Capítulo II,

Ser Invisível.

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O dia estava relativamente calmo. Os pássaros cantavam por sobre algumas árvores do jardim; o sol despontava no horizonte e as nuvens cinzentas do dia anterior haviam ido embora. Indisposta para despertar, Bella esticou o corpo, rolando de um lado para o outro na cama — buscando coragem para enfrentar mais um dia de aula.

No entanto, ela estaria preparada para acordar se não houvesse recebido um recado de Jessica.

Lembrava-se muito bem da conversa que teve com a maior e mais competente fofoqueira de Forks.

Jessica Stanley era digna de receber uma coluna no jornal estudantil apenas dela.

E ela havia recebido.

Ano passado.

x No dia Anterior x

Bella caminhava pelos corredores da Forks High School, como diariamente, cercada por vários livros em um de seus braços, mochilas masculinas nas costas e comendo alguma fruta que ela sempre surrupiava do café da manhã que Renée preparava antes de ir lecionar na escola secundária, em Port Angeles.

Quando se preparava para buscar no bolso de trás da calça — fazendo um malabarismo para não derrubar os livros e a fruta — cabeleiras castanhas entram em seu campo de visão.

— Bella! — cantarolou Jessica.

— Stanley — disse, entediada com qualquer assunto que a sem cérebro da Jessica estivesse prestes a lhe falar.

— Está de mau-humor? — perguntou, apoiando um de seus braços no armário ao lado do de Bella.

— Jessica... Você não veio perder o seu tempo comigo, apenas para saber se estou com bom, ou mau humor. Então, diga o que quer. E rápido!

— Você é tão sem graça! — exclamou, irritada. — Edward Cullen deseja ter um encontro com você. — Bella arregalou seus olhos ao ouvir o que Jessica disse, mas a sua surpresa aumentou quando ela continuou: — Você sabe, ele sempre foi apaixonado por você — aspirou uma grande quantidade de oxigênio e voltou a falar. — Por um acaso, mas não tão acaso, nós nos encontramos e, como ele sabe que nós temos aula de Literatura Inglesa na mesma sala ele pediu para que eu entregasse esse recado para você.

Bella engasgou com a própria saliva ao ouvir o que Jessica falou. Edward Cullen. Irmão de Alice e Emmett Cullen. Um dos garotos mais populares da escola, o mais inteligente, bonito, rico e o que, definitivamente, não iria querer ter um encontro com ela.

— O meu nome não é Lauren Mallory — disse, guardando todos os livros dentro do armário e o fechando bruscamente.

Não estava com disposição para ouvir mais uma das brincadeiras estúpidas feitas por Jessica e turma.

— Lauren? Quem é Lauren? — Jessica perguntou, enquanto corria para alcançar à Swan. Bella, prevendo a perseguição, apressou o passo, não se importando em olhar para onde estava seguindo.

— O nome de uma das garotas que o Cullen deve sair — gritou sobre os ombros.

Alcançando Bella, Jessica a puxou pelo ombro, fazendo-a se virar para encará-la.

— Você se drogou, Swan? — talvez ela estivesse imaginando coisas, mas o tom de Jessica parecia levemente irritado.

Por um breve instante Jessica realmente se irritou com a conclusão precipitada de Isabella.

Todos os estudantes — e até mesmo os professores sabiam do interesse que Edward tinha em Isabella desde os tempos em que ela nem sonhou em ter seios. Não gostava de Isabella por ela ter sido alvo do interesse do seu atual namorado, mas elas tinham uma “boa” convivência e, apesar de tudo Edward era o seu amigo.

— Tire as suas mãos de cima de mim! — rugiu. Bella não estava para brincadeiras. Muito menos para as sem graça feita pela Stanley.

— Você não irá encontrá-lo? — gritou. Irritada com a perseguição, Isabella apenas mostrou o dedo do meio, e caminhou o mais rápido que pôde até a sala de trigonometria.

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Bella estava irritada com o que havia acontecido no dia anterior. Ainda não acreditava que o que Jessica havia dito fosse verdade. Porém, a curiosidade em saber a veracidade da questão a obrigou a passar a noite em claro pensando nos motivos que levariam Edward Cullen a querer ter um encontro com ela.

Ele era bonito; ela comum, ele era rico; ela tinha dinheiro suficiente para sobreviver diariamente sem passar necessidades, porém pouco para desperdiçar em futilidades. Ele era um garoto popular; ela uma garota que queria apenas se dedicar aos estudos e conseguir uma boa nota nos exames que lhe garantisse a oportunidade de ingressar em uma universidade.

O que Bella não conseguia entender era o motivo de Edward ter enviado um recado por Jessica. Por conviver com ela, ele deve ter o mínimo conhecimento que a Stanley era a garota mais fofoqueira de Forks.

E sendo que eles tinham a aula de Biologia juntos.

— Bella? — a voz suave de Renée se fez ouvir. Bella se esticou, se espreguiçando mais uma vez, enquanto levava uma de suas mãos até o rosto, massageando as pálpebras e tentando ficar desperta. — Você vai se atrasar mais uma vez, querida — alertou.

A voz de Renée estava se distanciando e Bella conseguiu ouvir o som de saltos colidindo com a madeira.

Bella olhou para seu bebê todo amassado ao seu lado, e ficou sensibilizada por quase ter esmagado o filhote de leão.

— Bom dia, Kenzy — a menina disse, trazendo o urso ao redor do peito, cheirando-o em seguida.

Bella era um amor com aquele leãozinho, sentindo ciúmes se alguém não autorizado o tocasse.

Kenzy havia sido seu último presente recebido de Charlie — o pai que há dois anos faleceu.

Mimar Kenzy era como se estivesse mais próxima a Charlie. Por isso, ficou chateada por ter deixado Kenzy à deriva, e com a sua inquietação noturna amassar o leão.

— Perdoe-me, bebê — pediu em um baixo sussurro desculpas ao boneco como se ele estivesse machucado com o desleixo de sua dona.

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Quando seus pés tocaram o chão de madeira da Forks High School, Bella sentiu que algo estava diferente.

Talvez fosse alguma paranoia de sua cabeça, mas ela sentia como se todos soubessem de algo que apenas ela desconhecia.

Já estava acostumada a receber olhares estranhos em sua direção, e isso há muito já não a incomodava.

Mas a áurea que pairava no recinto estava pesada demais... Densa demais... Estranha demais.

Ao sentir os olhos das pessoas em sua direção, Bella fez a única coisa que estava ao seu alcance: abaixou a cabeça o máximo de pôde, e puxou o capuz do casaco, deixando o seu rosto corado escondido dos olhares avaliativos dos estudantes.

Bella ouvia alguns cochichos, mas ela forçava a mente a se desligar de tudo à sua volta. Tateou o bolso da calça, e ficou agradecida por ter colocado em fácil acesso o MP3. Desenrolou o fone que estava em volta do aparelho quadrado, e colocou os fones na orelha, nem se importando em escolher uma música.

Ficou irritada ao ouvir tocar Fifteen da Taylor Swift.

Contudo, ela não queria mais uma vez pegar o MP3, então ela ficou ouvindo à melancólica canção.

Com alívio inundando o seu peito, ela chegou à sala.

Biologia.

Edward Cullen estaria nessa aula.

Bella sentiu um tremor implacável tomar conta do corpo, seus batimentos cardíacos se aceleraram e ela estava suando frio.

Disposta a se desligar mais uma vez, Bella abriu o caderno em busca da matéria do dia.

Isabella estava respondendo a lição sobre Platelmintos e Nematelmintos, quando Edward Cullen entrou na sala esbanjando glória e poder.

A garota abaixou ainda mais a cabeça, esperando que o Cullen não a reconhecesse e sendo assim não fosse cumprimentá-la — como ele diariamente fazia sempre que avistava a Swan.

No entanto, a tentativa de se permanecer invisível na presença de Edward não deu certo. Assim que os olhos dele varreram toda a sala em busca de uma pessoa, foi capaz de reconhecer a figura magra, quase embuçada dentre tantos papéis e livros.

Mas, ele reconheceria aqueles fios marrons — como chocolate derretido — há muitos raios de distância. E sentindo borboletas no estômago, ele seguiu em direção ao seu objeto de cobiça.

James ao ver a cena, sorriu.

— Bom dia, Bella! — Cullen falou, puxando a cadeira ao lado e se sentando à mesa vazia ao seu lado.