Capítulo III,

Péssima Escolha.

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Edward estava ansioso. Seria a primeira vez que ele tentaria um diálogo com a Swan depois do que havia sido proposto por seus amigos.

Por mais que a proposta fosse tentadora, ele estava relutante se cumpriria ou não o acordo.

Seria tão fácil fazer isso com outras garotas, qualquer uma, menos Isabella Swan.

Receava que Isabella tivesse um comportamento semelhante ao de Angela Young, ao qual após ter se entregado para James entrou em depressão e a menina estudiosa que outrora foi, deu lugar a uma Angela que tinha como único objetivo destruir a juventude fazendo uso de drogas lícitas e ilícitas.

James se regozijava com o que havia feito com a adolescente, e mesmo após a jovem passar algum tempo em uma clinica de reabilitação e em seguida se mudando para o Alasca, ele não sentia nenhum arrependimento por ser o responsável pela ruína eminente da jovem de cabelos cor de ameixa.

Bella mordeu os lábios violentamente, quase os fazendo sangrar ao notar que a sua tentativa de evitar o Cullen não estivesse dando certo. Ainda sem respondê-lo, ela se virou para trás, notando várias cadeiras e mesas disponíveis por toda a sala, não havendo razão para ele teimar em dividir a dupla sempre com ela.

Não se sentiu nem um pouco constrangida em ignorar o rapaz ao seu lado.

O sorriso de Edward morreu ao notar que estava sendo ignorado.

Ele deu um sorriso duro para a Swan enquanto juntava os seus materiais que havia espalhado pela mesa.

Por um minuto ele sentiu raiva de Bella.

Edward sentiu o gosto da humilhação em sua língua, e acostumado a não receber um não de nenhuma garota, ele decidiu que faria sim o que foi proposto duas noites atrás.

Quebraria o coração de Isabella Swan da mesma forma que ela friamente estilhaçava o seu durante dois longos e árduos anos.

Quando Edward Cullen havia saído da carteira ao seu lado, Bella soltou a respiração que nem tinha percebido prender. Sabia que metade dos estudantes do sexo feminino – alguns do masculino também –, estava desejando ardentemente a sua cabeça em uma bandeja de prata.

A maioria das garotas daria seus ovários — não no sentido real da palavra — para ter um encontro com Edward, ou até mesmo um simples “oi”.

Entretanto, Isabella não era como as outras garotas e todas as qualidades do Cullen que deslumbravam as demais adolescentes, para ela, não tinham o menor efeito.

Sabia que estava sendo alvo de olhares mortíferos dos outros alunos, mas antes que ela pudesse reclamar a professora de Biologia entrou na sala.

— Bom dia, turma! — a senhora Campbell, uma mulher em torno dos seus quarenta anos, mas que gostaria de rejuvenescer usando artifícios juvenis, falou logo ao entrar na classe. Todos, exatamente todos, fizeram silêncio, e ajustaram as posturas. Campbell não era conhecida por ser condescendente.

A mulher, após deixar suas pastas em cima da sua mesa, caminhou em direção à porta, mas antes que conseguisse fechá-la, uma pequena garota surgiu do outro lado, fazendo malabarismos para conseguir uma brecha na sala de aula e não derrubar os livros que carregava.

— Desculpe-me — murmurou timidamente, ajeitando seus óculos.

— Está atrasada, senhorita...? — perguntou para a novata. Que ainda estava tentando equilibrar os livros que havia pegado na biblioteca.

— Rosalie. Rosalie Hale, senhora — respondeu ajustando a postura.

Bethany fitou Rosalie de cima a baixo, com uma pitada de inveja, e tentando entender como uma criatura tão desastrada conseguia apanhar o coração de metade dos garotos hormonais da escola.

Em todas as aulas o assunto era sempre sobre a adolescente com cabelos cor de avelã e um sinal de nascença próximo aos lábios.

Sim, a garota era bonita, mas... Era desastrada demais, e já tinha adentrado em sua lista negra por ter chegado atrasada em seu primeiro dia.

— Está atrasada, senhorita Hale — a garota se encolheu com o tom duro que a mulher impôs para se dirigir a ela.

— Desculpe-me — murmurou tão baixo, que era ínfima a probabilidade de ter sido escutada. — Eu me perdi no meio do caminho. É a minha primeira aula de Biologia — argumentou.

—Tudo bem — com um bufar, a senhora abriu o caminho dando espaço para a garota entrar. — Sente-se naquela carteira disponível — apontou para o lugar vazio ao lado da Swan, — e não interrompa mais a minha aula!

Com a cabeça baixa por ter sido repreendida perante toda a sala, Rosalie caminhou até a carteira de vazia ao lado de Isabella, sentando-se ao seu lado.

Do outro lado da sala, perdido em pensamentos se encontrava Edward. O rapaz a cada segundo entrava em contradição em seus pensamentos; quando encarava a menina de cabelos castanhos avermelhados, sentia o seu coração galopar — como se estivesse em uma corrida em alta velocidade. Mas quando se lembrava do que havia acontecido há poucos instantes... Sentia raiva da adolescente.

— Quer um babador, Eddie? — James, ao lado de Edward deu um soco fraco no ombro do companheiro.

Como resposta recebeu apenas um olhar maléfico, mas James pouco se importou com esse detalhe.

— O que aconteceu, cara? — perguntou novamente, cheio de curiosidade.

Quando o Cullen chegou à sala sabia exatamente em qual direção seus olhos verdes seriam levados, e com pouca surpresa ele viu o sorriso bobo na cara do Cullen ao enxergar a sem graça da Swan. Quando se sentou ao lado da garota pensou em apenas duas coisas:

Primeiro: Edward criou coragem e foi convidar a garota para um encontro.

Segundo: O amigo havia aceitado a aposta que fizeram e foderia com a ingênua da Swan.

Ao que pareceu, a Swan não estava nem um pouco confortável com a presença de Edward e, o fato de ele ter se levantado alguns minutos depois apenas confirmou a sua teoria.

— Não quero falar sobre isso — respondeu.

— Fala sério, Cullen! Somos amigos, esqueceu?

— Sim — informou, e antes que o loiro tivesse a oportunidade de uma réplica, ambos foram repreendidos por Bethany, que os convidou a se retirarem da sala ou explicarem o assunto que estava sendo dado, se não parassem de fofocar como duas velhas bordadeiras.

Algumas mesas à frente, Bella rabiscava em seu caderno as respostas da lição que havia sido passada por Campbell. Durante toda a aula não trocou uma palavra sequer com a garota ao seu lado e ao que parecia, a outra também se sentia confortável com o silêncio.

Talvez nem tanto, Bella concluiu em pensamentos ao receber em seu caderno um pedaço de papel.

Oi, companheira. — R

Olhou para a garota ao seu lado, mas ela não a encarava, ao contrário, apertava ainda mais forte a esferográfica em torno do papel escrevendo as respostas da atividade.

Não querendo passar a imagem de antissocial, resolveu responder.

Oi. — B

Entregou novamente o papel para a garota. Disfarçadamente ela deu uma olhadela em direção à Rosalie e presenciou o momento em que ela soltou o ar pela boca, como se estivesse frustrada com algo. Segundos depois o mesmo papel foi empurrado em sua direção.

Você é sempre assim... Monossilábica? — R

Bella controlou a vontade de gargalhar, mas não queria que a senhora Campbell a mandasse até a sala do diretor para negociar uma detenção; seu histórico escolar estava muito bem imaculado e não seria uma troca de bilhetes a manchar seu perfeito boletim.

Não. — B

Bella não estava sendo evasiva em suas respostas de propósito, ela apenas não sabia como lidar naquela situação em que estava conversando com Rosalie Hale!

Rosalie-perfeita-Hale!

Em sua fantasiosa imaginação, Bella sempre acreditou que garotas populares era uma espécie de dalit. E, se tornava uma aberração vinda diretamente de Marte se alguma delas ousasse trocar uma mínima palavra com os normais da escola.

Quando mais um pedaço de papel foi colocado em cima de seu caderno, Bella ficou surpresa. Acreditava que Rosalie não mais tentaria um contato com ela, por ter sido tão... Ela nas respostas.

Não me importo em ser a única a escrever. Essa aula está muito cansativa e esse assunto eu já aprendi em outra turma! Meu nome é Rosalie, e o seu? — R

Cogitou não responder ao questionamento de Rosalie, mas ainda não havia se tornando uma mal-educada.

Bella Swan. — B

Entregou novamente o bilhete e pensou que talvez essa conversa tão somente terminasse.

Swan, tipo do Chefe Swan? Antes de ir para Seattle há cinco anos ouvi muito a respeito do seu pai. Como ele está? — R

Bella tentou controlar as lágrimas que haviam chegado com a lembrança do pai que há dois anos falecera. Sabia que a profissão exercida pelo Chefe era arriscada e que algum dia algo do tipo poderia acontecer. Mas a constatação desse fato não fazia a dor diminuir; ao contrário, apenas aumentava.

Ele está morto. — B

Quando o próximo bilhete chegou, Rosalie tocou no braço de Isabella, fazendo-a se virar para encará-la. O olhar de Rosalie demonstrava um pedido mudo de desculpas e Bella tentou sorrir, como que para dizer que estava tudo bem.

Desculpe-me. Eu não sabia. — R

Antes que Bella pudesse responder ao bilhete de Rosalie, o toque do sinal de mudança de turma se fez ouvir, e ela guardou seu material novamente dentro da mochila para seguir para o outro pavilhão onde teria aula de Inglês.

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Quando as aulas terminaram, Edward se encaminhava para o carro.

Jasper e Alice tagarelavam ao seu lado, mas ele forçava a mente a se desligar de tudo à sua volta.

No horário do intervalo, passou todo o período sem tocar em seu lanche apenas pensando no que faria a seguir. Na aula de Biologia, num momento de raiva, estava muito simples para Edward cumprir os requesitos da aposta, mas quando Bella saiu apressada da sala de Biologia I, toda a sua convicção desapareceu com a presença da menina de cabelos castanhos avermelhados.

— O que você acha, Edward? — Alice perguntou novamente, ao não receber nenhuma resposta do irmão.

Edward olhou atordoado para Alice, não tinha escutado o que a irmã disse.

Jasper, conhecedor da confusão do cunhado, repetiu o que foi dito por sua namorada.

— Alice perguntou se você concorda com uma festa do próximo fim de semana.

— Isso! Uma festa não seria legal? — bateu palminhas, apenas com a perspectiva em organizar uma festa na mansão.

— Decida o que quiser, Alice — respondeu, e em seguida andou a passos largos até o carro.

Alice e Jasper permaneceram no meio do estacionamento, conversando e, antes que ele pudesse colocar a chave na ignição e dirigir para casa, uma garota com a face totalmente rubra correu até o entulho que estava do outro lado o estacionamento.

Parou o que estava fazendo e ficou observando quando ela entrou na caminhonete Chevy laranja. Pelo que ele podia observar ela estava com raiva e, completamente irritada a figura de Isabella não poderia ser mais linda.

Monitorou seus passos até o momento em que ela saia do estacionamento e dirigia para a casa em que morava com a mãe, Renée.

Ao chegar a casa, Edward ignorou o protesto de Esme que estava a lhe chamar.

Ele tinha outros planos em mente e ficaria satisfeito apenas quando o conseguisse.

Essa paixão doentia que sentia por Isabella Swan tinha que ter um fim.

Ele não poderia ficar para sempre nessa ilusão de que em algum momento ela iria se virar para ele e declamar o “seu amor”.

Estava cansado de amar e não ser correspondido; cansando de ver sentimentos onde não há.

Edward estava cansado de quebrar o próprio coração.

O ato de Isabella na manhã daquele dia provou para o rapaz que nem ao menos compaixão ela exercia por ele. Mas, antes de seguir em frente, ele remexeu dentro da mochila que havia jogado em cima da cama e buscou o celular.

Olhou para o visor repetidas vezes, criando coragem para desempenhar a sua escolha, mas antes que pudesse ter a chance de desistir, a voz rouca de James ecoou do outro lado da linha.

— O que você quer seu filho da puta? — bramiu. Não estava realmente furioso com o amigo, mas estava em um momento de intimidade com Victória.

— Alice pretende fazer uma festa no próximo fim de semana — antes que o Cullen pudesse concluir, ele foi interrompido.

— Se você ligou para me convidar, perdeu seu tempo! Eu irei! Até mais.

— Espere James! — exclamou antes que o amigo desligasse a chamada, e ele não tivesse coragem para fazê-la outra vez.

— Seja rápido, Cullen.

— Arranje um jeito de a... Swan — sentiu um nó no estômago ao pronunciar em voz alta o nome dela, — estar presente nessa festa — sorveu uma grande quantidade de ar antes de finalizar a chamada. — Cumprirei a aposta nesse mesmo dia.