Coletânea escrita por Luana Santiago


Capítulo 1
Primeiro


Notas iniciais do capítulo

Welcome, Welcome.

Bem, finalmente consegui postar minha primeira fanfic de The Hunger Games aqui no Nyah! É uma felicidade sem tamanho postar uma história sobre uma saga tão incrível como esta, é.

Ah, vale lembrar que os contos (Uma coletânea de contos, o nome já diz) são independentes, não é uma long-fic com fatos em ordem. Eu posso voltar ou avançar a cada novo 'capítulo', mas vale lembrar que só escreverei mais se houver algum comentário.

Enfim, tentei ser fiel em relação à personalidade dos personagens (Sejam razoáveis, sou habituada a escrever UA) e espero que tenha conseguido. E eu também gosto de usar a tradução literal para os termos famosos dos livros (Tipo, Real or not real? - Que na tradução do Brasil ficou 'Verdadeiro ou falso?') Enfim, é isso (:

Boa leitura e COMENTEM, caso a história mereça.



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O medo

Não sou frequentadora assídua de hospitais, especialmente agora que são inexistentes os confrontos em Panem e a única maneira de eu me ferir é na floresta. Porém, desta vez é diferente. Não estou contundida ou doente, é algo muito pior, algo que declarei impossível desde que entendi a crueldade do mundo.

As poucas pessoas que vagam pelos corredores não hesitam em dedicar olhares para mim, provavelmente imaginando o motivo da minha vinda. Desde o término da guerra, há quase dez anos, sou aclamada pelo que fiz pelo país e, como o esperado, o sentimento de gratidão dos distritos nunca se esvaiu. Continuo sendo uma figura tão importante quanto – Ou até mais – que a presidente Paylor. E esses pares de olhos sobre mim conseguem me deixar ainda mais apavorada. Tenho medo que vejam no meu rosto o motivo para tanta euforia, tanto pavor, e a notícia se espalhe por todo o 12 antes mesmo de Peeta colocar os pés em casa.

Cerro os olhos quando dou de cara com a neve. É uma longa caminhada daqui até a Vila dos vitoriosos. O que me consola é que, no meio desta tempestade, há pouquíssima gente nas ruas. Ótimo, serão menos rostos para encarar. A sensação de minhas pernas estarem congeladas não é pelo frio e sim pela notícia que estou tentando absorver há vinte minutos. São dois extremos: A sensação de estar fria e saber que as mãos que seguram o envelope pardo estão suando como se expostas ao sol do terceiro Massacre Quaternário.

As primeiras lágrimas estão caindo antes que eu gire a maçaneta. Escorrego contra a porta assim que me refugio dentro de casa, libertando o pranto preso na garganta, deixando-o ecoar no ambiente vazio.

Prim. Penso nela porque o fato dela estar morta significa que falhei ao tentar proteger o que mais amo. Se não pude salvá-la, o que poderá acontecer com esta criança? Como eu pude deixar isto acontecer? Trazer um ser inocente para um lugar como este! Provavelmente um bebê com os olhos dóceis do Garoto com o Pão, o que torna tudo pior. Eu não aguentaria vê-lo sofrendo e eu morreria se o perdesse. Por enquanto ele está aqui, aquecido e seguro, mas e depois?

Percebo que perdi a noção do tempo assim que ouço Peeta tirando a neve das botas. Não quero encará-lo agora porque foi ele quem fez isto comigo. Se não tivesse insistido tanto, eu não estaria sofrendo por algo que ainda não tenho. Não tenho? Então o que explica meus braços envolvendo o ventre ainda liso? Eu não estaria fazendo isto se não soubesse da existência de um ser aqui dentro, a não ser que eu queira voltar para a Capital e usar novamente as pulseiras de 'mentalmente desorientada'.

— Katniss?

Não respondo, e nem poderia, mesmo que tivesse a intenção. Uma única palavra bastaria para o choro incessável voltar, e eu assustaria Peeta, talvez até levando-o a ter outro ataque de loucura. Ele surge na sala já de olhos arregalados, provavelmente por causa dos papéis espalhados e os vidros quebrados. Seus desenhos de mim, de Prim, Finnick, Cinna e todos aqueles que passaram por nossas vidas estão repousando no chão gelado, assim como eu.

— Katniss! - Peeta corre até mim, pegando-me nos braços com uma expressão de desespero – Você está bem?

Meus olhos, antes perdidos, ficam presos em seus orbes azuis. A resposta para todas as suas futuras perguntas sai em forma de sussurro e o deixa estatelado:

— Estou grávida.

O rosto de Peeta vai de choque à fascínio em segundos. Ao menos ele tem a decência de esconder o sorriso que quer exibir. Ele sempre quis e conseguiu finalmente, não é? Será que não é capaz de ver o perigo? Como pode não perceber que perderemos nosso filho, que será tirado dos nossos braços por outra guerra, por outra onda de miséria e fome que transformará Panem, mais uma vez, em um lugar esquecido, abandonado e maltratado? Eu não quero que meu bebê viva num lugar como este, onde matavam-se crianças por diversão, então, como Peeta pode querer também? Pensando assim, a raiva toma espaço.

— Vá! Grite para todo mundo a grande novidade! Você não precisa conter esse sorriso, espalhe para Panem inteira sobre a minha gravidez!

Ele iria, se o meu tom não fosse tão agressivo. Ele realmente contaria para todos, até que chegasse aos ouvidos de minha mãe, no Distrito 4, ou então nos de Gale.

Gale. O que meu melhor amigo acharia disso? Sei que também tem vontade de ter filhos, se é que já não os tem. Tenho certeza que, se estivesse aqui, jogaria na minha cara o quão ridícula estou sendo por não achar minha gravidez uma benção. Diria que nós dois e os outros lutamos justamente por isso: Uma nação melhor para criarmos nossos filhos. Me recusar a ter uma criança nega também o meu êxito. Gale me convenceria.

— Você não quer este bebê. Real ou não real?

Presto atenção na voz cansada de Peeta. Eu o fiz infeliz tendo uma reação exagerada e agora até ele acredita que o que carrego no meu ventre não deveria existir.

— Não real – suspiro – Ninguém vai tirá-lo de mim.

Porque eu já o amo. Seja um menino loiro de olhos acinzentados ou uma menininha de cabelos escuros e íris azuis, eu amo esta pequena extensão de mim que está crescendo. Um amor tão novo e igualmente forte quanto aquele que um dia senti e ainda sinto por Prim. Só que, desta vez, a única diferença é que esta criança tem uma chance. Não apenas uma chance de sobrevivência como também a chance de alcançar a felicidade. E eu lhe proporcionarei isso.

As mãos firmes de Peeta me tiram do chão, ele me sustenta em seus braços, levando-me com cuidado para nosso quarto. Encolho meu corpo contra o seu, escondendo o rosto em seu peito e em poucos segundos encharco sua camisa. Sou posta na cama e nem por isso deixo que vá. Peeta me abraça forte e diz que tudo vai ficar bem. Felizmente, tentar acreditar em suas palavras já é um agrande avanço.

— E-estou com medo – Murmuro.

— Eu também estou, mas não é incrível? A minha felicidade supera o medo, Katniss. - Suas palavras chamam minha atenção. Olho-o e reconheço que não podia ter dito algo melhor, mesmo que provavelmente tenha feito e refeito o mesmo discurso diversas vezes. Um sorriso desanimado molda meus lábios.

— Espero que um dia a minha felicidade também supere o medo.

— Você não irá amá-lo mesmo assim?

— Eu já amo, Peeta. - Sussurro pronta para mais uma enxurrada das lágrimas que não me deixam em paz.

— Então é tudo que importa – Sorri e beija a minha testa, acariciando os meus cabelos e aos poucos conseguindo me acalmar, mesmo que para isso precise me fazer dormir. A exaustão mental ultrapassa a física, minha cabeça não está mais tranquila, ela fica ainda mais terrível com as possibilidades ruins que me mostra. Os pesadelos que terei hoje com certeza terão Prim e meu filho como protagonistas, por isso, precisarei de Peeta ao meu lado. Antes que ele vá, seguro sua mão e sussurro a frase que já é comum para nós:

— Fique comigo.

E como esperado, sua resposta breve me deixa mais conformada em relação ao futuro próximo:

— Sempre.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido! Deixem comentários, sejam bons ou ruins e perdoem-me desde já caso algum erro de português tenha sido encontrado (Infelizmente não pude revisar muito antes de postar). Se houver pelo menos 1 comentário, prometo mais capítulos (: Até mais (Ou não)!