Hermione Granger - Reencontrando os Pais escrita por ro1000son


Capítulo 5
Capítulo 5: A Casa em Conder


Notas iniciais do capítulo

* Os personagens principais pertencem à J.K.Rowling.
** Spoiler do livro: Harry Potter e As Relíquias da Morte (meu favorito)
*** Qualquer semelhança com pessoas ou eventos reais é mera coincidência.



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Nem parecia ser uma capital que Hermione, Rony e Harry estavam visitando. Rony não conhecia muito de movimentos nos grandes centros urbanos e achou interessante, mas Harry e Hermione até conheciam bem e pensavam que o táxi trafegava num trânsito muito calmo. Perguntado sobre a tranquilidade do lugar, o motorista apenas deu um sorriso amistoso e respondeu que não estava circulando pelo centro de Canberra, mas sim por uma via alternativa que julgava ser mais rápida. Hermione não deu muita atenção à conversa dos garotos com o motorista. Estava mais preocupada no reencontro com os pais, enquanto procurava pelas ruas algo que pudesse comparar com alguma coisa de Londres ou que lembrasse algo do mundo bruxo que conhecia.

Quando o motorista informou que já estavam chegando em Conder, Hermione, repentinamente, pediu para que ele parasse próximo a uma praça. O motorista informou que ainda estavam um pouco distantes, mas a garota estava tentando conter a própria ansiedade, achando que uma boa caminhada iria ajudar.

— Não importa, aqui está bom – disse Hermione com um sorriso, enquanto os garotos desceram do táxi sem entender a atitude dela.

— Certo. Então, para chegar à rua que vocês querem é só seguir diretamente por aquela avenida. Lá na frente vocês encontrarão a rua que procuram – informou o motorista, ainda tentando ser gentil.

— Obrigada, senhor - agradeceu a garota, mexendo na mochila para pegar o pagamento da viagem. – Harry, pode guardar isso. Aqui são dólares australianos...

Harry, que também remexia a mochila dele para ajudar no pagamento, se surpreendeu por não ter pensado neste detalhe e, ainda, quase termina pegando dinheiro bruxo.

Quando o táxi se afastou, os três começaram a atravessar a avenida que estava com pouco movimento. Hermione na frente, olhando para os lados, e Rony e Harry tentando acompanhar os passos da moça. Apesar da tranquilidade do lugar, a garota dava passadas rápidas, quase fazendo os rapazes correrem.

— Olhem vocês dois, precisamos andar rápido – falou Hermione, enquanto caminhava. – Ainda está muito cedo para o sol se pôr, mas devemos levar algum tempo procurando a casa.

Harry e Rony nada responderam; Apenas se olharam, se apressando para acompanhar a moça. Andaram por algum tempo em silêncio, com Hermione na frente e passavam próximos ao que parecia um grande mercado com o estacionamento que também tinha muitas árvores.

— Muitas árvores... - Hermione sussurrou para si mesma, mas os garotos ouviram-na, mal compreendendo.

— O quê? Eu não entendi – perguntou Rony.

— Nada.

Enquanto caminhavam pela avenida, Hermione observou as casas, pensando que eram exatamente do tipo que os pais dela sonhavam para viver quando se aposentassem. Não eram luxuosas, porém não tão simples. Todas elas se mostraram bem cuidadas, com pequenos jardins na frente. Ao longe podia-se ver paisagens belas de morros e serras com boa vegetação, certamente servindo de morada para cangurus e coalas, pensou a moça. Simplesmente um lugar dos sonhos para muita gente. O que mais chamava a atenção da moça era a localização dessas casas. Um lugar longe da agitação, do barulho do centro de Londres, era o que os pais dela queriam, conforme diziam a ela. E, ao que parecia, eles conseguiram um lugar assim na Austrália, mesmo que não soubessem.

Depois de passarem por duas praças, e muitas árvores depois, os três avistaram a rua que os levariam à casa pretendida. O caminho por onde estavam não parecia em nada com qualquer outro que eles conheciam em Londres – Rony muito menos – de tão pacata que estava. Podia-se ouvir muito claramente o som de pássaros ao redor e os poucos moradores que o trio observava se mostravam ocupados com os afazeres domésticos ou em conversas do dia-a-dia. Quando viraram mais uma rua à direita, o coração de Hermione começou a palpitar. Estavam mais próximos do endereço que almejavam. A moça agradeceu, em pensamento, porque Harry e Rony estavam respeitando o silêncio da caminhada. Retirou da bolsa o pergaminho com o endereço, disfarçando-o com uma revista trouxa, e começou a comparar com os números das casas.

— É logo ali – disse Hermione, quebrando o silêncio.

— Ótimo – observou Rony. Harry apenas olhou em volta mais uma vez para admirar o local.

Do outro lado da rua, duas crianças brincavam com um cachorro, enquanto os três passavam perto de uma senhora que usava um pano amarrado na cabeça e que cuidava do jardim na frente da casa dela, bem ao lado do número que procuravam. Tinham finalmente encontrado a casa. A idosa parou o que estava fazendo ao ver Hermione, Rony e Harry. Esperançosa como estava, Hermione se sobressaltou quando um carro passou por perto deles e parou há duas casas de distância. Do carro saiu um homem que parecia voltar do trabalho e um garoto pequeno saiu da casa para se encontrar com ele, em um abraço muito alegre. Os três se viraram ao mesmo tempo para ver a cena, e Hermione se lembrou imediatamente da época que corria ao encontro do pai quando o mesmo voltava para casa, quando ela era criança. Uma lágrima ameaçou sair do olho direito da moça, mas ela não demorou a passar a mão para evitá-la.

— Estão procurando alguma casa, queridos?

Os três se viraram, surpreendidos. A senhora, que eles viram há pouco, estava próxima deles, tirando o pano da cabeça e revelando um cabelo grisalho que se enrolava fazendo com que ela lembrasse um anjo de uma pintura antiga. Trazia na mão uma pequena pá de jardinagem e olhava muito atentamente para o trio, se demorando mais no rosto de Harry. Será possível que ela sabia quem eram eles?

— Er... Bem, na verdade, já encontramos – disse Hermione, tentando esconder o nervosismo, apontando fracamente na direção da casa certa. A idosa se virou para olhar a casa e, rapidamente, voltou a olhar para eles.

— Bem. Ela ainda está alugada. Era isso que vocês pretendiam? Se for, infelizmente, nesta rua não há mais casas disponíveis. Mas sei de uma casa na rua...

— Não, senhora, desculpe. Não se trata disso – Harry interrompeu educadamente a senhora.

— Isso mesmo, senhora. Nós procuramos as pessoas que moram nesta casa.

— Ah, entendo. E, se posso perguntar... Vocês os conhecem de onde?

— É... Bem... - Hermione hesitou em responder a essa pergunta. Não queria mentir, mas tinha em mente que dizer a verdade para qualquer desconhecido seria bem estranho. Como a senhora parecia bastante interessada no trio, não esperou que Hermione terminasse a resposta.

— Primeiro, me confirmem uma coisa. Vocês são ingleses, não?

— Sim. Somos ingleses. Como sabe, senhora? - Rony quis saber.

— Ah, isso é fácil de notar. Pelas roupas que usam e pelo jeito de andar. Em geral, os ingleses têm um andar mais formal do que nós, os australianos. E vocês... – a senhora abaixou a voz fazendo os garotos se aproximarem dela. - Bem... Acho que sei quem são vocês.

Hermione segurou um grito e Harry e Rony se entreolharam. Das muitas coisas que poderiam esperar dessa viagem, se encontrar com bruxos estava bem abaixo na lista.

— Não se preocupem. Estão seguros comigo. Acho que sou a única que sabe sobre bruxos em um raio de dez quilômetros – sussurrou com uma piscadela discreta. - Vamos entrar. Acho que posso fazer um chá para bebermos.

Os três seguiram a senhora para dentro da casa dela. Hermione dava olhadas para a casa ao lado, pensando onde estariam os pais. Talvez ainda estejam trabalhando e não retornaram. Pensou ela que fez bem em deixar o ofício da Odontologia na memória dos pais para que assim eles tivessem algo para fazer, trabalhar. Sabia que apenas uma viagem de férias não seria um bom disfarce.



Dentro da casa, os garotos não viram nada que pudesse ligar aquela senhora com algo do mundo bruxo, e isso os deixou preocupados. Na sala onde aguardavam a mulher chegar com o chá havia um confortável sofá onde eles se sentavam, uma mesinha simples de centro e ao lado desta uma simpática poltrona tendo uma pequena escrivaninha ao lado. Havia também uma luxuosa estante, que parecia muito antiga, e guardava algumas pratarias que pareciam o orgulho de qualquer dona de casa. Hermione notou que nem fotos haviam nas paredes. Não demorou muito para que a dona da casa aparecesse vinda da cozinha carregando uma bandeja de chá com biscoitos, que começou a servir aos garotos.

— Desculpe-me, não nos apresentamos direito. Sou Adja Bergins.

— E eu sou Hermione, estes são Harry e Rony, senhora.

— É... Eu já sei – disse a mulher, mostrando um sorriso. - Mas imagino que estejam se perguntando se sou uma bruxa e como eu sei sobre vocês.

— Tem razão, estamos mesmo – emendou Rony, pegando uma xícara das mãos da senhora Bergins. Ela olhou para eles com um misto de curiosidade e simpatia que nenhum dos três estavam acostumados a ver nas pessoas, mesmo Harry que sempre era o foco de vários olhares no mundo bruxo.

— Bem, então acho que devo lhes mostrar uma coisa... – a mulher disse isso enquanto se sentava na poltrona da frente e se esticou até a escrivaninha para abrir uma gaveta e tirar algumas folhas de jornal de lá. – Ainda ontem estava lendo isso. Posso acreditar que não tenham reparado, mas vocês são notícia em praticamente todo o mundo dos bruxos.

A senhora Bergins entregou o jornal para Harry e nele os três puderam ver estupefatos a uma foto deles próprios ainda no castelo de Hogwarts comemorando, junto com os amigos, o fim de Voldemort, e também outro jornal que mostrava mais informações de Harry, Rony e Hermione e também sobre o regime tirano que eles derrubaram.

— Isso é... Estranho – disse o moreno, acertando os óculos para ler a notícia.

— Bem, imagino que seja. Para vocês, que pelo que pude ver, nunca saíram da Inglaterra.

— Bom, senhora. Modéstia à parte, já fui a vários lugares com meus pais, mas não imaginava que veria algo como isso.

— Estão surpresos? - perguntou a mulher, e os três responderam com acenos de cabeça. - É mesmo... Acho que qualquer um na posição de vocês ficaria mesmo. Vocês são notícia em qualquer lugar que tenha uma comunidade de bruxos. Não é impressionante?

— Desculpe, não quero parecer indelicada, mas como sabe disso, sendo a senhora uma trouxa? Porque pra mim, a senhora não parece ser uma bruxa. - quis saber Hermione.

— Uma trouxa? - disse a mulher, olhando fixamente para ela. – Sim, pergunta muito pertinente. Bem, minha querida, não sou uma trouxa. Não gosto muito de falar sobre isso, mas fui casada com um bruxo, tenho dois filhos bruxos, e nasci numa família de bruxos. Mas não tive a sorte de ter os mesmos poderes de bruxos.

— Então a senhora é um aborto?

Ao ouvir essa pergunta, a mulher olhou de modo severo para Rony, claramente ofendida com o que ouviu. Hermione tentou chutar o pé do ruivo, mas só conseguiu um pequeno esbarrão que o bruxo mal notou.

— Bem, rapazinho. Mais um sinal de que vocês não são daqui. Achamos esse termo bastante ofensivo, por isso chamamos as pessoas como eu de 'desperdiçados'.

— Desculpe – disse Rony, um tanto envergonhado e com as orelhas vermelhas.

— Não se preocupe. No fim das contas dá no mesmo. É só um modo de rotular as pessoas. Mas, mudando de assunto. Pelo que li sobre vocês, eu poderia supor que se prepararam para um encontro com a nossa comunidade bruxa.

— Como é? - perguntou Harry.

— Vocês não vieram em algum encontro ou algo parecido?

— Não senhora – respondeu Hermione. – Viemos procurar pelas pessoas da outra casa.

— Ou, é verdade. Havia me esquecido disso. Não é todo dia que temos três celebridades na nossa casa - a senhora Bergins sorriu, sendo acompanhada pelos três. - Só não imagino qual seria o interesse de vocês em um casal que não conhecia praticamente ninguém, nem sequer recebia visitas, para virem de tão longe.

Hermione pensou um pouco. Sob olhares de Rony e Harry, a moça se decidia por contar a verdade para essa estranha. Já era bastante suspeito o fato dos pais dela acabaram por vir morar justamente ao lado de alguém que possui ligações com o mundo bruxo. Por outro lado, essa senhora não parecia ser má pessoa. Ela olhou para os dois rapazes, imaginando que eles a apoiarem se ela contasse ou não.

— Er, bem senhora. É que eles são meus pais.

A senhora Bergins levantou as sobrancelhas mostrando a surpresa com o que ouviu de Hermione.

— Desculpe, querida? Acho que não entendi direito.

— Disse que eles são meus pais. Eu os mandei para cá para que ficassem seguros, enquanto nós tínhamos problemas na Inglaterra.

— Bem, isso é um tanto peculiar. Nunca imaginei que os Wilkins tivessem uma filha, ainda mais uma da idade de você.

— O sobrenome verdadeiro deles é Granger, senhora - disse a garota, vendo que estava sendo convincente.

— Granger? Claro, eu devia supor.

— Se precisar ver os documentos deles, senhora...

— Não, não é necessário - interrompeu a senhora Bergins. – Que outro motivo três pessoas como vocês teriam para vir de tão longe, se não fosse para resgatar algo precioso? Eu entendo você, mocinha. Também tenho família. Só que eu acho estranho que eles nunca mencionaram ter uma filha.

— É porque eles não devem se lembrar, senhora – disse Hermione, com tristeza na voz, vendo que a mulher fixou o olhar com curiosidade. - Eu os enfeiticei para que não se lembrassem de nada da Inglaterra, nem lembrassem que eles tinham uma filha. Foi o melhor meio de garantir a segurança deles.

— Segurança? Acha que foi realmente necessário, querida?

Houve um instante de silêncio onde Rony segurou a mão de Hermione para dar apoio. A garota tentava não colocar em palavras o que pensava que poderia acontecer com os pais se eles tivessem ficado na Inglaterra naqueles dias. Depois de alguns segundos, ela respondeu, tentando achar as palavras certas para não entrar em detalhes:

— Sim, acho que foi necessário. Nós três estávamos sendo perseguidos. Não queria arriscar a perder meus pais naquela guerra. Essa foi a melhor ideia que me surgiu.

Os olhares de Hermione e da senhora Bergins se encontraram e a garota notou uma estranha compreensão por parte da dona da casa que não saberia explicar.

— Certo, querida. Às vezes, em tempos conturbados, a gente precisa fazer escolhas difíceis. O importante é que você pensou e agiu bem. Tenho certeza de que eles ficarão orgulhosos de você. Mas acho que você deve saber que os Wilkins, seus pais, não estarão em casa por algum tempo. Não sei muito, mas o que sei é que eles saíram de viagem na manhã de ontem para um cruzeiro.

— Um cruzeiro? – estranhou Hermione.

— É, um cruzeiro. Anteontem à noite, seu pai me contou isso quando veio procurar para pagar o aluguel da casa. Depois eles saíram para jantar fora, no restaurante que eles gostam de frequentar. Parece que vão ficar três meses no mar.

— Três meses? Mas uma viagem de cruzeiro demora tanto assim? - quis saber Harry.

— Eu não sei. Nunca fui a uma viagem dessas – respondeu a senhora Bergins, ao que Hermione completou:

— É, eu também não sei nada sobre cruzeiros. Meus pais nunca foram interessados nesse tipo de viagem e isso está me parecendo muito estranho.

— Também acho que foi rápido demais, mas me deixe dizer que não vi nada de estranho na atitude de seu pai, querida. Acho que foi apenas uma viagem de férias. Um tanto repentinas, mas nada que eu ache que deva se preocupar.

— Bem, eu espero que sim – observou Harry.

— Vai dar tudo certo, Mione – disse Rony ao ouvido da namorada e segurando mais firme a mão dela.

— A senhora sabe onde é esse restaurante que eles gostam de frequentar? - perguntou a moça.

— Não tenho certeza. Sei que é no centro. Só não me lembro exatamente onde, mas acho que tenho tudo na lista telefônica. Depois a gente procura.

— Senhora, seria possível eu entrar na casa para dar uma olhada? - perguntou Hermione e a mulher considerou o pedido, mas obviamente essa não era uma atitude que ela gostaria de tomar.

— Bem, querida. Isso não me parece direito. Pra você ver, eu nem tenho cópias das chaves que eles usam. Fico com elas somente quando a casa está desocupada.

— Eu entendo, senhora Bergins - contentou-se a moça.

— Mas acho que, para o seu caso, vou abrir uma exceção - disse a senhora, fazendo Hermione ficar mais contente.



A senhora Bergins permitiu que Hermione aparatasse dentro da sala de estar da casa onde os pais dela moram, enquanto Harry e Rony aguardavam pressurosos do lado de fora. Foi estranha a sensação de não pertencer àquele lugar, embora soubesse quem são os moradores. Ela olhava para cada detalhe, em cada móvel, em cada canto da casa, procurando pelas semelhanças com a casa dela, em Londres. Ela sabia que da Inglaterra eles levaram apenas algumas roupas e dinheiro suficiente para as primeiras despesas. Hermione teve que providenciar contas novas para os pais em bancos que fossem da Austrália e isso deu um trabalho enorme para ela, tendo que fazer tudo sozinha, o mais rápido possível, porque não podia contar a ninguém o que estava acontecendo. Tudo em nome da segurança dos dois.

De onde estava Hermione andou até a cozinha, lembrando-se do dia em que tiveram que pedir uma pizza porque ela e a mãe inventaram de fazer uma lasanha, mas as duas se distraíram tanto nas conversas e brincadeiras que acabaram deixando a lasanha secar demais. O frango que colocaram parecia pequenas palhas de tão seco e o macarrão estava seriamente comprometido. Depois de rir um pouco com esta lembrança, Hermione voltou ao presente; ela visitou o quarto daquela casa se demorando nele alguns minutos, se sentando na cama e tendo outra boa lembrança. Desta vez, se lembrou de dois dias antes dos pais viajarem para Austrália, quando a mãe dela resolveu mostrar mais uma vez as roupas e objetos que ela usava quando era um bebê. Era tudo guardado em um baú antigo, herança de família, contendo vários vestidinhos, fraldas, macaquinhos, chapeuzinhos de várias cores, tamanhos e formas. A mãe dela guardou a maioria das coisas que Hermione usava quando criança e a garota adorava ver aquelas coisas, porque não se lembrava muito da época, embora houvesse várias fotos para comprovar que ela os usava. Havia também diversos brinquedos de criança; chocalhos, bonecas, animais de pelúcia e um mordedor onde ainda se via marcas dos dentes de Hermione. Aquele dia foi especial para ela; a moça pensou que a mãe sentiu um presságio sobre o que aconteceria com eles e tinha necessidade de dizer à Hermione, da maneira dela, o quanto amava a filha. “O baú ainda está lá”, pensou Hermione, “e logo vamos mexer nele novamente”. Depois Hermione se levantou, deu mais uma olhada no quarto arrumado e voltou para a sala, onde parou na frente do porta-retrato enfeitiçado que estava em cima de uma estante, com uma foto dos pais dela em uma das viagens que faziam juntos. Entendeu porque não havia menção a essa viagem de cruzeiro no pergaminho – era porque o porta-retratos ficou na casa. Ela pegou o objeto e uma enxurrada de lembranças passou pela cabeça da moça enquanto olhava atentamente para ele.

— Nós vamos nos encontrar. Vou levar vocês de volta pra casa – prometeu ela, com algumas lágrimas nos olhos.



Alguns minutos mais tarde, os três já estavam com o pé na estrada novamente, conversando animados, depois de se despedirem afetuosamente da senhora Bergins. Hermione preferiu voltar pelo mesmo caminho, porque parecia mais fácil e mais rápido. Em poucas horas começava a anoitecer e precisavam procurar um hotel.

— Bem, parece que por hoje não tem muito que fazer. A não ser que dê tempo de procurar o restaurante que a senhora Bergins falou.

— Como? Você não vai procurar o ministério? – quis saber Rony.

— Ainda não precisamos preocupar mais ninguém com isso. Até onde sabemos, foi apenas uma viagem de férias num cruzeiro.

— Um cruzeiro que demora três meses – observou Harry.

— Tem razão. Mas por enquanto a gente precisa saber mais. Ter certeza antes de tomar uma atitude, concorda?

— Concordo, Mione – respondeu o moreno, sendo acompanhado por Rony.

Quando estavam chegando até ao mercado que avistaram anteriormente, Hermione parou um momento para olhar em volta e admirar novamente o local. Ela gostou do lugar e desejou, em pensamento, que os pais conseguissem uma morada em um local parecido com este, mas na Inglaterra.

— Vamos continuar, Mione... - chamou Rony, fazendo a namorada acordar de um transe. Ela sugeriu aos rapazes uma ida ao mercado antes de seguirem caminho.

— Vamos ver se a gente compra alguma coisa aqui.

— Vamos mesmo, talvez a gente encontre uns feijõezinhos de todos os sabores.

— Rony, é um mercado trouxa... – disse a garota.

— Eu sei, foi só uma brincadeira.

Entraram no que parecia a parte de trás do mercado, no estacionamento dele. Havia poucos carros e algumas árvores para fazer sombra. Naquele momento não se via muita gente no lugar, mas passaram por um rapaz loiro que estava sentado próximo a uma árvore. Hermione teve a impressão de que havia visto o rosto dele antes, e o rapaz olhava fixamente para os três desde que eles entraram no estacionamento, conforme a moça notou. Hermione encontrou o olhar de Harry, percebendo que ele pensava o mesmo que ela, e ambos apressaram o passo, fazendo Rony acompanhá-los. O ruivo virou o rosto para ver o rapaz, que se levantava depois que o trio passou, ainda olhando para eles, mas foi contido pela namorada, que disse baixinho:

— Rony, não olha.

— Vocês acham que... - tentou sussurrar Rony.

— Shhi! - Hermione e Harry fizeram ao mesmo tempo. A garota segurou no braço do namorado, fazendo-o virar pra frente e continuar no mesmo passo que ela.

— Por aqui – disse Hermione para os dois, virando ao passar próximo a um pequeno ônibus.

Imediatamente pensou que era a escolha errada, pois apareceu um outro rapaz, loiro também. Por um momento, a garota pensou que fosse o mesmo rapaz que apareceu de repente na frente deles, mas olhou para trás e viu que o outro se aproximava. Eles trajavam vestes semelhantes e Hermione notou que são gêmeos, por isso pensou que fossem o mesmo. Os dois se aproximavam de Hermione, Rony e Harry, quase os cercando. Num impulso, ela passou a mão no bolso onde guarda a varinha, vendo também que Harry fizera o mesmo, e nesse momento, o rapaz que apareceu por último disse:

— Não precisam de varinhas – disse chamando a atenção dos três. Havia um tom de seriedade na voz, embora houvesse um sorriso no rosto dele.

O estranho que falou estava mais próximo e os três pararam. Hermione já estava avaliando as chances de saírem sem causar problemas com os trouxas do local. Se sentindo uma idiota, a garota pensou que tinha a obrigação de ter prestado mais atenção no caminho, principalmente quando o estranho disse:

— Você tem razão, mano. São eles mesmos. Nós os encontramos.


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Notas finais do capítulo

Que bom estar de volta. Demorei muito por causa do trabalho e outras mazelas que não convém dizer. Passei um tempo sem escrever nada neste capítulo, mas deu certo quando voltei a escrevê-lo. Modéstia à parte, acho que ficou bom. Não é melhor que a Tia Jô, mas espero que vocês também gostem, afinal eu me senti incentivado por vocês, meus leitores e leitoras. Tenho notado que tem muita gente lendo e gostando. Por isso, agradeço a todos que estão acompanhando esta fic, principalmente a Lilian, Ju_vassalo, Hey_moon, Anna_Rosa e Julia Diq pelas últimas reviews.
Não vou prometer, mas farei o possível para não me demorar muito no próximo capítulo. Neste, além do que disse acima, tinha o problema da minha própria crítica, que não achava que estava boa. Então fui escrevendo, apagando, escrevendo, apagando, escrevendo, escrevendo até que o capítulo ficasse do jeito que ficou, com tudo que pretendia contar nele. Mas agora, antes de escrever o próximo capítulo, vou retornar à minha outra fic em aberto: A Face do Fauno, que também estou com saudades dela.
Até a próxima. Abraços a todos.



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