem é você? – pergunta Felipe.

–Sou Marco Flanskov, Comandante Superior das Forças Especiais Assassinas. E estou aqui para ajudar os senhores.

Marco Flanskov... já tinha ouvido falar desse cara em algumas rodinhas de conversa, na Dinamarca. Era um Assassino húngaro, e era um importante “General” da Irmandade, servindo em vários lugares. Bem... me surpreendi por terem mandado ele aqui. Se fizeram isso... então o resto da Equipe deve ser de qualidade muito, muito alta.

–Quais são seus nomes? – pergunta ele.

–Eu sou Felipe.Ela é Heloísa, ele é Kevin, e aquele é o Luca.

–Ah! Dinamarqueses! Reconheço esse sotaque em qualquer lugar!

Já gostei desse cara, ele aparenta ser um bom líder. Era diferente de alguns, que nem queriam saber se você era macho ou fêmea, muito menos o seu nome. Só queriam que você fosse pra lá e Assassinasse o boneco... velhos tempos de treinamento intenso foram aqueles.

Logo, a risadinha dele, que se seguiu logo após aquela frase, é cessada.

–Bem, meus caros... Conosco aqui, presumo que certas coisas irão se alterar.

–Se alterar como? – pergunta Heloísa.

–Ainda teria uma certa necessidade de continuarem aqui no colégio... mas já podem se mudar para nossas bases temporárias, em volta da zona metropolitana. Iremos precisar de vocês para... certas coisas.

Isso, de certa forma, nos animou bastante. Finalmente iríamos ter ação, iríamos poder entrar na batalha! Ou, pelo menos, voltar a vestir o uniforme. O meu já estava ficando empoeirado!

–E... onde fica essas tais bases? – perguntei.

–Bem... acho que não é um bom lugar para falar – ele olhava pela rua discretamente – sigam-me.

Ficamos curiosos e ainda mais animados. Mas apenas seguimos o cara. Andamos com ele por cerca de dois quarteirões, e dobramos a esquina. E logo de cara nos deparamos com um carro. Um grande e preto.

O tal Marco se aproxima do carro, e dá três batidas no retrovisor.

–A águia vai alçar voo.

Assim que diz isso, outro homem sai do carro. Esse já tinha uma estatura mais reduzida. Também parecia mais velho, com seus cabelos negros parcialmente grisalhos. Pele branca, e vestia um terno negro.

–Marco – ele diz, logo olha para nós – são esses?

–Sim. Já sabe onde devemos ir.

–Positivo... entrem no carro, por favor.

Felipe foi o que mais arregalou os olhos. Claro que ficamos impressionados com... tudo isso! Mas nem tivemos tanto tempo de contemplar. Logo entramos na traseira do carro. E Marco foi na frente, junto com o suposto motorista.

Conforme o carro circulava cidade a fora, a conversa continuava dentro do carro.

–Vocês já tinham essas bases aqui antes? – perguntei.

–Na verdade, sim – diz Marco – e bem... acho que já posso falar pra vocês a verdade. Construímos elas aí para combater os Negros, por volta de 1940. Depois, elas ficaram por lá mesmo, vazias. Agora estamos as reativando, para o mesmo propósito que antes.

–Vocês também sabem dos Negros? – Felipe perguntou.

–Claro. Antes, só os Assassinos de alto escalão, como eu, sabiam desses fatos passados.

–Mas... porque ocultaram do resto da Irmandade?

–Muitos motivos. Na época que foi decidido isso, não tínhamos uma burocracia boa, se me entende, e isso lá para os anos 1970. E também tinha a questão da magia... o que vocês redescobriram, por acaso... tínhamos perdido essa arte. Engraçado isso... tentamos ocultar coisas da humanidade, e acabamos ocultando coisas de nós mesmos.

Uau... dessa não sabíamos. Tudo bem que já sabíamos que rolavam assuntos discretos dentro da Irmandade... mas não tanto, e nem ao extremo.

–Mas... – ele continuou – com essa situação na Califórnia, tivemos que mudar as coisas. Não dá pra combater esse novo problema com segredos assim circulando e lacrados dos nossos Irmãos.

O que dava mais medo em tudo isso? É que toda essa coisa começou conosco. O que parecia uma missão simples de rotina... acabou se tornando um tipo de guerra mundial. Isso me faz me sentir importante... ao mesmo tempo que não. As vezes eu nem queria estar no meio disso... só queria que tivesse voltado a ser uma missão simples...

Mas é real. Sou um tipo de “Assassino Branco Mago”, e estamos em uma guerra.

Ao pensar nisso, nem notei que já estávamos na zona rural da baía. Os prédios davam lugares a fazendas de gado e de irrigação. Logo o carro estaciona ao lado de fora do celeiro de uma dessas fazendas. Descemos do carro, e seguimos Marco e o motorista até a porta do celeiro.

Marco bateu na porta.

–Quem é...?

–FBI, viemos confiscar suas vacas.

OK... essas senhas estavam ficando cada vez mais estranhas...

Mas parecem funcionar. Logo a porta se abre.



O interior da base? Eu não esperava tanto.

Para algo feito nos anos 1940, até que a base estava em um estado muito bom. Ela cobria o subterrâneo de toda a fazenda (E eu nem sabia que aquilo era realmente uma fazenda, ou só um disfarce). O teto, o chão e as paredes eram revestidos de um tipo de ladrilho cinza. A base era, na verdade, um monte de salas vazias. Aparentemente, a Irmandade só deu uma função para cada uma, e foram ocupando. Não vi tanta gente quando chegamos... mas, pelo que Marco disse, haviam mais dessas por ali.

Nós quatro adentramos a base. Seguindo Marco pelos corredores, vimos vários Assassinos, fazendo diversas coisas. Confesso que eu até esperava encontrar um conhecido... mas o que vi foram vários caras, a maioria de uns 20 anos, totalmente desconhecidos, e de diversas origens. Todos vestiam um Uniforme totalmente novo aos meus olhos: Um tipo de manto branco diferente, onde não havia aquele tecido que descia até os calcanhares, como no original. Parecia mais uma farda branca na parte de cima, cheia de bolsos e lugares para se colocar armas. Também havia calças brancas, e botas pretas... pareciam ser fortes e, ao mesmo tempo, bem leves de se usar. Na cintura, havia uma longa faixa de tecido vermelho, amarrado à lateral direita da cintura. Uma tira de couro atravessava diagonalmente o tronco, onde atrás eles carregavam bestas, isso além de várias outras armas pelo corpo. E, claro, não podia faltar o clássico capuz branco, cobrindo a face dos Assassinos.

–Se impressionou? – comenta Marco, enquanto caminhávamos – esse tipo é mais moderno, e mais leve do que o que vocês tem. A partir de hoje, a maioria dos membros da Irmandade usarão esse uniforme.

–Estão renovando tudo só por causa... do que está rolando? – pergunta Heloísa

–Claro. No passado quase perdemos muitas vidas por motivos que hoje consideraríamos bobos... mas não mais. Na verdade, esse tipo de Uniforme foi criado nos anos 1990 para táticas especiais.

–Como o que? – pergunta Felipe.

–Porque você acha que a Princesa Diana morreu, em 1997? Se achava que era um acidente, então é porque nosso trabalho foi bem feito.

Uau... bem... na verdade já sabíamos que alguns acontecimentos por aí, na verdade, foram obras nossas. Mas confesso que eu sempre me fascino com o que conseguimos fazer com a mente da humanidade nesses séculos todos.

Nós paramos em uma grande sala, talvez a maior da base. Lá havia várias mesas de madeira, e uma maior e redonda no meio. Nessa, estavam reunidos várias pessoas, de diversos sexos, idades e origens. Assim que chegamos, eu notei que estavam discutindo um intenso assunto, em torno de um pequeno mapa, pelo que parecia ser. Não dava lá pra ver tantas coisas com detalhes, do meu ponto de vista.

Mas, assim que nos aproximamos, a atenção do grupo se volta totalmente a nós. E a maioria era de surpresa e curiosidade.

Marco se adiantou.

–Cavaleiros, esses são Kevin, Felipe, Heloísa e Luca. Pessoal, esses são os principais líderes dessa missão.

Quando notei isso... minha ficha caiu. Como pude esquecer das formalidades, principalmente nessas horas?!

Rapidamente, eu juntei os punhos na frente do meu peito, abaixei a cabeça e me ajoelhei. Rito tradicional de respeito.

–Lamentamos não termos nos ajoelhado, mestres. Estamos honrados em vê-los

Ouvi um pequeno riso, vindo do grupo.

–Não é preciso tais formalidades, não somos mestres. Levantem-se.

Confesso que eu fiquei um pouco envergonhado, mas me levantei lentamente, e ergui a cabeça para o grupo, que ainda nos encarava, com sorrisos curiosos.

Até que uma delas dá um passo à frente.

–Kevin Stival Altair... Assassino Geralis Dinamarquês... O prazer é todo nosso – ela se aproxima ainda mais, com um grande sorriso no rosto – sou Aveline Moraz, Mestre Assassina Arqueira em Portugal, e também Mestre da Força de Inteligência dessa missão. Eu, juntamente com o Senhor Flanskov, iremos conduzir os rumos dessa missão.

Bem... ficamos calados, totalmente. Era incrível como havia tantos mobilizados nisso... sei que os que eu vi, até agora, me são europeus. Mas deviam ter todas as nacionalidades espalhadas em torno da Baía de São Francisco agora.

A mulher pareceu analisar nós três, de cima a baixo. Ela trajava uma coisa bem diferente dos outros. Um tipo de manto superior branco estava na parte de cima do corpo, com uma faixa vermelha na cintura, e o tradicional capuz branco. Usava calças negras, e botas da mesma cor. Ela tinha cabelos loiros, presos por um rabo de cavalo. E seus olhos azuis encaravam todos com um olhar pensativo. Para muitos... ela poderia parecer inofensiva (Principalmente aos olhares de alguém como Felipe), mas até eu sei que ela deveria ser bem mais agressiva e misteriosa por dentro. Deveria ter anos de prática... já que aparentava ter uns 30, mais ou menos.

–Impressionados, não? – o comentário de Aveline nos fez despertar.

–E como – Heloísa responde – como fizeram tudo isso tão... silenciosamente?

Aveline dá um sorriso.

–Você sabe que sempre damos um jeito nisso, Heloísa. Bem... sem mais delongas... vamos aos negócios?

Imediatamente, o olhar impressionado e alegre de todos ali presentes passou para algo mais sério. Claro; sabíamos que nessas situações, brincar é a mesma coisa que garantir a própria morte no futuro.

–Os chamamos aqui, claro, por que vocês são parte integrante de tudo isso – dessa vez Marco continuou – iremos os incluir em nossas operações ativamente, apesar de vocês serem um dos unidos de sua idade por aqui.

Não aparentava, mas claro que fiquei animado. Enfim... ação.

–Como exatamente seremos introduzidos nisso? – pergunta Felipe.

–Além das operações em solo... coisa que não esperamos que ocorra tão em breve... – agora foi a vez de Aveline – teremos que continuar o trabalho de espionagem de vocês na escola, e também por toda a cidade. Não sabemos exatamente quem são, e o que já sabem da situação.

Acenamos com a cabeça. Apesar de eu não gostar nem um pouco da ideia de voltar para aquela escola... mas fazia todo sentido. Não era hora para nos preocuparmos com preguiça e tédio.

–Mas logo vocês estarão de férias, – ela prossegue – o que nos fará alterar um pouco o cronograma.

–Como assim? – pergunta Felipe.

–Vamos dizer que... o que vocês descobriram, ninguém mais conseguiu em muitas décadas – Marco dizia, sério – queremos que vocês ensinem essa arte aos nossos Assassinos, o máximo que puderem.

Ficamos estáticos. Nunca pensei que ele ia pedir isso... nem pensei que a gente ia lá participar ativamente da coisa. Eu fiquei com muitas dúvidas... como iríamos fazer isso? E como em tão pouco tempo? Será que isso iria ocupar todos os nossos dias? Por que...

–Algum problema nisso? – um deles pergunta.

–Qual é o numero de Assassinos que temos? – pergunta Heloísa.

Aveline pensou um pouco antes de responder a pergunta.

–Em torno de 300, acho que menos. Não poderíamos lotar esses lugares de pessoas... isso além do fato de que tem outras operações conduzidas pelo mundo afora. Vocês sabem bem que é muito arriscado concentrar todos em um só lugar, e deixar o resto desprotegido. Não sabemos se esses Negros estão em mais locais, além da Califórnia.

Assentimos, com os braços atrás do corpo, em posição de sentido. Não havia porque questionar, estava claro e bem lógico.

–Não vamos mais viver na escola? – o silencioso Luca fez a pergunta.

–Não mais. Como queremos certas coisas dos senhores agora... é melhor que fiquem em acomodações aqui. Mas ainda irão para a escola, e poderão ir para a cidade.

Respirei, aliviado. Eu não ia conseguir ficar muito tempo sem ir ver a Gi.

Infelizmente, Aveline pareceu notar esse meu ato muito bem.

–Algum problema, Sr. Altair?

Hesitei por um segundo. Eu já tinha pensado sobre isso... e era melhor que ninguém dali soubesse que eu estava namorando. Eu nasci nessa Irmandade... sei bem que eles nem iriam permitir que tal coisa acontecesse. Então... melhor que isso ficasse apenas comigo e com meus amigos.

–Nenhum. Só estou feliz de estarmos novamente em ação, senhora.

Ela me deu um caloroso sorriso.

–Acredite ou não: Eu também estou, e muito.


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No dia seguinte...


E, novamente, lá estávamos nós.

Se dependesse de mim, juro a vocês que eu já teria saído dessa escola assim que pisei nela! Quem foi o gênio que inventou essa abominação dos jovens?

Tudo bem que sou um pouco mais... escandaloso que Kevin e a Hello, mas só de ver o cansaço no olhar deles eu já percebo muitas coisas. Não somos iguais aos normais, que tem mais tempo depois das aulas, e menos preocupações na mente!

Observação: Assim que tudo isso acabar (Isso SE tudo isso acabar), ir até Mestre Magnus e recomendar melhorias nas missões!

Porém... até lá, tínhamos uma missão a cumprir.

Estávamos então nós quatro (Incluindo Luca, agora) no corredor da escola, nos reunindo para discutir algumas coisas. Eu sabia de algo? Na verdade, não. Foi o Luca que nos convocou.

–Porque nos chamou, Luca? – pergunta meu amigo Kevin – estou um pouco atrasado.

Luca ia continuar, mas ele encarou levemente Kevin. E até eu fiz o mesmo, só que dando um leve sorriso. Esse Kevin... ele fica todo sem jeito quando falamos ou insinuamos da Giovanna!

Ele reclama que pegamos no pé. E porque não pegaríamos? É uma oportunidade única e deve ser aproveitada! É muito raro eu e a Heloísa termos uma oportunidade assim para zoar um pouco o “Líder” do nosso trio (Na minha opinião, deveria di ser eu!).

E, claro, ele ficou vermelho com nosso olhar!

–Vai encontrar com ela, não é? – disse eu.

–Não é da sua conta... – ele fica gozado quando está vermelho!

–Bem... voltando... – Heloísa também ria da situação, mas ela e eu sabíamos que a coisa poderia ser... séria.

–Eles já levaram nossas coisas todas... como já devem saber – Luca prossegue – devemos agir normalmente, pelo menos até Julho chegar.

–Coisa que já sabemos – Kevin observa.

–Também achei isso, mas ele exigiram que eu ressaltasse essas coisas. E também...

Rapidamente, ele tira quatro pequenos aparelhos, do bolso da calça.

–Me pediram para avisar para que todos nós começássemos a usar isso aqui.

Estranhei, e fiquei encarando a mão de Luca. Pareciam ser pequenas câmeras, equipadas com microfones, e com um pequeno gancho, para encaixarmos em locais estratégicos. Mas era tudo tão pequeno... que eu precisei me aproximar bem da mão de Luca pra notar esses detalhes. As coisas eram do tamanho de grãos de feijão!

–E... o que são essas coisas? – claro que eu perguntei!

–São tipos de micro-câmeras, mas possuem uma capacidade gigantesca. Consegue gravar dias seguidos, e ainda transmiti-las, ao vivo, para as nossas bases.

–Isso tem lá sua necessidade? – Kevin pergunta.

–De certa forma. Se forem sequestrados, por exemplo, o pessoal poderá saber disso imediatamente. Isso serve mais para garantir a total segurança de vocês... E também ajudar na missão. Pode se encaixar em óculos, como brincos, em colares, cintos... onde acharem melhor. Aqui, peguem.

Nós quatro pegamos um. Eu fiquei olhando pra aquela coisinha por um bom tempo. É... incrível como esse pessoal consegue por tudo isso em algo tão pequeno!

Mas logo uma sacudida de Heloísa me fez acordar.

–Guardem isso aí, vocês todos. Temos problemas.

Fiquei curioso... mas eu sabia que nem precisava me virar pra saber o que e quem era. Mesmo assim, me virei.

–Olha só quem está ali! O grupo de manés da escola!

Sério... esse cara não para de encher nosso saco nunca?

Jimmy chegava até nós pisando duro, e com um sorriso malicioso no rosto. Vestia o uniforme de futebol americano de sempre... e aquela mesma cara de valentão. A novidade era que um dos ombros dele estava enfaixado. Não sei se aquilo era pra algum ferimento, ou até mesmo um detalhe da roupa... mas...

–O que você quer aqui? – acho que, de todo mundo aqui, Kevin era o que mais se envolvia em brigas com Jimmy.

Logo notei que o cara estava carregando uma garrafinha de água. Mas, assim que se aproxima de Kevin, ele espirra água na cara dele!

–Oh! Desculpa! Foi sem querer! – disse ele, caçoando.

Tá... esse aí já passa dos limites faz tempo! Eu realmente não sei como Kevin consegue manter a calma, depois disso. Se fosse eu... digamos que não seria agradável, para nenhum dos lados.

E, como eu mesmo disse, Kevin respirou fundo, e apenas passa a mão no rosto molhado.

–Você não me respondeu – ele disse com uma calmaria inigualável.

–Ninguém te perguntou nada aqui, cabeção.

–Claro que não, porque eu te perguntei antes, e não ganhei resposta. Agora, se não quiser ficar com o olho roxo de novo... poderia me fazer a gentileza de responder a droga da pergunta?

Esse tempo na América, principalmente aqui, tinha nos feito ter umas respostas assim, dependendo do que a pessoa falava. Nas escolas por aí rolava cada “Batalha Oral”! Eu não gostava delas... eu ainda prefiro um bom duelo a moda antiga.

–Calma, não vai ficar estressada – o uso do feminino não fez o olhar de Kevin ficar positivo – só vim passar e te avisar: Não pense que vai ser moleza! Seu tormento está só começando! Depois das férias, você vai desejar nunca ter nascido!

–Ah... estarei esperando ansiosamente esse dia.

–Espero mesmo! Nos vemos por aí, mané!

O cara ainda consegue terminar a visita dando um soco rápido na barriga de Kevin, que dá uma pequena curvada para dentro. Assim que Jimmy dobra a esquina do corredor... fomos mais perto de Kevin. Esse cara se abusa cada vez mais!

–Doeu? – disse Luca.

–Nem tanto... Eu to bem...

–Sério, Kevin... não sei como você ainda se mantém calmo – observei.

–Ah... anos de prática – Kevin respira fundo, fechando os olhos – mas esse aí me põe a prova todos esses anos.

–Será que ele falou sério? – Heloísa também pergunta algo.

–Se tiver falado, eu não ligo – vejo Kevin dar de ombros, indiferente – ele pode até nos ferir, mas nunca vai derrubar-me.

Até eu balancei a cabeça, positivamente. Era o bom espírito que tinha nos segurado aqui, e é o que vai continuar sendo!

–É assim que se fala, velho amigo! – disse eu, dando um caloroso sorriso.

Kevin retribuiu o sorriso.

–Está certo, Felipe. Agora vamos indo... temos coisas a fazer...


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No final de tarde ensolarado das colinas, via-se uma bela cena.

Duas criaturas desfrutavam da beleza do amor em uma beleza natural. O belo por do sol da Califórnia iluminava os rostos de Giovanna e Kevin, em que só podia se ver um sorriso e uma felicidade extrema estampada.

Os dois se encaravam com um brilho no olhar. Apesar do clima, ambos vestiam calças e camisetas de mangas compridas. A de Giovanna era uma bela alaranjada, e a de Kevin era branca, com detalhes azulados. Estavam encostados em uma árvore, no topo de uma colina, que rondava a grande área urbana da baía, mas dava para o mar. Proporcionando aos apaixonados uma vista sem igual.

Aos abraços e pequenos selinhos, uma conversa se desenrolava.

–Isso é tão... tão bonito... – murmurava Giovanna.

–Não mais que você.

Giovanna volta a encarar Kevin, com um sorriso vermelho.

–Para! Assim você me deixa sem jeito

–Eu só falo a verdade!

–Já falei para parar! – ela começa a dar uma graciosa risada.

Os dois começaram a rir, e brincar um com o outro. Até que se encostam mais confortavelmente na árvore, e ficam encarando o horizonte.

–Sério, Kevin... isso foi tão... rápido... – dizia ela, pensativa – você, vindo aqui de intercâmbio, e eu apenas mais uma... aconteceu tão rápido!

–Pensando bem... eu também acho... Mas não me importo. Eu achei o amor da minha vida, porque me preocuparia com isso?

–Ah... você fica tão fofo assim!

Kevin fica ainda mais vermelho.

–Ah... mas e quando voltar para a Dinamarca? O que vai acontecer conosco?

Kevin engoliu em seco. Sabia que essa era apenas um dos problemas que Giovanna acabaria trazendo em sua vida. O amor compensaria, claro. Mas... apenas o fato de voltar para a Dinamarca já era doloroso para os dois. E Kevin ainda teria muitas obrigações antes de lá. E até depois... dependendo do que acontecer nos próximos meses.

–O que foi, Kevin?

–Ah... nada... só pensando o que faremos quando eu voltar do Intercâmbio.

–É... vai ser difícil...

–Ei, e se você passar um ano de Intercâmbio lá? Poderíamos nos encontrar!

–Ah... eu adoraria! Mas sabe... meu pai... ele é rígido que dói. Mal me deixa sair aqui da Califórnia, muito menos ir para outro continente. Ele nem sabe que estamos namorando, ainda por cima...

Kevin já tinha ouvido falar do pai de Giovanna, pelos relatos dela mesma. E, em todos os casos, nunca eram lá positivos.

–Quando planeja contar sobre nós?

–Ah... eu não sei... nem imagino a reação dele. Ele mora lá em Los Angeles... mas ainda tem influencia em mim. É por causa dele que eu estou aqui, afinal.

Kevin assente, tranquilamente. Sabia de várias histórias de pais assim, até mesmo dentro da Irmandade. Os adultos da Irmandade geralmente eram bem conservadores.

–Kevin... – continua ela – e seu pai? Também é desses jeitos?

Kevin ficou pálido na hora. Ele realmente não gostava de falar muito disso... Mas... era Giovanna. Ela tinha que começar a saber já alguns fatos da vida de Kevin.

–Ele... bem... me abandonou, quando eu ainda era pequeno.

Giovanna, que até agora apresentou um olhar brincalhão, fica até um pouco chocada com a expressão um pouco triste de Kevin.

–Sério?

–Não sei exatamente porque... minha mãe nunca me falou. Depois disso, ela me criou sozinha. Ela é uma ótima mãe, e tem seu nome, alias. Sorridente e alegre todos os dias... mas sempre entra em depressão quando o assunto rola. Apesar disso, ela sempre dizia que eu tenho a cara dele.

Giovanna fica até pasma. Ela sempre tinha vivido dentro de uma família conservadora e rígida, mas bem normal entre membros e situações. Nunca havia vivenciado coisas assim. “Porque alguém abandonaria uma pessoa assim, e um filho pequeno?”, pensava ela.

–Nunca mais soube dele? – Giovanna compartilhava o mesmo tom de Kevin.

–Não... nem rastro. O ruim que nem tenho fotos... mamãe queimou todas, pelo que me contou. E também nem sei o nome dele... meus sobrenomes vieram todos do lado da minha mãe. Quando eu era um pouco mais novo... eu até ficava me olhando no espelho, imaginando se meu pai tinha mesmo a minha cara, e tentar procura-lo. Mas... hoje vejo que é algo estúpido.

Vendo claramente o desânimo de Kevin, Giovanna o abraça, consolando-o.

–Confie em mim, querido. Ele está por aí... Iremos acha-lo, nós dois juntos.

–Será...?

–Confia em mim?

–Claro que sim... só não confio em uma coisa agora.

–No que...?

–No destino.


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Notas finais do capítulo

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